Ainda estou de férias e começo a ficar meio farto...
Por um lado as vicissitudes do trabalho não largam, e tão em cima do Dia Mundial de Correios e das complicações (no bom sentido) que arranjámos para este ano, não há manhã nem tarde que não apareça o "mail" a precisar de solução, o telefonema com a dúvida urgente e a decisão para tomar .
E, por outro lado, também do ponto de vista familiar os "recobros" das minhas duas anciãs cá de baixo impedem viagens demoradas. Troquei assim um trabalho pelo outro, de "filatélico-mor do reino" a cuidador e cozinheiro.
Por isso ninguém me pode levar mal que aprecie as deslocações (de ir num dia e vir no seguinte), que as cerimónias de obliteração impõem. Primeiro em Miranda do Douro - terra admirável, mas que merecia mais tempo para ser apreciada - e para a semana em Bragança. Sempre debaixo dos bons auspícios de D. José Cordeiro, o mais jovem dos bispos portugueses e a quem (com conhecimento de causa) posso fazer o maior dos elogios: parece o Papa Francisco na forma como encara o seu trabalho.
A Pastoral do Turismo de Bragança-Miranda está a fazer um trabalho admirável naquela área enorme. Vejam aqui o novíssimo Portal e colaborem!
http://ptbm.pt/
Um abraço de parabéns à Drª Alexandrina Fernandes, nossa antiga conhecida dos "Sabores do Ar e do Fogo", criadora de porcos bísaros, dona de um dos melhores fumeiros da zona, e ainda (ou sobretudo) Presidente do Serviço Diocesano da Pastoral do Turismo de Bragança-Miranda!
Por tudo isto, há que ir! Mesmo que as costas se queixem amargamente, e que a p**** da ciática não me largue. Sobretudo nas viagens de regresso...
Agora por enchidos e presuntos, no final desta semana preparamos mais um almoço de Amigos em casa do Álvaro. Vamos fazer uma "rave" de tintos de 2011, todos do Douro. E votaremos. Depois digo como ficou.
E assim vamos "feriando". Nos tempos que correm nem me posso queixar muito. Pelo contrário...
PS: Não falei do António Costa ? Apenas uma frase batida, dedicada a quem sofreu raios e coriscos: "este é o primeiro dia do resto da vossa vida" ... E tudo está bem quando acaba bem.
terça-feira, setembro 30, 2014
quinta-feira, setembro 25, 2014
E-Books nuns Dias de Férias
Finalmente consegui tirar uma semanita de férias.
Logo na primeira cavadela, digo, no 1º dia , apareceu "minhoca". Motivo pelo qual vim...trabalhar.
É a vida. O tempo parece que está bom. Há que aproveitar os fins de tarde, dar umas caminhadas para desmoer o almoço (parte mais importante de cada dia) e depois ler. Ler muito, porque faz falta e por enquanto é uma actividade barata.
Mandámos vir todo o texto dos 5 livros "Game of Thrones" em formato e-book, serão cerca de 4100 páginas, por menos de 1 USD. Leram bem. Um (1). Falem com o meu senhorio que ele diz onde e como.
Também aqui nos CTT acabámos de fazer os primeiros testes de passagem de um dos nossos livros ao mesmo formato, para pesquisar hipóteses de venda em canais alternativos e o acesso a outros continentes (para os livros traduzidos, está claro!).
Utilizámos para o teste o livro CTT de Fátima Moura "Sabores do Ar e do Fogo".
Fizemos testes em dois formatos:
O livro em formato epub só pode ser lido - com as imagens correctamente inseridas ao lado dos textos a que dizem respeito - no iBooks. O livro em formato mobi também não permite infelizmente a visualização das imagens.
Temos ainda de limar estas arestas, mas para já será possível colocar o nosso livro "Sabores do Ar e do Fogo" em formato E-book para ler na aplicação iBooks.
Logo na primeira cavadela, digo, no 1º dia , apareceu "minhoca". Motivo pelo qual vim...trabalhar.
É a vida. O tempo parece que está bom. Há que aproveitar os fins de tarde, dar umas caminhadas para desmoer o almoço (parte mais importante de cada dia) e depois ler. Ler muito, porque faz falta e por enquanto é uma actividade barata.
Mandámos vir todo o texto dos 5 livros "Game of Thrones" em formato e-book, serão cerca de 4100 páginas, por menos de 1 USD. Leram bem. Um (1). Falem com o meu senhorio que ele diz onde e como.
Também aqui nos CTT acabámos de fazer os primeiros testes de passagem de um dos nossos livros ao mesmo formato, para pesquisar hipóteses de venda em canais alternativos e o acesso a outros continentes (para os livros traduzidos, está claro!).
Utilizámos para o teste o livro CTT de Fátima Moura "Sabores do Ar e do Fogo".
Fizemos testes em dois formatos:
a) epub - que é o mais utilizado
(excluindo pdfs), e que é usado pelas apps iBooks da Apple, e Melvin.
b) mobi - que é o formato
proprietário da Amazon, usado nos KindlesTemos ainda de limar estas arestas, mas para já será possível colocar o nosso livro "Sabores do Ar e do Fogo" em formato E-book para ler na aplicação iBooks.
Mas primeiro faremos um plano para este negócio. Por quanto vamos vender? É que os preços de capa dos e-books em Portugal não têm nada a ver com as "pechinchas" que se encontram na literatura de língua inglesa, obviamente que por causa das economias de escala...
quarta-feira, setembro 24, 2014
O fim da Crise (importa-se de repetir sff?)
No jornal de hoje, em dois artigos distintos, responsáveis da Sonae-Sierra (centros comerciais ligados à marca "Continente") e da Sony Portugal ( a propósito da Playstation 4) referiam que a retoma dos consumos estava já a caminho, e que a crise em Portugal começava a desvanecer-se.
Não sei se estas informações não teriam a sua pitada de "wishful thinking", bem à maneira do especialista de MKT que, por muito falar nas coisas que deseja , espera que por artes mágicas se concretizem esses objectivos?
À primeira vista os responsáveis das empresas em causa deviam saber do que falavam.
A "malta" do Continente analisa as compras diárias dos clientes naqueles mastodontes de retalho espalhados por todo o país , e é natural que tenha nas mãos informação sobre os consumos que a maior parte dos analistas desconhece.
E quanto à Sony e à Playstation 4? Custa quase 500 euros! Com os jogos a 70 euros cada um! Está numa liga diferente da dos ovos ou da margarina!
E tratando-se de um produto de nicho de mercado, cujo apelo é muito forte nos primeiros dias de lançamento (tal como para o Iphone 6...) é normal que as vendas tenham sido boas ou até excedido as expectativas, que seriam baixas atendendo à situação...
Mas insisto que - mesmo assim - deve haver alguma pitada de optimismo, à laia de fermento, misturada com os dados reais de vendas, em ambos os casos.
De facto, o panorama macro-económico não estabilizou o suficiente para fazer chegar à esfera micro, do consumo, as mais valias supostamente conquistadas nestes anos de austeridade.
E, por outro lado, o anúncio de há dias atrás sobre os cortes nos salários da função pública (já efectivos em Setembro) não me parece que seja tendente a causar grandes euforias consumistas... Muito pelo contrário!
Da minha parte, onde consigo chegar com dados de vendas da minha "loja", o que posso dizer é que esta inversão no padrão do consumo ainda não se verificou. Estabilizou a baixa de vendas em 2014 face a 2013, mas provavelmente porque se atingiu um ponto limite.
Há duas variáveis que podem influenciar algum incremento do consumo em Agosto e Setembro, nomeadamente o pagamento de subsídio de férias (ou de parte dele) e o facto do emprego sazonal estar em alta nestes dois meses.
Será isso? Apenas um epifenómeno localizado? Receio que sim.
Antes não fosse. Tomara que a melhoria das condições de vida das famílias se reflectisse já nas caixas dos hiper-mercados e aos balcões das "FNAC's" , por esse país fora.
Mas para que isso se concretize teremos ainda que esperar. Infelizmente.
Não sei se estas informações não teriam a sua pitada de "wishful thinking", bem à maneira do especialista de MKT que, por muito falar nas coisas que deseja , espera que por artes mágicas se concretizem esses objectivos?
