sexta-feira, agosto 29, 2008

A Segurança Interna será o "Buzinão" de Sócrates?!


O Doutor Cavaco Silva teve contra ele e contra as políticas do seu Governo o famoso fenómeno do Buzinão na Ponte e dos "Irmãos Pinto." Ainda se lembram?

Esta história dos irmãos Pinto recorda-me outras figuras mitológicas da nossa sociedade mediática, como o Taxista Máximo e o Restaurador Barbas (adeptos fervorosos do Benfica) ou ainda o não menos notório Guarda Abel (este do FCP)...

Mas vamos ao que interessa.

Neste momento não existe crime violento (com ou sem vítimas de sangue) que não seja de imediato elegido como material de 1ª página dos jornais de papel, ou como abertura dos noticiários.

É bom ou é mau? Deveria ser assim ou não? Não me pronuncio sem saber mais detalhes, como - o que me parece o mais importante - saber mesmo se esta onda de criminalidade está a ser maior, igual ou menor do que em períodos homólogos de outros anos.
Este é o Facto estatístico que ainda não li nem ouvi esgrimido por quem de direito - apenas ontem o Ministro Rui Pereira timidamente sugeriu que estes números da criminalidade do 1º semestre do ano foram superiores aos de 2007 mas inferiores aos de 2004 e 2006...

Será verdade? Porque é que os MCS não investigam e não agarram nesta matéria "de facto" para encher as suas páginas?

A resposta é simples: o que vende Jornais é o sangue na 1ª página. Esse sangue existe, não me interpretem mal... O que questiono é se a sua importância relativa - em 2008 - justifca estas parangonas se comparada com os números de semelhante fenómeno de anos anteriores...

De todas as formas o facto Noticioso deste Verão está encontrado e dele não nos vamos livrar tão cedo. Até porque não devemos ignorar esse outro fenómeno de "copy cat" tão conhecido e respeitado nos USA, por ex, e que aqui parece ser mais ou menos ignorado pelos MCS.

O que é? A vontade dos doentes mentais agarrarem a oportunidade de prime space televisivo, "copiando" o modus operandi de outros criminosos, o qual tem sido citado até à exaustão.

Nestas circunstâncias, o "Povo", a Opinião Pública, os Partidos da Oposição, O Sr. Presidente da República (etc, etc, não sei se me esqueci de alguém) EXIGEM acção do Governo.

Essa acção parece que vai passar - para além do reforço de meios policiais A MEDIO PRAZO POR CAUSA DA NECESSIDADE DE FORMAÇÃO - por ajustes na actual Lei das Armas (seja isso o que for) enquanto que os Professores de Direito estudam a adequação dos actuais Códigos Penal e do Processo Penal a esta "embrulhada" .

O que penso sobre este assunto pode não ser politicamente correcto , mas como não tenciono candidatar-me a cargo político aqui vai na mesma:

Que eu saiba não houve Governo nenhum no mundo que resolveu o problema do Crime violento utilizando meios de combate ao mesmo aceitáveis por sociedades democráticas no sentido da nossa.

Lembro-me que Giulliani teve algum sucesso em Nova Iorque adoptando métodos e tácticas policiais "musculadas" como por exemplo a revista imediata e no local de cidadãos - com armas apontadas - com base não apenas em suspeitas de comportamento MAS TAMBÉM NO ASPECTO (cor da pele , forma de vestir, estarem na via pública sem motivo aparente, etc...)

Estamos preparados para isso aqui em Lisboa?

Os Países, como Cuba - para citar um caro aos nossos "esquerdas" - onde não há (ou não havia) criminalidade oficalmente aceite , resolviam os poucos casos dos "locos criminosos" com as viagens, de ida apenas, para as plantações de cana de açucar. Trabalhos forçados sem limite de tempo ou, como me disseram a mim, "até a Sociedade estar convencida de que o loco está curado"...

SE aqui não queremos nem uma coisa nem a outra, que podemos fazer?

Acreditam que a mudança de algumas leis resolve ?

Ou que, como me pareceu intuir, o maior problema está mesmo no grosso das nossas forças de segurança, longo tempo deixadas em roda livre , sem armas , sem viaturas, sem treino, sem apoio jurídico que as defenda?
Com excepção obviamente dos Corpos de Intervenção, GOES, Corpo de Protecção Pessoal e coisas assim... Para estes vão os melhores Polícias, os mais bem treinados, os mais novos e os mais aptos fisicamente. No Patrulhamento de proximidade ficarão os outros.

Se o Governo investiu - e bem - nesses Corpos de Élite para situações especiais, onde avulta a luta ao Terrorismo, faz algum sentido essas mesmas forças especiais estarem agora a "dar uma mãozinha" no patrulhamento das Ruas?

Não será como pedir aos Navy Seals que passem a ser "banheiros" (com o devido respeito) durante a época balnear, para evitar os acidentes na Praia?

Na minha opinião a PSP, a GNR e a Judiciária atingiram o limite do que se pode fazer com populações envelhecidas, mal equipadas e mal treinadas. E muito fazem eles, mesmo assim...

Cabe ao Governo investir fortemente nessas forças se quer dar a entender à Nação que esta coisa da Segurança Interna não se tansformará no Buzinão de José Sócrates.

Irá a tempo?

quinta-feira, agosto 28, 2008

Alea Jacta est


Os dados estão lançados. Como se esperava ontem à noite Barak Obama foi eleito por unanimidade e aclamação no Congresso do Partido Democrático, ganhando assim formalmente o direito de disputar as eleições presidenciais de Novembro próximo com McCain.

Por outro lado John McCain fará o anúncio do seu Vice Presidente já amanhã, respondendo assim à escolha (e bem legitimada) de Joe Biden por Obama, o veterano especialista de Negócios Estrangeiros do Senado.

Os Clinton fizeram o "endorsment" entusiástico do Voto em Obama, apesar de terem protagonizado ( e vice versa) uma campanha fraternalmente venenosa durante as primárias democratas. Será suficiente para provocar o pleno do Voto dos "burros" em Obama?

Até que ponto a actual situação internacional de maior anuviamento face à Rússia e ao Cáucaso poderá influenciar o eleitor Norte Americano não completamente enfeudado a alguma das candidaturas que se apresentam?

