quinta-feira, abril 17, 2008

Homenagem a Mira Fernandes


As Universidades onde o grande Matemático Aureliano Mira Fernandes ensinou - IST e ISEG - prestam~lhe hoje uma homenagem formal tendo como pano de fundo o lançamento, amanhã, da Emissão Filatélica comemorativa dos Vultos da Cultura de 2008, onde se encontra também retratado o genial filho das Minas de S. Domingos (Mértola) que foi correspondente de Einstein...

A relação dos portugueses com a Matemática nem sempre tem sido muito fácil…

E, por muito que custe a alguns, não é assim tão recente este “meio desentendimento”!

Isso mesmo foi comprovado por Aureliano Mira Fernandes, então com 44 ou 45 anos, numa das vezes em que regressava de Itália, da “Accademia dei Linccei”, instituição de topo da ciência matemática europeia do seu tempo e onde Mira Fernandes costumava apresentar os resultados das suas investigações.

Nesse dia o comboio que o trazia para Lisboa parou em Coimbra, onde Aureliano notou grande multidão de estudantes na plataforma à espera de alguma coisa… Sendo uma pessoa naturalmente tímida e com receio de que o viessem vitoriar a ele, que fora doutorado em Coimbra, por causa da sua mais recente comunicação científica muito justamente aclamada em Itália, Aureliano tentou fugir à homenagem descendo do comboio pelo lado oposto à plataforma.

Não foi senão algum tempo depois que se apercebeu de que a multidão esperava sim, mas para vitoriar um conhecido ciclista que regressava da Volta à França ou à Espanha e que vinha no mesmo comboio…

Esta história, contada por Vicente Gonçalves aos seus assistentes e por estes aos seus alunos, até pode não ser verdadeira, mas traduz em traços caricaturais o perfil do grande matemático que foi Mira Fernandes.

No espaço de 60 anos - 1884 a 1914 - teve Mértola a prerrogativa de produzir os dois maiores matemáticos deste País, se descontarmos o grande mestre quinhentista Pedro Nunes: Mira Fernandes e Sebastião e Silva.

A uni-los num nexo causal de relacionamento professor-discípulo - hoje as mais das vezes infelizmente afastado das universidades portuguesas - um fio de verdadeiras pérolas de sabedoria matemática, como foram os seus amigos Ruy Luis Gomes e Aniceto Monteiro e os seus alunos Bento de Jesus Caraça, Vicente Gonçalves e Duarte Pacheco.
Ao contrário de Sebastião e Silva, não foi Aureliano um grande divulgador da Matemática , referindo até , nos seus anos crepusculares, que “nunca o tinha seduzido escrever um Manual ou um Livro de Curso”.

Aquilo que verdadeiramente o entusiasmava e motivava era estar na fronteira do conhecimento científico de então, ajudando a desbravar os caminhos onde hoje, e parafraseando Isaac Newton, trepamos nos ombros de Mira Fernandes e de outros que tais, para enxergar ainda mais longe.

Nenhum comentário: