quarta-feira, abril 30, 2008

A Necessidade dos "Saberes"


A propósito do famigerado estudo da Católica sobre aquilo que sabem (ou não sabem) os jovens portugueses, o qual teve honras de citação Presidencial no 25 de Abril, convém dizer mais algumas coisas.

A "Sabedoria" nasceu por necessidade. Necessidade relacionada com a sobrevivência, diga-se desde já. Quem não sabia caçar morria à fome, quem não sabia lavrar idem, idem, quem não sabia fazer fogo depressa foi ultrapassado por quem sabia, quem não aprendeu a trabalhar a pedra ou o osso depressa foi extinto pelas outras tribos que tinham dominado esses "Saberes".

Hoje em dia - e se pensarmos um pouco - não é assim tão diferente a situação dos jovens humanos perante a aquisição dos "Saberes"...

Saber andar de mountain bike ou de skate pode ser hoje absolutamente necessário em certas "tribos" urbanas. Mais necessário para preservar a saúde (física ou mental) do que saber Português ou Matemática.

Há jovens que se dedicam aos RPG (Magic the Gathering e outros que tais) e que transferem para essas saberes alternativos as energias que poderiam utilizar nos estudos oficiais. Conheço Pais que falam com algum receio do conhecimento enciclopédico que as filhas adolescentes têm sobre a vida de certos artistas que estão na moda, do cinema ou do Show Business.

As Necessidades que estes muito diversos tipos de saberes vão satisfazer são quase todas do fórum Psico-social, têm a ver com variáveis e dimensões da vida que passam muitas vezes ao lado dos anseios e experiências dos adultos.

São o Status e o Fashion, sem dúvida, mas localizados em certas proto-sociedades adolescentes - Tribos mesmo - onde existem regras próprias de iniciação e de aceitação dos seus membros.

E reparem que não estou a falar de Gangs Pró-Nazis, Claques de Futebol ou da "Malta da Pesada agarrada ao charro", mas sim de miúdos e miúdas "normais" que vivem em bairros perfeitamente suburbanos...

Eu próprio, antes de enviuvar, devo confessar que não sabia cozinhar.

Nunca tinha tido essa necessidade quer em casa de minha Mãe, onde sempre o culto dos Fogões atingira elevados níveis artísticos por obra e graça de Tias e Avós sabedoras; nem sequer quando casei, porque a minha mulher estava habituada - lá na quinta da Beira Alta - a fazer comer desde os 15 anos para os ranchos dos trabalhadores que lavravam as terras do Pai e do Avô. E fazia muito bem todo o antigo receituário tradicional beirão, com os assados no forno à cabeça.

Mas há 9 anos, e depois de ter gasto rios de dinheiro nos primeiros meses a comer sempre fora com o meu "Senhorio", tive que me aproximar dos fogões. Timidamente, escudado pelos ensinamentos de grandes Amigos e profissionais (Obrigado Amigo Mendonça e Dª Lurdes!). Foi uma curva de aprendizagem algo difícil - e que deve ter causado danos irreparáveis às paredes do estômago do Diogo (para não dizer úlceras nervosas mesmo) já que a sua concepção de lealdade filial sempre o impediu de mandar o velho às urtigas e encomendar uma Pizza...

9 anos passados posso dizer que faço quase tudo. Pode ser mais lentamente (sobretudo descascar batatas, processo que ainda odeio) mas faço tudo. E por necessidade.

Como se podem pôr os nossos jovens a sentirem essa "necessidade" do honesto estudo mas virada para as disciplinas dos respectivos programas escolares?

Só vejo uma alternativa: Pagar-lhes à peça.

Se não for em dinheiro, então em géneros.

Deveríamos reintroduzir nas relações familiares e escolares o Papão do Desemprego e da Inaptidão social (o que também não é muito difícil de fazer dadas as circunstâncias do país Real) e abanar sempre em frente daqueles narizes borbulhentos a cenoura do BMW Azul ou Cinza Claro que os esperaria no final dos cursos superiores...

Hã? O qué que estão para aí a dizer?? Não há Emprego quanto mais BMW (nem azul nem de outra cor qualquer) no final dos nossos cursos superiores??

Olha que pôrra!

Bem, então o melhor é tratar disso primeiro antes de motivar as criançinhas...

O Tempora! o Mores... Volta Cícero que estás perdoado.

terça-feira, abril 29, 2008

Nova Administração nos CTT


Na Assembleia Geral que se realizou ontem pelas 15.00H foi eleito o novo Conselho de Administração dos CTT para o triénio 2008-2011.

É presidente o Dr. Estanislau Mata Costa e transitam com ele da ADM anterior todos os outros Vogais. Foi nomeado 5º Vogal o Dr. Duarte Araújo, responsável financeiro que exercia funções actualmente na GALP.

Um Abraço, de muita Amizade , ao Dr. Mata Costa e as maiores felicidades para os desafios (que são enormes) que se perfilam no horizonte desta casa centenária.

segunda-feira, abril 28, 2008

Bestiário Mor do Reino 2


A "Águia de Boné" - Esta criatura mitológica toma o nome da mais mundana "Águia de Bonelli - Hieraaetus fasciatus" , comum em praticamente todo o território nacional e conhecida no vulgo como Águia Perdigueira, Caçadeira ou simplesmente "Pardinha".

A "Águia de Boné" é uma criatura tímida, avermelhada, que costuma pairar sobre a 2ª circular aos fins de semana, sendo também usual emigrar para outras paragens de 15 em 15 dias. Hoje está em perigo - há até quem diga que está em vias de extinção...

Anexa-se (com o devido respeito) um dos exemplares que ainda foi possível fotografar no seu habitat natural.

Como se observa o pobre está apoiado por outros da mesma espécie...

O Benfiquismo não morre (apenas esmorece...)

sexta-feira, abril 25, 2008

34 Anos de Liberdade


A Revolução dos Cravos também se fez para acabar com os "Bodes Espiatórios"...


Nesse aspecto falhou.

Nos mais importantes resultou.

Viva Abril de 74!

Bestiário-Mor do Reino 1


O Bode "Espia"tório

Neste Reino de contos de fadas e de sereias, à beira mar plantado, existem animais que urge conhecer melhor.

Um deles é o "Bode Espiatório".

Tal como o nome indica este Bode tem por habitat a maioria dos escritórios portugueses das Empresas públicas ou privadas , onde se dedica à sua função principal: espiar os outros companheiros de trabalho e dar conta do que se passa à gestão do empreendimento.
Pouco ou nada trabalha esta criatura, apenas sobe na vida à custa dos favores que faz aos chefes.

Tem por característica principal uma lingua afiada e uma personalidade untuosa. A sua pele, ao tacto, quando por exemplo lhe apertamos a mão, tem uma textura semelhante a uma desgraçada de uma foca bébé apanhada numa maré negra: viscosa e pegajosa.

