Escultura de Alexandre Calder, que referia:
« Sou escultor para evitar histórias». Ora, esta exposição mostra a quem a visita que a escultura pode ser vista como um processo dinâmico, aberto a «dialécticas complexas» e a diferentes pontos de vista.
Um pouco como a Governação de qualquer País democrático...
Manuel Alegre publica hoje no jornal "Público" um extenso artigo de opinião - muito bem escrito como seria de esperar - onde se insurge contra o "unanimismo" que parece residir em torno da actual governação, levando-a até a (talvez) encorajar, ou pelo menos não evitar, comportamentos de delacção e de "espionagem" típicos dos melhores tempos das ditaduras, fossem elas cá as da nossa parvónia ou as da Alemanha de Leste, União Soviética, etc... Sem esquecer as da Direita (Pinochet à cabeça).
O meu comentário: Haverá obviamente exagero nestas afirmações. Portugal não é, nem nunca será, um antro de coscuvilhice partidária onde o mexerico tenha mais força do que a palavra dos Homens honrados. Mas...
Um grande Amigo meu costuma dizer "meu Amigo é quem não me chateia" .
E tem razão.
Nesta acepção e fazendo uma comparação um pouco forçada parece-me evidente que qualquer Governo, em qualquer País do Mundo, o que gostaria é que o deixassem governar sem "chatices". E as "chatices" seriam a Oposição sempre a chingar na AR, os MCS sempre em cima de algum escândalozinho, algum Ex-Ministro a pôr a boca no trombone em vez de estar calado, etc, etc...
Até eu - um Liberal!! - gostaria de viver sem chatices: sem ter ninguém a dizer-me o que eu deveria fazer para emagrecer, sem ter Patrões a mandarem, sem ter de levar a minha Mãe ao cemitério sempre que lhe passa pela cabeça ir lá ver "como estão as flores", sem ter que me preocupar com os Impostos nem com o respectivo pagamento, etc, etc...
O problema é que as "chatices" fazem parte da vida e são o preço que temos de pagar pela Liberdade que usufruímos...
Não me posso "pôr em cima" da mulher do meu Vizinho, que é "Boa comó milho" porque o gajo dá-me um tiro nos C.... Ou não o devo fazer porque é uma conduta imoral? Ou ainda, não o devo fazer porque depois sou capaz de ir para o Inferno?
A razão não é importante desde que a mensagem seja "Não o devo fazer!!" e por isso não o faço.
Também o Governo, qualquer Governo, terá de ter em conta que o exercício da governação em democracia não é um "vale tudo e prá frente que ganhámos e agora mandamos nós e os outros que se f (perdão) que se acautelem..."
O Poder absoluto costuma gerar a corrupção também absoluta que é a que não tem limites impostos excepto os da auto-limitação .
Temos de convir que é pouco...
Num grande (enorme ) filme feito por alemães sobre os últimos dias de Hitler no seu Bunker de Berlim, deparamo-nos com uma situação extrema : Hitler, o demagogo e carrasco assassino, terá morrido plenamente convencido da "justiça" dos seus actos e da "bondade" das suas crenças numa Alemanha "pura", "eugenizada" e Leader da humanidade. O Mundo é que nunca o compreendeu... A falência da sua doutrina (dele e dos ideais do Nacional-Socialismo) deveu-se apenas a um "golpe do Destino".
O que está aqui em causa é que um Ditador, qualquer que ele seja, acaba sempre por auto-convencer-se da sua "moralidade":
- Salazar - que era pobre e pobre morreu - defendia a Família, a Religião e o Estado; Tito - que era pobre e rico morreu - preservava a união perene dos Povos da Jugoslávia (quantos são eles hoje?); Estaline - que não era pobre e que morreu não se sabe bem como - defendia os valores sagrados da ditadura do proletariado (a qual, para além do mais, era "exportável") etc, etc...
As picadas da crítica e a oposição (em bancada ou nos jornais) são o pequeno preço que todos os que governam em Democracia têm de pagar para que democracia continue. Mesmo que , por vezes, nos pareça (a quem governa) que são todos "uns empatas" e que "estaríamos muito melhor sem eles"...
É que não estávamos mesmo nada "melhores" sem críticas e sem oposição!!
E Livrem-nos das alternativas!!!