Vamos assistir mais uma vez ao triunfo da velha máxima das sondagens eleitorais, segundo a qual "em épocas de crise os indecisos votam à direita e ganha preponderância o "establishment" no terreno, a situação anterior ?"

Todas estas interrogações são possíveis e que pena eu tenho de não ter meios (leia-se pessoal no terreno) para estar lá mesmo nos USA a fazer previsões...

Não se esqueçam de ir acompanhando o Pedro Magalhães com o seu excelente Margens de Erro, e o Blog "nativo" Politikal Arithmetic também!

quarta-feira, agosto 27, 2008

Para descansar a Vista neste já final de Verão


Do grande Poeta de Rio Maior , Ruy Belo, nascido em 1933 e precocemente falecido em 1978, aqui vai uma melancólica toada de fim de ciclo, um Adeus à Primavera da vida que bem podia também ser um adeus ao Verão:

As velas da memória

Há nos silvos que as manhãs me trazem
chaminés que se desmoronam:
são a infância e a praia os sonhos de partida

Abrir esse portão junto ao vento que a vida
aquém ou além desta me abre?
Em que outro mundo ouvi o rouxinol
tão leve que o voo lhe aumentava as asas?
Onde adiava ele a morte contra os dias
essa primeira morte?
Vinham núpcias sem conto na inconcebível voz
Que plenitude aquela: cantar
como quem não tivesse nenhum pensamento.

Quem me deixou de novo aqui sentado à sombra
deste mês de junho? Como te chamas tu
que me enfunas as velas da memória ventilando: «aquela vez...»?

Quando aonde foi em que país?
Que vento faz quebrar nas costas destes dias
as ondas de uma antiga música que ouvida
obriga a recuar a noite prometida
em círculos quebrados para além das dunas
fazendo regressar rebanhos de alegrias
abrindo em plena tarde um espaço ao amor?
Que morte vem matar a lábil curva da dor?
Que dor me faz doer de não ter mais que morrer?

E ouve-se o silêncio descer pelas vertentes da tarde
chegar à boca da noite e responder

Ruy Belo
Aquele Grande Rio Eufrates

terça-feira, agosto 26, 2008

Férias em Casa

Acabo o meu período anual de descanso com uma semana em casa. Muitos portugueses farão o mesmo e nem sequer podem vangloriar-se de ter ido passar uma semanita à Beira Alta como eu (embora para uma casa que é nossa) ou sequer uns dias em Sagres...

Por isso não me queixo.

As férias em casa têm coisas boas e outras menos boas.

A melhor, segundo dizem, é o preço. Em casa fazem-se umas férias em conta se tivermos algum cuidado.
Então podem explicar-me porque é que acabo sempre por gastar mais dinheiro quando estou em casa do que quando vou para fora??!!
Eu até acredito que se pode poupar numas férias caseiras, mas apenas se formos à Praia e almoçarmos (em casa) à vinda ... Ah, já me esquecia ... e também se jantarmos sempre dentro de portas...

A coisa pior no passar Férias em casa - pelo menos no meu caso - é ter a minha Mãe a morar a 20 metros...Todos os dias, a quase todas as horas... A entrar e a sair durante as "horas de expediente" e a telefonar fora do "horário de trabalho"...

Bem sei que há-de chegar o dia - e só espero que ainda demore muito - onde vou olhar para trás e desejar que ela me continuasse a "chatear" como agora, mas de momento é uma "sinecura" inenarrável....

Para começar bem o dia: - Às 8.00H da manhã: "-Ainda estão deitados? Levantem-se e vão para a Praia! A noite foi longa não foi?"

Se viemos almoçar a casa: - Às 14.00H : "-Então isto é que são horas de vir almoçar? Almoçassem na Praia a horas decentes!"

Se não viemos almoçar: - Às 17.00H: "- Devem estar a nadar em dinheiro! Outro almoçinho fora não foi? Assim esta casa não se orienta!"

Se saímos à noite: - Às 20.00H (pelo telefone) : "- Olha que eu vi bem o carro sair da garagem ouviste? Vejam lá a que horas chegam! Mais um jantar fora não é? Vejam lá se me convidam?!".

Se ficamos em casa à noite: - às 22.00H (pelo telefone): "Baixem a aparelhagem que na casa ao lado mora uma criança pequena! Se querem ver filmes vão ao cinema!"

SUSPIRO....

Não, de facto e para quem possa o ideal será passar férias fora.

Mas muito fora mesmo, para aí na Austrália... E num local onde não haja cobertura para telemóveis... Estou a pensar na Tasmânia...

segunda-feira, agosto 25, 2008

Em Sagres momentos de Mar e Vento

Histórias de contrabando e de guerra, por entre as escarpas dos imensos promontórios do fim da Europa, fizeram as noites desta escapadela algarvia por terras de Vila do Bispo e de Sagres.

Com o Agosto a não desmerecer da tradição de ventania e com as temperaturas a rondarem os 25º, mesmo assim sempre com o solinho nos olhos, foi já uma pequena vitória termos tido, ao menos, algum tempo para conviver com os Amigos.

Nos petiscos da Noite realce para uns Percebes de Sagres (soberbos) , para um queijo da Serra de bom trato e para excelentes Paios de Estremoz, da afamada salsicharia Cortes, já aqui referida.

Em casa trataram-se estas iguarias a vinhos novos brancos (com pedidos de desculpa para o queijo da Serra, pouco habituado a estas "modernices"). Entre outros bebeu-se um branco, novidade em Sauvignon da Nova Zelândia (clube 1500). Não tinha rolha a garrafa - o que nos fez desde logo espinotear de raiva - mas a coisa bebia-se, pouco austero mas limpo na boca e a deixar um pequeno travo a moscatel ... Porque seria?

Acabou-se a noite a discutir o desastre de Barajas e a afogar as mágoas no fiel Lagavullin.

O tradicional Almoço na Lilita (A do Café Correia e das conhecidas idiossincrisias) revelou-se magnífico, como de costume. Ora leiam:
Salada de Polvo, Frango de tomatada, Coelho bravo guizado, Lulas recheadas, Borrego estufado.

