terça-feira, setembro 02, 2014

O preço dos vinhos

O preço dos grandes vinhos portugueses tem paulatinamente subido.

Uma garrafeira de renome tinha na montra o vinho do Douro "Legado" de 2009 por 259 euros, enquanto que uma outra loja do mesmo género anunciava mais glórias vitivinícolas da mesma região acima dos 300 euros:  por 399 euros o Barca Velha 2004, e por 325 euros o Quinta do Crasto Vinha da Ponte 2000.

Tendo em atenção esses preços para garrafitas de 75 cl, quase que nos parece oferecido o Batuta (Dirk Niepoort) double magnum (3litros) de 2011 , por 280 euros...

Mas se sairmos do Douro e formos para o Alentejo, a "estatuária" local com direito a banho de ouro também está bem representada. O Pera Manca começa nos 350 euros para o ano de 1990 e pára nos 179 euros para o ano de 2010. O Quinta do Mouro rótulo dourado de 2007 (um grande vinho alentejano) está a uns "míseros" 59 euros. Tudo em 75 cl.

Situando-nos no ano por todos glorificado de 2011 existem grandes vinhos disponíveis a preços muito mais convidativos.  O Dona Berta Sousão Reserva Especial de 2011 que foi medalha de ouro no concurso de vinhos do Douro e teve 90 pontos "parker", ainda se conseguia comprar (antes dos prémios) abaixo dos 30 euros. O Passadouro Touriga Nacional 2011 que na  Essência do Vinho ficou em 6º nos melhores vinhos portugueses desse ano, compra-se ainda abaixo dos 20 euros. Para terminar, o Dão Quinta da Pellada de 2011, paradigma da região, está por cerca de 25 euros.

E o meu (não sei se vosso) problema é o seguinte:

A partir deste nível de qualidade, e com o vinho deitado em garrafa ou frasco de vidro sem rótulo, quem consegue distinguir a diferença de gosto, de prazer bebível,  que justifiquem pagar 10 vezes mais por um daqueles vinhos preciosos com que começei esta conversa?

O mais que eu poderei dizer será : "Muito bom! Magnífico vinho!". Mas isso direi de todos! Até daqueles tintos dos vinte  e tal euritos atrás referenciados, desde que bem servidos, em copos decentes e à temperatura ideal...

Nunca mais me esqueço daquela história de muito alta fidelidade que envolvia o mais caro amplificador de válvulas que se fazia nos anos 80 - Ongaku (AudioNote).  Podem ler aqui sff:
http://www.audionote.co.jp/en/products/power_amplifier/ongaku.html

Pois essa maravilha de alta fidelidade que custava perto de 100 000 USD (isso mesmo!!) para ser apreciada em pleno necessitaria de um ouvido tão apurado como o de um maestro de orquestra sinfónica devidamente treinado... Por cerca de 350 USD um Cambridge Azur 351A (desde que bem integrado) deixaria perfeitamente satisfeito qualquer comum mortal audiófilo que não tivesse o tal "ouvido fenomenal"...

O Preço é só qualidade testada e validada realmente pelos nossos sentidos, ou é também ( e sobretudo) Marketing? Ou seja, boa publicidade, história e tradição, raridade provocada, embalagem cuidada e críticas a condizer??!!

Nenhum comentário: