Com "chapelada" à Universidade de Coimbra (de cujo site o retirei) aqui anexo "6 poemas de Goa", de Liberto Cruz (1935-).
SEIS POEMAS DE GOA
1. Atravesso
Devagar
A ponte
Dos Portugueses.
Tem cinco séculos.
Uma saudade de pedra.
2. Terra vermelha.
Verde o arroz.
De chumbo
Um céu dourado.
Sortilégios
Multicolores.
3. Dia da cobra:
Ninguém trabalha.
Respeita,
Diz-me o jardineiro,
E serás
Respeitado.
4. Bairro das Fontaínhas:
Sinto-me em casa.
A paisagem
Respira-se
Como quem
Saúda um vizinho.
5. Bovinamente altivos
Os búfalos
Pisam os campos
Do arroz.
Seu território
Percorrem.
6. Festa do Ganesh.
Cumprida a missão
Deslizam
Depois
De tromba diversa
Pelas águas do Mandovi.
Pangim, Julho/Setembro de 1996
Liberto Cruz
Nota: Para além da sua obra como ensaísta, crítico literário, tradutor, coordenador de publicações de obras literárias, Liberto Cruz publicou seis livros de poemas – Momento, Névoa ou Sintaxe,Itinerário, Distância, Caderno de Encargos e Sequências; dois poemas longos em forma de pequeno livro – A Tua Palavra e Ciclo–; uma Gramática Histórica, próxima da poesia experimental, um diário de guerra em brevíssimos versos- Jornal de Campanha. A sua poesia figura em inúmeras antologias.
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