E Depois da Liberalização do Mercado Postal? Que Filatelia vamos ter?
Esta discussão ocupou quase 9 horas da conferência de Tunis... Resumirei aqui as principais conclusões, obviamente de forma muito sintéctica:
a) No caso do Editor de Selos se manter único dentro do país onde se passar a liberalização (sendo um dos Operadores Postais Designados autorizado a emitir, ou passando essa competência do Estado para o Regulador - cá seria a ANACOM) pouco se daria pela troca de situação. A Filatelia de um País continuaria a ser unívoca com a Soberania do mesmo. Existiria um único Plano de Emissões, uma única "filatelia formalmente legalizada" e os coleccionadores passariam a ter os seus planos de aquisições centralizados na rede do Editor seleccionado.
b) No caso do Estado\Governo passar a autorizar que mais do que uma Entidade pudesse Emitir selos postais válidos , teríamos uma situação muito diferente da actual, mais problemas, mas também alguns aspectos mais positivos:
- Aumento da oferta. Mais do que um Plano de Emissões no País. Quebra da relação "Um país = uma Filatelia de Bandeira"
- Coleccionadores teriam que gastar mais dinheiro para continuarem a "ter tudo" ou então deveriam escolher entre os Editores.
- Problemas também para os Editores de Catálogos, fabricantes de Álbuns e de outros materiais específicos...
- Comerciantes teriam, em princípio, mais material para poder vender e mais hipóteses de gerir a sua carteira de Clientes.
- O Coleccionador passaria a ter hipóteses de começar uma colecção com " o 1º selo do novo Editor"
- Os temas dos Planos Anuais poderiam ser mais "liberais" , menos ligados aos aspectos formais da história e evocação de personagens importantes do país, para explorarem sobretudo os temas mais vendáveis.
. A "intromissão" da política no Plano filatélico seria bem menor.
Como se pode observar, para tudo existem Pontos Fortes e Pontos Fracos... Esta discussão não terá fim até se concretizarem, caso a caso, estas novas medidas apadrinhadas pela UE.
Nos casos já conhecidos de Liberalização efectuada (os que conheço melhor serão o da Austrália e o da Suécia) posso referir que na Suécia a produção de selos por parte do Operador Tradicional não foi muito afectada. Os concorrentes preferiram comprar os selos a esse Operador (com enormes descontos) e utilizá-los nas suas redes do que produzirem eles próprios. Obviamente que, por serem grandes compradores, influenciam os temas a fazer, até porque só compram os selos com temas que lhes agradem...
Mas no caso da Austrália, foi necessário o Governo impedir que se colocassem nos selos dos Concorrentes a palavra "Austrália" para dar ao Incumbente (Operador Postal Tradicional - Correios Australiano) algum "músculo" na luta contra os outros.
Essa "distinção" de ser possível imprimir o nome do País nos selos (dando-lhes assim a característica "oficial") e em que circunstâncias é que o Governo tal autorizaria, é agora muito discutida. Está em muitos casos associada ao contrato de prestador do Serviço Postal Universal e seria apenas concedida a quem tivesse esse Contrato nas mãos.
Pode ser esta uma forma salomónica de se encarar este assunto. A mim, pessoalmente, é uma solução que me agrada. E sei que está também a ser estudada na Alemanha e na Áustria.
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