Num destes dias demos por nós a caminho de Avis, no Alto Alentejo profundo, perto da Barragem do Maranhão e seu parque aquático.
Uma amiga tinha convidado para uma festa campestre.
Dentro dos limites do pequeno Monte assava-se já desde as 8h um porco inteiro, com mais de 100kg, nas brasas. Na enorme mesa de apoio viravam-se jaquinzinhos de escabeche, saladas de tomate da horta ali ao lado, de pepino, de alface e de cebola, aromatizadas com o azeite local e com os imprescindíveis orégãos.
Um "Pata Negra" inteiro estava a corte. Chouriços de Portalegre assavam-se também eles na brasa. E queijos contei pelo menos 4: de Serpa, da Serra, de Azeitão e de Niza.
Pão era obviamente alentejano, ali perto de Avis.
Os líquidos eram de várias proveniências (até havia barril de cerveja com máquina de extracção) , mas dominava o campo de batalha uma garrafa de dezoito (18!) litros de tinto marca Dory , da nova aventura que a empresa de bacalhaus Riberalves dedicou ao vinho na zona de Torres Vedras.
E, já agora em confidência, por lá se come do melhor bacalhau que vos pode passar pelo estreito!! Juntamente com uns vinhos muito aceitáveis, ou não fosse Anselmo Mendes o enólogo consultor!
Vejam aqui sff:
http://www.revistadevinhos.pt/artigos/show.aspx?seccao=enoturismo&artigo=11206&title=adega-mae-sala-de-provas-do-oeste&idioma=pt
O blogger levou 12 garrafitas de espumante Moscatel Galego da Casa de Sarmento, dentro de arcas cheias de gelo. E foram estas as primeiras a marchar, dado que a canícula no meio do campo alentejano estava de se pôr o chapéu mesmo à sombra (e não de o tirar de cima dos c***).
Sem desprimor para o grandessíssimo porco ali assado ao gosto dos convivas, para mim quem levou a taça para casa foram os carapauzinhos de escabeche (obviamente que com a marca do Sr. Costa do Beira Mar). E admiráveis para ajudar a enfrentar aqueles "calores".
Tigeladas de Alferrarede e Pães de Ló do Almodôvar (com amêndoa) fizeram a sobremesa.
E, lá mais para a tarde, dizem-me que houve fados e guitarradas! Mas a esta função já o Blogger não compareceu, sempre preocupado com as suas obrigações...
Um grande abraço, de muita amizade, à Dª Lurdes e ao pessoal do Beira, que fizeram o favor de nos convidar para o seu convívio anual!
quinta-feira, julho 31, 2014
terça-feira, julho 29, 2014
As Alheiras nos Prazeres da Terra
Sendo boas, mesmo muito boas, as Alheiras de história secular fazem as delícias do solteiro (a) aflito com a falta de tempo para se dedicar às coisas da cozinha. Criadas para enganar inquisidores, tendo como matriz de origem as aves de capoeira, o coelho ou a caça, são hoje também elas vassalas de sua majestade D. Reco I , o porco na denominação bísara para terem a qualidade certificada.
Muito melhor do que eu já Fátima Moura no seu livro "Sabores do Ar e do Fogo" passou a certidão de nascimento narrativa completa desta iguaria bem portuguesa.
Mas adiante que não estamos em Amarante (embora seja lá por perto).
Com a batata cozida na casca, os grelos de nabo salteados e uns ovos estrelados, as alheiras são até um daqueles pratos rústicos que nos põem a bem com o mundo e com a sociedade em geral.
O problema é encontrar alheiras de boa qualidade fora do feudo bragançano onde foram criadas e prosperam.
A procura é cada vez maior, e para satisfazer centenas de milhares de consumidores não há porco bísaro que seja suficiente, nem temperos caseiros que cheguem para todos.
Na falta de excursões mensais a Trás-os-Montes existe já uma alternativa em Lisboa, junto ao Largo da Rainha Dª Estefânia, princesa alemã casada com D. Pedro V, que morreu muito jovem, mas que nos deixou, entre outras obras de caridade, um grande avanço da sua fortuna pessoal para a construção do Hospital infantil que leva o seu nome.
Nesse largo, junto a uma ourivesaria e à velhinha confeitaria Vitória, abriu há uns anos (poucos) a loja Prazeres da Terra. Leiam aqui sff:
http://www.prazeresdaterra.pt/
Sou cliente desde que abriu, e avio-me das alheiras (tradicionais ou de caça, fechadas a vácuo) das batatas , das hortaliças, das castanhas, dos vinhos e dos pasteis de Chaves e doces tradicionais.
Experimentem e depois digam qualquer coisinha. Até pão certificado por lá aparece, juntamente com os azeites extraordinários da região transmontana e com chocolates pretos de autora.
Um conselho para melhorarem o prato tradicional das alheiras: Partam as batatas grosseiramente depois de peladas (já se sabe que têm de ser cozidas com a pele) e deitem-lhes por cima 3 ou 4 ovos estrelados mal passados. Sirvam imediatamente com as alheiras a estalar e os grelos salteados em alho e azeite.
Bom apetite e afinfem-lhe com um tinto Vale de Pradinhos de 2011 !
Muito melhor do que eu já Fátima Moura no seu livro "Sabores do Ar e do Fogo" passou a certidão de nascimento narrativa completa desta iguaria bem portuguesa.
Mas adiante que não estamos em Amarante (embora seja lá por perto).
Com a batata cozida na casca, os grelos de nabo salteados e uns ovos estrelados, as alheiras são até um daqueles pratos rústicos que nos põem a bem com o mundo e com a sociedade em geral.
O problema é encontrar alheiras de boa qualidade fora do feudo bragançano onde foram criadas e prosperam.
A procura é cada vez maior, e para satisfazer centenas de milhares de consumidores não há porco bísaro que seja suficiente, nem temperos caseiros que cheguem para todos.
Na falta de excursões mensais a Trás-os-Montes existe já uma alternativa em Lisboa, junto ao Largo da Rainha Dª Estefânia, princesa alemã casada com D. Pedro V, que morreu muito jovem, mas que nos deixou, entre outras obras de caridade, um grande avanço da sua fortuna pessoal para a construção do Hospital infantil que leva o seu nome.
Nesse largo, junto a uma ourivesaria e à velhinha confeitaria Vitória, abriu há uns anos (poucos) a loja Prazeres da Terra. Leiam aqui sff:
http://www.prazeresdaterra.pt/
Sou cliente desde que abriu, e avio-me das alheiras (tradicionais ou de caça, fechadas a vácuo) das batatas , das hortaliças, das castanhas, dos vinhos e dos pasteis de Chaves e doces tradicionais.
Experimentem e depois digam qualquer coisinha. Até pão certificado por lá aparece, juntamente com os azeites extraordinários da região transmontana e com chocolates pretos de autora.
Um conselho para melhorarem o prato tradicional das alheiras: Partam as batatas grosseiramente depois de peladas (já se sabe que têm de ser cozidas com a pele) e deitem-lhes por cima 3 ou 4 ovos estrelados mal passados. Sirvam imediatamente com as alheiras a estalar e os grelos salteados em alho e azeite.
Bom apetite e afinfem-lhe com um tinto Vale de Pradinhos de 2011 !
segunda-feira, julho 28, 2014
Ir vivendo...
Amigos e conhecidos muitas vezes respondem à nossa delicada pergunta " Como vai isso?" com a resposta típica do lusitano meio quilhado com a vida: "Cá vamos vivendo, obrigado..."
O "ir vivendo" , numa tradução livre do pensar e do sentir de quem fala assim, deve significar mais ou menos isto:
- "Olhe, muito obrigado por ter perguntado. Falta dinheiro para gastar e trazer qualidade à minha vida. O miúdo precisa de óculos e de livros para a escola, a minha sogra queixa-se dos preços dos medicamentos e dos médicos, a patroa e eu já não vemos a cor de uma cadeira de cinema há mais de um ano. E tive de reduzir a TV Cabo ao mínimo possível."
"Ir vivendo" é mais "Ir sobrevivendo". Significa ter de abdicar dos pequenos prazeres da vida para nos concentrarmos naquelas despesas que são obrigatórias e imprescindíveis. Significa que já não há espaço para o supérfluo na nossa vida.
Talvez seja mal comparado, mas não posso deixar de pensar que esta situação tem semelhanças com o que se passa com a Arte, a Ciência e a Cultura, que são quem mais sofre em alturas de aperto financeiro dos países. Tem de haver dinheiro para a assistência social, para as escolas, para o fundo de desemprego. As Artes podem esperar. A Ciência não é prioridade. A Cultura é um luxo dos países ricos.
Não sei se todos compreendem o enorme perigo de nos deixarmos embalar por esta filosofia mercantilista?
A primeira coisa que devemos fazer é combater o preconceito de que, pelo facto das necessidades serem tantas, não há espaço para a ciência, cultura e a arte. Isso é um equívoco monumental. A ciência, a cultura e a arte são elementos de convivência e estimulam as inovações. Não se trata de estabelecer prioridades. Há uma série de esferas da acção pública e da acção privada que precisam de ser enfrentadas ao mesmo tempo. E a ciência, a cultura e a arte estão entre elas.
Foi feita uma petição pública sobre esta matéria no início de 2014, cujo texto não pode estar mais actual. Leiam aqui sff:
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=manifestocontracrise
"A política cultural deve ser um vector decisivo na construção do modelo de desenvolvimento contemporâneo de uma nação. Arte, ciência e cultura são essenciais aos sistemas de inovação de uma sociedade. A sua força simbólica e dinâmica económica produzem aprofundamento da cidadania, qualificação de ambientes sociais, sustentabilidade, respeito pela diversidade e redução de níveis de violência direta. É através dos valores culturais que cada pessoa desenvolve o seu reconhecimento próprio e o seu lugar na sociedade."
