A coscuvilhice tanto é macha como é fêmea.
E não me venham com tretas sobre a natural tendência das senhoras para bisbilhotar. Conheci e conheço muitos homens que são piores.
Normalmente esta secular actividade está ligada ao ócio, e como nos tempos antigos eram as senhoras comadres as que teriam mais tempo livre, talvez isso justificasse a fama ( e proveito) de serem praticantes fervorosas da fofoca.
Agora que tenho a santa em minha casa dei conta da quantidade de amigas da idade dela que por lá passam para saber da saúde. Ao princípio não as deixava entrar, dava-lhes as novidades pela janela. Mas isso não contentava as senhoras vizinhas... Queriam entrar, queriam falar e saber os detalhes todos do que se tinha passado no hospital.
São as "amigas da missa" as que iam com ela todos os domingos à missa na igreja de Santo António.
Quando cometi a imprudência de deixar entrar a primeira mal sabia que atrás daquela viria outra e outra e ainda outra... O mais engraçado é que como a minha mãe está um bocado baralhada (para não dizer outra coisa) a história que lhes vai contando nem sempre é a mesma.
Daqui têm surgido confusões, porque as senhoras vizinhas já de si , sem precisarem de nenhuma ajuda, "esticam" tudo o que ouvem, imaginemos então se as fontes não são fidedignas...
Um acidente psicótico passou a AVC. Este já era enfarte agravado. E pouco depois, se não tenho cuidado, ainda a "matavam".
Recordo-me sempre do escudeiro Gonçalo Borges (o grande actor Costinha) no filme Camões, a dizer para Beatriz da Silva (Eunice Muñoz) , que pretendia salvar o poeta: "Eu senhora dona Beatriz? Perdoar a esse homem ? Que me matou?!"
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