À primeira vista os responsáveis das empresas em causa deviam saber do que falavam.
A "malta" do Continente analisa as compras diárias dos clientes naqueles mastodontes de retalho espalhados por todo o país , e é natural que tenha nas mãos informação sobre os consumos que a maior parte dos analistas desconhece.
E quanto à Sony e à Playstation 4? Custa quase 500 euros! Com os jogos a 70 euros cada um! Está numa liga diferente da dos ovos ou da margarina!
E tratando-se de um produto de nicho de mercado, cujo apelo é muito forte nos primeiros dias de lançamento (tal como para o Iphone 6...) é normal que as vendas tenham sido boas ou até excedido as expectativas, que seriam baixas atendendo à situação...
Mas insisto que - mesmo assim - deve haver alguma pitada de optimismo, à laia de fermento, misturada com os dados reais de vendas, em ambos os casos.
De facto, o panorama macro-económico não estabilizou o suficiente para fazer chegar à esfera micro, do consumo, as mais valias supostamente conquistadas nestes anos de austeridade.
E, por outro lado, o anúncio de há dias atrás sobre os cortes nos salários da função pública (já efectivos em Setembro) não me parece que seja tendente a causar grandes euforias consumistas... Muito pelo contrário!
Da minha parte, onde consigo chegar com dados de vendas da minha "loja", o que posso dizer é que esta inversão no padrão do consumo ainda não se verificou. Estabilizou a baixa de vendas em 2014 face a 2013, mas provavelmente porque se atingiu um ponto limite.
Há duas variáveis que podem influenciar algum incremento do consumo em Agosto e Setembro, nomeadamente o pagamento de subsídio de férias (ou de parte dele) e o facto do emprego sazonal estar em alta nestes dois meses.
Será isso? Apenas um epifenómeno localizado? Receio que sim.
Antes não fosse. Tomara que a melhoria das condições de vida das famílias se reflectisse já nas caixas dos hiper-mercados e aos balcões das "FNAC's" , por esse país fora.
Mas para que isso se concretize teremos ainda que esperar. Infelizmente.
terça-feira, setembro 23, 2014
Dia do Senhorio e Dia da Água (Pôrra que tem chovido pouco...)
Antigamente prestava-se tributo a "São Senhorio" a 8 de cada mês... Nos dias antigos em que cada português alugava casa. Depois, bem, depois passaram a ser os bancos os "senhorios" das nossas hipotecas, e o dia em que o dinheirito saía da conta variava com cada um.
Mas no meu caso o Dia do Senhorio é mesmo o dia de anos do meu "senhorio". Que por acaso foi ontem.
Há 33 anos estava eu no Porto no processo de integração nos CTT , depois de quase um ano a trabalhar na então chamada DRCL do Vicente Tavares, à espera desta "integração". O impetrante senhorio em projecto demonstrou a habitual falta de modos, não esperou pela paternal figura e vai de nascer sem mim...
Poder-se-ia dizer que o trabalho do macho já estava feito, e que nessas situações qualquer homem "só estrova"... Mesmo assim fica aqui a prova do mau feitio da criatura avant la lettre.
Adiante , que não estamos em Amarante...
E chegámos à "Água" - de onde, aliás, ainda não saímos...
Porque ontem também foi o dia do início dos trabalhos do Congresso Mundial da Água em Lisboa, na antiga Feira Internacional da Junqueira. Leiam aqui sff:
http://www.iwa2014lisbon.org/pt-pt/
Lá estive ontem bem cedo, por isso faltei aqui no Blogue, para lançar dois Postais Inteiros e falar um pouco sobre o assunto.
Não posso deixar de referir a notável conferência de abertura do Congresso, proferida pelo prof. Sueco Hans Rosling. Junto um pequeno CV:
Professor International Health, Karolinska Institute and Chairman, Gapminder Foundation. As a young doctor working in Mozambique, Hans discovered the paralytic disease that his research team named ‘Konzo’. For the next 20 years, Hans studied global health and the links between health, economic development, agriculture and poverty. He has advised the World Health Organization and UNICEF, and co-founded Médecins Sans Frontières in Sweden and Gapminder Foundation. Gapminder converts statistics into interactive, engaging, moving graphics, and promotes a fact-based world-view.
Uma apresentação admirável! Onde, entre muitas coisas fundamentais, ficámos a saber que nalguns países de África é mais usual existirem telemóveis na posse das famílias do que saneamento básico...
E dizia o professor Rosling que a culpa era dos Engenheiros, porque não tinham ainda inventado o HighSanita ou o SmartUrinol...
Mas no meu caso o Dia do Senhorio é mesmo o dia de anos do meu "senhorio". Que por acaso foi ontem.
Há 33 anos estava eu no Porto no processo de integração nos CTT , depois de quase um ano a trabalhar na então chamada DRCL do Vicente Tavares, à espera desta "integração". O impetrante senhorio em projecto demonstrou a habitual falta de modos, não esperou pela paternal figura e vai de nascer sem mim...
Poder-se-ia dizer que o trabalho do macho já estava feito, e que nessas situações qualquer homem "só estrova"... Mesmo assim fica aqui a prova do mau feitio da criatura avant la lettre.
Adiante , que não estamos em Amarante...
E chegámos à "Água" - de onde, aliás, ainda não saímos...
Porque ontem também foi o dia do início dos trabalhos do Congresso Mundial da Água em Lisboa, na antiga Feira Internacional da Junqueira. Leiam aqui sff:
http://www.iwa2014lisbon.org/pt-pt/
Lá estive ontem bem cedo, por isso faltei aqui no Blogue, para lançar dois Postais Inteiros e falar um pouco sobre o assunto.
Não posso deixar de referir a notável conferência de abertura do Congresso, proferida pelo prof. Sueco Hans Rosling. Junto um pequeno CV:
Professor International Health, Karolinska Institute and Chairman, Gapminder Foundation. As a young doctor working in Mozambique, Hans discovered the paralytic disease that his research team named ‘Konzo’. For the next 20 years, Hans studied global health and the links between health, economic development, agriculture and poverty. He has advised the World Health Organization and UNICEF, and co-founded Médecins Sans Frontières in Sweden and Gapminder Foundation. Gapminder converts statistics into interactive, engaging, moving graphics, and promotes a fact-based world-view.
Uma apresentação admirável! Onde, entre muitas coisas fundamentais, ficámos a saber que nalguns países de África é mais usual existirem telemóveis na posse das famílias do que saneamento básico...
E dizia o professor Rosling que a culpa era dos Engenheiros, porque não tinham ainda inventado o HighSanita ou o SmartUrinol...
sexta-feira, setembro 19, 2014
Para Descansar a Vista
Quero hoje dar-vos um poema escocês, daqueles que mesmo só de o ler já estamos a ver os kilts esvoaçantes e a gaita de foles a marcar a carga sobre as colinas (Braveheart...).
Mesmo sabendo que ganhou no referendo a segurança da permanência no regaço materno de Sua Majestade Britânica...
Poesia é imaginação. Por isso estou-me marimbando para o resultado do referendo e levanto bem alto a saia do kilt em sinal de desprezo para os casacas vermelhas (deve fazer um frio do caraças. pois segundo a tradição os Highlanders nada mais traziam por baixo para aconchegar as partes...).
Robert Burns (1759 - 1796) é talvez o mais conhecido e apreciado poeta escocês de sempre. Começou a vida artística seguindo os preceitos do Romantismo, mas por causa dos princípios políticos que sempre defendeu em vida, é hoje considerado percursor dos movimentos liberais e socializantes do século XIX e XX. Em 2009 foi votado pelos seus conterrâneos como a maior personagem da história da Escócia.
Do grande Robert Burns, poeta e socialista avant la lettre, aqui vai Red, Red Rose (os nossos cravos também são vermelhos):
O my Luve's like a red, red rose
That's newly sprung in June;
O my Luve's like the melodie
That's sweetly play'd in tune.
As fair art thou, my bonnie lass,
So deep in luve am I:
And I will luve thee still, my dear,
Till a' the seas gang dry:
Till a' the seas gang dry, my dear,
And the rocks melt wi' the sun:
I will luve thee still, my dear,
While the sands o' life shall run.
And fare thee well, my only Luve
And fare thee well, a while!
And I will come again, my Luve,
Tho' it were ten thousand mile.
