terça-feira, maio 22, 2012

Os "doggy bags"

Muita gente que dantes desdenhava e olhava por cima do nariz empertigado o anglo-saxónico costume de levar para casa o que sobrava nas travessas dos restaurantes, está agora a repensar essa atitude. E atualmente proliferam os "doggy bags"  pelas nossas moradas de restauração.

Não nos devemos admirar. a Crise espreita a qualquer hora do dia e da noite... E em casa onde há muitas bocas todos os truques são necessários.

Por outro lado penso que parte do problema está também na vasta quantidade de comida que muitos restauradores ainda "alojam" nas travessas. Aqueles restaurantes conhecidos por "farta-brutos" já terão conhecido melhores dias ( Fuso, Farta-brutos propriamente dito, Lavrador, Pão Saloio, etc...), até porque os tempos e as modas vão para preços mais baixos  e corpos mais esbeltos. Mas por essa periferia fora ainda se encontram alguns resquícios dessa relativamente abrutalhada "abundância capitosa" , daquilo que em tempos idos fazia a fama e o proveito de muitos restaurantes durante os passeios dominicais em família.

No meu caso existe um local onde frequentemente peço para trazer para casa aquilo que sobra. Apenas em relação a um prato, e só de vez em quando, quando a preguiça me impede de trabalhar de raiz no fim de semana, agarrado aos tachos.

Explico melhor : Na estimável Casa dos Pneus ( caminho para Bucelas, à saída do MARL, mesmo por baixo do viaduto onde passa a CREL) o proprietário trabalha muito bem a grelha de carvão. O seu bacalhau é excelente - enorme e bem demolhado. Por outro lado, a dose de bacalhau assado ( a 22 euros) é pantagruélica: uma posta de "costa a costa" que nunca mede menos de 45 cm por 20 cm... E com a altura correspondente à do bacalhau especial (mais ou menos um palmo). Estas doses são feitas para comerem  3 pessoas. A meia -dose (11 euros) será já suficiente para dois indivíduos normais.

Em casa vejo-me aflito para assar bacalhau convenientemente. Só lá na quinta onde a existência de terreno livre e de bidons adaptados a grelhadores facilita essa tarefa. Mas aqui no Estoril, não querendo dar espetáculo na pequena varanda , ficaria  sempre com a casa "empestada" se me atrevesse a semelhantes orgias "assadeiras"...

Por isso a minha técnica é simples. Lá nos "Pneus" peço uma cabeça inteira de bacalhau assado, mais uma posta do meio bem avantajada (portanto 44 euros). Retiro para o prato as badanas laterais da cabeça com a gola  - o  que, acreditem ou não, dá perfeitamente  bem para 2 pessoas - e levo para casa os meios da cabeça e a outra posta .

Chegado a casa desfio, tiro espinhas e peles e reservo no frigorífico.

Chegado ao dia do almoçito ponho a assar batata da boa partida às rodelas , cebola idem e muito alho picado grosso, com azeite, sal (pouco), colorau (pouco) e duas malaguetas. Uma horita depois tiro o tabuleiro do forno e acrescento as lascas do bacalhau assado. Cubro com rodelas de ovo cozido e vai mais uma meia hora para o forno.

Decorem com azeitonas pretas e uns raminhos de salsa ou coentros.

Experimentem e depois digam-me se não gostaram!

E por 44 euros comeram 2 lá no restaurante e mais 4 ou 5 lá em casa!

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