quinta-feira, janeiro 18, 2007

Fumeiro do Barroso 2

O Tradicional Fumeiro da Terra Fria de Trás-os Montes tem de ser defendido em termos de certificação.

A certificação de produtos tradicionais é um garante da sua autenticidade, contribuindo decisivamente para uma estratégia de desenvolvimento local alicerçada na projecção e valorização dos seus recursos endógenos.

A certificação do fumeiro regional de Trás-os-Montes é um garante da autenticidade da carne, que tem de ser obrigatoriamente de porco Bísaro ou do cruzamento desta espécie.

Em Trás-os-Montes os produtos de salsicharia que se encontram com protecção comunitária e certificados como Indicação Geográfica Protegida são: Salpicão de Vinhais, Chouriça de Carne ou Linguiça de Vinhais e o Presunto de Barroso.

Certificada como Especialidade Tradicional Garantida encontra-se a Alheira de Mirandela.

Perspectiva-se para curto prazo nova certificação de outros produtos tradicionais de salsicharia com Indicação Geográfica Protegida, nomeadamente o Presunto Bísaro de Vinhais e o Chouriço de Abóbora de Barroso.

Qual o maior problema? Infelizmente a burocracia e as regras comunitárias que obrigam a que as pequenas explorações tenham um sem número de restrições à sua laboração, supostamente para proteger a saúde pública, mas de facto funcionando como entraves ao trabalho artesanal de anos perdidos no tempo.

Cito aqui a "explicação oficial":

Segundo a legislação dos estabelecimentos de venda directa, encontra-se em desenvolvimento o projecto das Cozinhas Tradicionais de Fumeiro, onde não mais de três trabalhadores podem transformar 3.000 Kg de matéria prima por ano , cerca de 20 porcos Bísaros, sendo a comercialização desta produção apenas permitida nas cozinhas ou em feiras e mercados, num raio de acção de 40Km.

Comentário: estão a ver o produtor com a fita métrica a medir os 40 Kms, e a ver passar a chouriça de plástico para os Continentes de Lisboa e do Porto?

Actualmente estão a ser implementadas 35 cozinhas de fumeiro com as devidas condições higieno-sanitárias (tendo beneficiado de um financiamento de 50% do investimento), o que leva a prever, num cenário de máxima produção, 105 postos de trabalho responsáveis pela transformação de 105 toneladas de matéria prima (cerca de 700 porcos Bísaros).

Comentário: mesmo 50% de financiamento pode ser de menos para pequenos produtores obrigados a construir sala de frio, sala de ensacamento separada e sala de desmancho também separada, tudo revestido a azulejo branco e com infra-estruturas... Concordo a 100% com a necessidade das infra-estruturas (esgotos) mas porquê tanta sala separada?

Defender a saúde pública é obviamente necessário e mais do que prudente nestes tempos (gripe das Aves...). Mas asfixiar uma actividade artesanal com este tipo de exigências, mais condicente com a dimensão média dos lavradores alemães ou franceses, parece-me mal pensado e pior aplicado.

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