quarta-feira, setembro 30, 2015

Em Braga e Viana



Estas sessões de autógrafos  tiveram lugar depois de termos aguardado que o nosso Autor Fortunato da Câmara deixasse crescer a barba e o bigode, para não ser identificado,  dada a sua condição de crítico gastronómico autêntico  - isto é, dos verdadeiros! Daqueles que não se identificam à chegada ao restaurante  e depois de comerem NUNCA mostram o jornal ou a revista onde colaboram antes de chegar a continha...

Dos outros, dos que "arremedam" a actividade para recolher vinhos, almoços e jantares para a família,  há muitos.

Dos verdadeiros, seguidores do cânone quiteriano, há infelizmente poucos (mas bons!!).

Fomos recebidos principescamente ( é o termo) pelos colegas em ambas as cidades! E assinaram-se quase 400 livros "Viver Portugal com o Mediterrâneo à Mesa".

Almoço a correr no Arcoense, onde  nos tranquilizámos com a presença neste mundo (lagarto, lagarto...) do senhor Joaquim Rebelo Barroso, embora já um pouco retirado das lides diárias. A desconfiança tinha a ver com a sentida falta da sua presença na sala em várias visitas entretanto efectuadas a esta (mais uma) catedral bracarense de bem comer.

Bebeu-se um estimável Vale Pradinhos de 2008 (últimas garrafas, desculpem lá) acompanhando sobretudo ( e foi o que ficou na memória) uma admirável carne de rês transmontana simplesmente grelhada com algumas pedras de sal.

Esta história das "alheiras e do botulismo" deixou preocupados muitos dos hoteleiros e restauradores ali presentes em Braga, com o fundado receio que o nome da empresa em causa ( melhor dito, a "marca" das ditas alheiras) - por ser "Origem Transmontana" - poder vir a denegrir todo o negócio... Que é grande. Muito grande.

Em Aveiro continuámos a saga depois de almoço. E já passava das 19h quando começámos o caminho da volta a casa.  A tempo de acompanhar a espaços a brilhante jogatina do FCP contra o Chelsea.

Parabéns ao Porto Carago!!

segunda-feira, setembro 28, 2015

Blogger tem semana de "escachar pessegueiros"



A expressão "descascar pessegueiros" frequentemente utilizada no vernáculo da nossa língua é errada. A frase que se deve utilizar é mesmo "escachar (rachar, partir ao meio) pessegueiros" que tem o significado de algo extraordinário, um acontecimento assombroso.

Esclarecida a dúvida aproveito para comentar a minha semana que se aproxima:
 - Hoje há Cerimónia na Biblioteca Nacional, para apresentação da emissão dedicada à Questão Coimbrã (1865).
- Depois, tenho sessões de autógrafos com o Amigo Fortunato em Braga e Aveiro. Do seu ( e nosso) livro "Viver Portugal com o Mediterrâneo à Mesa".
 - A seguir, Sessão sobre a Excelência na Actividade Filatélica , apresentada pelo Luiz Duran. Desculpem, nem dou dia e hora porque a sala está já esgotada...E mais salas houvessem...
- Há ainda uma Tertúlia sobre as frutas de Origem Demarcada portuguesa, com produtores e outros players do sector, a propósito do lançamento da nossa emissão de selos sobre o mesmo tema. Na Rua de S. José 20, pelas 18h do dia 1 de Outubro. Estão convidados!
- Na sexta feita temos a Convenção de Vendas CTT. Quase 800 colegas reunidos no CCB.
- Last, but not the least: vamos fazer no sábado o nosso dia de reflexão pré-eleitoral para Abrantes, onde o Amigo Álvaro festeja aniversário. Só espero chegar a horas de votar no dia seguinte...Imperativo!!

Por todos estes motivos vou já avisando que estes Posts podem sofrer atrasos... Será por uma boa causa.

Nota final: Consta que Jorge Jesus terá de ir ao "oftalmulogiste". Deixou de ter "Boaviste"...

sexta-feira, setembro 25, 2015

Para Descansar a Vista...Com um olho no burro e outro nas Sondagens.



Enquanto os MCS debitam (regurgitam, vomitam, antecipando já a fala de Herberto) diariamente a sua sondagem e os dirigentes partidários continuam na romaria da "carne assada" (parece que este ano destronada pelo "arroz de pato"), os eleitores e outros não votantes deste país aguardam por mais uma jornada futebolística.

Que maçada estarem os jornais e as TV's a perderem tempo com "a política" quando o caso Carrilho não está resolvido? E quando não se sabe bem se o grande derby de Lisboa contará (ou não) com o William no meio campo?

No dia 4 de Outubro o Benfica vai à Madeira jogar com o União, o FCP recebe o Belenenses e o SCP também recebe em casa o Vitória de Guimarães.

Dizem que nessa noite a TVI vai estrear o Big Brother na sua encarnação 325 (ou coisa parecida).

No intervalo temos as eleições... que maçada (outra vez)!

Enquanto esperamos (seja pelo jogo seja pela mesa de voto)  dou-vos  um grande poema: "A bicicleta pela lua dentro". De meu Mestre Herberto Helder.