Não fui eu que o disse. Está nos programas de desenvolvimento da ONU...
O "ir vivendo" , numa tradução livre do pensar e do sentir de quem fala assim, deve significar mais ou menos isto:
- "Olhe, muito obrigado por ter perguntado. Falta dinheiro para gastar e trazer qualidade à minha vida. O miúdo precisa de óculos e de livros para a escola, a minha sogra queixa-se dos preços dos medicamentos e dos médicos, a patroa e eu já não vemos a cor de uma cadeira de cinema há mais de um ano. E tive de reduzir a TV Cabo ao mínimo possível."
"Ir vivendo" é mais "Ir sobrevivendo". Significa ter de abdicar dos pequenos prazeres da vida para nos concentrarmos naquelas despesas que são obrigatórias e imprescindíveis. Significa que já não há espaço para o supérfluo na nossa vida.
Talvez seja mal comparado, mas não posso deixar de pensar que esta situação tem semelhanças com o que se passa com a Arte, a Ciência e a Cultura, que são quem mais sofre em alturas de aperto financeiro dos países. Tem de haver dinheiro para a assistência social, para as escolas, para o fundo de desemprego. As Artes podem esperar. A Ciência não é prioridade. A Cultura é um luxo dos países ricos.
Não sei se todos compreendem o enorme perigo de nos deixarmos embalar por esta filosofia mercantilista?
A primeira coisa que devemos fazer é combater o preconceito de que, pelo facto das necessidades serem tantas, não há espaço para a ciência, cultura e a arte. Isso é um equívoco monumental. A ciência, a cultura e a arte são elementos de convivência e estimulam as inovações. Não se trata de estabelecer prioridades. Há uma série de esferas da acção pública e da acção privada que precisam de ser enfrentadas ao mesmo tempo. E a ciência, a cultura e a arte estão entre elas.
Foi feita uma petição pública sobre esta matéria no início de 2014, cujo texto não pode estar mais actual. Leiam aqui sff:
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=manifestocontracrise
"A política cultural deve ser um vector decisivo na construção do modelo de desenvolvimento contemporâneo de uma nação. Arte, ciência e cultura são essenciais aos sistemas de inovação de uma sociedade. A sua força simbólica e dinâmica económica produzem aprofundamento da cidadania, qualificação de ambientes sociais, sustentabilidade, respeito pela diversidade e redução de níveis de violência direta. É através dos valores culturais que cada pessoa desenvolve o seu reconhecimento próprio e o seu lugar na sociedade."
Não fui eu que o disse. Está nos programas de desenvolvimento da ONU...
sexta-feira, julho 25, 2014
Para Descansar a Vista...sem olhos salgados...
Os antigos e modernos dietistas e cardeologistas sempre nos avisaram contra o abuso do sal...
Sal a mais faz mal! Sal a mais mata.
Durante anos a população lusa viveu um bocado à revelia destas indicações. E eu que o diga, porque sempre fui adepto da comida "picadinha ao sal".
Salgado é que era! Avia-lhe salgado porque de outra maneira nem o bacalhau sabe a nada!
Depois de tanto abuso parece finalmente que houve quem pusesse mão nisto, limitando definitivamente o nível de salgados na nossa economia ( digo, alimentação).
Também foram anos a mais a temperar de mão pesada!
Cá vai então poema para amenizar o Verão de caretas e apoiar a saúde nacional (com menos sal).
De José Jorge Letria um magnífico poema . Mas com várias interpretações. Imaginem por exemplo o título mais adequado às circunstâncias: A Minha Saudade tem o Salgado Aprisionado...
A Minha Saudade Tem o Mar Aprisionado
A minha saudade tem o mar aprisionado
na sua teia de datas e lugares.
É uma matéria vibrátil e nostálgica
que não consigo tocar sem receio,
porque queima os dedos,
porque fere os lábios,
porque dilacera os olhos.
E não me venham dizer que é inocente,
passiva e benigna porque não posso acreditar.
A minha saudade tem mulheres
agarradas ao pescoço dos que partem,
crianças a brincarem nos passeios,
amantes ocultando-se nas sebes,
soldados execrando guerras.
Pode ser uma casa ou uma rede
das que não prendem pássaros nem peixes,
das que têm malhas largas
para deixar passar o vento e a pressa
das ondas no corpo da areia.
Seria hipócrita se dissesse
que esta saudade não me vem à boca
com o sabor a fogo das coisas incumpridas.
Imagino-a distante e extinta, e contudo
cresce em mim como um distúrbio da paixão.
José Jorge Letria, in "A Metade Iluminada e Outros Poemas
Sal a mais faz mal! Sal a mais mata.
Durante anos a população lusa viveu um bocado à revelia destas indicações. E eu que o diga, porque sempre fui adepto da comida "picadinha ao sal".
Salgado é que era! Avia-lhe salgado porque de outra maneira nem o bacalhau sabe a nada!
Depois de tanto abuso parece finalmente que houve quem pusesse mão nisto, limitando definitivamente o nível de salgados na nossa economia ( digo, alimentação).
Também foram anos a mais a temperar de mão pesada!
Cá vai então poema para amenizar o Verão de caretas e apoiar a saúde nacional (com menos sal).
De José Jorge Letria um magnífico poema . Mas com várias interpretações. Imaginem por exemplo o título mais adequado às circunstâncias: A Minha Saudade tem o Salgado Aprisionado...
A Minha Saudade Tem o Mar Aprisionado
A minha saudade tem o mar aprisionado
na sua teia de datas e lugares.
É uma matéria vibrátil e nostálgica
que não consigo tocar sem receio,
porque queima os dedos,
porque fere os lábios,
porque dilacera os olhos.
E não me venham dizer que é inocente,
passiva e benigna porque não posso acreditar.
A minha saudade tem mulheres
agarradas ao pescoço dos que partem,
crianças a brincarem nos passeios,
amantes ocultando-se nas sebes,
soldados execrando guerras.
Pode ser uma casa ou uma rede
das que não prendem pássaros nem peixes,
das que têm malhas largas
para deixar passar o vento e a pressa
das ondas no corpo da areia.
Seria hipócrita se dissesse
que esta saudade não me vem à boca
com o sabor a fogo das coisas incumpridas.
Imagino-a distante e extinta, e contudo
cresce em mim como um distúrbio da paixão.
José Jorge Letria, in "A Metade Iluminada e Outros Poemas
quinta-feira, julho 24, 2014
Na CPLP: O coiso, o Obiang, ou lá o que é...
Teodoro - que significa etimologicamente Dádiva Divina :):):):) - Obiang esfregava as mãos de contente quando saíu de Dili, embora um bocado maçado com as incomodidades e com a dieta local.
Dili não é Malabo, obviamente! Faltam as amenidades que mais preza o Sr. Presidente. Boas e grandes prisões (sobretudo Grandes), matadouros de "porcos compridos", alvos vivos para dar mais ânimo à correcção das miras das K47, o cheirinho permanente e apetitoso a petróleo, apenas disfarçado por alguns barbecues privados onde assam peças de carne suspeitas...
"Aquilo" foi descoberto por portugueses e começou a ser colonizado também por tugas. Depois, lá para 1778, em virtude de uma disputa com nuestros hermanos sobre territórios de aquém e de além Atlântico (África e América do Sul) lá se fez a troca : Para Portugal a colónia de Sacramento no Uruguay e a Ilha de Santa Catarina no Brasil, Para Espanha um vasto território em África, limitado pela foz do Niger e até ( incluindo) o actual Gabão.
No dito território existem 3 línguas oficiais: ( espanhol, a lingua francesa e, a partir de ontem, também a portuguesa). Mas se alguém for para lá falar espanhol ninguém o percebe. Imaginem se for a falar francês ou português... O povão fala em dialectos mais ou menos tribais.
O desgraçado do povo vive há mais de 35 anos debaixo da opressão da família Obiang, onde Teodoro "Dádiva de Deus" se mantém Presidente e Chefe de Governo desde 1979. Têm um 1º Ministro, mas é para trabalhar e fazer o que lhe dizem.
A constituição de 1982 até reforçou os amplos poderes ao Presidente, incluindo a nomeação e destituição dos membros do gabinete, elaboração das leis por decreto, dissolver a Câmara dos Representantes, negociar e ratificar tratados e convocar eleições legislativas.
O Sr. Presidente, coitado, um mouro de trabalho, ainda é comandante-em-chefe das forças armadas e ministro da Defesa. Admite-se, por isso, que precise de se alimentar bem.
Leiam aqui algumas notícias sobre o Senhot Obiang (Dádiva Divina):
http://www.dinheirovivo.pt/economia/interior.aspx?content_id=3750110
Pois é isto que agora está na CPLP. O que diria Camões?
Já o disse - e bem - na estância 99 do Canto IV:
— "Já que nesta gostosa vaidade
Tanto enlevas a leve fantasia,
Já que à bruta crueza e feridade
Puseste nome esforço e valentia,
Já que prezas em tanta quantidades
O desprezo da vida, que devia
De ser sempre estimada, pois que já
Temeu tanto perdê-la quem a dá:
Dili não é Malabo, obviamente! Faltam as amenidades que mais preza o Sr. Presidente. Boas e grandes prisões (sobretudo Grandes), matadouros de "porcos compridos", alvos vivos para dar mais ânimo à correcção das miras das K47, o cheirinho permanente e apetitoso a petróleo, apenas disfarçado por alguns barbecues privados onde assam peças de carne suspeitas...
"Aquilo" foi descoberto por portugueses e começou a ser colonizado também por tugas. Depois, lá para 1778, em virtude de uma disputa com nuestros hermanos sobre territórios de aquém e de além Atlântico (África e América do Sul) lá se fez a troca : Para Portugal a colónia de Sacramento no Uruguay e a Ilha de Santa Catarina no Brasil, Para Espanha um vasto território em África, limitado pela foz do Niger e até ( incluindo) o actual Gabão.
