terça-feira, setembro 07, 2010

A Turba

Marinho Pinto, no programa "Prós e Contras" de ontem à noite falou da "Turba Mediática" e de como a sentença do famigerado caso da "Casa Pia" poderia ter sido empolada para dar satisfação a essa "coisa" indistinta mas  que se adivinha poderosa: A Turba Mediática!

Nem sequer discuto esse assunto do caso "Casa Pia" que, na minha opinião, envergonha o País, desgraça o Estado e embaraça a Justiça.  Mas há que reflectir um pouco sobre esta questão importante do "Governar para a Plateia", de exercer o múnus da governação tal como um mau treinador de futebol faz substituições a pedido do "3º anel"....

Nada disto é novo. Até os antigos Imperadores romanos, de cima do seu pedestal de "divinos",  também governavam tendo em vista a "Turba".  Talvez não a mediática, algo limitada naquele tempo pela falta da matéria prima transmissora da mensagem, mas sempre a "Turba" genericamente falando, constituída pela populaça, pela gentinha, pelo povão, pelos bichosos, pelos favelados, pés-descalços, pelos sem-terra, no fim de contas pelos diversos proletariados (consoante o espaço\tempo em que se encontravam as ditas criaturas).

















"Panem et circenses" era remédio santo para sossegar a "Turba" naqueles tempos em que os investimentos nos palácios de Verão do César da altura,  à custa da  falta de pão para a  população,  fazia tremer o Transtevere, bairro maldito de Roma onde reinava absoluta a tal de "Turba"...

Quem dominava o Transtevere dominava Roma. Pela força dos números está claro! Pela força da demagogia de Estado.

A "Turba" - que nas nossas actuais sociedades pensa ter na mão  a arma final: o voto - acaba por ser (ontem como hoje) subtilmente manipulada para eleger quem for mais arguto, mais demagogo e mais "populista"...

Divisa actual do candidato a político: No Antes: Prometer sempre ! E muito! Depois de Eleito: "Fazer" , pouco e devagar, de acordo com as vantagens pessoais que daí ocorrerem...

Os bem-pensantes, as vanguardas eruditas, os intelectuais, os árbitros das elegâncias Petrónius,  sempre foram, ontem e hoje, apenas umas "melgas" a quem o Poder atira (va) de vez em quando algumas migalhas para que não levantassem demasiado a "garimpa".

O César era bem esperto, estabelecia sempre as suas prioridades: tratar bem de si próprio e dos seus apoiantes, NUNCA deixar faltar o Pão, a Cerveja, e o Salário à Guarda Pretoriana!! Deixar para o fim a satisfação das necessidades do rebotalho . Põr sempre de lado alguma cosinha para "animar" as almas com uns Jogos no Circo Máximo, em caso de impendente revolta dos mesmos tristes.

Estratégia tal e qualmente hoje aplicada por  alguma nomenklatura africana que fala português,  com os seus generais -milionários, de quem nunca se esquece na altura de distribuir os dividendos da Empresa-País que "gerem"...

Em Moçambique aumenta o pão e outros bens essenciais e o Povo vem para a rua, tal e qual como o faria há 2500 anos atrás. Mataram 13 desgraçados que reclamavam por melhores condições de vida... Na Roma dos Césares a Guarda Pretoriana teria morto 130, ou 1300... Uma simples questão de escala.

Ontem, como hoje, os problemas são os mesmos, o Povo sofre da mesma maneira, a reacção do Poder é a mesma... Onde está a evolução da humanidade?

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