No jornal de hoje, em dois artigos distintos, responsáveis da Sonae-Sierra (centros comerciais ligados à marca "Continente") e da Sony Portugal ( a propósito da Playstation 4) referiam que a retoma dos consumos estava já a caminho, e que a crise em Portugal começava a desvanecer-se.
Não sei se estas informações não teriam a sua pitada de "wishful thinking", bem à maneira do especialista de MKT que, por muito falar nas coisas que deseja , espera que por artes mágicas se concretizem esses objectivos?
À primeira vista os responsáveis das empresas em causa deviam saber do que falavam.
A "malta" do Continente analisa as compras diárias dos clientes naqueles mastodontes de retalho espalhados por todo o país , e é natural que tenha nas mãos informação sobre os consumos que a maior parte dos analistas desconhece.
E quanto à Sony e à Playstation 4? Custa quase 500 euros! Com os jogos a 70 euros cada um! Está numa liga diferente da dos ovos ou da margarina!
E tratando-se de um produto de nicho de mercado, cujo apelo é muito forte nos primeiros dias de lançamento (tal como para o Iphone 6...) é normal que as vendas tenham sido boas ou até excedido as expectativas, que seriam baixas atendendo à situação...
Mas insisto que - mesmo assim - deve haver alguma pitada de optimismo, à laia de fermento, misturada com os dados reais de vendas, em ambos os casos.
De facto, o panorama macro-económico não estabilizou o suficiente para fazer chegar à esfera micro, do consumo, as mais valias supostamente conquistadas nestes anos de austeridade.
E, por outro lado, o anúncio de há dias atrás sobre os cortes nos salários da função pública (já efectivos em Setembro) não me parece que seja tendente a causar grandes euforias consumistas... Muito pelo contrário!
Da minha parte, onde consigo chegar com dados de vendas da minha "loja", o que posso dizer é que esta inversão no padrão do consumo ainda não se verificou. Estabilizou a baixa de vendas em 2014 face a 2013, mas provavelmente porque se atingiu um ponto limite.
Há duas variáveis que podem influenciar algum incremento do consumo em Agosto e Setembro, nomeadamente o pagamento de subsídio de férias (ou de parte dele) e o facto do emprego sazonal estar em alta nestes dois meses.
Será isso? Apenas um epifenómeno localizado? Receio que sim.
Antes não fosse. Tomara que a melhoria das condições de vida das famílias se reflectisse já nas caixas dos hiper-mercados e aos balcões das "FNAC's" , por esse país fora.
Mas para que isso se concretize teremos ainda que esperar. Infelizmente.
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