Está a desenvolver-se esta criatura com rapidez notável, tirando partido de um ambiente que lhe é muito favorável, onde a denúncia , o Pidismo e a coacção psicológica são quase que oficialmente apadrinhadas.

Aos Bodes Espiatórios com provas dadas e muitos anos de actividade costuma o povo chamar muitas vezes Cabrões.

E com razão, digo eu...


Um Comentário sobre Livros Gastronómicos dos CTT

Um dos nossos bons Amigos Comenta:

Caro amigo Raúl

Hoje visitei a Biblioteca do CFPSA e qual não foi o meu agrado quando reparei que o responsável por esta (Joaquim Calado) tinha organizado uma pequena exposição de alguns livros que destacava, aos quais juntava uma pequena nota que tive o cuidado de copiar de um dos livros que me chamou a atenção e que passo a transcrever:

QUITÉRIO, José ; CARDOSO, Homem – Comer em português. [Lisboa] : Clube do Coleccionador, 1997. 230, [2] p.. ISBN 972-9127-43-3

Um dos mais curiosos (e preciosos) livros existentes na Biblioteca do CFPSA: com textos de José Quitério, fotografias de Homem Cardoso e confecção e decoração de pratos de Fausto Airoldi, esta edição bilingue (português e inglês) do Clube do Coleccionador dos CTT inclui 12 selos da série Cozinha Tradicional, 1 prova de cor impressa e numerada e… as receitas originais de alguns dos mais emblemáticos pratos da gastronomia portuguesa.

Agradecemos , sinceramente, esta notável referência!! Não gosto nada de dar "palpites" sobre o valor actual das coisas que fizémos, mas só para compor a conversa sempres direi que já vi o Livro em causa - "Comer em Português" de José Quitério - à venda no mercado secundário por 300€.. E custava na altura em que foi comercializado (ao câmbio actual, mais ou menos) 40€..

quinta-feira, abril 24, 2008

Jardim adia a "Operação Tomada de Ceuta"??


Pressionado pelos inefáveis Ribau "Calhau" e Luis Filipe Menezes- o "Caudilho de Gaia" , e embalado por Pedro Santana Lopes - "O Infante Santo", Alberto João - "O Principe Perfeito" , ainda considerou poder realizar finalmente o seu antigo desejo de vingança contra os jornalistas côtnentais, maçons e quejandos, fazendo-se ao mar em vistosa Armada para tomar Lisboa ( e o País) de rompante...


Na fotografia anexa observamos o Grande Comandante a indicar a Cavaco Silva o caminho da Vitória: "-Por ali é que vai a minha Armada!!"


Nas últimas horas do planeamento desta operação lembrou-se de Manuela Ferreira Leite e ...recuou...
Oh Alberto João, filho, nem parece teu recuares assim de repente... Deu-te algum "desarranjo" intestinal de última hora?

Avança que o País está cinzentão e bem precisa de mais uma distracçãozita, agora que o Menezes "arrebimba o malho e larga bojarda" parece que se retirou de vez para o seu feudo vitalício (ou será hereditário?)...

Vem João!! Não prometo que serás logo perdoado, mas o Povão só te deixará outra vez partir quando fores substituído por outro "entertainer" de igual gabarito... Estás tu a ver o tempão que aqui ficarias a "animar a Malta"...


De grande, enorme gabarito já aqui tivemos o Senhor Maximiano de Sousa, oriundo da Madeira e, ainda hoje, não há quem lhe caiba nas sandálias.


"Pomba branca , pomba branca, já perdi o teu voar... Tu é que podias voltar Amigo Max em vez de nos teres aqui deixado às voltas com esta gentinha "dessa terra tão linda, toda coberta pelo mar..."

quarta-feira, abril 23, 2008

Vinhos em boa companhia


O pretexto era falar com Amigos, alguns antigos, outros modernos, mas todos tendo alguma coisa a ver com a Edição dos Livros Temáticos da Filatelia. Sobretudo dos dedicados à Gastronomia e Enologia...

Lá compareceram à liça o Zé Q.; o João P. M. e o David Lopes Ramos (amigo novo a quem se fez a proposta de desenvolver o próximo Livro sobre a gastronomia de Língua Portuguesa - África e Brasil) . Aqui da velha Xafarica da Casal Ribeiro eram os suspeitos do costume.
Para melhorar o ambiente eis senão quando nos entram também pela porta do "Poleiro" o Chefe Luis Suspiro (Na Ordem com...) e o Pedro Rodrigues actualmente proprietário do Vírgula em Lisboa mas que foi meu colega no ISCTE. Ele diz que foi meu aluno, mas eu acho que fomos mesmo companheiros "de bancada"...
Afastados os dois "penetras" por vontade deles própria (tinham negócios a tratar) ficámos só os seis, mas os seis em boa companhia...

De facto decidi nesse dia trazer de minha casa algumas daquelas garrafas que só abrimos na frente de alguns especialistas que as possam compreender, sob pena de estarmos a confundir (digamos assim ) os "segmentos de mercado" .
Isto tudo com a cumplicidade do Sr. Aurélio do Poleiro, inexcedível de simpatia ao deixar-me invadir a sua casa com as minhas garrafas e, depois, a tratar das mesmas como se fossem mesmo "filhas dele", abrindo-as a preceito duas horas antes, decantando todas e preparando uma mesa de provas fenomenal. Muito Obrigado Amigo Aurélio!

Ora vejamos:

Como aperitivo um Ruinard Blanc de Blancs, tipo "lava o dente"...
Para abrir as hostilidades mais sérias um Atadi de 2003 (Rioja da nova escola, 95 pontos do Parker). Seguiu-se-lhe um Barca Velha de 1999 (o último que saíu) em garrafa normal. Depois dele um Barca Velha de 1995, mas este em Magnum. Para terminar uma relíquia, um Vega Sicília (Ribera del Duero) dos anos 70.

João Paulo Martins fez as honras de "desmame" e garantiu que estavam todas em forma... Mutatis mutandi, já se vê.

O Champagne bebeu-se com entradas de Trás-os Montes e do Alentejo: ovos com espargos e chouriça, cogumelos em boa companhia, croquetes de vitela, etc....

Os Tintos bateram-se com os pratos de "sustância" , todos escolhidos individualmente pelos presentes, desde a "Barriga de Porca com arroz de favas" até à "Vitela estufada com macarrão", passando pelo "Anho com Arroz de forno".

Tábua de queijos para terminar os Tintos.

E as opiniões?

Bem, posso aqui deixar as minhas: o melhor vinho (para o meu paladar) foi o Barca Velha de 99, está a atingir o "pico" e parece-me na altura ideal para consumir. Muito bom também o seu irmão mais velho e o Atadi (este obviamente no tal registo Parkeriano de concentração, chocolate, frutos pretos, etc..).
O Senhor Vega Sicília está já um pouco fora da sua época - pelo menos assim me pareceu - embora os Amigos mais sabedores jurassem pela sua qualidade mesmo com mais de 30 anos... E foi esta a única garrafa (obviamente vazia!) que o JPM pediu licença para levar para casa.

