terça-feira, novembro 24, 2009

A angústia das famílias no final do mês


Havia um livro que depois deu filme do Wenders, chamado "A angústia do Guarda-redes antes do Penalty", lembram-se? aqui vai uma dica:

"Neste livro, em que a angústia causada pelo penalty é uma metáfora da vida, aspecto sublinhado no filme sobre ele feito por Wim Wenders, Peter Handke fala-nos de um amigo guarda-redes que depois de ser despedido do emprego assassina uma mulher, sua ocasional amante e deambula num mundo que parece ter perdido todo o sentido."

Neste momento penso muito no que será a angústia de certas famílias ao tentarem esticar os parcos recursos até que chegue outra vez o dia de São Vencimento ( as que mesmo assim têm sorte) ou o aparentado dia de Santo Subsídio... E a viver num mundo que parece efectivamente ter "perdido todo o sentido"...

Ao deambular pelos hipermercados, nas minhas habituais viagens matinais dos fins de semana, reparo nas corridas aos produtos brancos ( que nalguns casos , e fruto da inevitável lei da oferta e da procura, já são tão ou mais caros do que os "outros"), nas filas de espera para arrancar a carne de frango em promoção , no aproveitamento das outras promoções, etc, etc...

Os próprios gerentes já se deram conta da crise nas caixas registadoras e montaram dentro das lojas espaços "discount" , onde vendem produtos a preços mais baixos, porque estão a passar de validade ou porque são de marcas menos conhecidas.

Lembram-se de como os economistas falavam dos três passos desta Crise?

a) Primeiro a Habitação

b) Depois os Automóveis, os Consumos supérfluos, a Restauração e as Viagens

c) Finalmente a economia de subsistência, a comida, as propinas escolares, os seguros...

Esta crise que se instalou com armas e bagagens em Portugal, de facto sentiu-se primeiro na Habitação, passou e continua a passar pelo Mercado Automóvel, mas, mais grave mesmo, já hoje se sente também na Restauração, nas Lojas de Roupa, e nos Super-mercados, sobretudo nas cidades mais periféricas, onde a falência de um ou dois grandes empregadores é causa suficiente para impactar a economia local de forma negativa.

E vem aí o Natal... Época onde todos estes dilemas sociais têm tendência para se agudizar, sobretudo em famílias com crianças...

Está difícil ultrapassar este "vale de lágrimas" !
Só desejo que haja senso comum que baste da classe política e empresarial, no reforço dos apoios e na criação de mais emprego, para que a falta de meios e a carência generalizada não descambe na marginalidade, tal como aconteceu na América do Sul e Central, exactamente pelas mesmas razões...

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