Mesmo sabendo que ganhou no referendo a segurança da permanência no regaço materno de Sua Majestade Britânica...
Poesia é imaginação. Por isso estou-me marimbando para o resultado do referendo e levanto bem alto a saia do kilt em sinal de desprezo para os casacas vermelhas (deve fazer um frio do caraças. pois segundo a tradição os Highlanders nada mais traziam por baixo para aconchegar as partes...).
Robert Burns (1759 - 1796) é talvez o mais conhecido e apreciado poeta escocês de sempre. Começou a vida artística seguindo os preceitos do Romantismo, mas por causa dos princípios políticos que sempre defendeu em vida, é hoje considerado percursor dos movimentos liberais e socializantes do século XIX e XX. Em 2009 foi votado pelos seus conterrâneos como a maior personagem da história da Escócia.
Do grande Robert Burns, poeta e socialista avant la lettre, aqui vai Red, Red Rose (os nossos cravos também são vermelhos):
O my Luve's like a red, red rose
That's newly sprung in June;
O my Luve's like the melodie
That's sweetly play'd in tune.
As fair art thou, my bonnie lass,
So deep in luve am I:
And I will luve thee still, my dear,
Till a' the seas gang dry:
Till a' the seas gang dry, my dear,
And the rocks melt wi' the sun:
I will luve thee still, my dear,
While the sands o' life shall run.
And fare thee well, my only Luve
And fare thee well, a while!
And I will come again, my Luve,
Tho' it were ten thousand mile.
quinta-feira, setembro 18, 2014
Desabafos Gastronómicos
Nas minhas andanças culinárias tento conciliar as dietas alimentares de duas anciãs que já passaram dos 84 , de um galifão de 32 anos esfomeado e de uma pessoa de bom gosto e média idade (não confundir com a idade das trevas!) que tem de ser maestro desta orquestra de câmara..
Nem sempre é fácil. O "senhorio" o que quer é assados de forno, sobretudo carne. As velh** (digo idosas) o que querem é peixe... e o queima cebolas o que quer é que não lhe cansem a beleza mais do que o normal, preferindo por isso fazer arrozes, que sujam menos louça e (suprema virtude) evitam o ter de descascar batatas ...
Já houve Domingos em que tive de apresentar na mesa duas travessas (melhor dito, uma travessa e um tacho). Na travessa vinha um bife alto de atum grelhado com batatas cozidas com a casca, no tacho estufei garoupa e camarões com cenouras, alho francês e batatas.
Normalmente tento sempre a diplomacia de forma a que se alcance um compromisso: Carne ao Sábado, Peixe ao Domingo (porque tenho mais tempo).
Mas quando a "equipa sénior" decide ir às compras no Sábado, utilizando o motorista de serviço, e apesar disso quer comer às 12,30H?
Aí temos o caldo entornado... E muitas vezes comeram frangos assados do galego que se lixaram, porque eu posso ser muitas coisas, mas não sou (ainda) o super-homem.
A velh** (digo, a "idosa") mãe é mais esquisita de boca. Toda a vida teve quem lhe fizesse a comidinha e está mal habituada. No fim de semana passado recusou-se liminarmente a alinhar num arroz de carnes e couves à moda da Tia Alice (de Fátima), pelo que foi servida de dois ovos estrelados com salsichas...
E por que é que se recusou a alinhar no arroz? Porque "nunca tinha comido tal coisa, e não come nada que não conheça...". Enfim...
O problema é que estas exéquias obrigam-me a planear os almoços dos fins de semana, coisa que abomino! Fim de Semana é para fazer na cozinha o que me apetece quando acordo. E sorte tem a equipa abancadora na minha mesa da sala de jantar porque gosto de mexer nos tachos... Se não comiam era ***** ( não posso escrever).
Hoje é Quinta Feira. Logo à noite já me começam a chatear , "O que é que se come no Sábado? E no Domingo?".
Um prato de sandwiches de buracos de queijo sem pão! Mas isto é só da boca para fora...
No fim de contas EU também tenho de comer. E bem, porque estou em fase de crescimento (intelectual).
Nem sempre é fácil. O "senhorio" o que quer é assados de forno, sobretudo carne. As velh** (digo idosas) o que querem é peixe... e o queima cebolas o que quer é que não lhe cansem a beleza mais do que o normal, preferindo por isso fazer arrozes, que sujam menos louça e (suprema virtude) evitam o ter de descascar batatas ...
Já houve Domingos em que tive de apresentar na mesa duas travessas (melhor dito, uma travessa e um tacho). Na travessa vinha um bife alto de atum grelhado com batatas cozidas com a casca, no tacho estufei garoupa e camarões com cenouras, alho francês e batatas.
Normalmente tento sempre a diplomacia de forma a que se alcance um compromisso: Carne ao Sábado, Peixe ao Domingo (porque tenho mais tempo).
Mas quando a "equipa sénior" decide ir às compras no Sábado, utilizando o motorista de serviço, e apesar disso quer comer às 12,30H?
Aí temos o caldo entornado... E muitas vezes comeram frangos assados do galego que se lixaram, porque eu posso ser muitas coisas, mas não sou (ainda) o super-homem.
A velh** (digo, a "idosa") mãe é mais esquisita de boca. Toda a vida teve quem lhe fizesse a comidinha e está mal habituada. No fim de semana passado recusou-se liminarmente a alinhar num arroz de carnes e couves à moda da Tia Alice (de Fátima), pelo que foi servida de dois ovos estrelados com salsichas...
E por que é que se recusou a alinhar no arroz? Porque "nunca tinha comido tal coisa, e não come nada que não conheça...". Enfim...
O problema é que estas exéquias obrigam-me a planear os almoços dos fins de semana, coisa que abomino! Fim de Semana é para fazer na cozinha o que me apetece quando acordo. E sorte tem a equipa abancadora na minha mesa da sala de jantar porque gosto de mexer nos tachos... Se não comiam era ***** ( não posso escrever).
Hoje é Quinta Feira. Logo à noite já me começam a chatear , "O que é que se come no Sábado? E no Domingo?".
Um prato de sandwiches de buracos de queijo sem pão! Mas isto é só da boca para fora...
No fim de contas EU também tenho de comer. E bem, porque estou em fase de crescimento (intelectual).
quarta-feira, setembro 17, 2014
A seca
Antes que os amigos pensem que endoidei de vez ( o que poderia acontecer neste mundo estranho onde vivemos) esclareço que a "seca" a que me refiro não é a da falta de água.
A águinha de S. Pedro tem caído (não confundir com a "águiazinha" , a qual também caíu ontem no relvado, mas levantou-se, embora manca de uma asa).
Direi até que o santo das chaves adormeceu no Inverno passado, e se calhar ainda não acordou, motivo pelo qual as estações do ano andam um bocado baralhadas... Por mim tudo bem, por que já não me interessa muito ir a banhos de mar. O meu problema é mais com o vinho...Porque se chove na vindima temos o caldo entornado... Até lá, antes e depois, chova tudo o que tem que chover.
Mas não, amigos. A "seca" do título tem a ver com o sentido literário que era usado pelo mestre de nós todos, Eça de Queiroz:
-"Achei-me tão cansada, depois de jantar, veio-me uma preguiça... Mas então partires assim de repente!... Que seca! Dá cá a mão!"
(Os Maias)
"Seca" como coisa aborrecida ou entediante , ou ter de aturar uma pessoa maçadora e importuna.
Todos temos destas "secas", nuns dias mais, noutros dias menos... A mim acontece-me muitas vezes ter de sorrir sem vontade, ter de falar bem e de forma cortês quando o que me apetecia era virar as costas à pressa. São "ossos do meu ofício". Quem os não tem?
Ora "um caso se deu" onde a visão presunçosa do erudito sabichão alfacinha (moi) , já a adivinhar uma tarde e noite de uma "ganda seca" , se virou contra o feiticeiro.
Num dia (já longe no tempo, era eu jovem ...) tive de receber um senhor norte-americano aqui nos CTT. Ele vinha bem recomendado, mas a forma como se apresentou no escritório era um bocado duvidosa: trazia o cabelo bem comprido, jeans e botas de cowboy de ponteira metálica (que eu nunca tinha visto, só nos filmes). Até tive para lhe perguntar se deixara o cavalo preso à entrada da Casal Ribeiro...