Não faz sentido falar aqui em preços, porque só se pagaram os "secos". Se as garrafas fossem todas compradas num restaurante esta refeição atingiria valores "estratosféricos" de certeza.

E as Conclusões do que por lá se falou? Boas Notícias para a Filatelia e para os amantes dos nossos livros!!

Temos o Livro da Gastronomia Europeia com Coordenação de José Quitério previsto para sair em Setembro \Outubro deste ano. Temos um acordo de princípio com o David Lopes Ramos para nos escrever a Gastronomia de Expressão Portuguesa e também temos outro acordo com o João Paulo Martins para fazer um novo Livro dedicado ao Vinho em Portugal, mas este na óptica do Consumidor...

Que tal? Valeu ou não a pena ter levado as garrafitas?

terça-feira, abril 22, 2008

Dia Mundial da TERRA - O patamar da clarividência


Comemora-se hoje uma espécie de aniversário do Planeta TERRA.

Serão 4,6 mil milhões de anos (mais milénio, menos milénio) que, infelizmente, já não estarão tão bem conservados como estariam antes da tomada do poder por esta "cáfila de malfeitores" designada por "humanidade".

Esses Macacos - que já foram mais peludos - tomaram consciência da sua vantagem competitiva face às outras espécies aí há 170 000 ou 100 000 anos atrás. Uma gota de água na chamada "vida média " de uma espécie planetária, que os especialistas estimam seja de 10 Milhões de anos...

Esta estimativa parece preocupante... Se apenas em 100 000 anos de preponderância (onde inevitavelmente os últimos 100 ou 200 foram de facto os mais impactantes no equilibrio planetário) já conseguimos fazer tanta M.... Uups, quero dizer Desgraça, o que é que nos vai ainda aparecer pela frente?

A evolução da consciência humana parece ser muito mais lenta do que a evolução do espírito empreendedor ... Quando for suposto atingirmos uma espécie de Nirvana ecológico é muito provável que já não esteja cá ninguém para o testemunhar. Excepto os insectos, pois ele há quem diga que será essa a nova espécie dominante, depois dos Dinossauros e dos Macacos.

Lembra-me aquela história (verídica) do grande especialista em vulcões cujo maior desejo na vida era estar presente na boca do vulcão nas horas que antecedem uma erupção ... Quando finalmente o tentou - acho que foi no Etna, na Sicília - a dita da erupção começou mais cedo do que estava previsto e , da expedição, morreram 4 e ficaram gravemente feridos 2...

Pois aqui na Terra até é capaz de acontecer o mesmo.

Quando estiver a Humanidade perto, mas mesmo muito perto , de atingir o tal "patamar interior de clarividência superior", o grau de consciência que nos permitirá acabar com as guerras e respeitar a Vida em todas as suas facetas, etc, etc,.. pode ser que já não haja tempo para irmos até à beira mar para gozar um pôr do sol em paz e sossego...

É que , nessa altura , provavelmente nem Mar, nem beira dele, e quanto ao Sol o melhor será mesmo evitá-lo por causa dos melanomas certos que os Ultra-violetas nos causarão.

O que é que se terá passado mesmo com os Dinossauros?

segunda-feira, abril 21, 2008

Os Clones


Quem toma conta do PSD?
O problema está complicado e não há gurus que lhe valham - ao Partido - digo eu .

Que fazer nestas circunstâncias? Vamos seguir a estratégia de José Miguel Júdice, o qual acha que faz falta um novo Partido à Direita daquilo em que PS e PSD se estão a transformar? (Uma espécie de Clones um do outro)...

Ou então partir para uma liderança inequívoca e mandona de uma "gurua" como Manuela Ferreira Leite, algo semelhante em termos de rigor e de honestidade e de cheiro fugaz a bancos de carteira universitária, ao que foi o Grande Cavaco Silva da Figueira da Foz, onde foi apenas dar rodagem ao carro e saíu como Presidente do Partido?

Ou ainda dando lugar aos novos como Pedro Passos Coelho, mesmo que isso signifique uma espera de mais alguns anos pelo cheiro inebriante do poder exercido em primeira mão?

Ou, finalmente, dar mais uma oportunidade ao cadáver político vestido de seda e cheirando a insuportável "atar de rosas" que é Santana Lopes?

Não gostaria de estar na pele dos Senadores (ou do Povão) que vão ter de fazer essa escolha brevemente, mas uma coisa é certa: a Política em Portugal, depois de José Sócrates , deixará de ser sobretudo partidária e vai decerto alinhar-se pelas personalidades que são mais mediáticas e entram pelos ouvidos e olhos dos votantes eleitores...

E, francamente, não sei se isso será uma melhoria face aos anos anteriores onde uma batata ainda era uma batata e uma couve servia sobretudo para o Caldo Verde, e não para decorar um prato de Nouvelle Cuisine aportuguesada , assinado pelo "inefável" Avillez dos Tachos (estes sim, serão de alumínio e ferro, e não dos outros...).

O Mundo está cada vez mais complicado e a Vida mais difícil...




sexta-feira, abril 18, 2008

comentário à Política nacional

O nosso Zé comenta:

Porca miséria é sempre mais do mesmo...o Sócrates...O Menezes... a Manela....o Mário....o Santana...o Jardim...e já lá vão 34 anos e as dificuldades cá do burgo e do Zé Pagode é sempre a crescer...o resto é a mingar... é sempre aviar...Rigor?...Desenvolvimento? Clareza de Processos? Transparencia? Meritocracia?

Expectativas?.....ai que riso...dá é vontade de fugir e emigrar...Infelizmente não vejo local de onde saia grande Coelho...ah esse foi para a Mota Engil...vai haver muitas obras públicas para fim de mandato....deixem lá isso a crise imobiliária dos Estados Unidos não chega cá...a Economia portuguesa nestes anos reetruturou-se e venceu o atraso....não há problemas....as novas oportunidades e as certificaçõse tem sido um ver se te avias....o Ensino está na maior....o deficit controlado...as empresas portuguesas são competitivas em mercado desregulado e aberto...a segurança é cada vez maior...nos outros lados é bem pior...

Mas afinal para onde caminhamos?O sistema está pôdre e a cair de maduro....é preciso a lei da rolha?...falar só em casa?...aonde ouvi isto? e lá vamos cantado e rindo... como no antigamente....ah afinal sempre vão descer impostos e rever as previsões de crescimento económico...não podemos dar uma imagem de insegurança?