Tartes de Figo, Amendoa e Alfarroba para terminar.

Sem medronho desta vez, porque a tarde ainda se alongava e era preciso ter cuidado na estrada.

Pareceu-nos a afamada "dragona" (não é piada ao FCP!) menos agreste e até mais acolhedoura no trato!

Será da idade? Ou porque estreava nessa tarde um belo avental novo, branco de neve e a atar nas costas com duas laçadas espampanantes?


Outros Restaurantes a ter em conta neste fim de terra - segundo as opiniões de quem para cá vem já há mais de 30 anos - são o Carlos e o Fio de Pesca, ambos na Vila de Sagres...

Para experimentar em próximas deslocações.

O Balanço Luso dos Jogos Olímpicos de Pequim

Duas medalhas - Prata para Vanessa e Ouro para Nelson ; 28 dos 60 pontos que - segundo o COP - "teríamos quase que a obrigação de conquistar, assim como 4 ou 5 medalhas" .

Mesmo assim , dizem as estatísticas, terão sido dos mais produtivos Jogos Olímpicos de sempre em termos de resultados para Portugal.

Outro resultado que deu pontos e destaco : 0 brilhante 4º lugar de Gustavo Lima.

Então porque é que saímos da China com pena e sensação de dever não cumprido?

"- Porque se estabeleceram metas muito altas, mas perfeitamente realizáveis" Diz o Comandante Presidente do COP. "-A fasquia estava demasiado alta e , porque não alcançámos essa fasquia, estamos agora em baixo, mas os resultados de per si foram os melhores de sempre" Sempre as palavras (mais ou menos SIC) do mesmo Senhor Vicente Moura...
Existe aqui uma incongruência... Se a fasquia estava demasiado alta como é que os resultados seriam perfeitamente alcançáveis?

A resposta poderá estar no Processo de angariação de apoios para estes Jogos de Pequim. Como não é com vinagre que se apanham moscas é natural (penso eu) que se tenham empolado artificialmente as expectativas para que mais moedas viessem ter ao Pote.

Se assim foi - não sei e não vi porque não estava lá - O Sr. Comandante Vicente Moura fará muito bem em não se recandidatar.

Porque arriscou e perdeu.

Porque elevou as expectativas dos MCS, e do próprio Povo Português, até uma altura onde não tinham capacidade para estarem.

Porque quis protagonismo de Artista sendo apenas um dirigente.

Porque a sua vaidade em frente às Câmaras falou mais alto do que a prudência exigida a quem manda.

Porque teve entradas de leão e saídas de sendeiro.

E, finalmente, porque se atreveu a desmoralizar ainda mais as tropas com anúncios de retirada antes da batalha estar cumprida.

E aqui falhou redondamente como Homem e como Gestor.
Só de uma coisa não o podemos culpar: daquilo que os atletas perdedores disseram aos Jornais, Radios e TV´s... Coisas incríveis e de cair para o lado...
Será que teremos de inventar também testes de carácter para incluir nos "mínimos" olímpicos?
No fim de contas esta gente está a representar o País e não a actuar no salão de festas lá da paróquia...

terça-feira, agosto 19, 2008

Algarve por uns dias


A convite de um bom Amigo o vosso Blogger vai amanhã passar uns dias (poucos) ao Algarve antes que este se transforme totalmente no All-garve...

Próximo Post - lá para Segunda Feira - trará sem dúvida novidades da "praia"...

O "Call Center"

Caíram apupos em cima de José Sócrates por se ter incomodado a ir a Santo Tirso para a inauguração de um Call Center da PT que - supostamente - dará emprego a mais de 1,000 pessoas...


Compreendo porquê. Mas quem apupa deve também saber que quando os iluminados - sentados à mesa dos bons restaurantes, ou a beber um vodka tónico numa esplanada de praia - escrevem estes tipos de crónicas e pôem a nu a demagogia do " bem fazer", quem se lixa são os pobres ...

O que interessa a um desempregado, com filhos a passar fome em casa, se o 1º Ministro é ou não vedeta nos Telejornais da noite e está já a fazer campanha, à custa dele, para 2009?

A ele, ao desgraçado, o que interessa é saber se lhe cabem umas migalhas da demagógica "caridade" anunciada em directo. E mais nada!

Lembra-me a história daquele ricaço que "nunca dava esmola a crianças porque desincentivava a procura do trabalho honesto e criava maus hábitos"... Teoricamente isso podia ser verdade, mas quem ia para a barraca apanhar pancada dos Pais porque vinha de mãos a abanar era o "puto" que lhe estendia a mão.

Como dizia um velho marinheiro reformado com quem gostávamos de trocar histórias de mar e vela, lá no Deck -Bar do Estoril , e já depois das 5 cervejas da praxe: "neste Mundo cada vez há menos hombridade".

E nunca percebi - pela voz dele já entaramelada - se queria com aquilo dizer que havia menos "Humanidade" ou se se referia à antiga e respeitada virtude castelhana da "Hombridad"...

Se calhar às duas.

Comentário à nossa Vanessa

O Zé comenta (e bem):

Vamos lá saber porque somos assim? Do oito e do oitenta. Antes de qualquer participação colocamos as expectativas muito altas e esquecemo-nos semore, que num palco desta natureza estão os melhores e que há todo um conjunto de circunstâncias que condicionam e de que maneira(?!)os resultados.

Os treinadores de bancada nunca perdem, "depois do baptizado feito, nunca faltam padrinhos".O João Pinto, é que tinha razão" prognósticos? Só no Fim".

Quem participa, depois dos resultados e dos sacrifícios a que é obrigado para estar presente, é obvio que mais que ninguém quer ganhar, mas não está só e é uma competição(onde estão só os melhores). Por estas e por outras, os parabéns a todos o Olimpicos e à Vanessa pela brilhante medalha conquistada.

Parabéns Vanessa. Ninguém mais do que ela desejaria, com certeza, ter conquistado o Ouro....mas que há a fazer? Quando ganha, é Bestial, quando perde é uma Besta. Parabéns a todos os Olimpicos e se vierem umas medalhitas, será por acréscimo....mas somos mesmo assim, que fazer?

segunda-feira, agosto 18, 2008

A Medalha da Vanessa

Todos queríamos o OURO! A menina conseguiu a Prata.
E...decerto que a maioria dos portugueses terá ficado com um gosto amargo na boca.

