quinta-feira, outubro 03, 2013

A Rabia e o Jogo do Eixo

O extraordinário jogo de ontem à noite da Champions PSG-SLB - extraordinário no sentido exacto do termo: para lá de anormal - lembrou-me os meus tempos de miúdo gordo no Estoril, entre a "rabia" e o "Jogo do Eixo" , ambos na rua está claro! Porque os carros que passavam eram tantos como cabelos na cabeça do Pier Luigi Colina.

Nessa altura o bombo da festa era eu mesmo. A outra malta rabiava-me com a bola ou com o ringue , e quanto a saltar o eixo, poucos se atreviam a dar-me passagem por cima dos delicados corpinhos.

Irritava-me (como não??!!) esse estado de coisas, e talvez por causa disso rapidamente me inscrevi no judo dos Bombeiros do Estoril, onde passados 6 ou 7 anos a gordura cedeu lugar ao músculo e a história das tardes de verão a brincar na rua ou na praia (ali tão perto) passou a ser outra.

E até chegámos a ser Campeões Nacionais de Judo, comigo a competir na categoria de pesados (mais de 96kg). Por isso tenho a medalha de Mérito Desportivo da Associação dos Bombeiros.

Uns 40 anos depois a gordura ganhou ao músculo abertamente na batalha pelo domínio do corpo da alimária. Aliás, foi ganhando, dia a dia, essa batalha contra o músculo, Almoço a almoço, jantar a jantar, cabrito a cabrito, bacalhau assado a bacalhau assado ( e paro aqui, porque já me está a dar a larica apesar das horas matinais).

Culpo o desafogo financeiro que decorria de eu ter na altura dos meus 25 anos 3 empregos (melhor dito, três fontes de rendimento) : O ISCTE, os CTT e ainda a atividade freelancer, primeiro  em estudos de viabilização de Investimentos e mais tarde a desenhar projectos de  sondagens eleitorais e estudos de mercado.

Com essa idade e com dinheiro no bolso nada me impedia de frequentar os bons restaurantes. E daí à amizade com os donos foi um pulo... Sempre a crescer o perímetro abdominal cheguei onde estou hoje.

Mas uma coisa ainda vos confesso: Acho sinceramente que mesmo com esta barriga grande que me rodeia ainda era capaz de fazer melhor figura na noite de ontem do que alguns "jogadores" do glorioso...

Talvez pelo hábito da rabia da minha infância, onde bastas vezes e já farto de andar  aos bonés, alçava da perna direita (que sempre foi muito forte) e dava com a bota dos protetores ferrados (quem sabe hoje o que é isso?) na canela mais próxima, acto que tinha por consequência os impetrantes da rabia largarem o sorrisinho das caras e passarem a correr para casa das mães, porque já sabiam que quando eu começava a "dar martelada" nunca mais parava e as coisas tinham tendência para ficar complicadas, a "rabia" rapidamente se transformava em "lasca o osso".

Mas isso eram outros tempos... Infelizmente.


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