sexta-feira, setembro 14, 2007

Ervas para o Almoço, Angústia para o Jantar


Não Amigos, ainda não foi desta que me "passei" - pelo menos completamente - mas o título evoca um almoço e um jantar recentes e de memória distinta porque aprovadíssimo pelo palato e envolvimento esteve o Almoço, enquanto que nem tanto assim (antes ao contrário) esteve o Jantar.

Vamos lá então a concretizar:

Salsa e Coentros
R. Coronel Marques Leitão nº12
1700-125 LISBOA
Tel. - 21 841 0990

Em boa hora o antigo gerente do "A Charcutaria" decidiu mudar-se para o bairro de Alvalade com um colega e estabelecer-se mesmo ali em frente ao quartel dos Bombeiros de Alvalade, por detrás do Mercado.

"Salsa e Coentros" é nome que vai dar brado em Lisboa se se mantiver a qualidade e a prática continuada de bons e módicos preços (um pouco ao contrário da casa Matriz lá de baixo da Rua do Alecrim onde começaram estes agora proprietários restauradores).

Comida transtagana de alto nível embora o tamanho da dose seja um pouco limitado, como está na moda para metrosexuais...

Entradas de tortilha andaluza excelente, prato de pata negra superlativo e Empadas de galinha fenomenais, melhores do que na Catedral Fialho - éramos dois e comemos 6.

Como prato principal um Entrecôte grelhado com salada (alguém estava a dieta...) e para mim (o que é que vocês julgavam?!?) uma das melhores, senão a melhor, "Miga com carne do Alguidar" que foi dado provar... Desde as Migas, alouradas em boa gordura de porco preto até à qualidade fora de série da carne do Lombo .

Bebendo duas garrafas de Espumante bruto do Esporão 2005, e ainda com dois cafés, pagou-se 76,55€.

Recomendável até pelo preço, mas sobretudo pela grande qualidade gastronómica.

Serviço gentil e esforçado, casa pequena (duas salas, sendo uma na Cave) o que significa que é imperioso RESERVAR.

O maior problema: estacionamento... Tenham paciência porque as voltas que darão até estacionarem serão amplamente recompensadas "lá dentro".

E ao Jantar:

Restaurante 44
R.Roberto Ivens 44 a 48
4451-901 PORTO
Tel - (ainda ausente na factura)

Os donos do famoso (e imponente de bem comer ) S. Gião em Moreira de Cónegos, quiseram enveredar pela aventura da Nouvelle Cuisine (e da "nouvelle vague" decorativa) , "à la mode" de um Bica do Sapato , e o resultado não foi famoso... Digamos até que foi lastimoso...

Matosinhos é terra de grandes tradições ( e tentações) marisqueiras. Desde logo o estimável "Lusíadas" com a sua parceira "A Antiga Marisqueira", duas das melhores marisqueiras do Mundo. Quem lá abre restaurante tem a obrigação de ter esse peso da tradicão em conta.

Nessa terra, na antiga Rua Roberto Ivens. quase lá ao fim, abriu agora o Restaurante 44 que tem ainda por cima a grande (enorme para Matosinhos) vantagem, de estar mesmo em frente de um grande Parque de estacionamento em andares.

O problema é que quando entramos parece que estamos numa Galeria de Arte e ainda por cima de gosto duvidoso... Não se questiona a escolha de toalhas, talheres e copos (tudo do mais alto nível, embora relativamente kitsch) mas quanto ao resto ...

Um exemplo: quem quer lavar as mãos (ou outra coisa ) terá de abandonar a mesa (o que, convenhamos, é normal) mas depois atravessa a sala toda, sobe uma escada periclitante, passa por uma galeria que domina a mesma sala de onde saíu cá em baixo (o que é óptimo para espreitar as pernas às senhoras de saia) e entra finalmente na "casinha"... É claro que toda a freguesia que está a comer acompanhou esse percurso e ficou a saber onde vamos e quanto tempo demoramos..

Bom, e quanto à comidinha? Boazinha sem deslumbrar; com doses pequeninazinhas como convém ao espírito "gay" do ambiente...

Comeu-se de Entradas - Gambas com alho (eram 4) ; Paté santola (eram duas colheres de sopa);Tártaro de Atum (transparente veio uma fatiazinha) e Morcela de arroz (1\3 da morcela seria melhor dito).

E em Pratos Principais - Filetes de Pescada ( bons, mas longe dos da velha Nanda ou do António de Leça) ;
Rojões à Minhota . Bom, aqui é que me irritei. O S. Gião tinha e acho que ainda tem, dos melhores Rojões que podemos comer, mesmo comparando com os do Minho. Como se pode agora servir numa casa com a mesma componente genética uma amostrazinha desse prato emblemático? Não se pode dizer que estava mal feito, mas eu estava à espera da sinfonia porcina a que me habituei na Casa-Mãe.

Lá me foram dizendo que a "filosofia ali era outra" etc... Pode ser, e até admito que a culpa foi minha porque não esperei os tais 6 meses depois da abertura que meu Mestre Quitério considera imprescindível para que a "brigada" da cozinha e a da sala façam a "rodagem". Mas mesmo assim...

E o serviço?

Elas são lindas e eles bem compostos. Vestidos a rigor por algum estilista conhecido da nossa praça. Agora servir à mesa é que só por acaso... a desgraçada da garrafa de Muros de Melgaço verde branco quase que morreu esquecida ao canto, enfiada no frappé - este sim, muito decorativo e inovador.

Com cafés, sem digestivos mas com um Pudim do abade de Priscos (muito bom, feito pela mesma mão de fada que abastece o S. Gião) pagou-se 95,80€.

Isto contando com a tal garrafa de Verde Branco desprezada e dois copos de Tinto para os Rojões.

Nem é caro, mas a fome com que entrámos foi quase a mesma com que saímos...

Onde se pode comer uma "Francesinha" aqui em Matosinhos depois das 22.00?



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