Questão de expectativas e da sua gestão pelo nosso inconsciente.
Com fome de medalhas e de protagonismo o público português transferiu para a pequena\grande Atleta a sua ansiedade, transformando-a em ícone de uma vitória anunciada.
Daí a desilusão com que todos ficámos...
Numas Olímpíadas que - até agora - têm sido para esquecer em termos da participação lusa (mesmo assim ainda faltam os saltadores, a Neide e o Nelson) tínhamos inconscientemente depositado as expectativas todas na Vanessa. E ela fez o que pôde. E o que pôde foi um honrosíssimo segundo lugar.

Um Campeão Olímpico tem de ter a sua pontinha de sorte, para além de estar nos píncaros da forma quando se apresenta à partida. A atleta australiana fez decerto o Triatlo da sua vida e ganhou com inteira justiça, valorizando o segundo lugar da nossa menina.

Parabéns Vanessa e Obrigado! O mundo não acaba aqui!

domingo, agosto 17, 2008

Onde eu queria estar (sonhar é grátis)


A brisa do mar na pele, o sol nas ventas e a àgua salgada à mão de semear...
Uma rede para descansar e um gato para passar a mão...
O amigo Vinícius, no seu paradouro de imortalidade, que me perdoe mas - já agora que se deu ao incómodo - em vez de um gato "para passar a mão" não me encontraria outra "coisa" de mais substância?
Agradecido!

No Regresso a Lisboa


A A1 estava pouco menos que horrorosa, com muito trânsito - Fátima obviamente - mas também o início ou regresso de Férias. A cortesia ao volante pouco mais é do que uma miragem e faz-me impressão como viaturas com matrículas do Luxemburgo (por ex) carregadas de homens , mulheres e crianças , passam pela Auto-Estrada apinhada em autêntico Rally , tentando chegar mais cedo não sei onde.

Ao chegar à A5 nova surpresa: está em obras até 31 de Agosto. Entre o estádio nacional e Linda-a-Velha há que seguir por dentro... Não discuto as obras, mas não poderiam pôr uns placards a avisar nas entradas ??!! E depois cobram-se ainda da portagem??!!

Que País...

O tempo está que parece Novembro. As Férias são o que são para quem pode e são o que podem ser para quem não pode.

Lisboa não está vazia, como dizia a canção, pelo contrário... Mas para quem trabalha faltam comodidades. Restaurantes e cafés , sobretudo se são de gente da província, costumam fechar em Agosto.

Em sinal da crise até a vetusta Versailles, fiél companheira dos meus pequenos almoços das 7.30H encerrou uns dias para "remodelação"... Como a Garret do Estoril - o meu outro poiso matinal - tem as portas também fechadas, acho que está na altura de procurar outros ares...

Ainda não sei bem para onde, mas para o final da semana que vem falamos. Até lá recomeço o trabalho, aqui e "lá "onde me pagam...

quinta-feira, agosto 14, 2008

Quem ganha com as Férias?

Segundo as notícias dos matutinos de hoje, Portugal estará a sair da Crise. O Desemprego baixou e o Crescimento económico voltou. Terá sido, ou não, fruto da quebra dos preços do petróleo e do descentralizar das nossas exportações para Países emergentes como Angola, onde a crise económica do desenvolvimento ainda não chegou, nem chegará tão cedo, tal a fome de energia que estes países têm...

Mas, como Portugal -sendo pequeno - tem uma "profundidade" que é muito mais do que proporcional à sua verdadeira espessura geográfica, provavelmente os efeitos da derrota da Crise só se farão sentir aqui no Maciço Central lá mais para 2010, se tivermos sorte...

E por isso aqui vai:

Espero que os trabalhadores por conta de outrém entendam o alcance deste Post. Não estou aqui a dizer que não deveria existir o período anual de descanso! Apenas tento aperceber-me das respectivas vantagens...

É antiga a história do empregado que alegremente trocaria uns diazitos de férias por um complemento de vencimento. Como sabemos tal acção é contrária à lei geral do trabalho, mas o que guardaremos aqui é mesmo a vontade do Trabalhador em que tal pudesse acontecer em tempos de crise.

A entidade patronal, por seu lado, pode agora espalhar os dias de férias do empregado por todo o ano - não sendo obrigada a concedê-los no período de Maio a Setembro - também de acordo com a legislação laboral aprovada ou em vias de aprovação.

Deixa assim o trabalhador de poder escolher quando vai de férias, mesmo que tenha filhos pequenos em idade escolar em casa e que não tenha dinheiro para os colocar nalguma "ocupação estival dos tempos livres" como está agora na moda...

Trabalhando Mulher e Homem como se resolvem estes problemas? Com o recurso aos Avós? Aos Tios e Tias velhotes?

Parece-me que este tipo de caminho - se é que existe algum caminho traçado, planeado para estas coisas - se aproxima de um tempo salazarento e cinzento em que o lugar das mulheres era em casa e onde os Avós compartilhavam ainda o mesmo espaço comunitário com filhos e netos.

A realidade já não é essa. Estamos no reino do "salve-se quem puder"! Cada um por si que os outros só "estrovam" e coisas parecidas.

Para que as Empresas portuguesas sejam mais competitivas e possam lutar de armas iguais com as suas congéneres europeias será obrigatório habilitá-las com instrumentos de controlo do trabalho até aqui considerados da Revolução Industrial? Esquecendo-nos que - daí para cá - existiram dezenas de anos de progresso social? E de dignificação do mesmo trabalho?

Mesmo com estratégias modernas como a da "Flexisegurança" , que tão boas provas parece que tem dado no Norte da Europa, o objectivo final será sempre o mesmo: dominar os custos do factor trabalho de forma a aumentar a performance das Empresas e torná-las internacionalmente capazes.

