terça-feira, junho 28, 2016

Bienal do Azeite



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Sempre estive mais virado para o vinho.

Que querem, o azeite fazia parte dos dados adquiridos quando casei na província.  


A "casa agrícola" dos meus sogros também tinha vinho, e bom! Mas de facto o azeite não se discutia tanto como o vinho. 

Lá estavam as árvores, lá se colhia a azeitona em Dezembro, lá se fazia a lagarada.  Enchiam-se os potes, começava a usar-se do mais antigo, a malta arrecadava uns garrafões para trazer para Cascais e pronto.

O vinho era a estrela da companhia. Alvo de provas e reprovas (nalgumas "reprovavas" mesmo para baixo da mesa). Vinham os taberneiros e donos das lojas testar os depósitos, faziam-se as travessas de febras para ajudar à festa, abria-se um queijo velho para ensopar. E quando se faziam as contas era quase ela por ela... O preço a que o meu sogro vendia o litro quase não dava para cobrir as tais "festas" das provas e reprovas.

Este azeite feito em lagar conhecido e com a nossa azeitona passou de moda.

Costumávamos fazer a noite da lagarada à espera do trabalho da pressão, assando postas de bacalhau com batatas a murro numa fogueira acesa em frente ao lagar. Não só todos comiam e bebiam bem como também era desculpa para estarmos de olho na nossa azeitona, garantindo que o azeite que se levava era o que correspondia à azeitona de nossa casa.

Hoje não funciona assim. Entrega-se a produção  e o mestre do lagar faz a mistura atendendo à qualidade e "raça" do fruto.  Paga-se  em dinheiro  e já não  em quinhão de azeite.

Em Castelo Branco realiza-se de 1 a 3 de Julho a Bienal do Azeite, desta vez centrada no tema: “O Azeite e a Dieta Mediterrânea".  Este evento realiza-se  de dois em dois anos e é organizado pela Câmara de Castelo Branco, Casa do Azeite, APABI (Associação de Produtores de Azeite da Beira Interior) e Confraria do Azeite.

Os CTT e a Filatelia vão lá estar, representados pela TerraProjectos, tal como aconteceu em Santarém, na Feira Nacional da Agricultura. 

É um pretexto para visitar a bela cidade e provar os queijos fenomenais que por lá se fazem. Idanha-a-Nova e Alcains integram os rebanhos da  Cooperativa de Produtores de Queijo da Beira Baixa, que foi muitas vezes ofuscada pela aristocracia da serra. 

Mas que agora ganham estatuto e nobreza.  Entre eles o Castelo Branco Amarelo DOP. Mas sem esquecer os "queimosos" de sabor e cheiro tão característicos que sabemos de fonte segura que a mulher do nosso amigo que nos costuma trazer uns para o “Jockey” já lhe fez um ultimato: ou vem ela ou vêm queijos desses no carro. Ambos nunca!

Vamos até lá provar o azeite, comer o bacalhauzinho e trincar alguns destes queijos.


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