Ora essa era o que faltava...mas afinal quando é que o pesadelo acaba? Ainda não chegou ao osso? Haja decência e o mínimo de pudor...basta ver os valores das reformas de alguns...Pimenta no cú nos outros no meu é refresco....já lá diz a sabedoria popular...

Comentário ao Comentário: Já se diz aqui em Lisboa que este Luis Filipe trocará de lugar com o "outro" , o do Benfica, e que ninguém se vai dar conta porque ambas as audiências (PSD e Benfiquistas) estão já muito habituadas a sofrer sem poder falar...

E esta hein??!!

Foi-se o "Abono de Família" de José Sócrates??!!


Luis Filipe Menezes convocou eleições para o PSD para 24 de Maio, manifestando-se "Farto e Cansado" das críticas à sua liderança, que não param de subir de tom desde que, há apenas 6 meses, começou as suas funções.

Cenário 1 : A "Jardinação do Cotnente"

Menezes afasta-se agora para tornar à luta perto das Eleições, decidindo nas urnas e por voto directo, a nova liderança. Foi o que Alberto João fez na Madeira com os resultados que se viram. Probabilidade desta estratégia ter sucesso cá no "Cotnente"? Depende, e em muito, das figuras que se atravessem agora para a liderança...


Cenário 2 : Menezes nunca mais volta à Liça

Aqui pode começar um dos piores pesadelos de José Sócrates... Basta que seja Manuela Ferreira Leite (ou mesmo Pedro Passos Coelho) a ganharem...

Outras opções, como Marcelo Rebelo de Sousa e Aguiar Branco não deverão ser assim tão credíveis, o primeiro porque não o deseja, o 2º porque a sua função de causar a ruptura está já assegurada.

A ver vamos, mas em Política, e habituados a vermos coisas tão esquisitas como porcos ciclistas (salvo seja) , tudo será possível...

quinta-feira, abril 17, 2008

Homenagem a Mira Fernandes


As Universidades onde o grande Matemático Aureliano Mira Fernandes ensinou - IST e ISEG - prestam~lhe hoje uma homenagem formal tendo como pano de fundo o lançamento, amanhã, da Emissão Filatélica comemorativa dos Vultos da Cultura de 2008, onde se encontra também retratado o genial filho das Minas de S. Domingos (Mértola) que foi correspondente de Einstein...

A relação dos portugueses com a Matemática nem sempre tem sido muito fácil…

E, por muito que custe a alguns, não é assim tão recente este “meio desentendimento”!

Isso mesmo foi comprovado por Aureliano Mira Fernandes, então com 44 ou 45 anos, numa das vezes em que regressava de Itália, da “Accademia dei Linccei”, instituição de topo da ciência matemática europeia do seu tempo e onde Mira Fernandes costumava apresentar os resultados das suas investigações.

Nesse dia o comboio que o trazia para Lisboa parou em Coimbra, onde Aureliano notou grande multidão de estudantes na plataforma à espera de alguma coisa… Sendo uma pessoa naturalmente tímida e com receio de que o viessem vitoriar a ele, que fora doutorado em Coimbra, por causa da sua mais recente comunicação científica muito justamente aclamada em Itália, Aureliano tentou fugir à homenagem descendo do comboio pelo lado oposto à plataforma.

Não foi senão algum tempo depois que se apercebeu de que a multidão esperava sim, mas para vitoriar um conhecido ciclista que regressava da Volta à França ou à Espanha e que vinha no mesmo comboio…

Esta história, contada por Vicente Gonçalves aos seus assistentes e por estes aos seus alunos, até pode não ser verdadeira, mas traduz em traços caricaturais o perfil do grande matemático que foi Mira Fernandes.

No espaço de 60 anos - 1884 a 1914 - teve Mértola a prerrogativa de produzir os dois maiores matemáticos deste País, se descontarmos o grande mestre quinhentista Pedro Nunes: Mira Fernandes e Sebastião e Silva.

A uni-los num nexo causal de relacionamento professor-discípulo - hoje as mais das vezes infelizmente afastado das universidades portuguesas - um fio de verdadeiras pérolas de sabedoria matemática, como foram os seus amigos Ruy Luis Gomes e Aniceto Monteiro e os seus alunos Bento de Jesus Caraça, Vicente Gonçalves e Duarte Pacheco.
Ao contrário de Sebastião e Silva, não foi Aureliano um grande divulgador da Matemática , referindo até , nos seus anos crepusculares, que “nunca o tinha seduzido escrever um Manual ou um Livro de Curso”.

Aquilo que verdadeiramente o entusiasmava e motivava era estar na fronteira do conhecimento científico de então, ajudando a desbravar os caminhos onde hoje, e parafraseando Isaac Newton, trepamos nos ombros de Mira Fernandes e de outros que tais, para enxergar ainda mais longe.

quarta-feira, abril 16, 2008

Um Quarto para as Nove??!!



Évora do nosso encanto, última paragem da caravana de Focus Groups filatélicos que correu o País.
Logo numa Segunda Feira, dia em que os Amigos Fialhos encerram a "loja"... Por outro lado também não desejaríamos estar sempre a invadir a "sagrada trilogia eborense do bem comer" : Luar de Janeiro, Tasquinha do Oliveira e Fialho, não ficando mal ir "à pergunta" de novos poisos e novos sabores.


E assim se fez:

Restaurante 1\4 para as 9
Rua Pedro Simões 9A
ÉVORA
Telefone - 266 706 774

Para lá chegar toma-se o Largo do Geraldo, dá-se as costas (salvo seja) às Portas de Moura e caminha-se em direcção ao Teatro Garcia de Resende. Antes de lá chegar, mas perto, vai-se com atenção a uma ruazinha estreita que sobe pela direita. Logo a uns 100 metros temos o Restaurante em causa.

Casinha modesta, despretensiosa, mas com tudo no lugar: guardanapos de pano, toalhas de pano, e um bom e cordialíssimo serviço. Uma televisãozita dispensável, mas em tons de mera surdina que não chegam para descompor o ambiente restaurativo.

Lista de especialidades alentejanas ao nível dos Fialhos e outros que tais. Acreditem! E complementada por mais umas dezenas de propostas para a grelha , de peixe e de carne.
Não se entregam aqui aperitivos sem que haja pedido expresso dos mesmos - (lá está outra vez a ASAE... mas aqui acho que está bem ... Havia por aí gentinha que fazia dos pratinhos de entradas o "prato de resistência" da conta final.... Pedimos apenas uma salada de Pimentos (dos mais gordos e saborosos) e uma outra salada de feijão frade com atum. Ambas satisfizeram, embora com demasiado azeite para o meu gosto pessoal.

Comeu-se a Sopa da Panela - cozido de batata (pouca) com carnes fumadas e frescas cujo caldo aromatizado com hortelã é deitado por cima de pedaços de bom pão alentejano, embebendo tudo o resto. E estava delicioso... Tinha galinha, borrego, porco, salpicão, paio e costela, farinheira e morcela.

