E é exatamente por aí, pelo exagerado grau dos vinhos de hoje, sejam verdes, brancos ou tintos, que começo.
Onde se encontra, sem ser na panóplia necessariamente limitada de Entre Douro e Minho, um vinho com 11,5 graus e daí para baixo?
Esta é para mim a graduação ideal para os meses de Verão, quando cá fora o termómetro bate acima dos 32º e o nosso corpo pede sobretudo refrescos...
Já vi quase de tudo para tentar - através da bebida - baixar a temperatura que nos aflige e limitar o grau álcool daquilo que ingerimos: desde misturar cerveja com ginger ale, passando pelas muitas receitas de Sangria, ou até deitar no jarro de tinto novo uma garrafa de 33 cl de "Sprite limão" e pedras de gelo q.b...
Mas se a comidinha for de feição - a sardinha assada com salada , os carapaus assados, uma salada de bacalhau crú (o célebre bacalhau onanista de meu mestre Quitério) - nada existe que mais satisfaça a veia gastronómica do impetrante, ao mesmo tempo que lhe sossega a sede tremenda que as quenturas lhe trazem, do que uma ou duas taças de verde tinto vinhão, sobretudo se as provarmos lá nos seus solares nortenhos.
Aqui para baixo o tinto verde , mesmo de qualidade, sabe sempre um pouco a remédio... O ideal será abrir a garrafa já refrigerada e deitar o conteudo todo num jarro de vidro, também previamente refrescado. Vão ver que assim se recupera algum do gosto original.
Em preço, qualidade acertada e servindo de "bombeiro" para os calores que se aproximam, não importa o que pensem os "senhores do vinho"! Viva o verde tinto carago!
Recomendo o Mata Loba (engarrafado em Cavez) e o já clássico Adega do Serrado. Para comprarem aqui em Lisboa, o Adega de Monção não é mau, mas se apanharem o Vinhão Aguião melhor!
E quanto às comidas? Bem a regra de ouro é limitar a quantidade e abusar da variedade: muitas saladas, em pratos diferentes, pouca batata, evitar molhos quentes (aqui o meu coração vacila quanto ao "molho à espanhola") e sempre que possível e desejável, irmos pelo gaspacho completo!
Ou seja, o belo conjunto de tomate, pepino, pimento, orégãos, presunto aos pedacinhos, azeite e vinagre, água e gelo, pãozinho do melhor! E acompanhado pelo que houver de mais fresco e mais pequenino nesse dia na praça: jaquinzinhos ou petingas, ambos a estrelicar.
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