A criatura vinha recomendada pelo nosso agente nos USA, Mike Buttler, que me dissera ao telefone se eu lhe podia apresentar um agente imobiliário. O "cowboy" queria comprar uma casita no Algarve perto de um campo de golf.
Estávamos numa época em que os cartões de crédito eram pouco utilizados (havia restrições às movimentações de dinheiro, impostas pelo Banco de Portugal) e poucos teriam visto em acção o American Express Platina, quanto mais um certo AMEX Centurion (na gíria conhecido pelo "black card").
Levei o "homem" a jantar ao Reijos, na Rua Direita de Cascais, que era o restaurante preferido dos americanos na linha, local onde tinham "acampado" muitos dos engenheiros yankees que vieram para a construção da Ponte sobre o Tejo.
Nessa noite de assombro, começei logo por ver na mesa principal do Reijos, Sir Clive Sinclair (inventor do Spectrum). Era capa da Times e da Economist, pelo que dei logo pelo homem.
Depois, bem , depois foi quando o "cowboy" insistiu em pagar o jantar, e deu o tal blackcard ao meu amigo António, proprietário do Reijos...
Ao princípio o António olhava desconfiado para aquilo... Depois telefonou para o apoio ao cliente, e quando acabou, chamou-me de lado para perguntar se o senhor americano não desejaria comprar-lhe o restaurantezinho...
O cowboy afinal , vim depois a saber, era um herdeiro de uns poçitos de pitrol lá para o sul da Califórnia...
Nem tudo que luz é ouro? Pois, mas o oposto também é verdadeiro!!
A águinha de S. Pedro tem caído (não confundir com a "águiazinha" , a qual também caíu ontem no relvado, mas levantou-se, embora manca de uma asa).
Direi até que o santo das chaves adormeceu no Inverno passado, e se calhar ainda não acordou, motivo pelo qual as estações do ano andam um bocado baralhadas... Por mim tudo bem, por que já não me interessa muito ir a banhos de mar. O meu problema é mais com o vinho...Porque se chove na vindima temos o caldo entornado... Até lá, antes e depois, chova tudo o que tem que chover.
Mas não, amigos. A "seca" do título tem a ver com o sentido literário que era usado pelo mestre de nós todos, Eça de Queiroz:
-"Achei-me tão cansada, depois de jantar, veio-me uma preguiça... Mas então partires assim de repente!... Que seca! Dá cá a mão!"
(Os Maias)
"Seca" como coisa aborrecida ou entediante , ou ter de aturar uma pessoa maçadora e importuna.
Todos temos destas "secas", nuns dias mais, noutros dias menos... A mim acontece-me muitas vezes ter de sorrir sem vontade, ter de falar bem e de forma cortês quando o que me apetecia era virar as costas à pressa. São "ossos do meu ofício". Quem os não tem?
Ora "um caso se deu" onde a visão presunçosa do erudito sabichão alfacinha (moi) , já a adivinhar uma tarde e noite de uma "ganda seca" , se virou contra o feiticeiro.
Num dia (já longe no tempo, era eu jovem ...) tive de receber um senhor norte-americano aqui nos CTT. Ele vinha bem recomendado, mas a forma como se apresentou no escritório era um bocado duvidosa: trazia o cabelo bem comprido, jeans e botas de cowboy de ponteira metálica (que eu nunca tinha visto, só nos filmes). Até tive para lhe perguntar se deixara o cavalo preso à entrada da Casal Ribeiro...
A criatura vinha recomendada pelo nosso agente nos USA, Mike Buttler, que me dissera ao telefone se eu lhe podia apresentar um agente imobiliário. O "cowboy" queria comprar uma casita no Algarve perto de um campo de golf.
Estávamos numa época em que os cartões de crédito eram pouco utilizados (havia restrições às movimentações de dinheiro, impostas pelo Banco de Portugal) e poucos teriam visto em acção o American Express Platina, quanto mais um certo AMEX Centurion (na gíria conhecido pelo "black card").
Levei o "homem" a jantar ao Reijos, na Rua Direita de Cascais, que era o restaurante preferido dos americanos na linha, local onde tinham "acampado" muitos dos engenheiros yankees que vieram para a construção da Ponte sobre o Tejo.
Nessa noite de assombro, começei logo por ver na mesa principal do Reijos, Sir Clive Sinclair (inventor do Spectrum). Era capa da Times e da Economist, pelo que dei logo pelo homem.
Depois, bem , depois foi quando o "cowboy" insistiu em pagar o jantar, e deu o tal blackcard ao meu amigo António, proprietário do Reijos...
Ao princípio o António olhava desconfiado para aquilo... Depois telefonou para o apoio ao cliente, e quando acabou, chamou-me de lado para perguntar se o senhor americano não desejaria comprar-lhe o restaurantezinho...
O cowboy afinal , vim depois a saber, era um herdeiro de uns poçitos de pitrol lá para o sul da Califórnia...
Nem tudo que luz é ouro? Pois, mas o oposto também é verdadeiro!!
segunda-feira, setembro 15, 2014
Metamorfoses
A borboleta do Novo Banco foi uma opção de MKT interessante. É agradável à vista, simboliza a mudança, e tem asas para voar.
Claro que quando se soube da demissão da gestão Vitor Bento a malta começou logo a gozar com o período curto de vida da dita cuja... Mas os técnicos de MKT que desenharam o símbolo e a campanha não poderiam adivinhar que havia já rombos abaixo da linha de água no navio que se encontravam a aparelhar para nova viagem.
Nem eles, nem nós... "Vender à Pressa" não é o mesmo que "Estabilizar para depois Vender". Alguém percebeu mal? Precisam-se otorrinos? Ou mudam os alcatruzes da nora conforme os ventos do poder?
Não sei bem se todos percebem a gravidade da situação, que tem sido "escondida" do público em geral? Fala-se que a retirada de depósitos da instituição em causa atingiu 10 mil milhões de euros em 2 meses e meio, cerca de um terço da totalidade dos depósitos.
É muito. É talvez demais, se tivermos em conta os ratios exigidos pelo BCE.
E agora? Depois da nova reviravolta do carrossel?
A minha Tia toda a vida teve o dinheirinho no BES. Depois destas confusões ainda o manteve no mesmo sítio, dizendo a toda a gente que com 84 anos já não tem paciência para muita mudança...Mas quando viu a demissão do Dr. Bento mandou-me logo dizer que na segunda feira (hoje) tinha que lá ir "falar". E como o balcão da CGD é uns metros abaixo, na mesma avenida, dá para entender.
Nesta segunda feira quanto mais dinheiro irá sair do banco?
Entendo que a "venda a correr" poderá evitar ainda maiores desvalorizações da instituição, mas o que questiono é quem - no seu perfeito juízo - o irá comprar nestas circunstâncias?
Depende do preço, dirão os entendidos... E aqui é que a porca (com vossa licença) torce o rabo...
Quem precisa de vender depressa sujeita-se ao princípio da hegemonia do comprador.
Metamorfose por metarmofose estávamos talvez a precisar mais da imagem da rã... Animal muito habituado à água, a meter água por todos os buracos...
Claro que quando se soube da demissão da gestão Vitor Bento a malta começou logo a gozar com o período curto de vida da dita cuja... Mas os técnicos de MKT que desenharam o símbolo e a campanha não poderiam adivinhar que havia já rombos abaixo da linha de água no navio que se encontravam a aparelhar para nova viagem.
Nem eles, nem nós... "Vender à Pressa" não é o mesmo que "Estabilizar para depois Vender". Alguém percebeu mal? Precisam-se otorrinos? Ou mudam os alcatruzes da nora conforme os ventos do poder?
Não sei bem se todos percebem a gravidade da situação, que tem sido "escondida" do público em geral? Fala-se que a retirada de depósitos da instituição em causa atingiu 10 mil milhões de euros em 2 meses e meio, cerca de um terço da totalidade dos depósitos.
É muito. É talvez demais, se tivermos em conta os ratios exigidos pelo BCE.
E agora? Depois da nova reviravolta do carrossel?
