quarta-feira, outubro 23, 2013

Falcões no Ar

Apresentámos ontem no Palácio de Queluz mais um dos nossos Livros temáticos dedicado à Falcoaria. Como dizia o vosso Blogger: “Um falcão ainda cabe num selo, mas o céu onde voa já não…Só se for num livro”. E assim convenceu os poderes que mandam a  passar das palavras aos actos!

Deixo aqui algumas linhas sobre o teor desta obra.

Na Península Ibérica a antiquíssima arte da Cetraria ou Falcoaria foi praticada por diferentes povos há mais de mil anos: os invasores do norte da Europa introduziram a cetraria de "baixo voo", uma modalidade de caça mais utilizada nos bosques ou florestas, enquanto que, mais tarde, os berberes do Norte de África caçavam  em todo o Al-Andaluz por “altanaria”, onde por norma só se utilizavam falcões.

Foi durante a época medieval que a cetraria teve o seu auge no nosso país, tendo tido importância indiscutível ao tempo a edição – a pedido do Rei D. Fernando - do famoso livro de Pêro Menino (1380?) sobre esta atividade, com enfâse nas doenças que afligiam as principais aves utilizadas.

Um velho texto medieval – Book of  Saint Albans, 1486, Inglaterra -  faz referência à hierarquia da cetraria da época. É uma lista que  pela sua abrangência  dá a noção que se tratava de um desporto de elites sim, mas seguido de perto pelas outras classes sociais que conseguiam tirar algum tempo aos seus afazeres diários : Uma águia para o Imperador, um gerifalte para o rei, um peregrino para um príncipe, um sacre para um cavaleiro, um esmerilhão para uma dama, um açor para um pequeno proprietário, um gavião para um sacerdote, um bútio para um sacristão, um milhafre para um criado.

Atualmente a Falcoaria continua a ser utilizada como uma técnica de caça amiga do ambiente, pois  não provoca abates indiscriminados de espécies nem prejudica o equilibro natural. Para além disso  tem muita importância no controlo de pragas, quer nos aeroportos, afugentando pombos ou gaivotas que poderiam colidir com as aeronaves, quer em aterros sanitários, defendendo  a saúde pública, ou ainda na proteção de culturas agrícolas e aquaculturas.

Estas espécies magníficas são também  utilizadas em ações de conservação, pois tendo sido nascidas e criadas em cativeiro podem ser reintroduzidas em habitats naturais onde se verifica a sua diminuição ou mesmo extinção.

A par da beleza estética irrefutável que é apanágio das aves que aqui são retratadas, foram também os critérios de sustentabilidade ambiental inerentes a estas utilizações atuais que levaram  os CTT a lançar um magnífico Livro temático (com selos e blocos dentro) sobre esta milenar actividade.

Esperamos que o livro possa contribuir para o desenvolvimento de novas perspetivas e abordagens de investigação dos especialistas, mas também para despertar na juventude portuguesa o desejo de ver mais de perto e, sobretudo, de respeitar estes seres maravilhosos que dominam os céus.




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