A organização " Watch World Institute" de S. Francisco, postula que, já em 2008, metade da População Mundial viverá em Cidades.
Dentro de 20 anos serão 70%
Há apenas 100 anos atrás essa percentagem era de 10%.
João Morgado Fernandes, Director do Diário de Notícias escreve no seu Editorial que - para o caso português - este situação não é assim tão preocupante, pois há necessidade de que os centros das nossas cidades sejam povoados e adquiram vida comunitária, afastando-os assim da marginalidade: exemplo - a Baixa de Lisboa depois das 23.00H
Não deixo de comentar esta situação com alguns amargos de boca.
Em primeiro lugar estamos a falar de quê?
Cidades de Favelas ou de barracas sem condições de higiene, como a Cidade do México, ou S. Paulo, e que existem na generalidade dos Países africanos e da América Central e do Sul?
Cidades como Xangai - a maior taxa de crescimento do mundo - onde dizem (falta provar) que a mão de obra imensa necessária a esse crescimento é simplesmente arrebatada dos campos chineses sem que os próprios tenham alguma coisa a dizer?
A Barragem dos três rios obrigará a deslocar quantos milhões de pessoas? Estamos mesmo a ver que se vão fazer alguns milhares de "Aldeias da Luz" na China como aqui por causa do Alqueva, não estamos?
Ou cidades à europeia, como Paris, com belos bairros de classe alta e média alta a conviverem com ghetos de betão (as favelas aqui deste lado do mundo são de cimento)?
Ou cidades à "Americana do Norte", como Nova Iorque, onde a 7ª Avenida convive com o Bronx e com o Harlem, e onde para entrar em certos bairros é preciso "passaporte"?
Ou, finalmente, cidades como a nossa Évora e a italiana Florença, onde o Homem ainda parece ser a medida das outras coisas e a vida comunitária tem espaço e qualidade para se exprimir?
Que vantagem terá algum camponês de Montezinho, Distrito de Bragança, para largar a sua lareira e vir habitar uma barraca na Musgueira?
Talvez muito menor do que um Cabo Verdiano que passe fome na sua terra e que, por isso, prefere sonhar com uma vida melhor na Amadora...
A mim assusta-me a noção de que a cidade está a tornar-se uma espécie de "buraco negro" voraz, factor de atracção fatal para oa habitantes da nossa ruralidade. Assusta-me e entristece-me...
A Desertificação do espaço rural será uma consequência sem remédio da globalização?
Para alimentar os Biliões de seres humanos teremos de apostar cada vez mais na agricultura e na pecuária geneticamente assistidas, feitas nos arrabaldes das grandes cidades?
Tive ocasião de ver em Chicago - maior entreposto de carne bovina do mundo - a forma como as reses são "processadas" para alimentar os milhões de americanos e de outras pessoas de nacionalidades diferentes.
É um processo industrial altamente controlado, onde centenas de milhares de animais -alimentados a ração e cheios de antibióticos para minorar os riscos de propagação de alguma doença em tão extrema convivência - são mortos e esquartejados entrando numa "fila de morte" desde que chegam à Fábrica até que todo o conteúdo do seu corpo seja aproveitado: as diferentes espécies de cortes da carne, os ossos, a pele, etc...
O Cheiro brada aos céus!! Dá-nos vontade de passar a ser vegetarianos...
E, no entanto, também nos USA é possível ver ranchos que apostam no regresso ao passado, no pastoreio das reses em terrenos bravios, só com erva e grão. Mas o preço desses bifes Premium é quase 20 vezes mais alto do que o dos outros bifes processados em Chicago. É para quem pode pagar o luxo....
Um luxo que, há 50 anos atrás, seria a forma natural da carne nos vir parar ao prato.
Para onde caminhamos? Que "apagada e vil tristeza" nos aguarda no fim desta linha de crescimento sem desenvolvimento?
Para quê mais gente nas cidades?
Um comentário:
Odesenvolvimento é grande na grande cidade mas e a sabedoria, onde está:
Um velho agricultor alentejano, com sérios problemas financeiros, comprou
uma mula de outro agricultor por 100,00 Euros.
Concordaram que a entrega da mula seria no dia seguinte.
Entretanto, no dia seguinte, o agricultor chegou e disse:
- Desculpe-me, mas tenho más notícias. A mula morreu.
- Bom, então devolva-me o dinheiro.
- Não posso. Já o gastei.
- Tudo bem. Mas, traga-ma na mesma.
- E o que e que vai fazer com uma mula morta?
- Vou rifá-la!
- Você não pode rifar uma mula morta!
- Claro que posso! Só que não vou dizer a ninguém que ela está morta...
Um mês depois, os dois homens encontram-se e o agricultor que vendeu a
mula perguntou:
- Entâo, que e que aconteceu à mula morta?
- Rifei-a como lhe tinha dito. Vendi 500 números a 2,00 Euros cada e tive
um lucro de 998,00 Euros.
- E ninguém reclamou?
- Só o fulano que a ganhou na rifa... Devolvi-lhe os 2,00 Euros...
Um abraço Paulo Mendonça
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