Mas talvez nos tenhamos esquecido que a rede de segurança social já existente nesses Países do Norte é incomparavelmente mais densa e potente do que a que temos em Portugal, o que permite às famílias atingidas aí pelas regras novas continuarem a ter, por exemplo, Educação e Saúde gratuitas ou quase.

Mais crianças nas ruas porque os Pais estão a trabalhar em Agosto pode ser potencialmente perigoso para elas e para a Sociedade. Na escola da rua aprende-se de tudo, sobretudo as regras do menor esforço. E então se a situação familiar já não for das melhores em termos financeiros, quem garante que não se vai passar da vontade aos actos e enveredar por um caminho de pequena marginalidade ?

Com isto tudo, o que questiono mesmo é se não poderá este País morrer do tratamento que lhe estão a dar antes de se curar completamente da doença do atraso face aos outros compadres europeus?

"Férias são para os ricos" diz-se aqui na Beira Alta, onde o Desemprego atinge níveis brutais e os homens e mulheres são obrigados (outra vez o retrocesso) a pegar nas enxadas para que, pelo menos, não faltem lá em casa umas batatas cozidas e umas vagens (feijão verde).

Dir-se-á (pelo menos os MCS do centro-direita) que isso acontece devido à rigidez das nossas leis laborais "responsáveis por tantas falências"; pode ser que haja alguma verdade nessa afirmação, mas não vi ainda ninguém colocar na mesma equação as despesas sumptuárias dos empresários ... As empresas podem "entrar em quebra" como aqui se diz, mas os donos das Texteis fechadas continuam a passear os Jipes Range Rover ou Mercedes topo de gama.

Temos então o regresso da agricultura de subsistência que tradicionalmente animava os serões do Estado Novo? Só que em vez de cantarem o "Milho Rei" nas desfolhadas do António Ferro passam os nossos rurais "nouvelle vague" agora as noites a ver os "Morangos com Açucar" ou lá o que é que está a dar nas TV´s generalistas.

Só falta mesmo ressuscitarem um alter ego do Engº Sousa Veloso. E começar a TSF , logo às 5 da manhã, a transmitir um émulo do "Radio Rural".

Terreno fértil para que algum Demagogo irrompa pela nossa democracia adentro e dela faça "cebolada"...

Quem ganha com as Férias?

Olhem, muito pragmaticamente ganha quem as aproveita para fazer uns biscates de Verão, como por exemplo, aqui na Serra, ajudar a servir os casamentos desta época... Ou então a darem serventia a pedreiro nas obras dos nossos emigrantes... Sejam desempregados ou não.

quarta-feira, agosto 13, 2008

O Milagre da Multiplicação

Tenho um Amigo que sempre teve o coração maior do que a cabeça, o que, em mais do que um sentido - excepto o anatómico - parece coisa muito apropriada neste mundo egoísta e tenebroso e é por isso que gostamos dele e prezamos a sua companhia.

Quando tinha, imaginemos, 3 perdizes para preparar para algum almoço, começava a telefonar aos Amigos e a convidá-los para o repasto e, quando dava por ele, já 6 ou 7 tinham dito que sim...

Mesa bem ataviada com 8 matulões a olhar para três bichinhos do tamanho de um punho cada um... Suspiros...

Ou então - e esta também aconteceu comigo - estava no restaurante, que por acaso era dele, a "aviar" uma posta de bacalhau assado com o filho Paulo quando chega o nosso amigo. Olha para a travessa, agrada-lhe e senta-se logo à mesa. Cinco minutos depois chegam dois amigos do amigo. Convite imediato para a nossa mesa... E eu (e o filho) a olharmos para as duas postitas que agora tinham de dar para 5 avantesmas... O que vale é que estávamos num Restaurante.
Isto era de tal maneira que começámos a ir preparados para estes convites. O velho Américo (dono do Sagres) já habituado ao que a "casa gastava" ia sempre prevenido para estes almoços com umas sandochas de presunto Pata Negra que mandava fazer antes de se pôr a caminho.

Vem isto a propósito do que se passa por vezes aqui na Serra. A "malta amiga" tem o bom costume de se começar a aproximar da nossa Adega à hora do jantar , lá pelas 18.30H, e depois não há forma de os mandar embora sem vianda.

O planeamento podia ser, como ontem, um arrozinho de marisco para 4 pessoas. Quando démos por nós era preciso "esticá-lo" para 8 comensais...E vá lá que era arroz...

A solução? Mais arroz no tacho, pois então, muito pão, queijo e presunto na mesa, e disfarçar com o bom vinho branco do Dão alguma "míngua" dos conteúdos marisqueiros do mesmo arroz e que eram miolo de camarão, lulas pequenas e berbigão.

Mas felizmente tinha sobrado Garoupa cozida do almoço de há dois dias atrás - um rabo e meia posta. E vai de migá-la também para este arroz, que de Marisco foi despromovido a "Arroz de Peixe com marisco".

Mas estava bom e a conversa ao redor dele prolongou-se para lá da meia noite. E isso é que interessa!

Arroz de Aproveitamentos de Peixe

O problema com os aproveitamentos é que já não temos as águas onde cozeram...Isto leva a que se recorra ao velho "fumet" , truque dos chefes de cozinha e que não é mais do que uma espécie de concentrado de sabores - de peixe, de carne, até de caça ou de marisco - feito com as espinhas , as cabeças ou as carcaças, reduzidos no forno.

Para concentrar artificialmente os sabores, é também necessário fazer um refogado mais apurado quando fazemos estes pratos.
Como não acredito que aí por casa se façam "fumets" vamos utilizar os de compra, os "caldos concentrados" de várias marcas. Neste caso utilizei o de marisco.

Como Fazer: Na mesma começar por uma puxadinha de azeite, cebola fina e alho, ao qual juntamos depois de apurar um pouco dois tomates maduros pelados e sem pevides e um pimento vermelho bem limpo, tudo aos pedaços pequenos. Ficam sempre bem uma duas malaguetas esmigalhadas . Entram dois cubos do caldo de marisco. Refoguem um pouco.

Nota: podíamos utilizar os concentrados de tomate e pimentão que os há e de belíssimas marcas italianas já à venda nas lojas Gourmet, mas gosto mais do tomate e pimento aqui da quinta, cultivados sem químicos nem adubos.

