Ainda agora mesmo aqui cheguei a S. Martinho de Seia e já provei o vinhito branco que tanto trabalho e prosa deu no Verão passado... E bebe-se bem, posso garantir! Até bem demais ...Com os 4 grauzitos de temperatura ambiente que já estão pelas 14.00h...
Os Amigos do SP desafiam-me, dizendo que deve dar mais trabalho fazer comida do que colocar belas imagens na InterNet...
Ora peço licença para discordar. Para mim cozinhar é uma forma de terapia. Sabe-me bem estar de volta dos tachos e das panelas, ao fim de semana, em casa ou em casa dos amigos. Sei que é hoje um lugar comum falar destas cenas de temperos como sendo terapia, mas verdadeiramente devo confessar que cozinhar me sossega...
Talvez porque há sempre um objectivo definido: dar de comer , e bem, a quem nos une algum laço de amizade ou de amor. Quantas vezes o nosso trabalho de todos os dias se definha porque (exactamente!) não tem quem o compreenda, nem quem o valorize? E porque, muitas vezes, vezes demais, essa valorização depende do conhecimento e o conhecimento, esse, está guardado dentro de quem faz e não dentro de quem avalia...
Enfim, filosofias baratas que se desfazem ternamente diante de um belo fogão , algumas cebolas, alho que baste, tomate que se preze, e boa vontade do aprendiz de "queima-cebolas"...
Este Aprendiz muito deve ao Amigo Mendonça, que o ensinava pelo exemplo, mas também a uma saudável curiosidade pelas coisas de comer e de beber, apoiada em muitos anos de "utente" desses mimos.
Passar de Utente a Cliente e deste a Cozinheiro\Fornecedor , convenhamos que é tarefa difícil...Sobretudo porque o "Je" estava mal habituado. Até aos 44 aninhos fui Utente e Cliente. Gastrónomo acho que ainda não sou...Estou a aprender com alguns dos melhores... Agora, Cozinheiro é mesmo a brincar...
Utente é quem come o que lhe colocam à frente - "O Utente da cantina da cidade universitária". Cliente é quem escolhe o que come, Gastrónomo é quem ensina aquilo que quer que lhe sirvam, Cozinheiro\Fornecedor é o desgraçado que tem que dar de comer aos três...E às vezes ao mesmo tempo.. E às vezes estando todos os três grupos sentados na mesma mesa... Convenhamos que não é fácil...
Imaginem o filme com o "dinheiro utente" (aquele que paga a conta, neste caso um "javardo" endinheirado) sentado à mesa com o "cliente remediado" e dando a sua direita ao "gastrónomo teso"... O Primeiro queixa.se da dourada de mar, assada, com quase 3,5 Kg, raríssima nos dias que correm, porque "está nuito rija, para peixe!"...O Segundo acha que nunca lhe passou coisa tão boa pelo estreito e o Terceiro, amaldiçoa o Chef de cozinha que foi enfeitar de tomate e cebola, peixe de tal nobreza...
O Chef de cozinha, que só tentou agradar a quem paga, deve dizer mal da vida dele e desejar que vão os dois extremos (Utente e Gastrónomo) entreter-se com os cornos de ambos os progenitores...
Por esse motivo e depois de mais de 25 anos de observações científicas, tenho algum pudor em passar da categoria de Cliente à de Gastrónomo...
Para bom entendedor...
E pronto, mesmo com o frio está-se-me a secar a garganta, motivo pelo qual empreendo a dificil jornada até à Adega onde não só é o Branco que me espera, como também há que experimentar o tinto de 2009, antes de o levar a Nelas para análise na Cooperativa do Dão...
São servidos?
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