Depois - tínhamos ficado a olhar para esta proposta meio esquisita na carta do dia - pediu-se uma dose de Carne do Alguidar com Omoleta de espargos verdes, simplesmente soberba no paladar e no toque de veludo dos ovos envolvidos em espargos verdes - estamos agora mesmo no seu tempo. Aproveitem!!

A carta de vinhos é assim, assim... Bebeu-se um Branco de Monte dos Seis Reis e um Tinto "Alento" do Engº Louro (filho). Nada maus tendo em atenção o despojamento da casa onde nos encontrávamos.
Com dois cafés e um "Fidalgo" a dividir ao meio ficou este almoçinho por 48€... e mereceu-os todinhos!!

segunda-feira, abril 14, 2008

Solar da Conga


Sexta Feira passada continuei o meu périplo pelo país a fazer os estudos de mercado sobre Livros Temáticos de Filatelia e coube a vez de me apresentar aos colegas da Invicta.

Estacionada a viatura no antigo Palácio dos Correios , mesmo em frente à Câmara Municipal do Porto, na Av. dos Aliados pus-me à procura do velhinho "Restaurante do Porto", companheiro inseparável de tantas idas de trabalho ao Norte. Não o vi. Tinha falido há 5 ou 6 anos, segundo me informaram...

Na mesma Rua do Bonjardim, uns metros acima, entrei num local que ainda não conhecia para amesendar:

Restaurante Solar da Conga
R. do Bonjardim, 294
Tel. 222 006 934
Fax. 222 006 934

PORTO
"Conga" será um instrumento de percurssão de origem africana. A sua utilização em bandas de música dos anos 20 e 30, nos "chás dançantes" , seria muito frequente, o que terá originado a escolha da denominação para este Restaurante.
O mistério é que a casa parece ter menos de 4 ou 5 anos...
Andando mais um pedaço para cima da mesma Rua do Bonjardim lá se dá com a solução:
O "Solar da Conga" tem a seu lado uma "antecessora" muito mais antiga, atabernada, de balcão comprido, famosa pelas Bifanas e Francesinhas, a qual terá sido sem dúvida a casa-mãe deste novo espaço restaurativo.
Desfeito o mistério vamos às provas. Primeiro que tudo im porta dizer que o ambiente é moderno - com plasmas nas paredes e tudo - boa toalha, bom guardanapo de pano.
Serviço um pouco rápido, incitando o cliente também a uma certa rapidez, o que parece estar de acordo com a filosofia deste Restaurante, criado para almoços de todos os dias sem grandes ostentações.
Não colocam já entradas na mesa excepto a pedido expresso do cliente (ASAE oblige...) .
A pedido lá veio então um "serviço de presunto" constituído por uma travessa de bom presunto de Lamego, cortado bem grosso, com azeitonas e broa de Avintes a acompanhar (6€). Bem bom e que nos desenjoou dos habituais "serranos" de Lisboa e arredores...
Bacalhau Assado no forno, com a 1\2 dose a 12€ era a proposta do dia nos peixes. Nas Carnes havia o Cabrito também assado no forno e ao mesmo preço.Escolheu-se o bacalhau em travessa de grés claro, quantidade suficiente (posta alta inteira) para uma pessoa. E estava bem bom.
Uma garrafa de Verde Tinto Ponte da Barca (5,8€) e um café fizeram esta simples refeição.
Total - 24,8€. Sem o Presunto teriam sido uns 18€..
Conclusão: Vale bem a pena, embora não tenha apagado as saudades do velhinho Restaurante do Porto e das suas monumentais Tripas das Quintas Feiras...
Parece, contudo, que este Solar da Conga também apresenta Tripas e Filetes de Polvo e Cozido à Portuguesa... A ver vamos em próximas oportunidades...

domingo, abril 13, 2008

O Amor sem o Sexo é a Amizade


Michel Eyquem de Montaigne nasce em 1533, em Périgord, em pleno desenvolvimento do culto ao humanismo em França, numa altura em que o grego e o hebreu são ensinados no Collége Royal, um ano depois do grande Rabelais publicar "Pantagruel"...

Michel é muito rico, filho de um grande comerciante de vinhos de Bordéus, grande senhor da burguesia que combateu nas guerras de Itália ( regressou extasiado com o que viu) e foi eleito Maire de Bordéus mais tarde.

Michel de Montaigne é também o autor de um dos meus livros de eleição - os Ensaios - e dele chamo hoje aqui a atenção para o Capítulo XXVIII do Tomo I - edição Galimard "Folio Classique" de 1962, com prefácio de André Gide.


Esse ensaio específico é sobre a "Amizade".

A forma como Montaigne discorre sobre este tema, brilhante como sempre, prenuncia um estado de alma de um grande senhor - pelo espírito, pela erudição, pela educação, mas também pela natural inclinação.

A figura do seu amigo íntimo ,o humanista e filósofo Étienne de la Boétie , é utilizada para Montaigne exemplificar o que é de facto a Amizade e como ela não se deve nunca confundir com o "amor à moda dos gregos" entre pessoas do mesmo sexo, nem sequer com uma "relação de conveniência", mesmo que dê em casamento, ou ainda com a "inclinação passageira da paixão", forte quando se revela, mas que não aguenta a passagem dos anos.

Só o Amor se lhe compara, em profundidade e qualidade do sentimento. Mas enquanto dois amantes podem ser Amigos ( e é desejável que o sejam) dois Amigos (de qualquer sexo) não necessitam da intimidade dos corpos para sentirem a Amizade no mais alto grau.

Amizade, para o Autor, é atingir um tal estado de compreensão dos pensamentos e carácter do Amigo que torne impossível aquele tomar uma atitude que não seja sempre compreendida por este. Por vezes não será compartilhada a opinião, nem aceite algum acto praticado pelo Amigo, mas qualquer deles será sempre compreendido na sua génese, no perfeito entendimento dos motivos que terão levado o Amigo a essa tomada de posição.

Amigo não tem que se justificar perante outro Amigo. Amigo não poderá passar privações se outro Amigo tiver condições (e conhecimento do assunto) para o evitar. Amigo não tem de pedir , nem aconselhar , apenas emite uma opinião.

Amigo está sempre presente, mesmo que ausente e, quando chega a nossa casa, será sempre acolhido com a verdadeira alegria que reservamos para aqueles de quem muito gostamos.

Um Amigo, enfim, ao morrer, leva com ele muito do que nós somos...

Esta crónica um pouco lamechas tem a ver com o meu sentimento de alguma tristeza pelo que - hoje em dia - as mais das vezes passa por Amizade...

Estamos numa altura em que as privações económicas e a falência dos códigos sociais levam muitas famílias a "serrar fileiras" e a ostentarem as costas ao mundo, virando-se cada vez mais para elas próprias.