No dito território existem 3 línguas oficiais: ( espanhol, a lingua francesa e, a partir de ontem, também a portuguesa). Mas se alguém for para lá falar espanhol ninguém o percebe. Imaginem se for a falar francês ou português... O povão fala em dialectos mais ou menos tribais.
O desgraçado do povo vive há mais de 35 anos debaixo da opressão da família Obiang, onde Teodoro "Dádiva de Deus" se mantém Presidente e Chefe de Governo desde 1979. Têm um 1º Ministro, mas é para trabalhar e fazer o que lhe dizem.
A constituição de 1982 até reforçou os amplos poderes ao Presidente, incluindo a nomeação e destituição dos membros do gabinete, elaboração das leis por decreto, dissolver a Câmara dos Representantes, negociar e ratificar tratados e convocar eleições legislativas.
O Sr. Presidente, coitado, um mouro de trabalho, ainda é comandante-em-chefe das forças armadas e ministro da Defesa. Admite-se, por isso, que precise de se alimentar bem.
Leiam aqui algumas notícias sobre o Senhot Obiang (Dádiva Divina):
http://www.dinheirovivo.pt/economia/interior.aspx?content_id=3750110
Pois é isto que agora está na CPLP. O que diria Camões?
Já o disse - e bem - na estância 99 do Canto IV:
— "Já que nesta gostosa vaidade
Tanto enlevas a leve fantasia,
Já que à bruta crueza e feridade
Puseste nome esforço e valentia,
Já que prezas em tanta quantidades
O desprezo da vida, que devia
De ser sempre estimada, pois que já
Temeu tanto perdê-la quem a dá:
segunda-feira, julho 21, 2014
No Congresso de Geologia do Porto estará o Blogger
Vou a caminho não tarda. O vosso blogger ainda não "assentou" da viagem a Braga e já está de novo de mala aviada para a Invicta. Desta vez sozinho, porque o senhorio ou se fartou (o mais natural) ou então tem mesmo algum compromisso para amanhã em Lisboa.
Vou lançar a Emissão comemorativa do Ano Internacional da Cristalografia (ONU). Um assunto que interessa a todos nós - apesar do título algo obscuro. Basta recordar que a engenharia de semi-condutores encontrados nos omnipresentes chips e a própria engenharia genética se apoiam nesta ciência.
Leiam aqui sff:
O IX Congresso Nacional de Geologia (IX CNG) é a mais importante reunião científica na área das Geociências em Portugal. Este é também o primeiro Congresso Nacional que irá acolher o 2º Congresso de Geologia dos Países de Língua Portuguesa (2º CoGePLiP). O IX CNG/2º CoGePLiP será organizado pelo Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto de18 a 24 de julho de 2014.
Os desafios, com que se depara atualmente a Geologia, fazem com que este evento seja subordinado ao tema "Desenvolvimento Sustentável da Terra: Novas Fronteiras".
Gosto sempre de reencontrar o Porto. Tenho memórias antigas da cidade e dos muitos amigos que por lá encontrei, normalmente à mesa dos restaurantes emblemáticas do velho burgo: o Escondidinho, o Portucale (do saudoso Sr. Azevedo), o Chanquinhas (em Matosinhos) e o D. Manuel (este já não existe). Para não falar dos mais populares Abadia, Nanda ou Casa do Victor (de Leça e igualmente defunto, pelo menos com a gerência que lhe fez a fama).
Fico a dormir no Porto hoje porque as costas assim o obrigam, motivo pelo qual só voltarei aqui ao Blog na Quarta Feira.
Boas Férias ou bom trabalho!
sábado, julho 19, 2014
De Júlia em Júlia, com estrelas no olhar
Tudo deve ter começado lá para 600A.C., quando os primeiros membros da ilustre família patrícia (Gens Julia) vieram para Roma depois da destruição de Albalonga.
Mais tarde nasceu o velho Júlio César (muito dado ao convívio, dentro e fora de casa) e ainda mais tarde - lá para 16 A.C. - o seu filho adoptivo deu nome a Braga. Este era um bocado mais morcão do que o primeiro César, mas - como todos os cínicos de todos os tempos - viveu e reinou que se fartou.
Na Falperra de Braga há o grande restaurante "Dona Julia". E na Trofa ( a meia hora de bom caminho) há o restaurante "Julinha". Também ele grandioso.
As senhoras mentoras destas casas de bem comer eram ( são) Júlias. Uma ainda trabalha na cozinha do Dona Julia. A outra ensinou o que hoje se faz na outra casa, Julinha da Trofa. O filho (Sr. Fernando, no Julinha ) e irmão (Sr. Manuel no Dona Júlia) têm um legado nas mãos tão importante (mutatis mutandis) como os da já referida Gens Julia, à qual se calhar ainda estão ligados :):):)
Ambos estes restaurantes têm uma apresentação e recepção de clientes exemplares. Ambos possuem - no mais alto grau - o culto pela qualidade da matéria prima que pôem nas mesas. Ambos acarinham, mimam e desfazem-se em cuidados face ao transeunte ali entrado.
A cozinha minhota (melhor dito, bracarense) é interpretada da melhor forma nas duas casas. Os vinhos do Douro e Verdes têm papel preponderante nas cartas, a preços muito razoáveis.
As contas - para lisboeta - são extremamente doces. Duas alimárias comendo e bebendo do bom e do melhor (Douros grandes reservas de 2011, espumantes de verde, maltes, etc...) não chegaram a pagar mais do que 50 euros cada um. Em Lisboa? Para serviço, qualidade e variedade semelhantes? Ponham lá sff 80 euros por cabeça.
O que separa estas duas instituições? Engraçado que encontro mais pontos comuns do que distinções, para além das óbvias como a localização e a facilidade em dar com estes tesouros nacionais... E as esplanadas! Onde a da Dona Julia se destaca por permitir uma vista soberba sobre Braga.
Talvez no capítulo dos peixes frescos do nosso mar haja alguma vantagem na esplendorosa montra frigorificada do Dona Júlia. Mas essa vantagem é contrariada pelo transcendente bacalhau das Ilhas Faröe que se pode comer no Julinha.
A Costela de vitela mendinha (arouquesa ou maronesa) desfaz-se na boca e é um petisco de mandar rezar uma missa (ou duas) na vetusta Sé de mais de 900 anos! E existe na Dona Júlia e na Julinha!
Tanto num como no outro, a filosofia de trabalho é sempre virada para a satisfação do cliente.
De notar ainda que, para além do cultivo das tradições das suas terras, estas mansões do prazer mastigatório têm também toques de modernismo: No Dona Julia uma sala dedicada ao Sushi, com sushiman formado na arte. Na Julinha, vale a imaginação criativa do Chef, sempre à volta com as melhores maneiras de apresentar pratos simples (por exemplo, um pimento vermelho recheado de farinheira e gratinado, soberbo).
E ainda por cima, nestes tempos militaristas em que nos encontramos, pode-se fumar nos dois restaurantes, em salas próprias para tal.
O Paraíso em duas versões? Ainda por cima "quase ao lado" uma da outra?
Não serei eu que contrarie esta afirmação. Uma coisa é certa: na altura de planear uma visita ao antigo domínio dos Senhores Acebispos Primazes das Espanhas, torna-se obrigatório prever dois almoços. Um em cada uma destas casas. E não digo almoço e jantar porque tal só seria humanamente possível se os convivas fossem ainda relacionados com o gigante Gargântua e seu filho Pantagruel.
Mais tarde nasceu o velho Júlio César (muito dado ao convívio, dentro e fora de casa) e ainda mais tarde - lá para 16 A.C. - o seu filho adoptivo deu nome a Braga. Este era um bocado mais morcão do que o primeiro César, mas - como todos os cínicos de todos os tempos - viveu e reinou que se fartou.
Na Falperra de Braga há o grande restaurante "Dona Julia". E na Trofa ( a meia hora de bom caminho) há o restaurante "Julinha". Também ele grandioso.
As senhoras mentoras destas casas de bem comer eram ( são) Júlias. Uma ainda trabalha na cozinha do Dona Julia. A outra ensinou o que hoje se faz na outra casa, Julinha da Trofa. O filho (Sr. Fernando, no Julinha ) e irmão (Sr. Manuel no Dona Júlia) têm um legado nas mãos tão importante (mutatis mutandis) como os da já referida Gens Julia, à qual se calhar ainda estão ligados :):):)
Ambos estes restaurantes têm uma apresentação e recepção de clientes exemplares. Ambos possuem - no mais alto grau - o culto pela qualidade da matéria prima que pôem nas mesas. Ambos acarinham, mimam e desfazem-se em cuidados face ao transeunte ali entrado.
A cozinha minhota (melhor dito, bracarense) é interpretada da melhor forma nas duas casas. Os vinhos do Douro e Verdes têm papel preponderante nas cartas, a preços muito razoáveis.
As contas - para lisboeta - são extremamente doces. Duas alimárias comendo e bebendo do bom e do melhor (Douros grandes reservas de 2011, espumantes de verde, maltes, etc...) não chegaram a pagar mais do que 50 euros cada um. Em Lisboa? Para serviço, qualidade e variedade semelhantes? Ponham lá sff 80 euros por cabeça.
O que separa estas duas instituições? Engraçado que encontro mais pontos comuns do que distinções, para além das óbvias como a localização e a facilidade em dar com estes tesouros nacionais... E as esplanadas! Onde a da Dona Julia se destaca por permitir uma vista soberba sobre Braga.
Talvez no capítulo dos peixes frescos do nosso mar haja alguma vantagem na esplendorosa montra frigorificada do Dona Júlia. Mas essa vantagem é contrariada pelo transcendente bacalhau das Ilhas Faröe que se pode comer no Julinha.