Cuidado com o sal! Estes cubos e concentrados são salgados e os aproveitamentos também já cozeram em sal. Por isso e em norma apenas deito nestas ocasiões meia porção de sal grosso: uma colher de sopa cheia.

Obviamente que vão provando para ver se o arroz está cozido e nessa altura rectifiquem se necessário.

Espevita-se o lume, que deve começar lento para refogar, refrescamos com um cálice de bom vinho branco e deitam-se os pedaços de peixe que foi possível aproveitar, escolhidos, e bem, de peles e de espinhas, mais os mariscos que (normalmente) saltaram das embalagens congeladas. Para estes não vale a pena descongelar, deitem directo no tacho que está ao lume.

Mais uns minutos para apurar e está na altura de deitar o arroz e envolver no preparado refogado. Àgua a seguir, na proporção de dois e meio para um de arroz.

Deixem cozer e levem à mesa a escorrer e enfeitado com coentros fescos partidos à mão no momento.

terça-feira, agosto 12, 2008

Agosto de Chuva, a burra nas couves olímpicas e os Russos a dar uma de Império

O Agosto costumava ser a Silly Season ! Nem os jornais traziam nada que se visse , nem a política nacional mexia até que se ouvissem no "Côtnente" os brados etílicos de D. Alberto na festa do Chão da Lagoa...

Mas este ano tem sido demais!

Chove que se farta aqui na Beira Alta, não sei o que se passa na Costa da Caparica, mas ouvi dizer que estavam a cuidar da areia das praias - e se calhar por isso é que combinaram a chuva para esta altura... O que se passará no Alvor?

Não estou na Praia e por isso canto de galo.

Mas ainda para mais desaforo então não querem ver que estamos em pleno mês Olímpico, mês da glória imperial chinesa que fez deste Jogos a maior jogada de propaganda da sua história milenar? E onde a participação portuguesa tem sido pequenina, pequenina, ao nível das dimensões deste nosso pobre país?

E Império por Império não se pode esquecer o Czar! Exactamente na hora da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos Putin I manda avançar "alguns freedom fighters , tipo escuteiros lá do sítio, em missão de Paz, para libertarem o povo oprimido da Ossétia do Sul"...

Mas onde é que essa malta "amadora" terá arranjado os MIG's e os Mísseis? Eu fui escuteiro, pôrra, e quando tinha um canivete suiço no bolso já era uma festa!


O Ocidente está aflito, Sarkozy não pára de voar, parece uma arvéola de cá para lá, e de lá para cá...Mas sem objectivo aparente já que o Plano de Paz francês esbarrou no veto russo.


Onde é que isto terminará? Quando estiver garantida a auto-determinação e independência da Ossétia do Sul ? (e, já agora, da Abkházia)...

Abkházia lembra abetarda... Tenho de parar de pensar em comida quando me enervo...

Enfim, um Agosto memorável!

Espero bem que seja em Setembro que estas anormalidades se resolvam todas da melhor maneira: Finalmente um final de Verão decente, duas ou três medalhazitas para alimentar o orgulho nacional e , sobretudo isso, Paz no Cáucaso para que as pobres famílias enlutadas e refugiadas possam refazer o que lhes resta da sua vida.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Arroz de Coelho em Boa Companhia


Aqui - digo-o já - a companhia não faz parte da receita, mas tem a ver com quem nos sentamos à mesa para compartilhar este petisco.

Como quase todos os petiscos que faço (que me "amanho" a fazer seria mais correcto) este também tem a sua história, e é uma história de caçadores.

Todos já ouviram falar de como os "valentes" caçadores (90Kg e uma caçadeira contra 2,5 kg, se tiverem sorte, de animal ternurento, armado com alguns dentes...de coelho) preparariam a sua refeição no campo, esfolando um ou dois coelhos que mataram, temperando-os de sal e pondo a assar lentamente dentro do buraco onde tinham previamente feito uma fogueira, embrulhados em folhas de videira.

Por muita que seja a fome de quem anda pelo campo a dizimar as criaturas de pêlo ou de pena - e de quem não posso dizer assim tanto mal se não lá se vão as perdizes do ano - o certo é que essa "refeição" do coelho "ao natural" só se poderá recomendar em circunstâncias mesmo extremas.

Por isso - e fartos dos meus comentários desencorajadores - os caçadores cá da terra desafiaram-me a fazer um Coelho "à minha maneira" e que os fizesse esquecer as suas experiências "à la Neendertal".

Daqui nasceu a receita que segue, obviamente que já feita por muita gente e conhecida de alguns livros antigos, mas tem a grande virtude de me sair sempre bem, o que, convenhamos, não deixa de ser encorajador para o aprendiz de queima- cebolas. Esta receita tanto dá para coelho bravo ou manso mas - acreditem se quiserem - gosto mais dela feita com coelho manso por causa da dimensão dos lombos deste último.

Arroz de Coelho

Parte-se o coelho aos pedaços - melhor ainda, comprem nos mercados especializados apenas os lombos de coelho manso certificado e alguns miúdos - cobrem-se por uma marinada feita com alho aos pedaços grossos, louro, grãos de pimenta preta, uma colher de massa de pimentão , uma mão cheia de sal grosso e vinho tinto verde (com o manso fica melhor o vinho verde, com o coelho bravo pode e deve ser o vinto tinto normal).

Fica assim pelo menos 12 horas.

Tiram-se os bocados, escorre-se a marinada com um passador e aproveita-se só o liquído. Introduzem-se os bocados do coelho numa sertã e puxam-se até ficarem corados num bocadinho de cebola, alho picado e azeite. Arrefecem-se à janela e limpam-se, com uma faca afiada, de ossos e peles. Os miúdos não entram nesta leve fritura, cozem mais tarde directamente no arroz.

Depois é só fazer o arroz num tacho apropriado; de barro ou de ferro são os melhores...

Puxa-se cebola cortada aos bocados pequenos, alho picado e azeite, com uma pitada de sal, e duas malaguetas esmigalhadas e introduz-se o arroz carolino, fritando-o por um minuto e tendo o cuidado de o envolver no refogado.