Nesta altura são as "conveniências" de cliques - Maçonaria, Opus, Partidarite, Futebóis - ou as relações de negócios, a levar a melhor sobre a tendência natural em procurar Amigos com base nas afinidades do espírito e já não tanto nas do interesse económico, político ou de outra qualquer hegemonia.
E é pena que a Amizade não floresça mais, com toda a improbabilidade, entre PS's e PSD's , entre Católicos e Muçulmanos, entre homens e mulheres, entre gestores e operários, entre citadinos urbanizados e provincianos mais isolados ( se é que ainda os há...), entre Portistas, Sportinguistas e (Ai, AI) Benfiquistas...

Mesmo que não chegue ao extremo da perfeição com que a retrata Michel de Montaigne...

"Amigo verdadeiro é quem não me chateia" diz um grande Amigo meu, com alguma razão. A Vida de todos os dias será já suficiente ocasionadora de "chatices" para, ainda por cima, termos alguém que se intitula nosso "amigo" a soprar-nos ao ouvido: "eu bem te disse!"

Bem basta ao "crente" ter de passar pelas provações que lhe couberam na rifa do destino, sejam elas a derrota do Benfica por 3 - 0 frente à Académica, na Luz!!!. Ou então o encerramento, fora do seu tempo, do velhinho "Restaurante do Porto" à Av. dos Aliados, cúmplice de tantas deslocações de trabalho à Invicta, ele que era vizinho das nossas" imperiais" instalações mesmo em frente à Edilidade Portuense...

Amigo verdadeiro, para terminar, é aquela criatura que, sem temer ventos nem marés, afronta o Poder por causa do seu Amigo, nunca fazendo contas ao resultado dessa intervenção.

Nesta "contabilidade" tonta do que é a Amizade vale-nos, sempre, o poema de Alexandre O'Neil:


Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,

Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí, Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,

É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,

Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!



quinta-feira, abril 10, 2008

O Inimigo Público


A saga dos professores e funcionários administrativos das Escolas contra a utilização dos telemóveis nas aulas, ou até mesmo em todas as instalações das escolas, tem que se lhe diga...

Há quem defenda que o aluno deve pura e simplesmente deixar o TM em casa, mas também há quem ache que seria suficiente - no início de cada aula - fazer-se uma recolha dos possíveis "impetrantes", restituindo-os no final aos seus legítimos donos.

Estranha sociedade esta que - descobrindo uma nova "necessidade" artificialmente criada pelos profissionais de MKT das grandes operadoras e produtoras ( temos de tirar o chapéu a essa gente) - já não consegue viver hoje sem um "papagaio falante" pendurado no cinto, qual Colt 45 de antanho, ou escondido no bolso.
Não sou psicólogo, mas isso não me impede de ler - porventura mal - nas entrelinhas dos recentes desmandos de alunos contra professores por causa dos TM's, também uma protecção quase territorial do seu objecto, uma espécie de defesa tenaz dos "terrenos" onde o aluno se movimenta e que constituem a sua "reserva" de privacidade.

Quem já caçou animais selvagens de grande porte sabe do que estou a falar... Assim como quem costuma lidar com touros de lide, seja forcado, toureiro ou criador.

Li num antigo National Geographic que os Bosquímanes - senhores de uma completíssima cultura quaternária - sabem avaliar, quase que até à dimensão de um meio metro, até onde podem ir "gozar" com uma leoa. A partir desse ponto "mágico" a bicha levanta os olhos dourados e a mensagem que estes transmitem é simples: mais perto e ...morres.

Também o nosso jovem encontra no seu telemóvel resquícios de bem essencial , quase de animal de estimação querido, para não dizer de "familiar" de bruxas e de feiticeiros, que o fazem defender a respectiva posse tão irracionalmente quanto uma galinha do mato com algumas dezenas de gramas que se lança sobre uma raposa de 10 kg para salvar a sua prole...

Este apego irracional a um objecto que já não é apenas isso, mas quase um "Totem" pessoal, não nasceu instintivamente com as nossas crianças. Foi provocado e criado pela sociedade e pelos próprios pais, que descansam no TM sabendo que o filho ou a filha estão sempre à distância curta de um telefonema.

Dentro do TM estão amores, namoros, confidências, risos e lágrimas... É óbvio que para um, ou uma, adolescente seja tão precioso e privado quanto um antigo "Diário" que as respectivas mães escondiam debaixo do colchão...

E por isso o defendem de unhas afiadas e punhos em riste...

Fazem mal, está claro, mas a culpa não é só deles.
Faltará a esta gente nova , com o futuro pela frente, uma perspectiva de maior desapego aos bens materiais que mais não serão do que meios para atingir um fim, e nunca o fim em eles próprios...
É importante que os filhos por vezes encontrem nos Pais esse tipo de desapego - tendo embora em atenção que a vida não está para graças nem para deitar fora de borda os tostões sem mais nem menos.
Dar valor ao que se compra com o suor do trabalho é uma coisa, perfeitamente respeitável, mas fazer uma tragédia grega quando algum desses bens se parte ou desparece é outra... e , neste caso, nada bom exemplo para os descendentes.
Que diacho, de vez em quando também devemos saber dizer "que se lixe a taça" e assobiar para o lado...a bem da harmonia familiar e da aquisição de correctas perspectivas de vida por parte de quem de nós depende.

quarta-feira, abril 09, 2008

(Mais uma) Desbunda na Cabeça das Mós



Cabeça das Mós??!!

Sim, perto do Sardoal, é a terra onde um Amigo cometeu o seu exílio voluntário, fazendo de quando em vez apelo aos seus amigos urbanos para que não o deixem muito tempo sózinho no meio das hortas, que, aliás, cultiva com esmero...

Sábado passado lá se fez o sacrifício de nos levantarmos bem cedo de forma a estarmos perto dos fogões a tempo de dar as últimas voltas ao almoçinho...
Como sempre estas comezainas na quinta amiga são algo excessivas... Se não vejamos:

Para o Almoçinho

- Cabrito assado no forno
- Ensopado de enguias
- Caril de Galinha

E para o Jantar - "Bacalhau assado no forno" e "Arroz de Galo pica no chão"...

Aí ...grandes Alarves!! Têm de chamar os Bombeiros para apagar algum fogo no estômago?!

Mas em vez da água pela goela abaixo foram Vinhos de qualidade que refrescaram os palatos :
Em tintos dois Douros poderosos - "Quanta Terra Grande Reserva de 2004" (custará cerca de 18€) ; "Maritávora Reserva de 2004" ( a quase 28€) . Melhor o segundo, mais denso de corpo e mais aprofundado de sabor.



Em vez dos vulgares vinhos brancos da praxe entretivémo-nos com as experiências de espumantes naturais que a Casa de Sarmento (afamada proprietária da Meta dos Leitões) tem ultimamente realizado. Provaram-se ( e beberam-se) os espumantes brutos Rosé de 2005, Aragonês de 2006 e Bruto de lote 2004 (onde deve imperar a casta Chardonnay). O que mereceu melhor nota foi o Aragonês! E todos a uns simpatiquíssimos 5,5€ por "botija"....

