quarta-feira, setembro 03, 2008

Esperança ou Desespero a Leste?

Quem tem saudades da Guerra Fria? Não me lembro muito bem desse tempo, eu que nasci em 1955 e que tive de lidar durante toda a adolescência e o início da idade adulta com um problema interno bem maior.

Recordo-me da "Crise dos mísseis de Cuba" mas tenho dúvidas se aquilo que retenho na memória desse episódio não estará hoje muito influenciado pelo (excelente) filme que retratou o caso e que tem passado na TV Cabo várias vezes... Com Kevin Costner, Steven Cup e Bruce Greenwood , respectivamente nos papéis de Kevin O'Donnell Special Advisor , Attorney General Robert Kennedy e Presidente John Kennedy.

Segundo parece, à luz do que se sabe hoje, a figura de Kevin O'Donnell terá de facto existido e sido confidente dos Kennedy, desde os tempos de Harvard, mas a sua importância histórica na famosa "Crise" não foi a que lhe dá este filme.

Lembro-me ainda da forma empolgante como o Diário de Notícias e o Diário Popular - que eram os jornais que o meu Pai levava todos os dias para casa - tratavam as conquistas do espaço americanas e soviéticas, no fim de contas mais um palco da "guerra fria". E lembro-me sobretudo da grande comoção lá em casa , onde éramos todos Democratas, quando do assassinato de J. Kennedy e , logo a seguir, do seu irmão Robert.

Do que não me consigo lembrar é que existisse em Portugal uma fobia da "Terceira Guerra Mundial" ou do ataque com armas nucleares...

Portugal estava envolvido na Guerra de África e eram essas notícias - ou a respectiva "edição censurada" - que enchiam as páginas dos jornais. O medo que existia era o de que algum filho, ou irmão, ou sobrinho, fosse para lá e não viesse mais.

Nesse sentido recordo-me de que a ida para a Guiné, já no início dos 70, era quase que uma condenação à morte na mente dos que para cá ficavam... E não esqueço as lágrimas à despedida e no regresso dos heróis.

Neste Século XXI estaremos próximos de um novo conflito entre grandes potências?

Duvido muito... A Federação Russa não tem - nem de perto nem de longe - o poderio bélico que teve a União Soviética e, bem perto de si, tem outra potência com capacidade nuclear não muito "amistosa" e acesso ao Mar Negro : a Ucrânia.

Os USA, por muito ocupados que estejam no Iraque e no Afeganistão têm capacidade - sobretudo naval - para aguentar com qualquer guerra do tipo convencional que não envolva guerrilha e tácticas subversivas urbanas.

Por outro lado a Federação Russa tem o petróleo que alimenta a industria da Europa e o gás natural que a aquece . E, como dizem os especialistas , tem o poder de destruir o fluir dessas matérias primas cortando os pipelines de abastecimento, o que é o mesmo que ter o poder de as controlar efectivamente.

Não sendo "loucos perigosos" - por acaso nisto aqui tenho algumas dúvidas, mas pronto, vou pela positiva... - os dirigentes das potências envolvidas, a quem lucrará uma escalada de armas deste tipo?

A ninguém... Reparem que mesmo os fabricantes de armamento devem pensar que uma guerra nuclear não será a melhor ideia para lhes esvaziar os armazéns... Onde poderiam depois ir gozar o dinheirito ganho? Muito melhor para o efeito serão algumas guerrazitas africanas ou asiáticas de trazer por casa...

Eu - que nada percebo destas coisas - mas que sou como todo o português , que dá opiniões sobre tudo sem nada saber de concreto, já fiz a minha "análise da situação":

Se se pôem com estes assomos de galos de combate não será porque está por detrás disto tudo uma estratégia - porventura combinada entre o Kremlin e a Casa Branca - para uma calma divisão dos "despojos do dia " no Cáucaso em troca da não interferência Russa numa possível "entrada" dos Marines pelo Irão em armas?

O "mexilhão" (os pobres tristes que morrem e são desalojados) é que se está sempre a lixar com estas manobras... São os danos colaterais...Tenham paciência...

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