A minha Tia toda a vida teve o dinheirinho no BES. Depois destas confusões ainda o manteve no mesmo sítio, dizendo a toda a gente que com 84 anos já não tem paciência para muita mudança...Mas quando viu a demissão do Dr. Bento mandou-me logo dizer que na segunda feira (hoje) tinha que lá ir "falar". E como o balcão da CGD é uns metros abaixo, na mesma avenida, dá para entender.
Nesta segunda feira quanto mais dinheiro irá sair do banco?
Entendo que a "venda a correr" poderá evitar ainda maiores desvalorizações da instituição, mas o que questiono é quem - no seu perfeito juízo - o irá comprar nestas circunstâncias?
Depende do preço, dirão os entendidos... E aqui é que a porca (com vossa licença) torce o rabo...
Quem precisa de vender depressa sujeita-se ao princípio da hegemonia do comprador.
Metamorfose por metarmofose estávamos talvez a precisar mais da imagem da rã... Animal muito habituado à água, a meter água por todos os buracos...
sexta-feira, setembro 12, 2014
Para Descansar a Vista ...no Outono
Em tempo de Outono que terá chegado este ano umas semanas adiantado (alguém viu por aí o Verão?) deixo-vos um poema também ele outonal.
Melancólico e pensativo, propenso a passeios por entre as folhas caídas no chão e a apanhar o odor da chuva na terra molhada e das castanhas no assador.
Em uma Tarde de Outono
Outono. Em frente ao mar. Escancaro as janelas
Sobre o jardim calado, e as águas miro, absorto.
Outono... Rodopiando, as folhas amarelas
Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto...
Por que, belo navio, ao clarão das estrelas,
Visitaste este mar inabitado e morto,
Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas,
Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto?
A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos
A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos...
Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol!
E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste,
E contemplo o lugar por onde te sumiste,
Banhado no clarão nascente do arrebol...
Olavo Bilac, in "Poesias"
Melancólico e pensativo, propenso a passeios por entre as folhas caídas no chão e a apanhar o odor da chuva na terra molhada e das castanhas no assador.
Em uma Tarde de Outono
Outono. Em frente ao mar. Escancaro as janelas
Sobre o jardim calado, e as águas miro, absorto.
Outono... Rodopiando, as folhas amarelas
Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto...
Por que, belo navio, ao clarão das estrelas,
Visitaste este mar inabitado e morto,
Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas,
Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto?
A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos
A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos...
Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol!
E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste,
E contemplo o lugar por onde te sumiste,
Banhado no clarão nascente do arrebol...
Olavo Bilac, in "Poesias"
quinta-feira, setembro 11, 2014
Um petisco
Poucos portugueses apreciam a Ventresca de atum ou de bonito. O problema não é que não gostem, mas sim que nunca provaram...
Trata-se de um produto gastronómico de grande qualidade, muito valorizado em Espanha e nos outros países mediterrânicos, mas que aqui em Portugal (tirando talvez o caso de Vila Real de Santo António) não aparece referenciado nos nossos "calhamaços" da especialidade.
O que é mesmo a Ventresca? Trago aqui a definição de "nuestros hermanos":
Se trata de una pieza con forma triangular, que está situada en la parte inferior del pez, en la zona próxima a la cabeza. Su nombre, ventresca, alude a la parte del atún donde está situada, la zona del vientre del atún, aunque también se utilizan otras denominaciones, como ventrisca, ventrecha, mentresca, barriga, ijar o ijada, todas ellas correctas, y más o menos frecuentes, según la zona geográfica en la que nos encontremos.
Las características peculiares de la ventresca que le dan su reputación de exquisitez, son: su proporción de grasa, que le aporta un sabor mucho más intenso, fino y delicado que el resto del pescado, su carne de textura gelatinosa, y su laminado, idóneo para preparar aperitivos, conservas y para cocinar en el horno.
Basta ainda referir que nos mercados que a apreciam é bem mais cara que os lombos de atum fresco... E que aqui em Portugal não é muito fácil de encontrar... Todavia tentem falar com os responsáveis da peixaria onde se abastecem para pedir esta iguaria. Reservando pode ser que tenham sorte. Eu às vezes encontro-a na peixaria do Corte Inglês.
O Paulinho do Beira Mar prepara magnificamente esta Ventresca, fresca está claro! E no forno. Em casa já a fiz também, utilizando uma receita de Cádiz que dou aqui com todo o gosto:
Uma Ventresca de atum pequeno dá para duas pessoas. Sendo médio ou grande obviamente que serve mais pessoal.
Preparamos primeiro um molho com azeite virgem, salsa e alho esmagado. Bate-se numa tigela ou coloca-se dentro de um "biberon" para utilizar mais vezes em saladas ou grelhados. Quem gostar meta-lhe dois "chumbinhos" de malagueta.
A Ventresca tem de ser muito bem limpa da pele que traz num dos lados e que amarga. Ou peçam que a tirem na peixaria, ou têm de tratar disso em casa...
Depois de bem limpa, sem espinhas, deitem umas pedrinhas de sal, salpiquem generosamente com o molho e ponham no forno (previamente aquecido a 200 graus) durante uns 15 minutos.
Mas cuidado! Este é um dos tais pratos que tem de estar "au point"! Se demasiado assado seca por completo! Por isso vão tirando do forno, aproveitam para borrifar de ambos os lados com o molho e testem a cor.
Quando começar a corar um pouco apaguem o forno e ponham na mesa. Deve ser servida imediatamente, com umas simples batatas cozidas com a pele ou há quem goste mais com o acompanhamento típico do bacalhau (couves ou bróculos, grão e batata), mas neste caso sem ponta de colorau, cebola ou alho picado!! Quanto muito salpiquem de pimenta preta moída na altura e temperem as batatas com o molho que serviu para "lambuzar" a Ventresca.
Para companhar este petisco gosto de um tinto novo e carnudo, experimentem com o Vallado tinto de 2011 (colheita) ou o Assobio tinto Douro de 2011 (Herdade do Esporão produz).
Bom apetite!!
Trata-se de um produto gastronómico de grande qualidade, muito valorizado em Espanha e nos outros países mediterrânicos, mas que aqui em Portugal (tirando talvez o caso de Vila Real de Santo António) não aparece referenciado nos nossos "calhamaços" da especialidade.
O que é mesmo a Ventresca? Trago aqui a definição de "nuestros hermanos":
Se trata de una pieza con forma triangular, que está situada en la parte inferior del pez, en la zona próxima a la cabeza. Su nombre, ventresca, alude a la parte del atún donde está situada, la zona del vientre del atún, aunque también se utilizan otras denominaciones, como ventrisca, ventrecha, mentresca, barriga, ijar o ijada, todas ellas correctas, y más o menos frecuentes, según la zona geográfica en la que nos encontremos.
Las características peculiares de la ventresca que le dan su reputación de exquisitez, son: su proporción de grasa, que le aporta un sabor mucho más intenso, fino y delicado que el resto del pescado, su carne de textura gelatinosa, y su laminado, idóneo para preparar aperitivos, conservas y para cocinar en el horno.
Basta ainda referir que nos mercados que a apreciam é bem mais cara que os lombos de atum fresco... E que aqui em Portugal não é muito fácil de encontrar... Todavia tentem falar com os responsáveis da peixaria onde se abastecem para pedir esta iguaria. Reservando pode ser que tenham sorte. Eu às vezes encontro-a na peixaria do Corte Inglês.
O Paulinho do Beira Mar prepara magnificamente esta Ventresca, fresca está claro! E no forno. Em casa já a fiz também, utilizando uma receita de Cádiz que dou aqui com todo o gosto:
Uma Ventresca de atum pequeno dá para duas pessoas. Sendo médio ou grande obviamente que serve mais pessoal.
Preparamos primeiro um molho com azeite virgem, salsa e alho esmagado. Bate-se numa tigela ou coloca-se dentro de um "biberon" para utilizar mais vezes em saladas ou grelhados. Quem gostar meta-lhe dois "chumbinhos" de malagueta.
A Ventresca tem de ser muito bem limpa da pele que traz num dos lados e que amarga. Ou peçam que a tirem na peixaria, ou têm de tratar disso em casa...
Depois de bem limpa, sem espinhas, deitem umas pedrinhas de sal, salpiquem generosamente com o molho e ponham no forno (previamente aquecido a 200 graus) durante uns 15 minutos.
