quarta-feira, novembro 17, 2010

O velho João do Grão recomenda-se!

Tinha reunião nesta Segunda feira na Secretaria de Estado das Florestas. Onde comer ali perto da Praça do Comércio e de forma a chegar às 14,30h ao local da reunião?

Fui ao velhinho paradouro de meu Pai e dos outros colegas do Ministério, 40 anos atrás,  ao João do Grão, logo ali à entrada da Rua dos Correeiros para quem vem da Praça da Figueira.

Restaurante João do Grão
Rua dos Correeiros 222-226
1100-170 LISBOA
Telefone - 213424757

Em duas salas unidas por um corredor as mesas apresentam-se quase tal e qual como eram há 40 anos. Ou assim delas me recordo. Sempre cheio! Dois católicos quase não conseguiram mesa e tendo  chegado para manducar ainda não batiam as 13.00h.

A casa é famosa pelo seu bacalhau, mas a Lista não se limita a ele:

Peixe: Bacalhau cozido com grão; Bacalhau na brasa; Bacalhau à Gomes de Sá; Bacalhau à Brás, Açorda de Bacalhau. Peixes do dia para cozer ou grelhar. Açorda de Marisco.
Carne:  Perdiz estufada; Carne de porco à Alentejana; Iscas à Portuguesa; Mão de vaca com grão; Cozido à portuguesa.

Fizémos uma divisão. Primeiro pedimos uma dose de Bacalhau na Brasa  (12,50 euros) e depois mais uma de  Mão de Vaca com grão (11,00 euros). Bebemos uma garrafita de Verde Tinto de Monção (10,50 euros). Com dois quejinhos frescos e dois cafés, pagámos...39 euros!!!

Doses perfeitamente à vontade para quem coma bem! Quem coma menos mal pode dividir que não passam fome nenhum dos dois.

O Bacalhau estava soberbo. Era do autêntico, não do congelado que agora parece abundar por tudo quanto é casa de comer em Lisboa. Dizem que por causa da ASAE,  mas  acredito eu, depois de ter falado com a malta da ARESP,  que será mais por causa da preguiça de alguns Hoteleiros e Restauradores. Mas adiante...

A Mão de Vaca teria talvez os troços da extremidade demasiado grandes para aquilo que estamos acostumados a ver, mas os mesmos estavam deliciosos, com a gelatina evidenciando cozedura impecável e lenta.  Talvez o grão devesse ter sido introduzido no guizado por mais uns minutos, mas a rijeza era por outro lado bom sinal que se estava perante grão demolhado na altura e não grão de lata. Quanto a sabor, magnífico também.

Autêntico oásis nos tempos da crise este João do Grão! Bons preços, boa qualidade. É claro que não esperem chegar lá e terem espaço para estender a pasta  com o Lap Top na mesa do lado...

São mesas pequenas, o serviço é esforçado e muito rápido, a rotação dos lugares elevada. Mesmo assim, se querem prandear com alguma preguiça, então venham mais perto das 14,30h. Terá terminado a fúria da enchente dos almoços e é possível preguiçar mais um pouco ao redor do café e de dois dedos de conversa.

A tristeza ( e bem grande!) tive-a eu quando desci a velha Rua dos Correeiros e só encontrei Restaurantes Indianos ... Adeus Bom e Velho Muni! Adeus velha Adega Friagem;  Adeus Regional e Adeus Paris, logo ali ao lado, na vizinha Rua dos Sapateiros, Adeus pousos galegos da pequena burguesia do tempo dos Ministérios... Quando um Galão e uma Sandes de Fiambre eram o almoço de um funcionário público 4 dias por semana, para que no 5º dia pudessem ir os Amigos da Repartição a estas casas, salivando pela espera...

Agora comam Tandoori e já gozam... Ou não...

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