Ontem tive de cuidar da minha santa cá de baixo, motivo pelo qual não apareci aqui. Médicos de tarde e cemitério de manhã - aproxima-se o Dia de Todos os Santos e há que ter as campas em condições, neste ano em que pela primeira vez o feriado do 1 de Novembro nos foi retirado.
Nestas vésperas do Halloween tivemos por ornamento à hora do Jantar a tão esperada, quase sebastiânica na demora e ansiedade, Reforma do Estado.
Foi mais ou menos o que se esperava: por um lado, um chorrilho de lugares comuns com que todos concordam. Ideias gerais, geralíssimas que já vêm do tempo do Sr. Prof. Cavaco como 1º Ministro.
E no que toca a ditames mais conclusivos, tivemos direito à Cartilha do Neo-Liberalismo no pleno: privatização da Segurança Social, da Educação e da Saúde (ainda mais). Flexibilização do trabalho e outras coisas que tais, muitos eufemismos que deixarei à UGT e à CGTP o cuidado da respectiva tradução.
Como dizia hoje de manhã o António Peres Metelo na TSF, o que se ouviu e viu foi a apresentação de uma espécie de proposta de OE para 2015, quando a mesma proposta devia ter sido apresentada para discussão, em 2011…
Ah, e já me esquecia… Com a sombra da Revisão Constitucional e da inclusão da “regra de ouro” dos limites do déficit no texto revisto, entre outras coisas.
Não é que nesta Reforma proposta esteja tudo mal. Trata-se de um conjunto de afirmações ideologicamente orientadas (como seria de esperar), aqui e ali envolvidas em grossas Lapalissadas na sua vulgaridade, em termos de senso comum. O mal não é esse. O mal estará em que quem as escreveu já sabia que ao imbui-las da ideologia de centro-direita estaria a retirar a hipótese do PS as discutir seriamente.
Então para quê o trabalho?