Artº 142º da Constituição:
O Conselho de Estado é presidido pelo Presidente da República e composto pelos seguintes membros:
a) O Presidente da Assembleia da República;
b) O Primeiro-Ministro;
c) O Presidente do Tribunal Constitucional;
d) O Provedor de Justiça;
e) Os presidentes dos governos regionais;
f) Os antigos presidentes da República eleitos na vigência da Constituição que não hajam sido destituídos do cargo;
g) Cinco cidadãos designados pelo Presidente da República pelo período correspondente à duração do seu mandato;
h) Cinco cidadãos eleitos pela Assembleia da República, de harmonia com o princípio da representação proporcional, pelo período correspondente à duração da legislatura.
Assim à primeira vista tudo gente "do castiço", "à maneira" e livres de qualquer suspeita, não acham?
Estão enganados. Ou melhor, pode ter sido assim, mas já não é. Ora leiam:
O que se passava lá dentro do Conselho de Estado sempre foi sagrado. Nunca, por nunca ser, um dos seus membros terá tido a audácia de vir cá para fora "chibar" abertamente o que foi dito e respondido dentro daquelas paredes...
É claro que "fugas de informação sempre existiram. Mas como ninguém sabia (enfim...) qual a origem, era possível acreditar nalguma "escuta de microfone " por baixo da Cavacal mesa (parece que Belém será muito dada a estas infestações) , ou então nalguma indiscrição do funcionário que mudava as garrafas da água. Ou coisas desse género.
Até anteontem..
O primeiro-ministro José Sócrates disse na segunda-feira, em entrevista à RTP, que não se falou de empréstimo intercalar na reunião do Conselho de Estado, enquanto Bagão Félix, conselheiro, acusou o primeiro-ministro de mentir, em declarações ao Público e à Rádio.
Depois houve posições a defender um e o outro (Carlos César e Almeida Santos por um lado, António Capucho pelo outro).
O antigo presidente da República Mário Soares - que apesar da ginjice dos 86 aninhos parece ainda ser um dos mais lúcidos políticos deste tempo - rejeitou na terça-feira entrar na troca de acusações sobre quem está a mentir sobre a reunião do Conselho de Estado, lembrando a regra do silêncio:
«Eu não vou falar do que se passou no Conselho de Estado, porque é regra que os conselheiros vão para ali para falar ao Presidente e não para o público».
«Eu por mim sou membro do Conselho de Estado e não revelei conteúdo nenhum a ninguém, agora que saiu no «Expresso», saiu! Mas como é que lá chegou, não sei»,
E eu? Que hei-de eu dizer? Que o PR devia escolher melhor quem mete lá pelas suas portas de casa "adentro"? Que em Belém a bagunça é tão grande que já deixam qualquer bicho careto pisar os tapetes persas que o Khadafi ofereceu à República noutras luas?
Ou, simplesmente, que a Honra e a Verdade se cansaram da queiroziana "choldra" em que "isto" se tornou e foram dar uma volta para outras paragens, onde o Ar será mais respirável?
E parece que se deram por lá bem e não há jeito nem maneira de as convencer a regressar... Pudera!
Um comentário:
Assim é que é falar, digo, escrever.
E então eu, já velho e cansado, que acabo de concluir que (ele) há arruaceiros em qualquer lugar!
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