A Costela de vitela mendinha (arouquesa ou maronesa) desfaz-se na boca e é um petisco de mandar rezar uma missa (ou duas) na vetusta Sé de mais de 900 anos! E existe na Dona Júlia e na Julinha!
Tanto num como no outro, a filosofia de trabalho é sempre virada para a satisfação do cliente.
De notar ainda que, para além do cultivo das tradições das suas terras, estas mansões do prazer mastigatório têm também toques de modernismo: No Dona Julia uma sala dedicada ao Sushi, com sushiman formado na arte. Na Julinha, vale a imaginação criativa do Chef, sempre à volta com as melhores maneiras de apresentar pratos simples (por exemplo, um pimento vermelho recheado de farinheira e gratinado, soberbo).
E ainda por cima, nestes tempos militaristas em que nos encontramos, pode-se fumar nos dois restaurantes, em salas próprias para tal.
O Paraíso em duas versões? Ainda por cima "quase ao lado" uma da outra?
Não serei eu que contrarie esta afirmação. Uma coisa é certa: na altura de planear uma visita ao antigo domínio dos Senhores Acebispos Primazes das Espanhas, torna-se obrigatório prever dois almoços. Um em cada uma destas casas. E não digo almoço e jantar porque tal só seria humanamente possível se os convivas fossem ainda relacionados com o gigante Gargântua e seu filho Pantagruel.
- Julinha Restaurante
- Endereço: Rua Doutor Avelino Moreira Padrão 1771, TROFATelemóvel:252 419 763
Morada: Via da Falperra (EN 309)
Código Postal: 4710 670 NAVARRA
Código Postal: 4710 670 NAVARRA
Tel: 253270826
quarta-feira, julho 16, 2014
Em Braga com dois Arcebispos!
Parte o blogger para Braga, apresentando amanhã, pelas 21.30h, no Museu Pio XII, a série de selos comemorativa de D. Frei Bartolomeu dos Mártires, Beato e grande arcebispo primaz.
Faremos um Carimbo especial "Braga" para este efeito.
Dom Jorge Ortiga, o actual Arcebispo Primaz, gostou da ideia e estará presente nesta ocasião. Que maravilha para nós podermos contar com ele!
Estão todos convidados, está claro!
Para lá iremos de manhã cedo eu e o meu senhorio, actualmente transvertido de "motorista" do inválido!
Cedo porquê? Bem, primeiro que tudo há que chegar a tempo e horas ao local do repasto almoçal. E depois, porque o blogger ainda tem de parar pelo caminho, com as dores nas costas.
Para já está previsto que o Almoço será no Dona Júlia do Sameiro. E o resto logo se verá. Mas há a suspeição que não será necessário jantar...
Uma coisa é certa: pastéis de bacalhau do "Cantinho" serão encomendados para "aviar" no Sábado!
As duas santas senhoras (irmãs catatuas) estorilistas esperam ansiosamente pela entrega, não perdoando atrasos nem esquecimentos aos "carteiros" de serviço.
No regresso ao Estoril, na sexta feira, podemos passar antes pelos "Castelhanos" ou pela "Julinha" da Trofa.
Logo se vê, porque a maravilha destas ocupações no meio das férias é que não há pressa. Nem para ir, nem para vir.
Novas desta excursão serão dadas no Sábado.
Entretanto não se esqueçam de tomar banho sff! (de mar, está claro!)
Faremos um Carimbo especial "Braga" para este efeito.
Dom Jorge Ortiga, o actual Arcebispo Primaz, gostou da ideia e estará presente nesta ocasião. Que maravilha para nós podermos contar com ele!
Estão todos convidados, está claro!
Para lá iremos de manhã cedo eu e o meu senhorio, actualmente transvertido de "motorista" do inválido!
Cedo porquê? Bem, primeiro que tudo há que chegar a tempo e horas ao local do repasto almoçal. E depois, porque o blogger ainda tem de parar pelo caminho, com as dores nas costas.
Para já está previsto que o Almoço será no Dona Júlia do Sameiro. E o resto logo se verá. Mas há a suspeição que não será necessário jantar...
Uma coisa é certa: pastéis de bacalhau do "Cantinho" serão encomendados para "aviar" no Sábado!
As duas santas senhoras (irmãs catatuas) estorilistas esperam ansiosamente pela entrega, não perdoando atrasos nem esquecimentos aos "carteiros" de serviço.
No regresso ao Estoril, na sexta feira, podemos passar antes pelos "Castelhanos" ou pela "Julinha" da Trofa.
Logo se vê, porque a maravilha destas ocupações no meio das férias é que não há pressa. Nem para ir, nem para vir.
Novas desta excursão serão dadas no Sábado.
Entretanto não se esqueçam de tomar banho sff! (de mar, está claro!)
terça-feira, julho 15, 2014
As Sardinhas
Têm vindo a fazer-me fosquinhas literárias com as sardinhas. Literárias porque publicadas nas redes sociais, está claro!
Que já estão boas. Agora é que é bom comê-las! Olhem que não deixem para mais tarde, etc, etc...
Enquanto esperamos a habitual convocatória para Abrantes ( tenho pingas de qualidade para levar e acompanhar!) vamos hoje aproveitar a Terça Feira para sardinhar.
Provavelmente em Setúbal ou Sesimbra, fazendo o percurso pelas 12,30h para evitar as filas da Costa.
Segundo o Correio da Manhã (não confundir com "manha") a sardinha está cara este ano:
A preço de ouro. Foi assim que a sardinha foi vendida em algumas lotas do País. Em Matosinhos, o local onde atingiu valores mais altos, a sardinha chegou aos 17 €/kg, preço 20 vezes mais alto do que o normal.
O Sr. Joaquim Piló (do sindicato dos pescadores) explica:
Nestes dias há muita procura, mas não tem havido grande quantidade de sardinha. A falta de peixe resulta da seca, que reduz o fornecimento de alimento, e também das restrições impostas pela União Europeia. E depois há um limite de pesca .
O ano passado foi possível pescar 55 mil toneladas de sardinha. Este ano o máximo são 36 mil toneladas. - Estes preços acima dos dez euros ocorrem três ou quatro vezes por ano, na altura dos Santos Populares. Depois baixa o preço - 60 cêntimos por quilo é o preço médio anual.
Parece que escolhi mal o dia para ir sardinhar... Não tenho é dado pela tal "seca" invocada pelo Sr. Piló... Seca? Só se for de futebol. Choveu até 24 de Junho!!
Para terminar uma receita minhota. As "Costeletas de Sardinha" , aqui de acordo com a receita de D. Antonieta:
Começa-se por tirar a cabeça às sardinhas, que se abrem a meio pela parte da barriga.
Depois, com muito jeitinho para não moer o peixe, extrai-se a espinha.
Coloca-se a dúzia numa travessa e tempera-se com sal, pimenta e limão, deixando repousar durante uma hora para apuro do tempero.
Passa-se o peixe, em seguida, por ovo batido e pão ralado e leva-se a fritar.
Sirva com feijão frade e molho verde.
Bom Proveito!
Que já estão boas. Agora é que é bom comê-las! Olhem que não deixem para mais tarde, etc, etc...
Enquanto esperamos a habitual convocatória para Abrantes ( tenho pingas de qualidade para levar e acompanhar!) vamos hoje aproveitar a Terça Feira para sardinhar.
Provavelmente em Setúbal ou Sesimbra, fazendo o percurso pelas 12,30h para evitar as filas da Costa.
Segundo o Correio da Manhã (não confundir com "manha") a sardinha está cara este ano:
A preço de ouro. Foi assim que a sardinha foi vendida em algumas lotas do País. Em Matosinhos, o local onde atingiu valores mais altos, a sardinha chegou aos 17 €/kg, preço 20 vezes mais alto do que o normal.
O Sr. Joaquim Piló (do sindicato dos pescadores) explica:
Nestes dias há muita procura, mas não tem havido grande quantidade de sardinha. A falta de peixe resulta da seca, que reduz o fornecimento de alimento, e também das restrições impostas pela União Europeia. E depois há um limite de pesca .
O ano passado foi possível pescar 55 mil toneladas de sardinha. Este ano o máximo são 36 mil toneladas. - Estes preços acima dos dez euros ocorrem três ou quatro vezes por ano, na altura dos Santos Populares. Depois baixa o preço - 60 cêntimos por quilo é o preço médio anual.
Parece que escolhi mal o dia para ir sardinhar... Não tenho é dado pela tal "seca" invocada pelo Sr. Piló... Seca? Só se for de futebol. Choveu até 24 de Junho!!
Para terminar uma receita minhota. As "Costeletas de Sardinha" , aqui de acordo com a receita de D. Antonieta:
- 12 sardinhas médias
- 100 g de pão ralado
- 2 ovos inteiros
- sumo de 1 limão
- pimenta q.b.
- sal q.b.
Começa-se por tirar a cabeça às sardinhas, que se abrem a meio pela parte da barriga.
Depois, com muito jeitinho para não moer o peixe, extrai-se a espinha.
Coloca-se a dúzia numa travessa e tempera-se com sal, pimenta e limão, deixando repousar durante uma hora para apuro do tempero.
Passa-se o peixe, em seguida, por ovo batido e pão ralado e leva-se a fritar.
Sirva com feijão frade e molho verde.
Bom Proveito!
segunda-feira, julho 14, 2014
Acabou a Feira, começam as Férias
Fim de festa. Ganhou quem se esperava. Glória aos Vencedores e Honra aos vencidos.
Torci pela Argentina na final de ontem. Gosto sempre de apoiar os underdogs... É um traço de personalidade que mantenho.
A equipa alemã foi melhor? Sim. E mereceu levar o caneco para Berlim.
Mas para mim o futebol é também feitiço e improviso, drible de pernas tortas (Mané Garrincha) e golos metidos a meias entre homens e Deus (Maradona).. Trocar esta imprevisibilidade magnífica pela máquina bem oleada e preparada que é a equipa alemã, não sei porquê parece-me que deixa o futebol um pouco mais pobre e menos mágico.
Todavia, quando chegamos aos "finalmentes" e questionamos se, para o dia-a-dia e protecção de filhos e netos, confiamos mais numa obra de arte da estética transalpina ou num veículo meio morcão de aspecto, mas montado na Alemanha e com engenharia alemã, para onde nos voltamos? Havendo dinheiro, está claro..
As coisas práticas da vida são importantes , mas deve haver lugar para o sonho. E sonhar é imaginar alto e largo, a cores e com estereofonia.
Como comecei hoje uma semanita de férias posso dar-me ao luxo de divagar e escrever umas possidonices.
Entre as idas ao mercado de Cascais ( que está soberbo! Cheio de Lojas e recantos gastronómicos) e a preparação calma dos nossos almoços em casa ocuparei o tempo.
De tarde? Ler. Ler muito como se a vista fosse ( e , como tudo o resto, é) um bem perecível que convém aproveitar ao máximo..
E vamos aqui falando. Até amanhã!
Torci pela Argentina na final de ontem. Gosto sempre de apoiar os underdogs... É um traço de personalidade que mantenho.
A equipa alemã foi melhor? Sim. E mereceu levar o caneco para Berlim.
Mas para mim o futebol é também feitiço e improviso, drible de pernas tortas (Mané Garrincha) e golos metidos a meias entre homens e Deus (Maradona).. Trocar esta imprevisibilidade magnífica pela máquina bem oleada e preparada que é a equipa alemã, não sei porquê parece-me que deixa o futebol um pouco mais pobre e menos mágico.
Todavia, quando chegamos aos "finalmentes" e questionamos se, para o dia-a-dia e protecção de filhos e netos, confiamos mais numa obra de arte da estética transalpina ou num veículo meio morcão de aspecto, mas montado na Alemanha e com engenharia alemã, para onde nos voltamos? Havendo dinheiro, está claro..
As coisas práticas da vida são importantes , mas deve haver lugar para o sonho. E sonhar é imaginar alto e largo, a cores e com estereofonia.
Como comecei hoje uma semanita de férias posso dar-me ao luxo de divagar e escrever umas possidonices.
Entre as idas ao mercado de Cascais ( que está soberbo! Cheio de Lojas e recantos gastronómicos) e a preparação calma dos nossos almoços em casa ocuparei o tempo.
De tarde? Ler. Ler muito como se a vista fosse ( e , como tudo o resto, é) um bem perecível que convém aproveitar ao máximo..
E vamos aqui falando. Até amanhã!
sexta-feira, julho 11, 2014
Para Descansar a Vista ...
De Jorge de Sena um soneto que nos leva a pensar no que ainda estará escondido por detrás das três letras mágicas que estão agora na moda pelas piores razões - BES.
Até há já quem as traduza como: Bactéria Em Saldo! Bazem!!
Mentir? Todos mentimos, até o Governo (ou sobretudo o Governo?) . Vejam o que o velho cowboy pensava do assunto ali em cima.
Mas brincar às casinhas com o dinheiro dos pobres parece demasiado abuso para ficar impune.
Esperem lá! Estamos em Portugal! Tinha-me esquecido por momentos.
Volta Salgado que estás PERDOADO.
E Jorge de Sena viveu nos USA... Pátria do Madoff, Lembram-se dele?
Então aqui vai:
Génesis
Jorge de Sena
Até há já quem as traduza como: Bactéria Em Saldo! Bazem!!
Mentir? Todos mentimos, até o Governo (ou sobretudo o Governo?) . Vejam o que o velho cowboy pensava do assunto ali em cima.
Mas brincar às casinhas com o dinheiro dos pobres parece demasiado abuso para ficar impune.
Esperem lá! Estamos em Portugal! Tinha-me esquecido por momentos.
Volta Salgado que estás PERDOADO.
E Jorge de Sena viveu nos USA... Pátria do Madoff, Lembram-se dele?
Então aqui vai:
Génesis
De mim não falo mais: não quero nada.
De Deus não falo: não tem outro abrigo.
Não falarei também do mundo antigo,
pois nasce e morre em cada madrugada.
Nem de existir, que é a vida atraiçoada,
para sentir o tempo andar comigo;
nem de viver, que é liberdade errada,
e foge todo o Amor quando o persigo.
Por mais justiça ... Ai quantos que eram novos
em vão a esperaram porque nunca a viram!
E a eternidade... Ó transfusão dos povos!
Não há verdade: O mundo não a esconde.
Tudo se vê: só se não sabe aonde.
Mortais ou imortais, todos mentiram.
De Deus não falo: não tem outro abrigo.
Não falarei também do mundo antigo,
pois nasce e morre em cada madrugada.
Nem de existir, que é a vida atraiçoada,
para sentir o tempo andar comigo;
nem de viver, que é liberdade errada,
e foge todo o Amor quando o persigo.
Por mais justiça ... Ai quantos que eram novos
em vão a esperaram porque nunca a viram!
E a eternidade... Ó transfusão dos povos!
Não há verdade: O mundo não a esconde.
Tudo se vê: só se não sabe aonde.
Mortais ou imortais, todos mentiram.
Jorge de Sena
quinta-feira, julho 10, 2014
O Congresso Internacional dos Dominicanos na Sociedade de Geografia
A O.P. (Ordem dos Pregadores), conhecida por Ordem dos Dominicanos, tem má fama na península ibérica, em resultado do envolvimento dos frades em causa na nefanda Inquisição.
Tomás de Torquemada era dominicano mas, mesmo antes do seu nascimento foi à Ordem que o papa Gregório IX em 1233 confiou a tarefa de julgar os herejes.
Porque Inquisição não houve só uma, mas três: a relacionada com a heresia dos Cátaros no século XII, a da Espanha no século XVI ( de onde deriva a portuguesa) e a de Roma (Santo Ofício).
Pouco se divulga publicamente - embora a moderna historiografia esteja segura quanto ao caso - que na maior parte dos países foram os poderes políticos, o Rei e seus ministros, que utilizaram e geriram os meios e os tribunais da Inquisição para cumprimento das suas agendas políticas da época, muitas vezes à revelia dos clérigos nomeados para os processos.
E quanto aos métodos, à tortura e à morte pelo fogo em Autos-de-Fé, convém também saber que os resultados práticos destas actividades foram muito menores em Portugal e em Espanha do que os números homólogos, ano a ano, causados pelas penas dos tribunais ditos civis.
Leiam aqui sff:
Agostinho Borromeu, historiador que estudou a inquisição espanhola pontua: "A Inquisição na Espanha celebrou, entre 1540 e 1700 (160 anos), 44.674 juízos. Os acusados condenados à morte foram apenas 1,8%(804) e, destes, 1,7%(13) foram condenados à morte em 'contumácia'( queima de bonecos)".
Evidentemente que nem se discute o opróbio e a vergonha relacionados com a morte pelo fogo destes 13 infelizes! Mas para relativizar convém também saber que os que foram mortos à ordem dos tribunais civis no mesmo período terão sido mais do que mil vezes esse número...
Tal fama de inquisidores - acompanhada por algum proveito, mas nem todo o que lhe querem dar - tem por vezes feito esquecer o verdadeiro trabalho destes Frades na preservação da cultura.
Considerados os historiadores, bibliófilos e arquivistas da Igreja - muitas vezes designados por Ordo Doctorum por causa da erudição dos seus membros - ainda hoje , e mantendo sempre os votos de despojamento de bens terrenos, são os dominicanos responsáveis (entre outros) pela custódia dos arquivos secretos do Vaticano, constituidos por um registo imenso de memória das relações do
cristianismo com a história da humanidade em diferentes épocas.
O grande Arcebispo Primaz de Braga , Beato D. Frei Bartolomeu dos Mártires foi Dominicano, tal como o seu biógrafo Frei Luis de Sousa. E mais perto de nós Frei Raul Rolo, provincial e historiador da O.P em Portugal e membro da Academia Portuguesa de História.
Pois esta gente de muitos e avultados saberes estará na Sociedade de Geografia, entre 23 e 26 de Julho, reunidos em Congresso Internacional. Serão muitas as intervenções científicas de valor, pelo que recomendo a vossa presença. Vejam aqui mais detalhes sff:
http://www.ft.lisboa.ucp.pt/resources/Documentos/CEHR/Enc/enc/2014-07-23a26_CongressoOsDominicanos-Call.pdf
Tomás de Torquemada era dominicano mas, mesmo antes do seu nascimento foi à Ordem que o papa Gregório IX em 1233 confiou a tarefa de julgar os herejes.
Porque Inquisição não houve só uma, mas três: a relacionada com a heresia dos Cátaros no século XII, a da Espanha no século XVI ( de onde deriva a portuguesa) e a de Roma (Santo Ofício).
Pouco se divulga publicamente - embora a moderna historiografia esteja segura quanto ao caso - que na maior parte dos países foram os poderes políticos, o Rei e seus ministros, que utilizaram e geriram os meios e os tribunais da Inquisição para cumprimento das suas agendas políticas da época, muitas vezes à revelia dos clérigos nomeados para os processos.
E quanto aos métodos, à tortura e à morte pelo fogo em Autos-de-Fé, convém também saber que os resultados práticos destas actividades foram muito menores em Portugal e em Espanha do que os números homólogos, ano a ano, causados pelas penas dos tribunais ditos civis.
Leiam aqui sff:
Agostinho Borromeu, historiador que estudou a inquisição espanhola pontua: "A Inquisição na Espanha celebrou, entre 1540 e 1700 (160 anos), 44.674 juízos. Os acusados condenados à morte foram apenas 1,8%(804) e, destes, 1,7%(13) foram condenados à morte em 'contumácia'( queima de bonecos)".