Em Herberto as sensações irrompem e superam irresistivelmente os sentimentos e as ideias. Quando lemos este poeta abandonamos o lirismo contemplativo para nos entregarmos a uma escrita mais primeva, vulcânica, incontida, raivosa até.

É o primado da "mulher" como começo e fim de tudo, nas suas diferentes interpretações como "mãe",  "amante" e "feiticeira".

A bicicleta pela lua dentro - mãe, mãe - 
ouvi dizer toda a neve. 
As árvores crescem nos satélites. 
Que hei-de fazer senão sonhar 
ao contrário quando novembro empunha - 
mãe, mãe - as telhas dos seus frutos? 
As nuvens, aviões, mercúrio. 
Novembro - mãe - com as suas praças 
descascadas. 

A neve sobre os frutos - filho, filho. 
Janeiro com outono sonha então. 
Canta nesse espanto - meu filho - os satélites 
sonham pela lua dentro na sua bicicleta. 
Ouvi dizer novembro. 
As praças estão resplendentes. 
As grandes letras descascadas: é novo o alfabeto. 
Aviões passam no teu nome - 
minha mãe, minha máquina - 
mercúrio (ouvi dizer) está cheio de neve. 

Avança, memória, com a tua bicicleta. 
Sonhando, as árvores crescem ao contrário. 
Apresento-te novembro: avião 
limpo como um alfabeto. E as praças 
dão a sua neve descascada. 
Mãe, mãe — como janeiro resplende 
nos satélites. Filho — é a tua memória. 

E as letras estão em ti, abertas 
pela neve dentro. Como árvores, aviões 
sonham ao contrário. 
As estátuas, de polvos na cabeça, 
florescem com mercúrio. 
Mãe — é o teu enxofre do mês de novembro, 
é a neve avançando na sua bicicleta. 

O alfabeto, a lua. 

Começo a lembrar-me: eu peguei na paisagem. 
Era pesada, ao colo, cheia de neve. 
la dizendo o teu nome de janeiro. 
Enxofre — mãe — era o teu nome. 
As letras cresciam em torno da terra, 
as telhas vergavam ao peso 
do que me lembro. Começo a lembrar-me: 
era o atum negro do teu nome, 
nos meus braços como neve de janeiro. 

Novembro — meu filho — quando se atira a flecha, 
e as praças se descascam, 
e os satélites avançam, 
e na lua floresce o enxofre. Pegaste na paisagem 
(eu vi): era pesada. 

O meu nome, o alfabeto, enchia-a de laranjas. 
Laranjas de pedra - mãe. Resplendentes, 
estátuas negras no teu nome, 
no meu colo. 

Era a neve que nunca mais acabava. 

Começo a lembrar-me: a bicicleta 
vergava ao peso desse grande atum negro. 
A praça descascava-se. 
E eis o teu nome resplendente com as letras 
ao contrário, sonhando 
dentro de mim sem nunca mais acabar. 
Eu vi. Os aviões abriam-se quando a lua 
batia pelo ar fora. 
Falávamos baixo. Os teus braços estavam cheios 
do meu nome negro, e nunca mais 
acabava de nevar. 

Era novembro. 

Janeiro: começo a lembrar-me. O mercúrio 
crescendo com toda a força em volta 
da terra. Mãe - se morreste, porque fazes 
tanta força com os pés contra o teu nome, 
no meu colo? 
Eu ia lembrar-me: os satélites todos 
resplendentes na praça. Era a neve. 
Era o tempo descascado 
sonhando com tanto peso no meu colo. 

Ó mãe, atum negro — 
ao contrário, ao contrário, com tanta força. 

Era tudo uma máquina com as letras 
lá dentro. E eu vinha cantando 
com a minha paisagem negra pela neve. 
E isso não acabava nunca mais pelo tempo 
fora. Começo a lembrar-me. 
Esqueci-te as barbatanas, teus olhos 
de peixe, tua coluna 
vertebral de peixe, tuas escamas. E vinha 
cantando na neve que nunca mais 
acabava. 

O teu nome negro com tanta força — 
minha mãe. 
Os satélites e as praças. E novembro 
avançando em janeiro com seus frutos 
destelhados ao colo. As 
estátuas, e eu sonhando, sonhando. 
Ao contrário tão morta — minha mãe — 
com tanta força, e nunca 

— mãe — nunca mais acabava pelo tempo fora. 

Herberto Helder, in 'Poemas Completos' 

quinta-feira, setembro 24, 2015

Hábitos de Consumo e Inclinação para Votar (onde?)


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O "bicho" antigo rói-me as entranhas e não consigo parar de pensar naqueles tempos em que - como exercício académico e nas vésperas das eleições - punha os meus alunos a fazerem sondagens paralelas para discutirmos os resultados e os compararmos com os das sondagens oficiais. Era um divertimento imenso esperar pelos resultados e ver como os "amadores" às vezes acertavam mais do que os "profissionais".

As notícias sobre esta matéria caem todos os dias. Ainda hoje de manhã estive entretido com mais esta:


Um dos factores que muito influenciava os resultados das sondagens no passado era o comportamento do chamado "centro cinzento" - o conjunto dos votantes que nunca se define como partidário assumido, votando de acordo com as suas ideias do momento, eleição a eleição.

