Serve o artigo de Miguel Esteves Cardoso no “Público” de Sábado passado, mais especificamente no “Fugas”, para meter eu também aqui a minha colher na defesa daquilo que ainda temos de bom na nossa terra.
E não falo apenas no clássico restaurante Beira Mar, local onde foi o meu filho e senhorio quase criado – o que, aliás, explica algumas das actuais idiossincrasias da alimária em adulto – e onde ainda hoje regresso sempre com imenso gosto, quase como se regressasse à casa da família depois de ausência longa de “emigrado”.
Falo sobretudo da pesca artesanal que à custa de alguns pescadores teimosos e desmiolados, como o sempre celebrado Tó Simão de Cascais, continua a abastecer algumas casas de restauração com aquelas coisas a que apenas os eleitos têm direito: os pargos e os sargos selvagens ali apanhados por volta da Roca, os linguados cor-de-rosa, os pregados a saltar dos baldes, os carabineiros de 400g cada um (sim, é verdade!), as verdadeiras gambas de Cascais de mão fechada (12cm) e por aí fora, passando pelos percebes, pelas bruxas e pelas lagostas e lavagantes, estes dos azuis, as primeiras salpicadas de preto. E para os grandes especialistas, as anchovas vivas de quilo e meio, o carapau manteiga ( mais para os mares setubalenses) e os famosos salmonetes das rochas a que MEC se referia no tal artigo.
Uma vez – claro que no Beira Mar - mandei vir 4 salmonetes encapotados para mim e para um convidado, um senhor importante, Director Geral da VPC Trois Suisses em visita à filial em Portugal. À frente dele retirei os fígados , temperei levemente com duas ou três gotas de sumo de limão e barrei várias torradas quentinhas com o resultado.
Ainda me lembro do brilhozinho nos olhos do gaulês…
Por todos estes motivos saúdo o Tó Simão, saúdo a DªLurdes e a equipa do Beira e mando daqui um abraço ao MEC, meu colega no liceu de S. João (em aluno) e mais tarde outra vez colega como Assistente no ISCTE, por em boa hora se ter lembrado de Cascais.
Nota: Um destes dias comemos no Beira um magnífico pargo de 5kg assado no forno à portuguesa, com Vallado extreme de Moscatel Galego 2012, antecedido por umas bruxinhas acompanhadas por um Alvarinho particular de Monção, muito perto do antigo Alvarinho de bago miúdo (paradigma da casta, hoje praticamente abandonado pela fraca rentabilidade). O paraíso cristão deve assemelhar-se muito a isso. Só faltou aquilo que V. estão a pensar…
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