O Amigo Luis trouxera de Cuba uns amáveis Cohibas Robustos, que entendeu - em verdadeiro espírito de caridade cristã - compartilhar connosco.

Foi a beber uma aguardente de 35 anos do Instituto da Vinha e do Vinho (alguns) ou um Whisky de malte velho (outros) que se acabou este dia onde, lá muito ao fundo , se ouviam os ruídos de festa dos adeptos azuis e brancos face ao Tri conquistado pelo "grandioso FCP"

O que vale é que - por essas horas - estariam os sentidos da "malta" verde e vermelha já um tanto embotados para desvalorizarem a festa nortenha...










Correio-Mor no Público

O nosso Blog foi ontem citado na rúbrica "Blogs de Papel" do Caderno 2 do jornal "Público", a propósito da crónica sobre a entrevista de Jardim Gonçalves .

terça-feira, abril 08, 2008

De que tamanho é o Mundo?



Diz-se que foi D. João II, o Principe Perfeito, uma das primeiras pessoas deste Planeta a ter uma noção mais ou menos exacta do "tamanho do Mundo", ao receber as notícias fidedignas sobre a possibilidade da circum-navegação da costa africana e de assim ser possível atingir a Índia.

Talvez já outros navegadores Otomanos tivessem também um pouco essa percepção (Piri Reis)...

O que podemops dizer hoje em dia é que o Mundo parece cada vez mais pequeno e o que se passa num dos seus extremos afecta cada vez mais todas as suas partes.
Quem diria que os pacíficos e sofredores monges do Tibet tivessem a coragem necessária para desafiarem o grande Dragão (não, não falo do FCP...) e viessem para a rua exactamente antes da maior jogada de propaganda do regime chinês?

A "Tocha Olímpica" começou já a sua viagem desde a velha Grécia em direcção a Pequim, onde será utilizada com pompa e circunstância para acender a fogueira comemorativas das Olímpiadas com o nome da mesma Cidade.

Por onde passa e ao contrário do que era costume, tem sido alvo de atentados e de chacota, forma dos pacifistas e simpatizantes com o Povo tibetano, de todo o mundo , fazerem notar a enorme hipocrisia destes Jogos Olímpicos a realizar num País onde os Direitos Humanos serão capacho para os dirigentes esfregarem os pés quando se recolhem da lama provocada pelas enchentes do Rio Amarelo.

Hoje, exactamente em Pequim, os notáveis e (dizem) que corruptos membros do Comité Olímpico Internacional farão uma magna reunião para decidirem se a Tocha continua ou se pura e simplesmente suspendem a sua viagem com medo do que (ainda) a espera em termos de manifestações.
Diz-se que quando foi de Barcelona foram estes "nobres senadores" pagos em Kg de Pata negra e caixas de Vega Sicilia... agora na China o que terão recebido para outorgarem a Olímpiada?
A Economia do Mundo com maior taxa de crescimento, onde existe Xangai, que se posiciona como a capital financeira da segunda metade do Sec XXI , não deve ter dificuldade em pagar estes favores... mesmo que em quantidade suficiente para ocultarem as manchas de sangue e as atrocidades do regime.

E tu Portugal como tens reagido oficialmente a estes desvarios? Muito "sensatamente" fazendo apelo à "Real Politik" e pedindo respeito pela soberania chinesa.
Ora bolas Luis Amado!

segunda-feira, abril 07, 2008

Jardim Gonçalves justifica-se


O Público dedica hoje uma grande parte dos seus cadernos de economia à Grande Entrevista ( a 1ª depois das "broncas") que o Sr. BCP decidiu dar a MCS.

Porquê agora e porquê no "Público"? Outros, mais sabedores das intrigas de cabaret que povoam o imaginátrio da política nacional, saberão justificar melhor do que eu a intenção do anunciante e a escolha do meio utilizado para o "anúncio", mas ouso pensar que não deve ser alheia a esta questão a conhecida oposição que José Manuel Fernandes e "sus muchachos" têm feito ao Governo actual e às suas políticas...

De todas as forma aviso já que é necesssária alguma paciência para ler até ao fim a pesada prosa de Jardim Gonçalves, quase clerical na forma, onde muito se escreve para pouco se dizer, cheia de defesas da honra , quer do seu meio familiar quer das atitudes dos seus correlegionários (aqui esteve bem). Já me esquecia que, à boa maneira de professor primário, não começa uma resposta sem primeiro perorar filosoficamente sobre o "enquadramento teórico" do tema da pergunta...

Tanta linha para quê? Se bem entendi, para postular que:

- Não fez o BCP , em relação a OffShores e políticas de gestão internas, nem mais nem menos do que os outros Bancos nacionais ou internacionais.
- Pormenores não os pode dar porque está a investigação em curso.
- A fiscalização das autoridades competentes (BP e CMVM) sempre esteve à altura do que lhe era exigido.
- O facto da Gestão do Banco não utilizar a figura das "stock options" para remunerar Administradores ou colaboradores poderá justificar os salários mais elevados que estes auferiam.
- E, finalmente, se o BCP não conseguiu cobrar aquilo que o filho de Jardim Gonçalves lhe devia foi mesmo porque "não haveria meios para tal"... e mais nada.

Depois ficámos a saber que "tem enorme desapego ao poder e está de bem com a sua consciência".

Mais ainda, sente-se objecto de uma campanha difamatória, pessoal e institucional, da qual não se pode defender porque está "manietado pelo que foi no Banco e pelos ditames da sua própria consciência".
Por outras palavras, "tenham mas é cuidado, porque se abro a boca e digo o que sei mesmo..."
Francamente não me sossegou esta entrevista, abrindo mais portes e janelas de investigação possível do que as que deixa encerradas.



E uma questão fica no ar: parece que a gestão da maioria dos Bancos privados (e não só) se pautaria por decisões que metem offshores para eventuais fugas ao fisco dos seus maiores clientes e accionistas e\ou para financiarem a compra de capital da própria instituição, e nada disto lhes parece "estranho" na actual conjuntura financeira mundial. Serão vicissitudes normais da actividade...

De facto, agora e sempre, "Quando o mar da crise bate na rocha do sistema financeiro, quem se lixa é o mexilhão que precisa do creditozinho"

sexta-feira, abril 04, 2008

Existem Bruxas?? Uma Fábula antiga passada ontem


O "mau olhado" é um assunto que pouco se discute (não vá o demo tecê-las) mas que aparentemente faz parte da vida quotidiana de muitos portugueses.

