Sai poema de Sexta. Pensei bastante no mote para hoje. O FMI declara-nos "País Falido", o Ministério da Saúde parece que terá soprado para baixo de alguma carpete o desastre das suas contas deficitárias passadas (fala-se de mais de mil milhões)... E convém que se faça alguma coisa antes que a República Popular da China nos compre a todos, mais à nossa Dívida Soberana....
O mote tem de ser adequado à "saison" que atravessamos. Que tal este: "Já Portugal não sou..."
Já Bocage não sou!...
Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.
Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa!... Tivera algum merecimento,
Se um raio da razão seguisse, pura!
Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:
Outro Aretino fui... A santidade
Manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!
Bocage
Soneto do Desalento
Às vezes oiço rir, é ’ma agonia
Queima-me a alma como estranha brasa
Tenho ódio à luz e tenho raiva ao dia
Que me põe n’alma o fogo que m’abrasa!
Tenho sede d’amar a humanidade…
Eu ando embriagada… entontecida…
O roxo de maus lábios é saudade
Duns beijos que me deram n’outra vida!
Eu não gosto do Sol, eu tenho medo
Que me vejam nos olhos o segredo
Que só saber chorar, de ser assim…
Gosto da noite, imensa, triste, preta,
Como esta estranha e doida borboleta
Que eu sinto sempre a voltejar em mim!
Florbela Espanca - Trocando olhares
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