Mas cuidado! Este é um dos tais pratos que tem de estar "au point"! Se demasiado assado seca por completo! Por isso vão tirando do forno, aproveitam para borrifar de ambos os lados com o molho e testem a cor.
Quando começar a corar um pouco apaguem o forno e ponham na mesa. Deve ser servida imediatamente, com umas simples batatas cozidas com a pele ou há quem goste mais com o acompanhamento típico do bacalhau (couves ou bróculos, grão e batata), mas neste caso sem ponta de colorau, cebola ou alho picado!! Quanto muito salpiquem de pimenta preta moída na altura e temperem as batatas com o molho que serviu para "lambuzar" a Ventresca.
Para companhar este petisco gosto de um tinto novo e carnudo, experimentem com o Vallado tinto de 2011 (colheita) ou o Assobio tinto Douro de 2011 (Herdade do Esporão produz).
Bom apetite!!
quarta-feira, setembro 10, 2014
A atracção do consumo
Depois do espectáculo que foi ontem à tarde (10h da manhã na Califórnia) a apresentação dos novos IPhones 6 e 6Plus e ainda a introdução do novíssimo AppleWatch, que até teve direito a intervenção exclusiva dos U2, dei por mim a pensar como pode o mero mortal evitar enredar-se nestas malhas que o consumo do século XXI vai tecendo...
Os produtos são muito atraentes, os materiais, as especificações e o design (não foi por acaso que o Vice Presidente para o design da Apple esteve bem em evidência) são, como disse ontem no Face, "de cair para o lado"... Mas precisamos mesmo, mesmo daquilo?
Eu uso um IPhone 4 que herdei do meu senhorio quando este "evoluiu" para o "5". Tem uns 3 anitos e meio e serve perfeitamente. O velhinho Blackberry "oficial" já só utilizo ao fim de semana, para não me esquecer do interface, e mais como sinal de alguma nostalgia, daqueles tempos em que a BB competia ombro a ombro com a Nokia e com a Apple. Quem se lembra? :):):)
Ontem à noite, ébrios com a magnitude e a eficácia da apresentação, já se falava cá em casa do Apple Watch e do IPhone 6... Para comprar lá no início de 2015.
Para quê? Não seria muito melhor pôr as massas de lado para investir no novo iMAC, que deve estar por aí a chegar em Novembro com especificações de arromba? E esse sim! É um instrumento de trabalho...
Dirão alguns que para vestir o homem (ou a mulher) não é preciso smokings Versace nem tailleurs Chanel... Existe ainda a La Redoute (que saudades...).
E que para ver as horas qualquer Swatch (de design também ele aprimorado) faz o serviço por 70 euros, ou menos...
E ainda, que para movimentar o corpo tanto serve o SMART como o Porsche Carrera 4S...
Mas "eles" andam por aí. E enquanto andarem alimentam o ego dos felizes possuidores e o sonho daqueles que o mais perto que poderão chegar desses objectos será se trabalharem como "voituriers" num restaurante de luxo.
Posição Social (ou procura dela), Moda, Status e Poder para comprar definem as variáveis que influenciam a evolução do mercado do luxo.
Mas será o universo Apple um condomínio de luxo, reservado aos banqueiros de investimentos e aos seus clientes?
Não senhores!! E aqui talvez a razão do formidável sucesso da empresa: convencer quase todo o mundo (1º mundo sobretudo e social climbers do resto) que é possível possuir os seus produtos com um pequeno esforço financeiro.
Os produtos Apple de grande consumo estão "quase" ao alcance de muitos trabalhadores, embora o "esticar" do braço para vencer a distância possa custar menos refeições, menos idas ao cinema, mais meias solas e menos sapatos novos...
Numa palavra, sacrifícios.
Valerão a pena? E na resposta a esta pergunta está a linha que separa os indefectíveis "fans" da Apple e os outros...
Os produtos são muito atraentes, os materiais, as especificações e o design (não foi por acaso que o Vice Presidente para o design da Apple esteve bem em evidência) são, como disse ontem no Face, "de cair para o lado"... Mas precisamos mesmo, mesmo daquilo?
Eu uso um IPhone 4 que herdei do meu senhorio quando este "evoluiu" para o "5". Tem uns 3 anitos e meio e serve perfeitamente. O velhinho Blackberry "oficial" já só utilizo ao fim de semana, para não me esquecer do interface, e mais como sinal de alguma nostalgia, daqueles tempos em que a BB competia ombro a ombro com a Nokia e com a Apple. Quem se lembra? :):):)
Ontem à noite, ébrios com a magnitude e a eficácia da apresentação, já se falava cá em casa do Apple Watch e do IPhone 6... Para comprar lá no início de 2015.
Para quê? Não seria muito melhor pôr as massas de lado para investir no novo iMAC, que deve estar por aí a chegar em Novembro com especificações de arromba? E esse sim! É um instrumento de trabalho...
Dirão alguns que para vestir o homem (ou a mulher) não é preciso smokings Versace nem tailleurs Chanel... Existe ainda a La Redoute (que saudades...).
E que para ver as horas qualquer Swatch (de design também ele aprimorado) faz o serviço por 70 euros, ou menos...
E ainda, que para movimentar o corpo tanto serve o SMART como o Porsche Carrera 4S...
Mas "eles" andam por aí. E enquanto andarem alimentam o ego dos felizes possuidores e o sonho daqueles que o mais perto que poderão chegar desses objectos será se trabalharem como "voituriers" num restaurante de luxo.
Posição Social (ou procura dela), Moda, Status e Poder para comprar definem as variáveis que influenciam a evolução do mercado do luxo.
Mas será o universo Apple um condomínio de luxo, reservado aos banqueiros de investimentos e aos seus clientes?
Não senhores!! E aqui talvez a razão do formidável sucesso da empresa: convencer quase todo o mundo (1º mundo sobretudo e social climbers do resto) que é possível possuir os seus produtos com um pequeno esforço financeiro.
Os produtos Apple de grande consumo estão "quase" ao alcance de muitos trabalhadores, embora o "esticar" do braço para vencer a distância possa custar menos refeições, menos idas ao cinema, mais meias solas e menos sapatos novos...
Numa palavra, sacrifícios.
Valerão a pena? E na resposta a esta pergunta está a linha que separa os indefectíveis "fans" da Apple e os outros...
segunda-feira, setembro 08, 2014
Vai mas é aprender um ofício que pr'á bola não prestas!
Nas aldeias as pessoas de mais idade tinham antigamente dois sonhos para os filhos rapazes (era o obscurantismo): tirarem um curso superior ou terem uma carreira como futebolistas.
O curso superior para os pobres era assim como que uma quimera que se vislumbrava ao longe. Mas muito ao longe mesmo. Porque não era apenas o custo do curso propriamente dito! Era a mesada que significava ter o filho a comer e a dormir na cidade .
Nesse sentido os pobres de Lisboa, Porto ou Coimbra tinham mais sorte...
A saída mais airosa para um rapaz estudioso que tivesse tido o azar de ter nascido na província de pais pobres (e aqui pobres eram todos os que não possuiam terras, fábricas e coisas desse género) era ir para o Seminário e continuar por lá os estudos.
Claro que havia sempre a "outra" saída: transformar o "puto" num Eusébio da Marmeleira. Metê-lo a jogar nos campeonatos regionais à espera que algum olheiro reparasse nele.
Levá-lo a treinar ao Palmense, Sporting da Covilhã ou ao Olhanense (dependendo da geografia), de forma a que - admitindo o "jeito natural" - dentro de 3 ou 4 anos viesse o mânfio para Faro ou para Viseu e daí desse o salto para Lisboa ou para o Porto.
Devemos dizer que menos, muito menos, eram esses bafejados pela sorte e pelo "jeito natural" que acabavam no SLB, FCP ou no SCP, do que os outros que, apesar de tudo, conseguiam ter acesso ao ensino superior.
O Pai da província, ao ver que afinal e não obstante todos os treinos, o "puto" rematava mal, fintava pior e à conta dos maçitos de "Definitivos" não tinha pulmão para correr o campo, acabava sempre por lhe dizer:
-" Vais mas é aprender um ofício que pr'á bola não prestas e pr'a estudar não há dinheiro!"
E acabava assim o moço , uns anos depois, como serralheiro, carpinteiro de limpos, mecânico ( se tivesse sorte) ou servente de pedreiro (o mais normal).
