Neste Maio do Papa, do Benfica e da desgraça económico-financeira (fujo de pensar em relações causa e efeito...) fará bem a todos parar um pouco para inspirar fundo e pensar .
As coisas que não estão na nossa mão mudar - os Impostos, o preço dos bens e serviços - essas estão resolvidas por natureza. As coisas que ainda conseguimos influenciar - despesas sem necessidade, luxos e mordomias para o corpo e o espírito - essas convém ir controlando e diminuindo, pois bravios são os tempos que nos esperam....
Mas, se me permitem o conselho, não cortem em tudo o que lhes dê prazer ou que lhes levante o espírito. Façam substituições de despesas, comam mais em casa, convidem-se os amigos mutuamente, divirtam-se a planear e a preparar as refeições em família. Não deixem de comprar "aquele" livro que lhes despertou o interesse, ou de ir ver com o "significant other" "aquele" filme de que ambos gostam.
Mesmo no auge do Blitz sobre Londres Sir Winston Churchill insistia para que continuassem a realizar-se e fossem apoiados os bailes e divertimentos públicos, sempre que possível. A "moral" nacional dependia também disso.
Nunca me esqueço da visita de trabalho que fiz a Bucareste ainda na época de Ceausescu, e da forma como me impressionaram os olhos baços, sem vida nem esperança, do povo que por mim passava naquelas ruas... Antes correr o risco de morte imigrando, do que viver naquele sombrio País , em 1978.
Por aqui , e por enquanto, o Sol vai nascendo todos os dias. Já não é mau!
De Paul Verlaine, o Grande Poeta Francês (1844-1896), deixo-lhes um Soneto de Esperança:
L'espoir luit comme un brin de paille dans l'étable
L'espoir luit comme un brin de paille dans l'étable.
Que crains-tu de la guêpe ivre de son vol fou ?
Vois, le soleil toujours poudroie à quelque trou.
Que ne t'endormais-tu, le coude sur la table ?
Pauvre âme pâle, au moins cette eau du puits glacé,
Bois-la. Puis dors après. Allons, tu vois, je reste,
Et je dorloterai les rêves de ta sieste,
Et tu chantonneras comme un enfant bercé.
Midi sonne. De grâce, éloignez-vous, madame.
Il dort. C'est étonnant comme les pas de femme
Résonnent au cerveau des pauvres malheureux.
Midi sonne. J'ai fait arroser dans la chambre.
Va, dors ! L'espoir luit comme un caillou dans un creux.
Ah ! quand refleuriront les roses de septembre !
Paul Verlaine
Biografia de Paul Verlaine cortesia de Luis Gaspar.
Paul Marie Auguste Verlaine nasceu em 1844 em Metz, no leste da França, fez os estudos secundários em Paris, e entrou depois como funcionário para a prefeitura. Já nessa época, frequentava a boémia dos cafés parisienses, tendo sido um funcionário relapso e pouco assíduo. Foi então que descobriu a poesia, que sempre reflectiu a contradição entre uma conduta de boémia e um ideal quase primitivo de pureza e misticismo. “Poèmes Saturniens” ("Poemas Saturninos, 1866) foi sua primeira colectânea publicada. Paul Verlaine professou de início a impassibilidade parnasiana, mas já o seu instinto poético o conduzia a dar maior agilidade ao alexandrino, a utilizar os ritmos ímpares a sugerir vagos estados por estrofes vaporosas. Poucas obras na história da poesia francesa são mais sinceras e comoventes.
O lirismo musical e evanescente de Verlaine exerceu influência decisiva no desenvolvimento do simbolismo (embora o próprio poeta se quisesse manter independente de qualquer corrente literária) e abriu novos caminhos para a poesia francesa. Com Mallarmé e Baudelaire, Verlaine compôs o grupo dos chamados poetas decadentes.
Inquieto e instável, o poeta conquistou por algum tempo o equilíbrio e a paz, quando se casou em 1870 com Mathilde Meauté. Porém, dois anos depois, Verlaine abandonou a mulher e o filho e retomou os seus antigos hábitos boémios. Iniciou então, com o jovem poeta francês Arthur Rimbaud, uma turbulenta ligação sentimental que os levou a percorrer vários países europeus.
Esta ligação tumultuosa entre os dois poetas acabaria em drama: em julho de 1873, em Bruxelas, sob a influência da bebida, Verlaine disparou duas vezes em Rimbaud, que o queria abandonar, e foi preso.
Durante os dois anos de prisão, em Mons, veio a saber que a esposa pedira o divórcio. Profundamente abalado, Verlaine converteu se à fé católica. Libertado, Verlaine tentou em vão reconciliar se com Rimbaud. Viveu no Reino Unido até 1877, quando regressou a França. Testemunhas dessa fase de crise e conversão, são os seus dois livros ?Romances sans paroles? (1874; Romances sem palavras) e ?Sagesse? (1880; Sabedoria). Também é flagrante a influência do génio de Rimbaud nos temas e nos ritmos.
Apesar de sua crescente fama e de ser considerado um mestre pelos jovens simbolistas, o fracasso dos esforços que fez para recuperar a esposa e levar uma vida retirada conduziram Verlaine a uma recaída no mundo da boémia e do alcoolismo.
Os vários livros de poemas que se seguiram apenas ocasionalmente recuperaram a antiga magia, como “Amour” (1888). Da produção posterior de Verlaine, o que mais se destaca são os textos em prosa, como o ensaio “Les Poètes maudits” (1884; Os poetas malditos), vital para o reconhecimento público de Rimbaud, Mallarmé e outros autores, e as atormentadas obras autobiográficas “Mes hôpitaux” (1892; Meus hospitais) e “Mes prisons” (1893; Minhas prisões).
No final da vida, o poeta esgotou se e o homem degradou se. Apesar da celebridade e do respeito das novas gerações que o consagraram como o "Príncipe dos Poetas", Paul Verlaine viveu miseravelmente de hospital em hospital e de café em café até à sua morte em 1896, em Paris.
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