Por vezes nem todos o reconhecem como tal e, se vivem nas cidades, queixam-se da "má sorte" ou do "azar" que costumam ter na vida. Mas se vivessem na província mais profunda saberiam que tudo isso tem a ver com o "mau olhado".


Nesses locais existe normalmente uma mulher, mais para velha do que nova, solteira , que anda sempre de cara tapada ( só assim sendo tolerada pelos outros) e que tem o cuidado de baixar sempre a cabeça quando se cruza com alguém, para não encarar de frente...

Provavelmente será vesga ou tem um olho a menos de nascença, mas essas explicações "racionais" de nada servem aos aldeões:

- Chumbou o filho da comadre na Escola? Foi o "mau olhado" que aquela desgraçada lhe deitou antes do exame...

- Atirou-se o Ti Jaquim abaixo da Mota? Só pode ter sido porque naquele mesmo dia de manhã cruzou-se com a "bruxa" perto da padaria!

Nem interessa verificar que o filho da Comadre chumba há 3 anos seguidos e nunca pôe os pés na dita escola e que o Ti Jaquim , quando caíu da mota tinha saído da taverna e já vinha bem aviado...

Não senhor! Tudo o que se passa de mal e de transtorno é culpa da "Stregga".

Numa das minhas excursões habituais até fiquei um pouco surpreendido quando uma amável vizinha me disse: Veja lá não se cruze com a Josefa! Aquela mulher é uma grande "Média"!!

O que seria uma "Média"? Ainda por cima "Grande"?? Para mim, que ensinei 30 anos Estatística, "média" é uma coisa, mas duvido que fosse essa a acepção que a minha vizinha dava à palavra...

Até que outro dia percebi que se tratava apenas de uma corruptela de "Medium" . Quer dizer, a Dª Josefa não só tinha fama de "bruxa" como também comunicaria com os "defuntos já falecidos"...

Esta pobre criatura servia um propósito importante na vida social da aldeia: ser o bode expiatório dos outros habitantes. Por isso nunca a expulsaram (ou mataram, se estivéssemos nos tempos mais antigos) com receio de que, sem desculpas oficiais para a "desgraça", tivessem as pessoas "normais da aldeia" que encarar de frente as suas próprias inaptidões e falhanços.

Tudo isto a propósito de uma "queimada" feita sem autorização e que levou a intervenção dos Bombeiros e depois da Polícia. A culpada pelo desmando viu-se multada em algumas dezenas de Euros e queixou-se amargamente às vizinhas: "Foi aquela P...! Não me largou a porta todo o santo dia!" (convém aqui dizer que a casa da putativa "bruxa" está a duas portas da da vizinha queixosa). "Se a vejo dou-lhe uma esfrega! Deixem só cá chegar o meu Homem! "

A "desgraçada", ao ouvir as ameaças, nem tugiu nem mungiu. Agarrou num xaile velho , pô-lo à cabeça e foi dormir duas ou três noites para um palheiro que tinha a alguns Km da aldeia, não fossem os "ofendidos" ofendê-la mas era a ela na sua integridade física, como se calhar já tinham feito outros noutras ocasiões...

Teve azar... Perto do Palheiro andava um Pastor com as ovelhas e logo lhe adoeçeram duas ou três... Embora mais burro que o menos inteligente dos seus cães, não demorou o Pastor a fazer o cálculo habitual: "Bruxa" na vizinhança igual a ovelhas com maleita!

Foi a triste mais uma vez expulsa do seu pobre pardieiro e, sem mais lugar para onde ir, foi pedir ajuda a uma irmã que vivia na aldeia mais próxima.

Esta lá a recebeu com maus modos e foi-a avisando: "Tu por aqui? Tenho o dia estragado! Só pode ter sido enguiço da Tia Rosa que ontem me veio pedir dois ovos emprestados! Aquela mulher é mesmo uma "bruxa" ...

Moral da História (que é obviamente ficção , mas não parece...) : Faz às vezes mais falta uma "bruxa" na aldeia do que um psiquiatra num Centro de Saúde...



Não quererá a Srª Ministra da Educação contratar algumas para as escolas?



quinta-feira, abril 03, 2008

Para Descansar a Vista


Nestes dias de quase Verão um Post para refrescar o ambiente:


"A something in a summer's Day
As slow her flambeaux burn away
Which solemnizes me.

A something in a summer's noon—
A depth—an Azure—a perfume—
Transcending ecstasy.

And still within a summer's night
A something so transporting bright
I clap my hands to see—

Then veil my too inspecting face
Lets such a subtle—shimmering grace
Flutter too far for me—

The wizard fingers never rest—
The purple brook within the breast
Still chafes it narrow bed—

Still rears the East her amber Flag—
Guides still the sun along the Crag
His Caravan of Red—

So looking on—the night—the morn
Conclude the wonder gay—
And I meet, coming thro' the dews
Another summer's Day! "

Emily Dickinson

quarta-feira, abril 02, 2008

Na China como em Portugal


As autoridades chinesas "deportaram" para parte incerta - fala-se de Centros de Reeducação" - largos milhares de pedintes que deambulavam pelas ruas de Pequim.

Perto do início dos Jogos Olímpicos não quiseram essas mesmas autoridades deixar de "limpar" as ruas da sua cidade, obviamente conspurcadas por tantas e tão sujas criaturas...

Nada de anormal nesta atitude, pese embora o atraso com que foi efectuada no Império do Meio. De facto já em Portugal outro grande líder - Salazar - tinha usado a mesma estratégia para "desinfectar" Lisboa da presença dos pobres pedintes por alturas da Visita de Estado de Isabel II, em 1955.

A Guarda Republicana arrebanhou as infectas criaturas e despejou-as na Mitra. Quando já lá não cabiam mais, meteram-nas nas diversas prisões. Conta-se que muitos por lá ficaram a apodrecer depois de ter passado o fausto da Visita de Estado, esquecidos pelos que lá os colocaram em primeiro lugar...

Para saudosistas do antigo regime restará a consolação de que ao menos nas prisões comiam uma ou duas vezes por dia... Para que é que se estariam a queixar?

Pobres e Mal Agradecidos é o que é!!

terça-feira, abril 01, 2008

Workshop em Progresso

Os trabalhos estão a decorrer muito bem. Ontem ouvimos os colegas do Brasil e de Cabo Verde a discorrer sobre a situação da filatelia nos respectivos países, enquanto que o Jean-François Logette nos falou - em 3 intervenções distintas - sobre as Emissões Ilegais, o sistema de numeração da UPU WNS e ainda sobre as propostas a levar ao Congresso da UPU em relação ao Artº 8º - Filatelia.

Hoje falamos nós , da Filatelia e dos Correios de Portugal , e encerrará este Workshop uma Mesa Redonda com um interveniente por cada País aqui presente (são 6).

Todos os textos e apresentações relevantes podem ser consultados no site da AICEP alguns dias depois da conclusão desta iniciativa.

http://www.aicep.pt/