Chegámos a
S. Martinho depois de um Natal quase sem história passado com a santa lá de
baixo. Perú assado no forno foi o prato do almoço do dia 25, apesar dos votos
contra do meu senhorio e de mim próprio. Mas a Senhora repete vezes sem conta
que “Natal sem Perú não é Natal”,
pelo que temos sempre de lhe fazer a vontade…
Estão à
hora em que escrevo uns 8 graus, mas parecem menos, talvez menos uns 4
grauzinhos, apercebidos pela força do
vento gélido que puxa a chuva da serra.
Está na
hora de fazer uma boa sopa de espinafres, acompanhar com pão do Sabugueiro e
com paio e chouriço cortados finos.
Trouxe para variar e desfrutar do espanto dos serranos amigos uns queijos
de Serpa, uns de cabra, outros de ovelha e mais alguns de mistura, todos
pequenos. Vamos a ver se adivinham como são feitos.
Amanhã
assamos um lombo de porco preto inteiro e depois, no Domingo, avançamos para o
peixe do costume: garoupa cozida com todos será o prato desse almoço.
Apenas de
adivinhar as couves tenrinhas aqui da nossa horta, que são doces ao paladar e
se desfazem na boca, quase que me apetece ( e vai ser o caso) construir todos
os menús em volta desse acompanhamento de luxo que não aparece nas cidades. E mesmo
aqui na Serra está limitado a poucos
meses por ano, e sujeito a granizadas e outras coisas que a invernia traz
consigo. Mas este ano – deixa-me bater na madeira – a horta está bem composta!
A aldeia
parece deserta a esta hora. Só anda mesmo na rua quem precisa. É nestes
momentos que compreendo porque motivo os antigos recolhiam a casa no Inverno
antes do bater das 5 da tarde, hora a que também começavam a fazer as parcas
ceias.
Claro que
hoje em dia a TV veio dar uma (ou duas voltas) a esses hábitos, mas para lá do
Telejornal e das Telenovelas, aos citadinos de passagem é quantas vezes mais
acolhedor o banco em frente à lareira com a sopa a fervilhar, ou, mais tarde,
com umas histórias para ouvir e para contar.
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