A Terra é um bocado velha. Pensa-se (rastreando meteoritos por métodos radiométricos) que o planeta onde vivemos terá algo como 4,54 mil milhões de anos.
(4,54 X 10 elevado à potência 9, o bilião americano que não se deve confundir com o bilião europeu que representa 10 elevado à potência 12).
Na escala cósmica 4,54 mil milhões não é assim uma "idade" muito impressionante. Talvez menos de metade da idade do Universo. Por isso podemos afirmar que, em termos humanos, a Terra terá agora entre 40 e 50 aninhos. Boa idade. Já por lá passei ... e gostei.
Mas divago.
Sempre vou dizendo que é normal admitirmos que as entidades com esta idade "média" são capazes de começar a desenvolver algumas maleitas. O colesterol, a diabetes, alguma disfunçãozita nas articulações ( as artroses dos esforços de juventude) e coisas desse género.
Mas com a nossa Terra , e fruto da cambada de hóspedes indesejáveis que por lá pernoita, a situação ainda é pior. Muito pior.
Temos ultimamente dado cabo da cama onde nos deitamos, da mesa onde comemos e da cadeira onde descansamos. Somos piores do que a velha "marabunta" a destruir o que nos foi dado para cuidar.
Os nossos descendentes ficam já a apanhar bonés com as dívidas que lhes deixamos, fruto do que toda a gente diz ser uma "má gestão" dos Governos.
Então o que dizer quando o assunto for aquilo que lhes deixaremos para viver? O solo, o mar, os rios, os lagos, as montanhas, tudo poluído e envenenado?
Eu, se fosse um desses jovens agora com 3 ou 4 anos, logo que me apercebesse do que me tinham deixado em testamento iria logo mijar para cima da campa dos cotas. Isto no caso de ainda poder mijar sem dor nessa altura...
Por isso, haja mais bom senso. Celebremos o Dia Mundial da Terra com actos e não apenas com belas frases e discursos arrebatadores.
A Assembleia Geral das Nações Unidas celebra em 2014 o Dia Mundial da Terra-Mãe , com especial enfâse na questão da vida nas cidades e na necessidade de tornarmos as nossas cidades cada vez mais "verdes". Leiam aqui sff:
"Earth Day 2014 will focus on green cities, mobilizing a millions of people to create a sustainable, healthy environment by greening communities worldwide. Today, more than half of the world’s population lives in cities. As the urban population grows and the effects of climate change worsen, our cities have to evolve.
It’s time for us to invest in efficiency and renewable energy, rebuild our cities and towns, and begin to solve the climate crisis. Over the next two years, with a focus on Earth Day 2014, the Green Cities campaign will mobilize a global movement to accelerate this transition. Join us in calling for a new era of green cities.
Mother Earth is a common expression for the planet Earth in a number of countries and regions, which reflects the interdependence that exists among human beings, other living species and the planet. For instance, Bolivians call Mother Earth Pachamama and Nicaraguans refer to her as Tonantzin.
Recognizing that Mother Earth reflects the interdependence that exists among human beings, other living species and the planet we all inhabit, the General Assembly declared 22 April as International Mother Earth Day (A/RES/63/278)."
E eu não diria melhor.
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Recordo, a propósito, a poetisa brasileira Cecília Meireles:
A ARTE DE SER FELIZ
Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
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