A respectiva identificação como coincidindo (em cada processo eleitoral) com o corpo principal dos que se revelam "indecisos" é problemática e não deve ser feita de ânimo leve. Mas aqui, não estando na sala de aulas, vamos assumir que essa seria uma boa aproximação empírica.

Os "indecisos" são neste momento a 3ª força política de acordo com as sondagens.  Em redor de 20%. Se se declarassem massivamente para um dos lados dariam a Maioria Absoluta .

Como é que estes "Indecisos" vão votar no dia 4? A grande questão caros leitores é essa. Porque em relação ao resto, PAF, PS, CDU e BE têm os seus apoiantes esclarecidos e animados para deitarem o boletim com a cruz no local certo. 

Se compararmos esta eleição com as passadas, podemos estabelecer que uma parte considerável dos "Indecisos" não vai votar . Atitude que não se deve confundir com quem vota "branco" ou "nulo", os quais por norma já decidiram o que vão fazer, não podendo por isso ser considerados indecisos. 

Os que vão votar distribuem-se em larga maioria pelos maiores Partidos. Mas como?

Nessa decisão vão mandar os Hábitos de Consumo e a forma como foram afectados. Cidadão votante não perdoa nas urnas ter alterado para baixo o seu nível de vida e padrão de consumo. O respectivo nível de indecisão estará muito mais ligado a saber com quem deve implicar, aplicando-lhe o castigo do seu voto. 

Quem vou culpar pela crise que me afectou ? PS ou PSD\CDS?

Porque o voto dos "indecisos" é quase sempre um "voto a castigar" e não um voto a premiar a governação.

Esta questão de saber, de facto, "quem mandou chamar a troika?" tem mais importância do que parece e merecia estar  em cima das discussões e debates. 

A coligação PAF parece que percebeu isso melhor do que o PS.  E é pena...

quarta-feira, setembro 23, 2015

A Guerra dos Tronos arrasa nos Emmy! Jon Snow está vivo?



Vejam aqui sff:


Peter Dinklage ganhou o merecidíssimo prémio para melhor actor secundário.  Mas não ficou sozinho! A  série arrecadou nada menos do que 12 prémios em 24 nomeações! É obra! Trata-se do record do número de prémios para uma série no mesmo ano, desde que existem os Emmy.

Também gostei de ver a Viola Davis a receber o prémio de "melhor actriz" pelo desempenho na série "How To Get Away With Murder's". Pela primeira vez atribuído a uma actriz negra.

Ganhou um anão e ganhou uma negra.  Por serem grandes, enormes,  actores os dois. E assim é que deve ser. Premiar o talento, não importando a cor ou o tamanho.

A pergunta que todos os fanáticos de Game of Thrones fazem agora é apenas uma: Está Jon Snow mesmo morto? Regressa à série ou não?
Todos conhecemos o "mau feitio" do grande escritor Georg R. R. Martin, o qual mata personagens sem estarmos à espera, sejam elas boas, más ou assim-assim...
Mas Jon Snow era um dos pilares dos romances, a personagem com que maior número de senhoras e meninas espectadoras simpatizava... Um autêntico leader para as audiências... 

Posto isto, devemos saber que ameaças de boicote à visão da série e outras coisas piores inundam já os escritórios da produção, tudo no caso  de se confirmar o assassinato do Lord Commander of the Night's Watch.

A Net está cheia de prognósticos sobre o tema e até já existe uma concorrida bolsa de apostas. Os livros não explicam o que se passa na série, porque pela primeira vez a cinematografia ultrapassou no écran a linha da cronologia dos romances.  Sendo certo e sabido que os produtores da série respeitam demasiado o autor, mas que também gostariam de continuar a bater recordes de audiências (com o Jon Snow vivo)...

A minha opinião?  Vale o que vale sabendo mesmo assim que li os livros todos e estou em processo de revisão da última temporada da série televisiva. O que penso é que existem várias maneiras de "ressuscitar" o Snow sem quebrar a linha do romance. Linha essa - com Jon Snow vivo - que pode passar pela figura da sacerdotisa do Deus da Luz e do Fogo (R'hllor)...

Mas esperemos para ver. Já só faltam uns meses: a primavera de 2016 é a altura anunciada para o reinício do drama... E antes disso (talvez...) deve sair o livro que apanha o fio desta meada: The Winds of Winter.

terça-feira, setembro 22, 2015

Indigestão de sondagens


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Os jornais e outros meios de comunicação social têm que vender. Nesta altura do ciclo político o que está a dar é publicar sondagens e estudos de opinião. Quase todos os dias sai uma...

O conhecido e reputado especialista Pedro Magalhães tenta pôr água na fervura desta excitação toda. Aqui podem ler a sua opinião (bem acertada) sobre a matéria:

www.pedro-magalhaes.org/a-duas-semanas/

Nos meus dias como combatente activo nestas guerras dos estudos de mercado e de previsões de resultados eleitorais - fiz mais de duas dezenas de estudos sobre a previsão dos resultados das eleições em Portugal, nacionais e autárquicas, nos anos 80 e 90 - era mais fácil acertar?

Há quem diga que sim. O mundo (lato sensum) era mais "previsível"...

Tenho dúvidas sobre isso.

