sexta-feira, novembro 27, 2009

Para Descansar a Vista

Sexta feira 27 de Novembro. Vamos apresentar o Livro "Palácio de Belém", de Diogo Gaspar e de Teresa Santa Clara (Director e Historiadora do Museu da Presidência da República) na Figueira da Foz, Átrio do Casino da Figueira, pelas 18,30H

Amigos filatelistas e coleccionadores da Região centro, apareçam que são bem vindos!

E, para descansar a vista , apresento-lhes um Poeta português pouco conhecido, António de Sousa:

SONATA
Ando a espalhar, ao vento vário, uns sonhos
tão pobres e cansados
que só os pobres pobres como eu
- até de mim o sou ... -
lhes falam n`alma.
Uns sonhos mortos-vivos
onde a lua ainda é madre de poesia
e o mar e o céu jogam ondas e estrelas,
no regaço da noite, às escondidas.

Pesado de remorsos
dumas horas bravias e carnais,
pigarreando entre esboços de rezas
aguados versos,
ando a espalhar, ao vento vário, uns sonhos.
Semeador mal-parado neste mundo,
tudo me diz que é outra a minha leiva.
Mas o caminho certo, quem o sabe,
aonde nem os santos o calcaram
livres de enganos e visões de medo?

António de Sousa
In "Linha de Terra", Lisboa, 1951

ANTÓNIO DE SOUSA (25.12.1898 - 16.04.1981)
O longo percurso de António de Sousa inicia-se, nos finais da segunda década do século XX, sob o signo do "Saudosismo", publicando, então, o poeta "Cruzeiro de Opalas", 1918 e "O Encantado", 1919 (sob o pseudónimo de António de Portucale).O seu nome figura, depois, nas revistas que preparam o aparecimento da Presença, como Bizâncio e Tríptico, tendo sido inclusive um dos reponsáveis pela publicação desta última. A Presença, lugar de convergência do que de mais vivo se passa na literatura portuguesa entre 1927 e 1940, e que incluirá em 1937 nas suas Edições o quarto título de António de Sousa. A "Ilha Deserta" vai ser determinante na aproximação do poeta ao espírito do Modernismo. Ele e Afonso Duarte, igualmente oriundo do Saudosismo, exemplificam bem o que é o poder de atracção da "folha de arte e crítica" de Coimbra junto dos que estão, então, empenhados na renovação do nosso lirismo. A que se refere David Mourão-Ferreira, e para que alguns presencistas deram um importante contributo, é um dos aspectos onde melhor se torna notada a modernidade da poesia de António de Sousa.

In Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português

Verbete do Professor Doutor Fernando J. B. Martinho

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