Juntam-se os bocados de coelho corados, os miúdos crús, refogam-se 1 ou 2 minutos e deita-se liquido de cozer na proporção de duas chávenas e meia por cada chávena de arroz. Este "liquído de cozer" é composto , em metade , pela marinada que se aproveitou e tinto verde e, na outra metade, por água propriamente dita.

Os Profissionais gostam de utilizar só Vinho Tinto, mas sendo verde torna-se demasiado agressivo para o paladar final do Prato. Eu prefiro metade de água e metade de vinho. Fica menos escuro mas mais delicado ao gosto.

Prova-se de sal e corrige-se se necessário. Vai para a mesa no mesmo tacho logo que o arroz esteja cozido e fica assim meio malandrinho.
E para beber um touriga nacional aqui do Dão, de preferência novo e pujante. Experimentem o Quinta da Pellada 2005 de Àlvaro de Castro, ou então o Quinta da Fata 2005 Touriga.
Não caiam na tentação de comer este arroz com o Verde Tinto... Deixem isso para as sardinhas.

Bom Apetite!

domingo, agosto 10, 2008

Casamento na Serra

Quando cheguei a família estava atarefada com um casamento aqui na Vila.

Levantaram-se memórias antigas. Um destes dias tenho de perder a vergonha e contar no Blog como foi o meu casamento, no Clube União de S. Martinho de Seia, num frio dia de Novembro de 1980...Um dia de "aperitivo" e mais três dias seguidos de borga , sempre a comer e a beber...

Os fornos não paravam nem as torneiras dos pipos dos sogros e dos tios...

E os desgraçados dos noivos só queriam mesmo é que os deixassem ir embora para outras paragens pois já não podiam ver à frente nem mais Cabritos Assados no forno, nem mais Leitões da Bairrada.

Os convidados jovens que vieram de Lisboa, colegas da minha faculdade, apanharam uma "Cadela" logo na véspera do casório, em casa dos que viriam a ser meus sogros.

Tão grande foi a "bicha"(ou não estivéssemos na pátria dos "serra-da-estrela"), que só a passaram 4 dias depois, quando era mister porem-se outra vez nos carros e fazerem as quase 5,5 horas que - naquele tempo - os separava do betão lisboeta.

E ninguém se lembra do que entretanto se passou pelos caminhos da Vila...Mas eu tenho fotografias que provam a desbunda total...
O que matou a "Jubentude" habituada aos whiskys e às bejecas foi um Pipito de 100 litros de branco para onde um dos meus Tios por afinidade tinha lançado uns dias antes dois bons punhados de maçãs bravo de esmolfe para lhe apressar a maturação... estava de cair para o lado (em mais do que um sentido...).

Um velho trabalhador de enxada - castigado por uma vida de quase miséria no após-guerra e nos idos de 60, algo que os actuais jovens pouco reconhecem - dizia para a minha sogra:
"_ Tia Maria, neste casamento já comi 3 sopas: a verde, a branca e a amarela!"

O pobre coitado queria dizer o Caldo Verde, o Leite Creme (amarelo) e a Canja de Galinha...

Mas nesta altura em que escrevo, em pleno Seculo XXI, a cerimónia deverá ser mais recatada, sendo anfitrião da Boda o célebre "Camelo" de Seia. Mesmo assim é de esperar que dure o Sábado todo e que se convidem os Comensais mais chegados para o Domingo...

Uma coisa é certa: Vinho muito, pois os "Compadres" são adegueiros...

É de esperar o Pior.

sexta-feira, agosto 08, 2008

Blogger em Férias


Para a Serra é que vamos...

Próximos Posts em directo de Seia\Gouveia!
Dependendo do talento e da inspiração do "queima cebolas" de serviço, contemos com algumas receitas e histórias em redor das mesmas.

Para Descansar a Vista

À partida para uma semana de Férias na Serra uma homenagem, em jeito de reflexão, a um dos Grandes Poetas portugueses felizmente ainda vivos, António Ramos Rosa, o Algarvio nascido em 1924 que traduziu Teillard de Chardin e foi Grande Prémio de Poesia "Sophia de Mello Breyner Andresen" em 2005.

Ora leiam se fizerem favor:

Não posso adiar o amor para outro século
Não posso
Ainda que o grito sufoque na garganta
Ainda que o ódio estale e crepite e arda
Sob montanhas cinzentas
E montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
Que é uma arma de dois gumes
Amor e ódio
Não posso adiar
Ainda que a noite pese séculos sobre as costas
E a aurora indecisa demore
Não posso adiar para outro século a minha vida
Nem o meu amor
Nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração

A. Ramos Rosa, A Mão de Água e a Mão de fogo

quinta-feira, agosto 07, 2008

Um Titular da Restauração: o Nobre do Montijo!

Quando aqui fizémos em Portugal o workshop da WADP sobre Filatelia para Países lusófonos, um dos jantares dos patrocinadores foi oferecido no Restaurante Nobre do Montijo, a conselho do vosso Blogger.

A refeição correu - como seria de esperar - muito bem e de tal forma que um dos "chefões" lá da UPU de Berna, que mais tarde decidiu visitar Portugal particularmente, fez questão de nos convidar, a título também pessoal, para lá irmos outra vez almoçar ao Montijo.

Imaginem a situação não muito simpática : eu a ter de marcar e escolher comida e vinhos, e ser outro a desembolsar o dinheirito da conta...

Reconfortado pelo facto do "convidante" ser pessoa de alto saber gastronómico e enológico (nasceu em Reims, capital mundial do Champagne, numa das casas comercializadoras do precioso néctar) avisei a Dª Justa para se "esmerar" e esperei pelos resultados.

Entradas
- Vieirinhas puxadas em moscatel de Setúbal
- Pastéis de massa tenra
- Presunto 5 Jotas
- Camarões al ajillo
- Canellonis de lagosta
- Sopa de santola à Justa

Prato principal
Cherne Assado no Forno à moda de Sesimbra

Sobremesa
- Sopa Dourada
- Queijo da Serra de entorna

E para beber: Flutes de Taittinger Bruto fazendo honras ao "estrangeiro de Reims"; Madrigal Branco Reserva de José Bento dos Santos (Quinta do Monte do Oiro); Quinta da Leda "Vinha do Pombal" 2004 Tinto Douro Ferreirinha.