A escolha da amostra (o mais importante factor que permite decidir ex-post sobre o rigor na previsão) era feita tendo em atenção a estratificação socio-demográfica da população votante, mas sem levar directamente em linha de conta os fenómenos periféricos ( a crise é o exemplo mais gritante) que talvez já existissem nesses anos, mas com muito menos importância dos que  hoje nos assolam.

O impacto de 5 anos de restrições e de sofrimento nos resultados eleitorais não é fácil de medir.

Tanto pode levar a um estado de alma "rancoroso" contra quem o provocou ( e quem terá sido? Quem chamou a Troika??!!!) como pode desencadear uma reacção de sinal contrário tendo em atenção o alívio de alguns (de todos') por se estarem a levantar algumas dessas restrições e o medo de se poder voltar a cair no abismo.

A "falha" nas previsões das eleições no Reino Unido e agora na Grécia ( onde quem venceu foi a direita e a esquerda, respectivamente, e apesar das sondagens darem outras expectativas) tem estado a ser explicada pelos analistas com base nos tais epifenómenos: no Reino Unido terão sido os independentistas da Escócia a "trair" o Labour. Na Grécia poderá ter existido "mão de reaça" a tentar influenciar os votantes com previsões alinhadas  nas cozinhas de certo "establishment".

Aqui em Portugal, e seguindo a lição de Pedro Magalhães. duas coisas parecem certas:

 - O PS está a perder impulso desde que entrou este mês de Setembro. Desce quase todos os dias, pouco, mas de forma consistente.
- Apesar disso, por enquanto mantém-se a situação de empate técnico entre a Coligação PAF e o mesmo PS.

Por muito que me esforce para tirar outras conclusões, neste momento a prudência e o rigor científico não o permitem. Mas vamos esperando e vamos falando.

segunda-feira, setembro 21, 2015

Coisar sobre a bola





Um "coiso" pode ser ( mas aqui não é) uma parte da anatomia masculina, quando o local ou a companhia não aconselham utilizar o vernáculo: "Tenho uma comichão aqui no estupor do coiso"
 Pode ser também ( e continua a não ser aqui) uma espécie de ferramenta a que não atinamos com o nome: "Maria, traz-me aquilo, aquela trampa , o coiso para desentupir o ralo".

Quando nos esquecemos do nome de alguém, se é fêmea passa a "coisa", se é macho passa a "coiso": "Estive ontem com aquele gajo, com o raio do homem, aquele rapaz da minha idade, o coiso que trabalhava no banco...". Esta utilização também é comum e repetente. Cada vez mais frequente à medida que a idade avança.

Mas o "coiso" que me ocupa neste Post é algo diferente.

É o "coiso" que está definido no dicionário da Academia de Ciências de Lisboa, onde se pode ler: "Coisar é o mesmo que fazer reflexões, matutar , pensar". 

Não sabiam pois não? Eu também não.

Estão enganados aqueles que pensaram ser este Post uma incursão no universo soft-porn das Sombras de Grey. "Coisar", gandas malandros é primeiro que tudo "pensar". Só depois é que também serve para exprimir o truca-truca boçal no meio do feno.

Eu coiso, logo existo. Verdade fundamental e que não deixa de ser verdadeira em todos os significados do termo. Pois se alguém não tivesse "coisado" no sentido da fornicação, nenhum de nós existiria.

Vem isto tudo a propósito do Porto-Benfica de ontem à noite.

Depois de muito "coisar" sobre o assunto (coitado do assunto, porque ainda peso)  cheguei à conclusão que o Porto ganhou bem e o Benfica perdeu mal.
E o coiso do árbitro, o não me lembro do nome, esteve assim-assim mais a atirar para o caseiro.
E o rapaz que marcou, o do nome em dobra, jogou bem,  mas a 4 minutos do fim devia ter descansado um pouco em vez de mostrar mais serviço ainda.
E o treinador do FCP, o gajo, o Lopesnãoseioquê, portanto, o coiso, ganhou mais uma vidinha como os gatos.
Enquanto que o Rui, coitado, deixou passar mais uma Vitória...raio de nome pôrra!

Viva o Estoril que já vai em terceiro!! ( E serve de consolação).

Agora vou "coisar" para outro lado que já estou farto da bola. Nem ela aguenta...

sexta-feira, setembro 18, 2015

Para Descansar a Vista... com Braga no coração



De regresso de Braga  venho com os olhos esbugalhados ao tomar conhecimento da qualidade das instalações do Seminário de Nossa Senhora da Conceição, onde só o auditoriozinho leva 500 pessoas com o "state of the art" em audio-visuais... Fora o resto que está construído e em construção!

A apresentação do Postal Inteiro decorreu da melhor maneira, debaixo dos auspícios do Sr. Arcebispo Primaz, que desarma qualquer pessoa com a sua simpatia e simplicidade.
Em homenagem à cidade arcebispal  apresento hoje um  poema de Jorge Sousa Braga, o poeta médico-obstetra que nasceu numa aldeiazinha a 14 km da Augusta e que, tal como eu, chama "mestre" ao saudoso Eugénio de Andrade.

