terça-feira, março 31, 2015

Rabejar os eleitos

Em tauromaquia "rabejar" significa pegar o touro pela cauda. Grandes rabejadores (nesse sentido) houve em Portugal, com destaque para o grande ribatejano Ricardo Rhodes Sérgio (in memoriam) que foi um dos maiores pegadores de cernelha e também rabejador já no final da sua vida activa.

"Rabejar" também pode significar, em calão brasileiro, engatar uma garina e levar o assunto até às últimas consequências. "Faire la femme".

Ou ainda, na Beira Alta, tosquiar grosseiramente a parte de trás das ovelhas para facilitar a ordenha.

Todavia o sentido mais comum da palavra será "arrastar pelo chão". Antigamente seriam os vestidos longos das senhoras. Hoje, e mais em sentido figurativo, pode dizer-se que não só as saias se arrastam pelo chão, como também a honra e o bom nome de organizações e de pessoas.

Os meios de comunicação social sensacionalistas "rabejam" inexoravelmente a vida e os actos dos chamados "colunáveis" ou "famosos", daqueles que  têm programas na televisão ou fazem figura em novelas , dos que são comentadores, dos políticos ou dos jogadores de futebol.

Assim "rabejando" se vendem revistas e se fazem os programas ditos de "crónica social".
É claro que o público leitor gosta é de escândalos, quanto piores forem, melhor. E os MCS sabem disso e compreendem o que lhes vende mais jornais ou dá mais quota de audiência.
Por isso, ultimamente, tem sido um "fartar vilanagem"  que eleva a coscuvilhive lusa a um patamar nunca antes atingido.

O antigo bastonário da Ordem dos Advogados, Rogério Alves, esclarece esta questão:
 "Nos termos da Constituição e do Código Civil, todas as pessoas têm direito a que a sua vida privada não seja devassada nem divulgada. E essa reserva abrange precisamente o domicílio, onde ninguém pode entrar, fotografar ou gravar sons sem a nossa autorização.  No entanto, quando uma figura pública é fotografada ou filmada num local público, aí os jornalistas são livres de noticiar. É o preço a pagar por se ser uma figura pública".

Se o Cristiano Ronaldo for filmado com uma "carraspana das antigas" dentro de uma discoteca, é notícia. Mas fotografá-lo nuzinho na piscina de sua casa já é crime. Pelo menos em Portugal.

Um político a passear a barriga na praia?  Alvo legal. Legalíssimo! Apontem-lhe o smartphone.

Um deputado na Assembleia da República  a ver sites de meninas nuas no computador, em plena sessão? Aqui já a jurisprudência não será muito clara...

É que nas galerias da  Assembleia tem lugar o público (quando a "presidenta "está bem disposta). Mas lá em baixo, no anfiteatro propriamente dito, só entra o eleito.

A Assembleia da República não é do povo. É dos eleitos pelo povo.

Não é a mesma coisa. 

Contudo:

 O anterior  presidente da Assembleia da República, Jaime Gama,  lembrou aos deputados que o Parlamento é um «espaço público e as regras na Assembleia da República estão aprovadas por todos os senhores deputados».
Estas regras «facultam aos meios de comunicação social a cobertura de toda a sessão legislativa e todos nós sabemos que os computadores que os senhores deputados utilizam não são pessoais, são computadores de serviço público», acrescentou.

 Ah ganda Gama! Rabejem compadres! Rabejem  e publiquem!

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