Ontem, depois de ver o jogo com a Albânia, dei por mim a pensar quantos carpinteiros de limpos não se teriam perdido em Portugal, com a má escolha feita pelos pais, cegos de amor pelas pequenas habilidades dos filhos...
Sendo que a ênfase deve ser posta na palavra "pequenas", pequeninas mesmo....
O curso superior para os pobres era assim como que uma quimera que se vislumbrava ao longe. Mas muito ao longe mesmo. Porque não era apenas o custo do curso propriamente dito! Era a mesada que significava ter o filho a comer e a dormir na cidade .
Nesse sentido os pobres de Lisboa, Porto ou Coimbra tinham mais sorte...
A saída mais airosa para um rapaz estudioso que tivesse tido o azar de ter nascido na província de pais pobres (e aqui pobres eram todos os que não possuiam terras, fábricas e coisas desse género) era ir para o Seminário e continuar por lá os estudos.
Claro que havia sempre a "outra" saída: transformar o "puto" num Eusébio da Marmeleira. Metê-lo a jogar nos campeonatos regionais à espera que algum olheiro reparasse nele.
Levá-lo a treinar ao Palmense, Sporting da Covilhã ou ao Olhanense (dependendo da geografia), de forma a que - admitindo o "jeito natural" - dentro de 3 ou 4 anos viesse o mânfio para Faro ou para Viseu e daí desse o salto para Lisboa ou para o Porto.
Devemos dizer que menos, muito menos, eram esses bafejados pela sorte e pelo "jeito natural" que acabavam no SLB, FCP ou no SCP, do que os outros que, apesar de tudo, conseguiam ter acesso ao ensino superior.
O Pai da província, ao ver que afinal e não obstante todos os treinos, o "puto" rematava mal, fintava pior e à conta dos maçitos de "Definitivos" não tinha pulmão para correr o campo, acabava sempre por lhe dizer:
-" Vais mas é aprender um ofício que pr'á bola não prestas e pr'a estudar não há dinheiro!"
E acabava assim o moço , uns anos depois, como serralheiro, carpinteiro de limpos, mecânico ( se tivesse sorte) ou servente de pedreiro (o mais normal).
Ontem, depois de ver o jogo com a Albânia, dei por mim a pensar quantos carpinteiros de limpos não se teriam perdido em Portugal, com a má escolha feita pelos pais, cegos de amor pelas pequenas habilidades dos filhos...
Sendo que a ênfase deve ser posta na palavra "pequenas", pequeninas mesmo....
sexta-feira, setembro 05, 2014
Para Descansar a Vista
Ontem não passei por aqui, os trabalhos para o projecto do Dia Mundial do Correio, à volta com a exposição das Tapeçarias de Portalegre assim o obrigaram.
Mas hoje aqui estou para vos dar poesia (queriam dinheiro? Tenham paciência...).
Na altura em que se aproximam os 250 anos de nascimento de Manuel Maria Barbosa du Bocage, aqui vão mais alguns poemas do Elmano Sadino:
Mas hoje aqui estou para vos dar poesia (queriam dinheiro? Tenham paciência...).
Na altura em que se aproximam os 250 anos de nascimento de Manuel Maria Barbosa du Bocage, aqui vão mais alguns poemas do Elmano Sadino:
Retrato próprio
Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste da facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno.
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno:
Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades:
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou mais pachorrento.
Bocage
Já Bocage não sou!... À cova escura
Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.
Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa!... Tivera algum merecimento,
Se um raio da razão seguisse, pura!
Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:
Outro Aretino fui... A santidade
Manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!
Bocage
Nota: Vitral com a imagem de Bocage é da autoria de Isabel Fidalgo.quarta-feira, setembro 03, 2014
Tapeçarias de Portalegre e Dia Mundial de Correios 2014
A Manufactura de Tapeçarias de Portalegre é uma lenda viva do saber fazer nacional na arte da tecelagem.
Em quase 70 anos de existência foram executadas cerca de 3.400 tapeçarias, baseadas em mais de 2.500 cartões originais e perfazendo um total de aproximadamente 12.700 m2. As tapeçarias de Portalegre espalharam-se pelo mundo podendo hoje ser encontradas em todos os continentes.
São mais de 200 os pintores, portugueses e estrangeiros, que trabalharam com a Manufactura de Portalegre.
Os mais importantes técnicos franceses de tecelagem quando vieram a Portugal, no final dos anos 50, admiraram a técnica e a perfeição conseguidas com o ponto de Portalegre. Mais tarde, foi o próprio Jean Lurçat que considerou as tecedeiras de Portalegre “as melhores tecedeiras do mundo” vindo a fazer tecer em Portalegre, até à sua morte, um grande número das suas tapeçarias.
A ligação dos CTT a esta tradicional Manufactura é interessante.
Por um lado são os CTT proprietários de 11 Tapeçarias de Portalegre, destacando-se duas de Vieira da Silva. seis de Carlos Botelho e uma de Luis Filipe de Abreu que tem a particularidade de ser uma das três únicas tapeçarias feitas em Portalegre com desenho curvo.
Em quase 70 anos de existência foram executadas cerca de 3.400 tapeçarias, baseadas em mais de 2.500 cartões originais e perfazendo um total de aproximadamente 12.700 m2. As tapeçarias de Portalegre espalharam-se pelo mundo podendo hoje ser encontradas em todos os continentes.
São mais de 200 os pintores, portugueses e estrangeiros, que trabalharam com a Manufactura de Portalegre.
Os mais importantes técnicos franceses de tecelagem quando vieram a Portugal, no final dos anos 50, admiraram a técnica e a perfeição conseguidas com o ponto de Portalegre. Mais tarde, foi o próprio Jean Lurçat que considerou as tecedeiras de Portalegre “as melhores tecedeiras do mundo” vindo a fazer tecer em Portalegre, até à sua morte, um grande número das suas tapeçarias.
A ligação dos CTT a esta tradicional Manufactura é interessante.
Por um lado são os CTT proprietários de 11 Tapeçarias de Portalegre, destacando-se duas de Vieira da Silva. seis de Carlos Botelho e uma de Luis Filipe de Abreu que tem a particularidade de ser uma das três únicas tapeçarias feitas em Portalegre com desenho curvo.
Por outro lado, vamos emitir no próximo dia 9 de Outubro - Dia Mundial de Correios - uma série de selos baseada nas Tapeçarias de Portalegre,
dando cumprimento à nossa obrigação de constituirmos uma das “memórias históricas do País”, evocando personagens, histórias e patrimónios
do maior relevo, que fazem parte do que há de mais profundo e genuíno na
unidade e na cultura portuguesas.
Nesse próximo 9 de Outubro , na sede da Fundação Portuguesa das Comunicações, vamos inaugurar uma Exposição das Tapeçarias de Portalegre (que inclui as que são propriedade dos CTT e mais algumas que figuram nos selos). E dessa exposição será feito um Catálogo (com os selos dentro).
Nota: Tapeçaria de Portalegre sobre quadro de Vieira da Silva " Bibliothéque" 1980
terça-feira, setembro 02, 2014
O preço dos vinhos
O preço dos grandes vinhos portugueses tem paulatinamente subido.
Uma garrafeira de renome tinha na montra o vinho do Douro "Legado" de 2009 por 259 euros, enquanto que uma outra loja do mesmo género anunciava mais glórias vitivinícolas da mesma região acima dos 300 euros: por 399 euros o Barca Velha 2004, e por 325 euros o Quinta do Crasto Vinha da Ponte 2000.
Tendo em atenção esses preços para garrafitas de 75 cl, quase que nos parece oferecido o Batuta (Dirk Niepoort) double magnum (3litros) de 2011 , por 280 euros...
Mas se sairmos do Douro e formos para o Alentejo, a "estatuária" local com direito a banho de ouro também está bem representada. O Pera Manca começa nos 350 euros para o ano de 1990 e pára nos 179 euros para o ano de 2010. O Quinta do Mouro rótulo dourado de 2007 (um grande vinho alentejano) está a uns "míseros" 59 euros. Tudo em 75 cl.
