quinta-feira, abril 10, 2014

O Tempo

Desta vez não me vou queixar do S. Pedro (que parece ter ido já recauchutar as orelhas, de tanto ardor que tinham) mas sim de alguém ainda mais antigo. Muito mais antigo por acaso,

O velho Cronos, titã da mitologia grega que tinha o mau hábito de comer os filhos assim que estes nasciam. Comer mesmo! Não era "comer à moderna"! Digamos que para um Pai ambas as coisas são condenáveis, mas a que envolve mastigação será muito pior. Sobre o assunto diz-nos a Wiki:

Esta representação deve-se ao facto de os antigos gregos tomarem Chronos como o criador do tempo, logo, de tudo o que existe e pode findar, sendo que, por este facto, se consideravam como filhos do tempo (Chronos), e uma vez que é impossível fugir ao tempo, todos seriam mais cedo ou mais tarde vencidos (devorados) por ele.

Pois o que me parece estar agora a acontecer é que começa a faltar-me o tempo. As horas e os minutos. Não no sentido da morte a esperar!! Nada disso. Essa quando vier que venha, estarei pronto para nova aventura! Sou optimista  todos os dias!

Apenas acho que me falta o tempo para as coisas do dia-a-dia. Cada vez mais a filatelia é objecto do interesse da sociedade civil. Cada vez mais há que sair para fora do nosso umbigo, explicar as entrelinhas deste velho negócio, combinar apresentações e lançamentos, falar de Postais Inteiros e de carimbos comemorativos.

E, por outro lado, as minhas idosas  -  as "santas" como lhes chamo - estão cada vez mais frágeis e a precisar de acompanhamento. E como o "Je" é viúvo e filho único, para cima dele caem as obrigações.

A santa lá de cima andou semana e  meia com um pé partido porque se recusava a ir ao médico e ao hospital, com medo que a engessassem e não pudesse "acomodar o vivo".  Tratar das galinhas, patos, coelhos e mais bicharada. Imaginam se isto ainda pode acontecer no Portugal de hoje??!! Pois eu também não imaginava...

As duas cá de baixo andam agora à volta com as gripes. E todo o cuidado é pouco para evitar complicações de pulmões. Que já começaram.

Com um olho no burro e outro no ladrão (o politicamente correcto malta!!) por cá vou vivendo.

Valem algumas coisas boas da vida: o magnífico cozido à portuguesa em casa do amigo Álvaro de Sábado passado (mais um de cair para o lado, só com produtos do chamado Pinhal Interior Sul, que agrupa Oleiros, Vila de Rei, Sertã e Proença-a-Nova ); a volta ao pequeno écran dos Da Vinci Demon's e War of Thrones;

E sobretudo o magnífico livro de poemas de Manuel Alegre ontem apresentado no Quartel do Carmo, País de Abril, posto à venda pela D. Quixote a preço de saldo para que se esgote. E bem merece!!

Até amanhã e aproveitem bem o Tempo!  Tal como a Terra, este também já não se fabrica...

Um comentário:

Américo Oliveira disse...

Ainda não comprei o novo livro de Manuel Alegre mas já li alguns dos poemas nele incluídos, como este que agora partilho convosco:

A RAPARIGA DO PAÍS DE ABRIL

Habito o sol dentro de ti
descubro a terra aprendo o mar
rio acima rio abaixo vou remando
por esse Tejo aberto no teu corpo.

E sou metade camponês metade marinheiro
apascento meus sonhos iço as velas
sobre o teu corpo que de certo modo
é um país marítimo com árvores no meio.

Tu és meu vinho. Tu és meu pão.
Guitarra e fruta. Melodia.
A mesma melodia destas noites
enlouquecidas pela brisa do País de Abril.

E eu procurava-te nas pontes da tristeza
cantava adivinhando-te cantava
quando o País de Abril se vestia de ti
e eu perguntava atónito quem eras.

Por ti eu me perdi eu me encontrei
por ti que eras ausente e tão presente
por ti cheguei ao longe aqui tão perto..
E achei achando-te o País de Abril