Dois Sonetos nesta Sexta feira de muitos ruídos e estrondos que bastem, até aqui nos meus CTT. Um deles, do imortal Paul Verlaine, fala-nos da Angústia, o outro, do nosso Príncipe, fala-nos de Esperança. A Vocês, Leitores, dou o privilégio da escolha.
Angoisse
Nature, rien de toi ne m’émeut, ni les champs
Nourriciers, ni l’écho vermeil des pastorales
Siciliennes, ni les pompes aurorales,
Ni la solennité dolente des couchants.
Je ris de l’Art, je ris de l’Homme aussi, des chants,
Des vers, des temples grecs et des tours en spirales
Qu’étirent dans le Ciel vide les cathédrales,
Et je vois du même œil les bons et les méchants.
Je ne crois pas en Dieu, j’abjure et je renie
Toute pensée, et quant à la vieille ironie,
L’Amour, je voudrais bien qu’on ne m’en parlât plus.
Lasse de vivre, ayant peur de mourir, pareille
Au brick perdu jouet du flux et du reflux,
Mon âme pour d’affreux naufrages appareille.
Paul Verlaine
Extrait des "Poèmes saturniens"
Para que quero a Glória Fugitiva?
Já é tempo, já, que minha confiança
Se desça duma falsa opinião;
Mas Amor não se rege por razão,
Não posso perder, logo, a esperança.
A vida sim, que uma áspera mudança
Não deixa viver tanto um coração.
E eu só na morte tenho a salvação?
Sim, mas quem a deseja não a alcança.
Forçado é logo que eu espere e viva.
Ah dura lei de Amor, que não consente
Quietação num'alma que é cativa!
Se hei-de viver, enfim, forçadamente,
Para que quero a glória fugitiva
Duma esperança vã que me atormente?
Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário