Está agora na moda (Jerónimo de Sousa, Mário Soares, por um lado, Teresa de Sousa e Vasco Pulido Valente por outro e só para citar algumas figuras públicas e cronistas do reino) invocar o nome do presidente venuzuelano Hugo Chavez para uma de duas coisas:
a) Defender o seu "correcto" posicionamento anti-Bush e anti-americano militante, as suas nacionalizações e as suas medidas revolucionárias.
b) Atacar a sua demagogia galopante em termos de políticas (interna e externa)
Os Países do tipo "Chavez" seriam assim , e por analogia, umas repúblicazinhas onde um presidente-rei governa ao sabor das suas idiosincrisias, sem controlo efectivo por parte do Parlamento ou dos Tribunais e onde o princípio da divisão de poderes entre o ramo legislativo, executivo e judicail foi "mandado às urtigas".
Neste tipo de Países, e como os bons hábitos cedo pegam de estaca e se transmitem rapidamente, existe um conjunto considerável de tiranetes locais e regionais, os quais replicam ao nível das suas esferas de influência a pouca vergonha do governo autocrático central, sem peias nem limitações morais, éticas ou dos bons costumes. E costuma abundar a corrupção.
Serão os chefes das repartições a exigir o dinheiro por baixo da mesa para cumprir a sua função, serão os examinadores a receber a prenda dos pais dos alunos, serão os Fiscais Municipais das Obras a receber para aprovar, serão ...etc, etc,... E sempre dizendo "-Pelo Presidente tudo porque é Pai..."
É claro que alguma semelhança com Portugal (de agora ou de antigamente) é mera coincidência!! ... " A Bem da Nação"...
Esta forma de estar na vida política acaba normalmente - pelos menos nos séculos XIX e XX - à paulada, por vias de alguma revolução, popular ou militar, de esquerda ou de direita.
São estes alguns dos regimes ditos "Peronistas" - existentes ainda em África, na América do Sul e Central.
E não pensem que tomaram o poder à força! Muitos dos "Chavez" apoiam-se normalmente em votos e em eleições, e à custa desse escrutínio popular obtido demagogicamente acabam por exercer das mais detestáveis ditaduras que se conhecem.
A sua maior arma é a Televisão ( e os outros Media).
Apresentam-se ao bom povo quais "Maravilhas do Mundo" para eleição, utilizando um cocktail eficaz de pitada de sentimentalismo nacionalista, pitada de complexo de vítima, pitada de fervor patriótico e pitada de ódio ao "estrangeiro"; e com isto são eleitos e alegremente governam (e governam-se...)
E exercem de facto várias formas de ditadura: é a "ditadura" da maioria contra as minorias, a "ditadura" do gosto oficial contra a existência de alternativas estéticas, a "ditadura" dos Hetero contra os Homos, a "ditadura" dos papagaios do regime contra o livre pensamento. A "ditadura" dos de uma cor contra os da outra(s) cor (es). Finalmente, a "ditadura" dos "Bons" (dos Cowboys") , contra os "Maus" (os "Índios").
Representam estes regimes a negação do espírito civilizacional que viu mundo na Grécia clássica e que tanto enobrece a cultura europeia. A negação do Humanismo e da Renascença. A negação do Ecumenismo.
Mas o mais perigoso nem sequer será a consciência de que estes regimes existem "lá ao longe".
O mais perigoso e preocupante é que a forma "musculada" de fazer política que lhes é própria tem sido hoje em dia replicada a Ocidente de uma forma quase que obrigatória , com as desculpas (bem fundadas até) de defesa contra o Terrorismo e contra o Crime organizado.
Tem de haver alternativas. Esta actual situação onde "venha o diabo e escolha se quer morrer da Doença ou da Cura" não parece compatível com as expectativas de felicidade que os anos depois da Guerra Fria criaram nas pessoas de todo o mundo.
E não se esqueçam que até o Sr. Adolfo foi eleito na Alemanha com uma vantagem esmagadora em eleições perfeitamente democráticas... O Plebiscito de Agosto de 1934 que lhe dava plenos poderes como Chanceler e Comandante do Exército teve um resultado de quase 84% de votos a favor...
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