Situando-nos no ano por todos glorificado de 2011 existem grandes vinhos disponíveis a preços muito mais convidativos. O Dona Berta Sousão Reserva Especial de 2011 que foi medalha de ouro no concurso de vinhos do Douro e teve 90 pontos "parker", ainda se conseguia comprar (antes dos prémios) abaixo dos 30 euros. O Passadouro Touriga Nacional 2011 que na Essência do Vinho ficou em 6º nos melhores vinhos portugueses desse ano, compra-se ainda abaixo dos 20 euros. Para terminar, o Dão Quinta da Pellada de 2011, paradigma da região, está por cerca de 25 euros.
E o meu (não sei se vosso) problema é o seguinte:
A partir deste nível de qualidade, e com o vinho deitado em garrafa ou frasco de vidro sem rótulo, quem consegue distinguir a diferença de gosto, de prazer bebível, que justifiquem pagar 10 vezes mais por um daqueles vinhos preciosos com que começei esta conversa?
O mais que eu poderei dizer será : "Muito bom! Magnífico vinho!". Mas isso direi de todos! Até daqueles tintos dos vinte e tal euritos atrás referenciados, desde que bem servidos, em copos decentes e à temperatura ideal...
Nunca mais me esqueço daquela história de muito alta fidelidade que envolvia o mais caro amplificador de válvulas que se fazia nos anos 80 - Ongaku (AudioNote). Podem ler aqui sff:
http://www.audionote.co.jp/en/products/power_amplifier/ongaku.html
Pois essa maravilha de alta fidelidade que custava perto de 100 000 USD (isso mesmo!!) para ser apreciada em pleno necessitaria de um ouvido tão apurado como o de um maestro de orquestra sinfónica devidamente treinado... Por cerca de 350 USD um Cambridge Azur 351A (desde que bem integrado) deixaria perfeitamente satisfeito qualquer comum mortal audiófilo que não tivesse o tal "ouvido fenomenal"...
O Preço é só qualidade testada e validada realmente pelos nossos sentidos, ou é também ( e sobretudo) Marketing? Ou seja, boa publicidade, história e tradição, raridade provocada, embalagem cuidada e críticas a condizer??!!
Uma garrafeira de renome tinha na montra o vinho do Douro "Legado" de 2009 por 259 euros, enquanto que uma outra loja do mesmo género anunciava mais glórias vitivinícolas da mesma região acima dos 300 euros: por 399 euros o Barca Velha 2004, e por 325 euros o Quinta do Crasto Vinha da Ponte 2000.
Tendo em atenção esses preços para garrafitas de 75 cl, quase que nos parece oferecido o Batuta (Dirk Niepoort) double magnum (3litros) de 2011 , por 280 euros...
Mas se sairmos do Douro e formos para o Alentejo, a "estatuária" local com direito a banho de ouro também está bem representada. O Pera Manca começa nos 350 euros para o ano de 1990 e pára nos 179 euros para o ano de 2010. O Quinta do Mouro rótulo dourado de 2007 (um grande vinho alentejano) está a uns "míseros" 59 euros. Tudo em 75 cl.
Situando-nos no ano por todos glorificado de 2011 existem grandes vinhos disponíveis a preços muito mais convidativos. O Dona Berta Sousão Reserva Especial de 2011 que foi medalha de ouro no concurso de vinhos do Douro e teve 90 pontos "parker", ainda se conseguia comprar (antes dos prémios) abaixo dos 30 euros. O Passadouro Touriga Nacional 2011 que na Essência do Vinho ficou em 6º nos melhores vinhos portugueses desse ano, compra-se ainda abaixo dos 20 euros. Para terminar, o Dão Quinta da Pellada de 2011, paradigma da região, está por cerca de 25 euros.
E o meu (não sei se vosso) problema é o seguinte:
A partir deste nível de qualidade, e com o vinho deitado em garrafa ou frasco de vidro sem rótulo, quem consegue distinguir a diferença de gosto, de prazer bebível, que justifiquem pagar 10 vezes mais por um daqueles vinhos preciosos com que começei esta conversa?
O mais que eu poderei dizer será : "Muito bom! Magnífico vinho!". Mas isso direi de todos! Até daqueles tintos dos vinte e tal euritos atrás referenciados, desde que bem servidos, em copos decentes e à temperatura ideal...
Nunca mais me esqueço daquela história de muito alta fidelidade que envolvia o mais caro amplificador de válvulas que se fazia nos anos 80 - Ongaku (AudioNote). Podem ler aqui sff:
http://www.audionote.co.jp/en/products/power_amplifier/ongaku.html
Pois essa maravilha de alta fidelidade que custava perto de 100 000 USD (isso mesmo!!) para ser apreciada em pleno necessitaria de um ouvido tão apurado como o de um maestro de orquestra sinfónica devidamente treinado... Por cerca de 350 USD um Cambridge Azur 351A (desde que bem integrado) deixaria perfeitamente satisfeito qualquer comum mortal audiófilo que não tivesse o tal "ouvido fenomenal"...
O Preço é só qualidade testada e validada realmente pelos nossos sentidos, ou é também ( e sobretudo) Marketing? Ou seja, boa publicidade, história e tradição, raridade provocada, embalagem cuidada e críticas a condizer??!!
segunda-feira, setembro 01, 2014
Perús cinéfilos
Este Post não é - antes fosse ... - sobre o filme de animação "Free Birds" de 2013, no qual dois perús de diferentes persuasões têm de pôr de parte as respectivas querelas para arranjar forma de tirar o "perú" dos menus de Natal (Thanksgiving , melhor dito).
Os viciados em cinematografia inventaram a palavra Perú ("turkey") para designar um filme que é mau de mais para ser verdadeiro. Normalmente os "turkeys" são gozados nas redes sociais de forma expressiva, não faltando os comentários incisivos e as comparações malévolas.
Existem até alguns destes "turkeys" que por serem tão maus, mesmo tão maus, acabam por se transformar em objectos de culto. Por exemplo, o impagável "Attack of the Killer Tomatoes", de John De Bello, 1978, o qual começou por ser um filme de terror sobre uma invasão alienígena, mas como estava cheio de parvoíces, do princípio ao fim, acabou por ser visto (ainda hoje) como uma paródia aos filmes do género.
Tudo isto vem a propósito de ter passado o dia de ontem em casa, à espera do derby futebolesco, vendo o filme "Noé" (Noah no original).
Nunca vi coisa tão mal feita. Já não tinha forma de descansar o real assento no sofá, tal a incomodidade que o cab*** do filme me causava. Vi-o até ao fim, na suposição que semelhante purgatório serviria em alto grau para descontar nos tempos que irei passar no verdadeiramente dito cujo depois de morto, mas tenho de confessar que foi esse um esforço e peras... peras não, marmelos, e dos verdes, que são mais amargos.
Não tem esse filme ponta por onde se lhe pegue...A descrição mais verídica que li dele (depois da sessão estar consumada) foi mais ou menos isto: "Noah and the hard rock Transformers meet the Village People? What an incoerent load of shit!".
Outro site mais "manso" descreve assim aquilo: “Noah meets Transformers meets Mad Max meets Waterworld."
Perante esta salsada de anjos caídos que pareciam gigantes de pedra post-apocalípticos e de diálogos inenarráveis, pôe-se a questão: Anthony Hopkins estavas assim tão à rasca de massas para teres entrado naquilo?
Enfim...Perante aquela coisa do "Noé" até parece que o filme que vi na véspera - "Godzilla 2014" - apesar de ser também ele mauzinho , por comparação seria digno de ser oscarizado...
Acabando com décadas de hostilidade entre a humanidade e o histórico monstro, neste remake o velho Godzilla acaba aliado dos humanos, combatendo bravamente contra o casal de M.U.T.O's (Massive Unidentified Terrestrial Objects) que por ali aparece, os ditos MUTOS são consumidores frequentes de radioactividade e grandes engolidores (sobretudo a fêmea, sem ofensa!) de misseis intercontinentais...
Enfim, não é todos os dias que se fazem 59 anos e um gajo também tem direito a uma tripezita de vez em quando. Uma coisa é certa: cogumelos daquela marca que meti no arroz de marisco de Sábado, nunca mais os compro.
Livra!! Comprar Noés na FNAC e tirar Godzillas da Net?
Bezana por bezana prefiro o velho Lagavullin e um filme dos Marretas...
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