A Eugénio é dedicado este curto mas magnífico "Poema de Amor":


Carta de Amor
(A Eugénio de Andrade) Um dia destes 
vou-te matar 
Uma manhã qualquer em que estejas (como de costume) 
a medir o tesão das flores 
ali no jardim de S. Lázaro 
um tiro de pistola e... 
Não te vou dar tempo sequer de me fixares o rosto 
Podes invocar Safo, Cavafy ou S. João da Cruz 
todos os poetas celestiais 
que ninguém te virá acudir 
Comprometidos definitivamente os teus planos de eternidade 
Adeus pois mares de Setembro e dunas de Fão 
Um dia destes vou-te matar... 
Uma certeira bala de pólen 
mesmo sobre o coração 

Jorge de Sousa Braga, 


terça-feira, setembro 15, 2015

Uma tarde de sonhos



Na sexta feira passada estive nas nuvens.

Celebrava-se no MNAA (Janelas Verdes) a emissão dos 500 anos de nascimento de Santa Teresa de Jesus. E como algumas das imagens desses selos tinham sido retiradas de obras de arte da grande exposição de Josefa de Óbidos presente no mesmo Museu, aproveitou-se o ensejo para ali fazer o lançamento.

Um conjunto de circunstâncias favoráveis emprestou a este evento um cariz maravilhoso.

Em primeiro lugar abriu-se especialmente para a cerimónia a jóia de arquitectura sacra que é a Capela das Albertas , no interior do MNAA, e que apresenta um repositório notável de  azulejaria e de talha dourada.

Depois, a Ordem dos Carmelitas Descalços entendeu trazer para o mesmo local , para estar presente no evento,  uma carta manuscrita por Santa Teresa, relíquia com  cerca de 500 anos que não saía do Carmelo há décadas. Impressionante.

A exposição temporária sobre Josefa de Ayala ( de Óbidos) foi longamente visitada e admirada por todos, aproveitando-se para fazer a comparação entre o quadro do Convento de Cascais que foi tema do bloco filatélico e o enquadramento que sofreu no mesmo bloco.

Por fim, aproveitando-se o encerramento do museu ao público, fizemos uma visita guiada às preciosidades. Ao S. Jerónimo de Dürer, à Salomé de Lucas Cranagh, às Tentações de Santo Antão de Bosch, aos Painéis de S. Vicente.

Para já não falar da pré-apresentação  da obra magistral de El Greco "A Sagrada Família com Santa Ana"  que foi inaugurada dois dias depois e que ali está por empréstimo do Museu de Santa Cruz de Toledo.

Estive a escassos centímetros destas obras de arte. Podia ter-lhes tocado com o dedo...

Um fim de tarde para nunca mais esquecer.

sexta-feira, setembro 11, 2015

Para Descansar a Vista...Com bênção!



Depois da grande comemoração - nos Salesianos do Estoril - dos 200 anos do nascimento de S. João Bosco,  temos hoje a celebração dos 500 anos de nascimento de Santa Teresa de Jesus. Com pompa e circunstancia no MNAA , aproveitando o último dia da magnífica exposição de Josefa de Óbidos que por lá está e de onde retirámos imagens para os selos de Santa Teresa.
Ando abençoado e bem preciso. Precisamos, devo dizer. A julgar pelas notícias.

Venha de lá então um poema com tema da bênção.  Do enorme Vinicius de Moraes aqui trago o mais que conhecido "Samba da Bênção":

É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração

Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba não

Senão é como amar uma mulher só linda
E daí? Uma mulher tem que ter
Qualquer coisa além de beleza
Qualquer coisa de triste
Qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza
De se saber mulher
Feita apenas para amar
Para sofrer pelo seu amor
E pra ser só perdão

Fazer samba não é contar piada
E quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração

Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
A tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não

Feito essa gente que anda por aí
Brincando com a vida
Cuidado, companheiro!
A vida é pra valer
E não se engane não, tem uma só
Duas mesmo que é bom
Ninguém vai me dizer que tem
Sem provar muito bem provado
Com certidão passada em cartório do céu
E assinado embaixo: Deus
E com firma reconhecida!
A vida não é brincadeira, amigo
A vida é arte do encontro
Embora haja tanto desencontro pela vida
Há sempre uma mulher à sua espera
Com os olhos cheios de carinho
E as mãos cheias de perdão
Ponha um pouco de amor na sua vida
Como no seu samba

Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não

Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração

Eu, por exemplo, o capitão do mato
Vinicius de Moraes
Poeta e diplomata
O branco mais preto do Brasil
Na linha direta de Xangô, saravá!
A bênção, Senhora
A maior ialorixá da Bahia
Terra de Caymmi e João Gilberto
A bênção, Pixinguinha
Tu que choraste na flauta
Todas as minhas mágoas de amor
A bênção, Sinhô, a benção, Cartola
A bênção, Ismael Silva
Sua bênção, Heitor dos Prazeres
A bênção, Nelson Cavaquinho
A bênção, Geraldo Pereira
A bênção, meu bom Cyro Monteiro
Você, sobrinho de Nonô
A bênção, Noel, sua bênção, Ary
A bênção, todos os grandes
Sambistas do Brasil
Branco, preto, mulato
Lindo como a pele macia de Oxum
A bênção, maestro Antonio Carlos Jobim
Parceiro e amigo querido
Que já viajaste tantas canções comigo
E ainda há tantas por viajar
A bênção, Carlinhos Lyra
Parceiro cem por cento
Você que une a ação ao sentimento
E ao pensamento
A bênção, a bênção, Baden Powell
Amigo novo, parceiro novo
Que fizeste este samba comigo
A bênção, amigo
A bênção, maestro Moacir Santos
Não és um só, és tantos como
O meu Brasil de todos os santos
Inclusive meu São Sebastião
Saravá! A bênção, que eu vou partir
Eu vou ter que dizer adeus

Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não

Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração

quinta-feira, setembro 10, 2015

O Combate dos Chefes





Não houve molho a sério, nem sequer ranger de dentes. Alguma raivinha transpareceu. Mas fora isso nada que fizesse estremecer o chão, pelo que o povão terá ficado decepcionado.

Nada que se comparasse ao pontapé do Marco Borges na Sónia  (Big Brother).  E que foi  a peça de abertura do Jornal Nacional, naquele recuado ano de  2000, quando o € era recém nascido, cândido e inocente . Depois foi o que se viu...

Hoje li com calma e seriedade todos os jornais na "minha banca". Até o dono do estaminé se assustou e estava a ficar desconfiado porque eu não lhe  largava a porta:

 - " Deixe-me trabalhar! Pôrra que não sai daqui! Anda à procura de quê? O Luis Filipe Vieira deu a entrevista na semana passada!"

Informado sobre a demanda - queria ler as primeiras páginas dos jornais todos e saber o que diziam sobre o debate de ontem - começou logo aos berros:

 -"Nem um nem o outro! Só falam e não fazem nada! Estragam a vida aos pobres! Dão cabo do sistema de saúde  e da educação! O Jerónimo é que tem razão!"

Aqui convém dizer que o dono do quiosque era antigo empregado da Câmara e se despediu zangado (ou vice-versa)  pelo que estaria um bocado enviesado contra "o Costa".

Ora depois da investigação posso concluir que a grande maioria dos jornalistas acharam que "o Costa" tinha ganho.  Essa era também a minha opinião. mas é sempre bom eu vir para aqui botar palavra com o fundo das costas reconfortado. Chama-se a isto andar (voar?) de trapézio com rede.

Tenho para mim que Passos Coelho estava nervoso, pouco seguro em alguns momentos e ainda por cima foi mal aconselhado ao invocar o nome do "fantasma" por dá cá aquela palha.

E António Costa saiu-se melhor do que o costume. Evidentemente que "embrulha" as palavras quando fala depressa (já isso acontecia na Quadratura do Círculo")  e que Passos Coelho tem melhor imagem televisiva e melhor dicção do que ele. Mas ontem quase não se deu por isso.

A quem questionar o que é que "boa figura e dicção" têm a ver com eleições, posso remetê-los para as investigações credíveis norte-americanas sobre este tema, onde por exemplo se pode ler que se existisse já TV na altura da 1ª eleição do Presidente Franklin Delano Roosevelt (1932), a poliomielite que o afectava nunca teria permitido a sua  vitória.

É triste, infelizmente , mas é verdade. Aliás, alguns dizem que  Passos Coelho terá ganho a Rangel a presidência do PSD  também por causa da sua imagem jovem e escorreita, perante um Paulo Rangel que na altura teria uns quilinhos a mais. Mas sobre isso não juro nem aposto .

E agora Manel Germano?

Agora sacudam  os cestos e toca a partir para a próxima vinha, porque a vindima só acaba nas vésperas do 4 de Outubro. Quem julgar que "aquilo, o debate mais importante, o momento de televisão mais esperado do ano" resolveu alguma coisa , para a direita ou para a esquerda, é melhor desenganar-se.

Embora - e nos tempos que correm não deixa de ter importância - terá "o Costa" dormido ontem melhor do que  "o Passos". E se calhar já merecia, depois de tanta trapalhada que o assolou. Desde almas penadas vindas de Évora até cartazes...

Nota final: O Dr. Mário Soares já por três vezes visitou José Sócrates, depois da saída deste da prisão. Há quem diga que atendendo à condição de nonagenário de um e de "alma penada" do outro, o bom Dr. Soares se esteja a tentar documentar sobre a "outra vida"... Como será aquilo depois da coisa... da passagem.




quarta-feira, setembro 09, 2015

Em Mértola, à procura do Lince Ibérico



Estarei hoje em Mértola, para o lançamento do Postal Inteiro que dedicámos ao Lince Ibérico, espécie emblemática que como sabem se encontra em grave perigo de extinção.

Podem ler aqui sff:

"A Associação de Defesa do Património de Mértola e o CNM - Clube Nacional de Maximafilia vão levar a efeito entre os dias 9 e 11 de Setembro uma exposição sobre espécies protegidas ou em vias de extinção e pretende realçar a reintrodução de uma das espécies mais ameaçadas em território português: o Lince Ibérico (Lynx Pardinus).
Associando-se ao evento, os CTT-Correios de Portugal, além de um carimbo comemorativo, irão colocar em circulação um Inteiro Postal (IP) alusivo à reintrodução do Lince Ibérico em
Portugal, nomeadamente no concelho de Mértola, local privilegiado para esse efeito dadas as condições que oferece o Parque Natural do Vale do Guadiana."

Proteger o Lince é também proteger o seu meio ambiente, e deixar pastar em paz ( sem venenos!!!) os coelhos selvagens de que se alimenta. Não digo que não se apanhem alguns , para o prato do apreciador, mas sempre tendo em atenção que a boa caça é sobretudo preservar as espécies. O resto, a matança desordenada, não é mais do que selvajaria.
De Mértola darei notícias, pois - como sempre - vou bem avisado quanto a paradeiros de bem comer por esse Baixo Alentejo.

terça-feira, setembro 08, 2015

Andam Faunos pelos Bosques



Aquilino Ribeiro escreveu este livro em 1926. Ainda hoje considero-o uma das obras primas da nossa literatura, embora na altura tivesse causado polémicas em alto grau.  Sobretudo eclesiásticas.

O tema era "cabeçudo"... Imaginem uma espécie de revolução sexual avant la lettre, passada nas serranias das nossas  Beiras e por Viseu.   

Um confronto entre um Portugal interior e arcaico e uma "abertura" ( quase uma Perestroika!) de âmbito sexual por causa da presença nas serranias de uma criatura que,  primeiro, é acusada de  atacar as donzelas mas que, numa fase posterior da narrativa, se limita a receber apenas aquelas que voluntariamente se lhe entregam.

Tal criatura (nunca identificada no livro) para uns é  fauno, para outros um demónio, para outros ainda um  anjo - o "inefável" - , e para os mais mundanos e cínicos, com experiências de "parises"à moda do Eça,   não será mais do que  homem (ou homens) astuto a aproveitar-se da fé granítica das senhoras locais.

No meio destes desvarios circulam os Padres de Aquilino. Os padres portugueses antigos, com mão e barriga de cozinheiro, olhar arguto e pouca latinidade. Não alheios ao pecado da carne, fosse nas travessas  de lampreia ou entre lençóis.

No congresso que fizeram para discutir o assunto debateram-se duas teorias. A de que o "bicho-mau" seria um demónio e a de que seria um abencerragem do "homo silvanus", um fauno! E foi esta que prevaleceu:

"...Dâmaso obteve apenas uma reunião de párocos em Viseu, sob a presidência do antístite. Mas a tese que defendia para explicar os desacatos – uma legião de demónios à solta, sob o comando de Asmodeu, príncipe da luxúria - foi combatida pelo abade da Rua, que identificou os assaltantes nos velosos caprípedes de outras eras, os Faunos ou Silvanos do cortejo de Pã. Ao cabo de acintoso debate, o abade Moura Seco fez prevalecer a sua opinião: um demónio teria entrado em cena, de princípio; mas, depois, tomaram conta do tablado «os Faunos sensuais, arteiros e tunantes», «os demiurgos amáveis e burladores que há no amor humano». «A harpa eólia de Eros vibra em todos os tons por esses mundos além, tanto entre rústicos como civilizados.» «Restituir ao homem as suas faculdades naturais, substituindo os demónios obscenos, inclementes, pelos Faunos risonhos, filhos de Pã e das deusas, é empresa titânica, mas idealismo de lei.»

À conta desta trama tiveram as donzelas e donas serranas algum espaço para folgar, fugindo assim à tirania de pais, irmãos mais velhos e maridos não desejados.

Mestre Aquilino antecipou Woodstock (1969) por 43 anos. A revolução sexual verdadeira teve a ver com a  pílula anticoncepcional  - criada em 1960 mas divulgada mundialmente mais ou menos por altura de Woodstock.

Todavia,  mesmo 40 anos depois da revolução de Abril e 56 anos depois de Woodstock , uma ditadura de terror parece ainda pesar sobre o sexo feminino, tendo em conta as histórias sobre a violência doméstica que, infelizmente,  testemunhamos todos os dias .  Em Portugal e no Mundo.

Antes os faunos, que beliscavam mas não magoavam. E faziam música...

segunda-feira, setembro 07, 2015

Alguém percebe alguma coisa daquilo que diz?



Um dos meus leitores acha que eu  domino tudo o que escrevo.  Tive que lhe dizer que não.

"Saber" é um termo relativo.

Quanto mais se sabe sobre alguma coisa , menos temos a noção dessa sapiência. Essa era a opinião de Einstein (sobre a física); de Bertrand Russel (sobre a filosofia) ; até de Sócrates ( o velho!) sobre a vida toda: "Só sei que nada sei".

Neste mundo esquisito  quem fala mais alto e mais depressa convence normalmente o povo da sua tese, sem que a mesma seja provada e discutida.  É o mundo dos demagogos fala-barato. Dos que por lerem algum artigo na wikipédia são já donos da matéria.

Trago aqui à colação o exemplo da série televisiva sobre a vida de Salazar, onde o escritor do guião dá por garantidas as várias relações extra-conjugais do antigo presidente do conselho, quando nenhum dos biógrafos universitários (daqueles que escrevem as teses de doutoramento) conseguiu jamais provar essas coisas...

Mas dava mais sex-appeal à série se os episódios metessem essas cenas. Claro!