Evidentemente que nem se discute o opróbio e a vergonha relacionados com a morte pelo fogo destes 13 infelizes! Mas para relativizar convém também saber que os que foram mortos à ordem dos tribunais civis no mesmo período terão sido mais do que mil vezes esse número...
Tal fama de inquisidores - acompanhada por algum proveito, mas nem todo o que lhe querem dar - tem por vezes feito esquecer o verdadeiro trabalho destes Frades na preservação da cultura.
Considerados os historiadores, bibliófilos e arquivistas da Igreja - muitas vezes designados por Ordo Doctorum por causa da erudição dos seus membros - ainda hoje , e mantendo sempre os votos de despojamento de bens terrenos, são os dominicanos responsáveis (entre outros) pela custódia dos arquivos secretos do Vaticano, constituidos por um registo imenso de memória das relações do
cristianismo com a história da humanidade em diferentes épocas.
O grande Arcebispo Primaz de Braga , Beato D. Frei Bartolomeu dos Mártires foi Dominicano, tal como o seu biógrafo Frei Luis de Sousa. E mais perto de nós Frei Raul Rolo, provincial e historiador da O.P em Portugal e membro da Academia Portuguesa de História.
Pois esta gente de muitos e avultados saberes estará na Sociedade de Geografia, entre 23 e 26 de Julho, reunidos em Congresso Internacional. Serão muitas as intervenções científicas de valor, pelo que recomendo a vossa presença. Vejam aqui mais detalhes sff:
http://www.ft.lisboa.ucp.pt/resources/Documentos/CEHR/Enc/enc/2014-07-23a26_CongressoOsDominicanos-Call.pdf
quarta-feira, julho 09, 2014
9 horas de alcatrão
Ir e vir do Estoril a Figueira de Castelo Rodrigo dá mais ou menos 9 horitas por estrada, parando e andando. Porque a coluna (a da besta, não falo do obelisco da Praça dos Restauradores) assim o exige.
E temos que concordar que, embora hoje seja mister diabolizar o homem, se não fosse a "sanha betânica" de José Sócrates, este percurso demoraria mais ainda.
A sessão solene comemorativa dos 350 Anos da Batalha da Salgadeira (Castelo Rodrigo) foi muito interessante. Para além do Sr. Presidente da Câmara falou o Prof. Braga da Cruz, o General VCEME e o General Ramalho Eanes, em representação do Sr. PR.
A descrição da táctica e do desenrolar da batalha fez pôr os cabelos do peito em pé a muito ouvinte (onde me incluo). Levámos um banho de patriotismo e de anti-iberismo tão grande que até agora ainda não me saíu do sistema...
Uma coisa é certa: naquela ocasião e para fazer o que fizeram, decerto que estávamos perante homens com pesada "fruta vermelha" no sítio e mulheres de barba rija !!
Não me contenho sem contar o seguinte: Originalmente tinha sido convidado um "key note speaker" da Universidade Complutense de Madrid, mas este à ultima hora deu o dito por não dito e não apareceu.
Pudera! Foram convidar um professor espanhol para falar de uma batalha onde os castelhanos levaram porrada até vir a mulher da fava-rica... Era como se eu fosse a Marrocos discursar sobre Alcáçer-Quibir...
Há malta que às vezes não pensa. Mas adiante.
Que dizer de Figueira de Castelo Rodrigo?
Come-se carne excelente, dizem-nos que é Mirandesa, embora um pouco distante do verdadeiro "solar da raça" (Bragança, Vinhais, Vimioso...). Mas é de sabor magnífico e tenra.
Os vinhos desta zona do país - Beira Interior - são difíceis. Talvez por se tratar de uma zona de confluências e influências, entre o Douro, a Terra Fria e o Dão.
Existe nos brancos a casta "Síria" ( no Alentejo chama-se Roupeiro) que permite fazer vinhos leves, frescos e de bom bouquet. Desta gostei bastante, bebido em garrafas da marca "Beyra" e fazendo complemento a outra casta típica daqui, a "Fonte Cal" (vinificação de Rui Reboredo Madeira). Mas dos tintos ( e salvo melhor opinião) não fiquei cliente.
No regresso - para lá fomos pela A23, de regresso viémos pela A25 - passámos por Viseu para almoçar no Santa Luzia, onde me vinguei dos tintos com um admirável Quinta da Pellada de 2011 a acompanhar o cabrito assado.
E apenas vos digo isto: comprem-no agora! Por cerca de 18 euros a garrafa está muito bem em relação qualidade\preço. E vai subir! Como todos os Tintos desse ano grandioso. Outra dica: Quinta do Crasto Vinhas Velhas 2011 ainda se encontra a menos de 25 euros. E o Superior do mesmo "estábulo" e do mesmo ano, a 17 euros!
Do Santa Luzia, ex-libris do Dão com a sua carta de vinhos onde as referências a esta região ultrapassam a meia centena de marcas, mais uma vez só posso dizer bem.
É daqueles locais onde regressamos sempre com vontade, seguros que ao sair, depois da refeição, ficamos sempre com boas memórias.
E temos que concordar que, embora hoje seja mister diabolizar o homem, se não fosse a "sanha betânica" de José Sócrates, este percurso demoraria mais ainda.
A sessão solene comemorativa dos 350 Anos da Batalha da Salgadeira (Castelo Rodrigo) foi muito interessante. Para além do Sr. Presidente da Câmara falou o Prof. Braga da Cruz, o General VCEME e o General Ramalho Eanes, em representação do Sr. PR.
A descrição da táctica e do desenrolar da batalha fez pôr os cabelos do peito em pé a muito ouvinte (onde me incluo). Levámos um banho de patriotismo e de anti-iberismo tão grande que até agora ainda não me saíu do sistema...
Uma coisa é certa: naquela ocasião e para fazer o que fizeram, decerto que estávamos perante homens com pesada "fruta vermelha" no sítio e mulheres de barba rija !!
Não me contenho sem contar o seguinte: Originalmente tinha sido convidado um "key note speaker" da Universidade Complutense de Madrid, mas este à ultima hora deu o dito por não dito e não apareceu.
Pudera! Foram convidar um professor espanhol para falar de uma batalha onde os castelhanos levaram porrada até vir a mulher da fava-rica... Era como se eu fosse a Marrocos discursar sobre Alcáçer-Quibir...
Há malta que às vezes não pensa. Mas adiante.
Que dizer de Figueira de Castelo Rodrigo?
Come-se carne excelente, dizem-nos que é Mirandesa, embora um pouco distante do verdadeiro "solar da raça" (Bragança, Vinhais, Vimioso...). Mas é de sabor magnífico e tenra.
Os vinhos desta zona do país - Beira Interior - são difíceis. Talvez por se tratar de uma zona de confluências e influências, entre o Douro, a Terra Fria e o Dão.
Existe nos brancos a casta "Síria" ( no Alentejo chama-se Roupeiro) que permite fazer vinhos leves, frescos e de bom bouquet. Desta gostei bastante, bebido em garrafas da marca "Beyra" e fazendo complemento a outra casta típica daqui, a "Fonte Cal" (vinificação de Rui Reboredo Madeira). Mas dos tintos ( e salvo melhor opinião) não fiquei cliente.
No regresso - para lá fomos pela A23, de regresso viémos pela A25 - passámos por Viseu para almoçar no Santa Luzia, onde me vinguei dos tintos com um admirável Quinta da Pellada de 2011 a acompanhar o cabrito assado.
E apenas vos digo isto: comprem-no agora! Por cerca de 18 euros a garrafa está muito bem em relação qualidade\preço. E vai subir! Como todos os Tintos desse ano grandioso. Outra dica: Quinta do Crasto Vinhas Velhas 2011 ainda se encontra a menos de 25 euros. E o Superior do mesmo "estábulo" e do mesmo ano, a 17 euros!
Do Santa Luzia, ex-libris do Dão com a sua carta de vinhos onde as referências a esta região ultrapassam a meia centena de marcas, mais uma vez só posso dizer bem.
É daqueles locais onde regressamos sempre com vontade, seguros que ao sair, depois da refeição, ficamos sempre com boas memórias.
sexta-feira, julho 04, 2014
Em Figueira de Castelo Rodrigo
Na próxima semana avanço para Figueira de Castelo Rodrigo logo na Segunda Feira, e há que dormir por lá porque fazer 400km depois das 19h já não é para o meu dente.
Por isso só contem comigo na próxima Quarta Feira!
Celebramos os 350 anos da Batalha de Castelo Rodrigo, por alturas da Restauração.
Os Heróis desse tempo, homens e mulheres que garantiram com o seu sangue a independência nacional - apesar de bastamente ultrapassados em número e materiais - bem merecem este memorial.
Deixo aqui uma pequena descrição do acontecimento, por cortesia da Câmara Municipal de Figueira:
"Para tentar sacudir a pressão dos ataques portugueses a sul, o comandante de Ciudad Rodrigo (praça que pela sua importância na guerra contra Portugal foi inicialmente governada pelo Duque de Alba e era na altura comandada pelo Duque de Ossassuna), decide retaliar atacando a norte, onde não há forças portuguesa em numero.
Manda sair as suas forças que eram constituídas por cerca de 5.000 homens, 70 cavalos e 9 peças de artilharia. Essa força vai atacar a fortificação portuguesa de Castelo Rodrigo, onde se encontravam 150 soldados portugueses, que enviaram pedidos de auxílio para apoio contra as forças invasoras, pois Castelo Rodrigo está apenas defendida por uma muralha medieval.
Uma força portuguesa comandada pelo governador da Beira, Pedro Jacques de Magalhães foi reunida à pressa para marchar sobre Castelo Rodrigo vinda de Almeida a sul.
Entretanto, os 150 defensores de Castelo Rodrigo defendem-se como podem, praticamente sem armas e especialmente sem comida. As forças portuguesas que vinham em seu auxílio eram inferiores em numero, e contavam com cerca de 2.500 homens, 500 cavalos e 2 peças de artilharia.
As tropas portuguesas estão em Castelo Rodrigo na manhã de 7 de Julho, porque se aproximaram dissimuladamente das forças castelhanas durante a noite.
Os portugueses sabem que as forças castelhanas, avisadas da movimentação portuguesa também vão receber reforços que já estão em Ciudad Rodrigo, reforços que são constituídos por 1000 infantes e 300 cavalos, os quais deverão de seguida marchar em apoio das forças castelhanas do Duque de Ossassuna.
Mas na manhã de 7 de Julho, o ataque português, de surpresa e de flanco, permite tomar os canhões do exército castelhano que caíram de imediato nas mãos dos portugueses. As forças portuguesas aproveitam a sua vantagem em termos de cavalaria, para tentar desorganizar as linhas inimigas.
Os castelhanos segundo os relatos da época resistiram ao primeiro embate, mas perante uma situação táctica extremamente negativa não resistiram ao segundo.
A batalha ainda decorreu durante a manhã e parte da tarde, com acções por parte da infantaria portuguesa tendo o comando das forças espanholas ordenado a retirada em completa desorganização.
Além de toda a artilharia castelhana, foram ainda tomados os seus víveres e cargas. Na sua retirada, o Duque de Ossassuna foi perseguido pelas forças portuguesas e hostilizado pelas populações da região.
A batalha de Castelo Rodrigo, é também conhecida como Batalha da Salgadela, por ter ocorrido num lugar com aquele nome."
Nesse tempo eram os cavalos (tripulados!) que ganhavam as batalhas!
Hoje são as cavalgaduras dos drones comandados à distância...
É a guerra em versão vídeo games.
Em função destas e doutras cenas de estalada pelas zonas da raia, finalmente lavrou-se em pedra a lei da península: Portugueses e Castelhanos, querem-se como os macacos: Cada um no seu Galho!
E assim ficámos até aos dias de hoje. A malta do Jamon por lá e a gente do Presunto Bísaro por aqui.
Mas está tudo bem mudado, nuestros hermanos vêm buscar as porcas (com vossa licença) ao Alentejo e nós compramos-lhes a eles a charcutaria de qualidade...
É a economia global ibérica... Que me parece ser-lhes mais favorável de momento. Pelo menos no diz respeito a porcos e chouriços.
Por mim tudo bem, mas enquanto me lembrar do Benfica-Sevilha não me falem da Andaluzia carago!!
A Galicia já é outra coisa.... Marisco das Rias Bajas (Arousa, Vigo ou Pontevedra!!) isso é que vale a pena... Olhem lá para a travessa se fizerem favor...
Tanta conversa apenas para justificar uma travessa de marisco excelente a ilustrar o Post?
Então o que querem?
Em Castelo Rodrigo só se for marisco de sequeiro... E se calhar a falar marroquino.
O humilde caracol, pois claro!
Também gosto! Mas não é a mesma coisa...
Por isso só contem comigo na próxima Quarta Feira!
Celebramos os 350 anos da Batalha de Castelo Rodrigo, por alturas da Restauração.
Os Heróis desse tempo, homens e mulheres que garantiram com o seu sangue a independência nacional - apesar de bastamente ultrapassados em número e materiais - bem merecem este memorial.
Deixo aqui uma pequena descrição do acontecimento, por cortesia da Câmara Municipal de Figueira:
"Para tentar sacudir a pressão dos ataques portugueses a sul, o comandante de Ciudad Rodrigo (praça que pela sua importância na guerra contra Portugal foi inicialmente governada pelo Duque de Alba e era na altura comandada pelo Duque de Ossassuna), decide retaliar atacando a norte, onde não há forças portuguesa em numero.
Manda sair as suas forças que eram constituídas por cerca de 5.000 homens, 70 cavalos e 9 peças de artilharia. Essa força vai atacar a fortificação portuguesa de Castelo Rodrigo, onde se encontravam 150 soldados portugueses, que enviaram pedidos de auxílio para apoio contra as forças invasoras, pois Castelo Rodrigo está apenas defendida por uma muralha medieval.
Uma força portuguesa comandada pelo governador da Beira, Pedro Jacques de Magalhães foi reunida à pressa para marchar sobre Castelo Rodrigo vinda de Almeida a sul.
Entretanto, os 150 defensores de Castelo Rodrigo defendem-se como podem, praticamente sem armas e especialmente sem comida. As forças portuguesas que vinham em seu auxílio eram inferiores em numero, e contavam com cerca de 2.500 homens, 500 cavalos e 2 peças de artilharia.
As tropas portuguesas estão em Castelo Rodrigo na manhã de 7 de Julho, porque se aproximaram dissimuladamente das forças castelhanas durante a noite.
Os portugueses sabem que as forças castelhanas, avisadas da movimentação portuguesa também vão receber reforços que já estão em Ciudad Rodrigo, reforços que são constituídos por 1000 infantes e 300 cavalos, os quais deverão de seguida marchar em apoio das forças castelhanas do Duque de Ossassuna.
Mas na manhã de 7 de Julho, o ataque português, de surpresa e de flanco, permite tomar os canhões do exército castelhano que caíram de imediato nas mãos dos portugueses. As forças portuguesas aproveitam a sua vantagem em termos de cavalaria, para tentar desorganizar as linhas inimigas.
Os castelhanos segundo os relatos da época resistiram ao primeiro embate, mas perante uma situação táctica extremamente negativa não resistiram ao segundo.
A batalha ainda decorreu durante a manhã e parte da tarde, com acções por parte da infantaria portuguesa tendo o comando das forças espanholas ordenado a retirada em completa desorganização.
Além de toda a artilharia castelhana, foram ainda tomados os seus víveres e cargas. Na sua retirada, o Duque de Ossassuna foi perseguido pelas forças portuguesas e hostilizado pelas populações da região.
A batalha de Castelo Rodrigo, é também conhecida como Batalha da Salgadela, por ter ocorrido num lugar com aquele nome."
Nesse tempo eram os cavalos (tripulados!) que ganhavam as batalhas!
Hoje são as cavalgaduras dos drones comandados à distância...
É a guerra em versão vídeo games.
Em função destas e doutras cenas de estalada pelas zonas da raia, finalmente lavrou-se em pedra a lei da península: Portugueses e Castelhanos, querem-se como os macacos: Cada um no seu Galho!
E assim ficámos até aos dias de hoje. A malta do Jamon por lá e a gente do Presunto Bísaro por aqui.
Mas está tudo bem mudado, nuestros hermanos vêm buscar as porcas (com vossa licença) ao Alentejo e nós compramos-lhes a eles a charcutaria de qualidade...
É a economia global ibérica... Que me parece ser-lhes mais favorável de momento. Pelo menos no diz respeito a porcos e chouriços.
Por mim tudo bem, mas enquanto me lembrar do Benfica-Sevilha não me falem da Andaluzia carago!!
A Galicia já é outra coisa.... Marisco das Rias Bajas (Arousa, Vigo ou Pontevedra!!) isso é que vale a pena... Olhem lá para a travessa se fizerem favor...
Tanta conversa apenas para justificar uma travessa de marisco excelente a ilustrar o Post?
Então o que querem?
Em Castelo Rodrigo só se for marisco de sequeiro... E se calhar a falar marroquino.
O humilde caracol, pois claro!
Também gosto! Mas não é a mesma coisa...
Para Descansar a Vista
Neste Verão envergonhado lembrei-me de vos dar um poema sobre a Vergonha.
A boa vergonha é importante e necessária. É uma espécie de polícia sinaleiro das nossas acções, criticando atitudes menos positivas e pensamentos mais virados do avesso,.. Acontece até que as grandes almas chegam a ter vergonha de si próprias pelos actos dos outros.
Este é o caso de hoje.
O seu autor, figura notável das letras , da cultura e da política brasileira, democrata e filólogo, é bem conhecido pela frase:
A liberdade não é um luxo dos tempos de bonança; é o maior elemento da estabilidade.
Trata-se de Benedito Rui Barbosa, o grande diplomata e escritor brasileiro, a "Águia do Congresso de Haia" (a 2ª Conferência de Paz do século passado) o qual escreveu este poema notável que aqui deixo, reflectindo que tão pouca coisa mudou desde essa Primavera de 1907...
Infelizmente!
Vergonha de ser Honesto
Sinto vergonha de mim
por ter sido educador de parte deste povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-Mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o 'eu' feliz a qualquer custo,
buscando a tal 'felicidade'
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos 'floreios' para justificar
actos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre 'contestar',
voltar atrás
e mudar o futuro.
Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer...
Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir o meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar o meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo deste mundo!
'De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
A rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto'.
Rui Barbosa
A boa vergonha é importante e necessária. É uma espécie de polícia sinaleiro das nossas acções, criticando atitudes menos positivas e pensamentos mais virados do avesso,.. Acontece até que as grandes almas chegam a ter vergonha de si próprias pelos actos dos outros.
Este é o caso de hoje.
O seu autor, figura notável das letras , da cultura e da política brasileira, democrata e filólogo, é bem conhecido pela frase:
A liberdade não é um luxo dos tempos de bonança; é o maior elemento da estabilidade.
Trata-se de Benedito Rui Barbosa, o grande diplomata e escritor brasileiro, a "Águia do Congresso de Haia" (a 2ª Conferência de Paz do século passado) o qual escreveu este poema notável que aqui deixo, reflectindo que tão pouca coisa mudou desde essa Primavera de 1907...
Infelizmente!
Vergonha de ser Honesto
Sinto vergonha de mim
por ter sido educador de parte deste povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-Mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o 'eu' feliz a qualquer custo,
buscando a tal 'felicidade'
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos 'floreios' para justificar
actos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre 'contestar',
voltar atrás
e mudar o futuro.
Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer...
Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir o meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar o meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo deste mundo!
