Na Terça feira recebemos em Lisboa (num almoço no Jockey) uma personagem admirável.
Trata-se de um dos maiores especialistas mundiais em vinhos, antigo perfumista numa grande casa francesa e que mais tarde utilizou as enormes capacidades olfactivas para se transformar num dos melhores provadores e conhecedores de vinhos de todo o mundo.
É o Sr. Ralf Weinman. Pessoa essencialmente discreta, que apenas tem 20 clientes em todo o mundo (alguns nem divulga devido a serem facilmente identificáveis pela altíssima notoriedade) desde o Golfo Pérsico até à Alemanha ( sua terra natal), passando pelos USA, Suiça e Reino Unido. Para esses "pobrezinhos" aconselha a comprar, constrói de raiz as caves de vinhos e ainda os visita regularmente para testar a evolução das garrafas.
Eu, que entre amigos achava que percebia alguma coisa de vinhos, levei nesse almoço uma "abada" ainda maior do que os 6 a 0 que o SLB e o SCP "ofereceram" na Luz e em Setúbal ontem à noite...
O "homem" sabe de tudo. Identifica os grandes anos de Porto Vintage no copo ( na Garrafeira Nacional já deixaram de fazer apostas com ele...Quando chegava e começava a brincar com o dono, "limpava" tudo). Explica os defeitos de certos vinhos atuais , mais feitos à base de processos químicos do que com arte e paixão. E defende tenazmente a qualidade dos vinhos com muitos anos de garrafa, desde que bem feitos e armazenados em condições. Adora os grandes brancos alemães, Rieslings e Gewürztraminer (Roter Traminer), com anos e anos de engarrafamento. E se possível apenas compra garrafas Magnum. Desde que as haja...
No seu castelo na Alemanha possui cerca de 28 000 garrafas, entre as quais se podem encontrar as maiores preciosidades deste mundo vínico, desde os Romanée-Conti de 37 (25,000 usd) até aos míticos Bordeaux Médoc de 1961 (mais de 6,000 usd). Porto Noval Nacional compra dos modernos (fora o que lhe oferecem) várias garrafas de cada vez que sai. Dos anos antigos , tem todos.
É tão esquisito no sabor das coisas que mete na boca que faz o seu próprio salami, a partir de porcos criados na Córsega, e tem duas variedades!
Trouxe para este almoço uma garrafa de litro e meio de Riesling de um pequeno produtor (na imagem). É um vinho admirável de 2011, que provámos em primeiro lugar à temperatura ambiente (cerca de 12º) e depois mais refrescado para 9º. O mais fresco foi bebido em copo de boca mais larga e o mesmo vinho com mais três graus em copo de prova. Foi incrível a diferença que se sentiu.
O produtor chama-se Koelher Ruprecht. E é um vinho relativamente barato. Cerca de 60€ em Magnum.
Recusou um Mouchão moderno (enfim, de 2008) por ter um pequeno defeito . E do Dona Francisca Reserva Douro de 2012 tivemos que abrir 2 garrafas até se dar por satisfeito. Depois disse: "This bottle Ok. Not excellent, but allright".
Foi um daqueles almoços que não se esquecem e que nos mete na linha da "perspectiva real das coisas"... Afirmar saber de vinhos ao lado deste monumento é como se um professor de física do liceu se quisesse comparar com o velho Albert (Einstein).
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