Eu percebo de gastronomia sobretudo como cliente e leitor interessado e (muito ao de leve) como "fazedor". Tenho a obrigação de perceber alguma coisa sobre arte , livros e sobre selos, ando há 35 anos nessa vida. Durante 30 anos fui professor de modelos estocásticos de decisão, pelo que acho que estou encartado a "bater umas bolas" sobre estudos de opinião, sondagens, etc...

Quanto ao resto?

Quanto ao resto tenho opinião. Ter opinião é bom, é saudável, faz parte da vida democrática falar sobre todos os assuntos e defendermos as nossas convicções.

Nada disso implica que falamos com a autoridade da sapiência. Sobre futebol? Opinamos. Sobre política? Opinamos. Sobre a história de Portugal (recente ou mais longínqua)? Opinamos. Sobre os benefícios ou malefícios das energias renováveis? Opinamos.

E muitas vezes - sobre essas matérias - dizemos asneiras da boca para fora.

Evidentemente que não vou ao extremo da senhora e jovem jornalista que, visitando o Museu de Ílhavo dedicado à saga dos bacalhoeiros nacionais, perguntava aos investigadores se "era ali, na Ria de Aveiro, que se apanhava o bacalhau?"

Em relação aos conhecimentos enológicos - o mundo dos vinhos e os seus "artistas" -  o panorama é aterrador.

Há mais especialistas  de vinhos em Portugal do que bebedores. Admito (sem provas) que existe gente que nunca bebeu mas que fala abundantemente sobre brancos e tintos, castas e métodos de envelhecimento, temperaturas de serviço, fermentações malolátilas, stress hídrico e mais ou menos "madeira".

Eu sou um deles.

Para minha defesa direi que boto opinião reivindicativa sobre a matéria, MAS bebo moderadamente à refeição.

E direi ainda que tento seguir  sempre o preceito de meu mestre Chambel (de saudosa memória):
-" Se forem precisas muitas palavras caras no acto da prova para justificar o vinho, ponham de lado. Se o vinho lhes agradar logo à primeira, no olhar, nariz e boca, bebam e recomendem".

Como justificar - a não ser pela minha ignorância crassa e pelo meu provincianismo - que já tive ocasiões em que me obriguei a beber um Romanée-Conti, face a uma plateia de reverentes companheiros, porque o vinho me sabia mal?

Diz quem sabe que para apreciar o muito bom faz falta a memória histórica e a experimentação.  Assim mesmo com o caviar, até com a lampreia.

Mas de uma coisa que pode custar entre 1000€ (vinho novo) e mais de 30 000€ cada garrafa (para as garrafas dos anos clássicos) como se pode adquirir a tal "memória histórica"?

"Memória Histórica" é para os nossos Alvarinhos, Dãos da Pellada , Luis Patos, Tintos do Douro, e outros assim.

Acho eu, que não tenho "parecenças" com o Sr. Abramovich.


terça-feira, setembro 01, 2015

Cinco dias a vadiar...



Lembram-se da série de filmes "A Ressaca"? Os filmes impagáveis sobre 4 amigos e as respectivas andanças em Las Vegas depois de uma noite de copos?  A cena do tigre na casa de banho, no primeiro filme,  é de ir às lágrimas!

Não quero com isto dizer que ontem me meti muito nos copos, tendo de conduzir para casa houve que usar de alguma prudência... "Alguma" é a palavra-chave. Nem pouca, nem muita.

A "ressaca" a que me refiro é sobretudo emocional.  Um cansaço que acho que se abate sobre todos os aniversariantes depois de tanto telefonema, tanto mail e tanta mensagem nas redes sociais.

Ainda eu não estou totalmente refeito desse cocktail de emoções fortes que foi o dia de ontem, a todos os níveis, quando começo já a preparar o resto da semana fora do gabinete:

 - Hoje em Évora para reunião com responsáveis da Belgian Post que estão a passar férias na cidade (têm bom gosto!).
- Amanhã em Gaia, para a inauguração da GAYA 2015, a mais importante exposição filatélica do país neste ano.
- No dia 4 em Viana do Castelo, para reunião com a Vereadora do Pelouro da Cultura sobre a próxima LUBRAPEX 2016, que vai ser a LUBRAPEX dos 50 anos.
- No mesmo dia 4, mas de tarde, o lançamento do Postal comemorativo dos 100 anos do Theatro-Circo de Braga.

Levarei o meu "senhorio" com algum receio que a "cabra-gaja" (nome que dou à dor ciática para que ela não acorde) se manifeste durante estes tantos quilómetros a conduzir.

Sem tempo nem espaço para longos Posts, o que prometo serão algumas mensagens curtas sobre o que comermos e bebermos, e ainda sobre os eventos onde estarei. Por essa ordem? Logo se verá.

Tudo mais à base de fotografias e frases curtas.

Na próxima Segunda Feira já volto à filosofia neste local. Sempre tendo em atenção um dos meus lemas de vida:

There are more things in heaven and earthHoratio, Than are dreamt of in your philosophy. - Hamlet (1.5.167-8)

Nota: Era  para ilustrar este Post com a Sé-Catedral de Évora e saiu-me a "outra" catedral local...