Esta a mensagem que dediquei ao Dia do Selo 2008:
A utilização dos selos postais nas correspondências, em cumprimento da missão para que foram criados há mais de 150 anos, e que era testemunharem como recibo o valor do transporte postal dos objectos, é cada vez mais rara.
Para esta situação contribui, em muito, a alteração do paradigma da manipulação em grande escala de objectos postais. De facto, e para falar só de Portugal, mais de 6 milhões de correspondências entram diariamente na Rede dos CTT Correios de Portugal, sendo fundamental que o respectivo tratamento, transporte e distribuição ocorram no mais curto espaço de tempo possível de forma a serem cumpridas as normas de qualidade acordadas a nível nacional e internacional.
As máquinas altamente sofisticadas que hoje em dia - nos nossos Centros de Tratamento - lêem automaticamente os códigos postais de destino, a uma velocidade de muitas dezenas de milhares de cartas por hora, foram construídas para ler e imprimir códigos de barras e não para obliterar ou carimbar os selos postais.
Também nas Estações de Correio de todo o mundo são bem mais morosas e ineficazes - em termos de produtividade - as tarefas de vender selos, recortando-os das folhas em que estão impressos, ou de aceitar as cartas com selos colados e que devem ser obrigatoriamente carimbadas, de preferência com carimbos bem visíveis e limpos.
Nestas condições, falando meramente de organização industrial, o selo postal estará a tornar-se um atavismo, uma fonte de problemas para os peritos em Organização e Métodos dos Operadores Postais de todo o mundo…
E, contudo, aqui estamos a celebrar mais um Dia do Selo Postal com o apoio integral dos CTT, Operador Postal incumbente de Portugal…
Não existe contradição, se formos mais fundo na análise da questão.
O “velho” Selo Postal pode ser – e é – um abencerragem, uma glória antiga de uma civilização mais calma que, aparentemente, só atrapalha a produtividade dos tempos modernos, mas ao mesmo tempo não deixa também de ser a característica mais marcante da actividade postal em todo o mundo, das únicas, para não dizer a única, que ainda permite diferenciar verdadeiramente o Correio dos outros operadores postais seus concorrentes.
E, como tal, a sua importância enquanto “contribuinte liquido” para o valor de marca CTT é inestimável. Isso mesmo perceberam todos os Colegas de Correios estrangeiros já a viver em situação de concorrência – Nova Zelândia e Suécia, por exemplo – fazendo da Filatelia e da emissão de selo postal um dos factores mais marcantes da diferença entre eles e os concorrentes: os concorrentes emitem “Rótulos” mas apenas o Correio “verdadeiro” está autorizado a emitir “Selos”.
Desta forma, e de uma maneira muito clara, foi a própria “modernidade”, que teria aparentemente condenado à extinção o selo postal, a mesma que trouxe dentro de si, com a liberalização generalizada da prestação de serviços postais, os argumentos para – ao contrário – fazer do herdeiro do ”Dª Maria” a bandeira do Operador Postal CTT neste início do 21º século. E por muitos anos ainda.
Raul Moreira
Dia do Selo
1 de Dezembro de 2008
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