'De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
A rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto'.
Rui Barbosa
quinta-feira, julho 03, 2014
Mais um Prémio para a Filatelia dos CTT
Porquê fingir distanciamento e alguma sobranceria? Não vale a pena armar ao pingarelho. Aquela atitude "Dorian Gray" que finge que "isto" não interessa nada?
- "Que maçada, mais um prémio. Já nem tenho prateleiras em casa para pôr os diplomas..."
Isso não é para mim. Ganhámos mais um ASIAGO e eu gostei tanto deste como dos outros todos!
Parabéns ao Professor João Machado, um grande, enorme, designer de todos os tempos e nações.
E Parabéns à minha gente, aos nossos 59 trabalhadores, que continuam a manter acesa esta chama de qualidade que nos distingue há já tanto tempo.
Sem esquecer todos os que entretanto se reformaram , mas estavam cá em 2013, quando o selo vencedor foi emitido!
Agora vou lavar (outra vez) a boca. Ando a babar-me desde ontem...
Aqui fica a notícia oficial:
" Os CTT foram hoje distinguidos com um dos mais importantes prémios internacionais de filatelia, o Grande Prémio Asiago de Arte Filatélica. Esta distinção, na categoria de Turismo, premeia o selo de 0,36€ da emissão “Ano Internacional da Estatística”, 2013, da autoria do Professor João Machado.
Os CTT, através do seu departamento de filatelia, todos os anos, procuram divulgar nos seus selos motivos de elevado interesse nacional ou internacional, homenagear personalidades ou comemorar factos históricos.
Criados em 1970, estes Prémios também conhecidos como os “Óscares” da Filatelia são dos mais conceituados do Mundo, e são outorgados com o alto patrocínio do Presidente da República de Itália.
É sexta vez que Portugal, através dos CTT, recebe este reconhecimento internacional, tendo sido distinguido nos anos de 1978, 1992, 2005, 2007, 2010 e agora em 2013.
Neste ano, a cerimónia de entrega dos prémios vai desenrolar-se a 6 de Julho, na vila de Asiago, dando reconhecimento ao mais alto grau de desenvolvimento artístico dos selos emitidos em 2013."
quarta-feira, julho 02, 2014
Em homenagem a Sophia
Poeta não morre. Ser poeta é "ser mais alto, ser maior do que os outros... é ser mendigo e dar como quem seja Rei..."
O poeta pode cair por terra, porque é feito da matéria perecível de toda a humanidade. Todavia as ideias ficam, a obra deve ser lida, transmitida e comentada.
Sophia de Mello Breyner Andresen foi ( e é) um dos maiores poetas portugueses (ela não gostava que lhe chamassem poetisa).
Compartilha o meu espaço de conforto, aquele paraíso particular a que gostaria de ascender depois desta vida terrena, juntamente com Camões, Pessoa, Herberto Hélder, Florbela, Alexandre O'Neil e poucos mais.
Hoje é o dia em que a "nomenklatura" portuguesa achou por bem dar-lhe como local de repouso final o panteão nacional.
Como se ela precisasse de mais esta homenagem dos poderosos, depois de uma vida de impecável solidez cívica , a dar voz aos humildes.
A terra lusa tem destas coisas. Só se lembra de louvar as grandes almas depois de mortas.
Por vezes leva tempo esta consideração póstuma. Em relação a Sofia levou 10 anos, mas ao pobre Luis de Camões levou tanto tempo que, quando deram pela falta de respeito, nem sabiam já em que vala comum lhe tinham enterrado os ossos...
Mas deixemos passar. O que interessa é que Sophia estará para sempre viva nos seus poemas. E aqui vai hoje um deles:
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
O poeta pode cair por terra, porque é feito da matéria perecível de toda a humanidade. Todavia as ideias ficam, a obra deve ser lida, transmitida e comentada.
Sophia de Mello Breyner Andresen foi ( e é) um dos maiores poetas portugueses (ela não gostava que lhe chamassem poetisa).
Compartilha o meu espaço de conforto, aquele paraíso particular a que gostaria de ascender depois desta vida terrena, juntamente com Camões, Pessoa, Herberto Hélder, Florbela, Alexandre O'Neil e poucos mais.
Hoje é o dia em que a "nomenklatura" portuguesa achou por bem dar-lhe como local de repouso final o panteão nacional.
Como se ela precisasse de mais esta homenagem dos poderosos, depois de uma vida de impecável solidez cívica , a dar voz aos humildes.
A terra lusa tem destas coisas. Só se lembra de louvar as grandes almas depois de mortas.
Por vezes leva tempo esta consideração póstuma. Em relação a Sofia levou 10 anos, mas ao pobre Luis de Camões levou tanto tempo que, quando deram pela falta de respeito, nem sabiam já em que vala comum lhe tinham enterrado os ossos...
Mas deixemos passar. O que interessa é que Sophia estará para sempre viva nos seus poemas. E aqui vai hoje um deles:
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
terça-feira, julho 01, 2014
Badajoz à Vista
Lá fui e de lá vim.
Com dores e a arrastar a velha perna que, de tanto me arder, parecia querer transformar-se em monte de brasas para alguma fogueira de S. João...
Tá na cara (melhor dito, na perna e nas costas) que a rotunda alimária filatélica deve ir devagar e devagarinho, dar tempo ao tempo e ter mais juízo na cabeça. Dito isto (que nem sei se ficou bem registado nos bancos de memória da criatura, muito dada a esquecer o que não gosta) vamos dar novidades do assunto em causa: a apresentação pública da emissão de Selos "Elvas, Fortaleza abaluartada e muralhas envolventes: Património Mundial".
Acho que a última vez que tinha parado em Elvas foi no regresso de Espanha, com saudades do "bacalhau dourado" que era mister comer na antiga Pousada. Imagino que se teria passado essa cena talvez em 1998.
Foi engraçado ver como a cidade se transformou para melhor. Sob o impulso da candidatura a Património Mundial da UNESCO a autarquia trabalhou que se fartou. Alindou praças e vias de comunicação, recuperou centenas de casas, abriu não sei quantos museus, etc, etc...
Os impactos no Turismo local foram também grandiosos: 320% de aumento de visitantes entre 2012 e finais de 2013. São perto de 150 000 turistas por ano num local - como bem disse a Vice-Presidente - longe do mar e com temperaturas de 40 graus no Verão.
A cerimónia esteve bem composta , com quase 100 pessoas na Biblioteca Municipal e o habitual número circense da obliteração de 1º dia correu bem.
Encontrando-se encerrado para férias o conhecido Restaurante Pompílio (em S.Vicente da Ventosa, entre Elvas e Portalegre) onde desejávamos pastar, tivemos de resolver de outra forma.
E lá fomos à Bolota, entre Borba e a Terrugem. Casa criada em cima do saber culinário de Dª Julia Vinagre e onde se continua a comer bem e alentejanamente desde a fundação, lá para o início deste século.
Infelizmente encerrava às Segundas Feiras...
Já marafados e a salivar abancámos mesmo em Elvas. Na Adega Regional;
Rua Joao de Casqueiro.
Vulgar de Lineu, nem bem nem mal, antes pouco mais ou menos... Grelhados e bifes de perú.. Tinham bacalhaus vários na carta e muitos mariscos (em Elvas)...
Fomos pelos grelhados e vá que não vá (como diziam os antigos, a fome é o melhor tempero que existe).
Nem sempre posso entusiasmar-me com as locandas... É a vida.
Com dores e a arrastar a velha perna que, de tanto me arder, parecia querer transformar-se em monte de brasas para alguma fogueira de S. João...
Tá na cara (melhor dito, na perna e nas costas) que a rotunda alimária filatélica deve ir devagar e devagarinho, dar tempo ao tempo e ter mais juízo na cabeça. Dito isto (que nem sei se ficou bem registado nos bancos de memória da criatura, muito dada a esquecer o que não gosta) vamos dar novidades do assunto em causa: a apresentação pública da emissão de Selos "Elvas, Fortaleza abaluartada e muralhas envolventes: Património Mundial".
Acho que a última vez que tinha parado em Elvas foi no regresso de Espanha, com saudades do "bacalhau dourado" que era mister comer na antiga Pousada. Imagino que se teria passado essa cena talvez em 1998.
Foi engraçado ver como a cidade se transformou para melhor. Sob o impulso da candidatura a Património Mundial da UNESCO a autarquia trabalhou que se fartou. Alindou praças e vias de comunicação, recuperou centenas de casas, abriu não sei quantos museus, etc, etc...
Os impactos no Turismo local foram também grandiosos: 320% de aumento de visitantes entre 2012 e finais de 2013. São perto de 150 000 turistas por ano num local - como bem disse a Vice-Presidente - longe do mar e com temperaturas de 40 graus no Verão.
A cerimónia esteve bem composta , com quase 100 pessoas na Biblioteca Municipal e o habitual número circense da obliteração de 1º dia correu bem.
Encontrando-se encerrado para férias o conhecido Restaurante Pompílio (em S.Vicente da Ventosa, entre Elvas e Portalegre) onde desejávamos pastar, tivemos de resolver de outra forma.
E lá fomos à Bolota, entre Borba e a Terrugem. Casa criada em cima do saber culinário de Dª Julia Vinagre e onde se continua a comer bem e alentejanamente desde a fundação, lá para o início deste século.
Infelizmente encerrava às Segundas Feiras...
Já marafados e a salivar abancámos mesmo em Elvas. Na Adega Regional;
Rua Joao de Casqueiro.
Vulgar de Lineu, nem bem nem mal, antes pouco mais ou menos... Grelhados e bifes de perú.. Tinham bacalhaus vários na carta e muitos mariscos (em Elvas)...
Fomos pelos grelhados e vá que não vá (como diziam os antigos, a fome é o melhor tempero que existe).
Nem sempre posso entusiasmar-me com as locandas... É a vida.
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