O nosso Amigo caíu para o lado com o Tinto da Quinta da Leda (também gostou dos outros, mas aquele é que "lhe encheu as medidas"). Infelizmente esgotadíssimo, até na Sogrape e no Clube 1500...

E quanto aos "secos" fez os mais rasgados elogios à cozinha e exigiu conhecer a Artista dos fornos.

Combate ganho e mais umas medalhas penduradas em Berna, na sede da UPU, para Portugal, à custa do nosso saber gastronómico de excelência.

Quanto pagou? Bem, se pensarem que só em vinhos terão estado na mesa ( e depois nos estômagos) mais ou menos 150€ , já fazem uma ideia da conta. Decerto muito próxima dos 250 a 300€

O Amigo francês pagou e agradeceu muito, sem dúvida recordado que, na sua Reims natal, tal importância nem pagaria uma garrafita de tinto de Bordéus ou da Borgonha daqueles de "trazer por casa", quanto mais este almoço com todos os "matadores". E Olé!!

quarta-feira, agosto 06, 2008

Como ficará o Artº 8º da Convenção da UPU?


No XXIV Congresso da UPU e não obstante os esforços de Países membros mais “iluminados” em relação a estas matérias, com destaque para a França, Bélgica e Portugal, foi aprovada uma definição do Artº 8º da Convenção da UPU muito pouco “comercial” e cada vez mais filatélica de raiz.

Na génese desta aprovação estiveram os grandes Países financiadores da UPU, nomeadamente os EUA, a China e o Japão. Estes Países defendem com rigor o princípio do Incumbente Emissor (ou até do Regulador Emissor, o que nalguns deles não se distingue do anterior) e atacam qualquer manobra tendente a “liberalizar” o conceito de Selo Postal, com receios (nalguns casos fundados) de que essa abertura possa ser prenuncio de uma liberalização do Poder de Emissão a mais do que um Operador Postal.

De acordo com os mesmos Países a emissão de Selo Postal tem de estar obrigatoriamente ligada à Soberania do Estado (o que, obviamente, nos convém também a nós em época de abertura de mercado) mas, mais do que isso, ligada em exclusivo às utilizações de tipo filatélico.

Mais ainda, ficou também definida a obrigatoriedade expressa de cada Selo (para ser Selo Postal no sentido UPU) ter obrigatoriamente de ser disponibilizado a qualquer pessoa que o deseje adquirir (enquanto esteja em circulação e desde que não esteja esgotado, é claro).

O que se passará nos Mercados locais?

Qualquer País é soberano dentro das suas próprias fronteiras para definir o que “É” de facto um Selo Postal, de acordo com as suas próprias leis naturais.

O que se passará é que apenas Selos Postais no sentido UPU serão objecto de Coleccionismo Filatélico tendente a classificações em Exposições Nacionais, Europeias ou Mundiais FIP; e apenas esses tipos de selos serão considerados nos Arquivos UPU contra a Fraude e a Falsificação filatélica (Sistema WNS), Publicação em Catálogos de referência e por aí fora…

Do ponto de vista puramente filatélico o Plano de Emissões Anual de cada País Membro da UPU , aquele que é objecto, em Portugal, da aprovação Ministerial prévia, só deverá ser formatado em função das Emissões que venham a ser , na sua essência, concordantes com o espírito e a letra do renovado Artº 8º.

terça-feira, agosto 05, 2008

O Blogger em boa companhia



O vosso Blogger com o Chef Vineet Bhatia, "estrela Michelin", talvez o maior chef indiano do momento.

Os Produtos Artesanais respiram (um pouco) melhor


O Sr. Governo fez marcha atrás na ânsia regulatória made in UE e (des)regulou algumas das obrigatoriedades a que estavam sujeitos os pequenos produtores artesanais de alimentos de origem animal: salsicheiros, queijeiros, criadores de animais domésticos para consumo, etc...

No fim de contas as maiores vítimas dos critérios de massificação e standardização nesta economia planetária e global.
Ainda Bem!

O problema é que não se foi ainda bem fundo nesta matéria ; por exemplo, por comparação com os amigos espanhóis .

Na classsificação de Produtor Artesanal de "mimos caseiros" , estarão unidades "industriais" que se situem dentro de certos parâmetros : Podem comercializar não mais do que 50 Litros de leite de vaca cru por dia, 350 ovos por semana, 500Kg mel por ano, 10 coelhos bravos por dia, 5 codornizes por dia, 3 faisões ou perdizes também por dia e 200 galinhas por semana.

As obrigações de Registo nas divisões locais do Ministério da Agricultura e de Rotulagem dos produtos mantêm-se.

Também será possível, em certas circunstâncias, a continuação do hábito milenar da "matança" em casa.

Com isto a ASAE já não fechará tantas pequenas explorações tradicionais e nós poderemos continuar a saborear estes produtos em sossego.

O que pergunto é isto, "já não sendo proíbido, será que nos vai saber da mesma maneira?"

Ele há coisas que só por serem pecado já nos sabem melhor...

Vai um cálice de medronho de Monchique, do de garrafão escuro e rolha de cortiça velha, pré-ASAE? Se for ainda muito cedo para o "mata-bicho" prova-se ao almoço...

segunda-feira, agosto 04, 2008

Um Restaurante Indiano em Genéve


Tivémos a sorte de encontrar em "rodagem" , no momento da visita a Genéve para o Congresso da UPU, o Restaurante Indiano do Hotel Mandarim Oriental, onde se encontrava hospedada a representação portuguesa. Esse restaurante estava , como disse, a testar e a formar as equipas que se iriam ocupar da "loja" em período normal de trabalho.

O formador era o Chefe principal da cadeia Mandarim Oriental para este tipo de comida, o Mestre Vineet Bhatia, 1 estrela no "Miquelino" , criador do conceito "Rasoi" no grupo Mandarim e um dos mais premiados Chefs indianos do mundo (com destaque para Londres e Bombaím).

A refeição "degustation" que nos proporcionou - por 160SF tudo incluído - há-de ficar na minha memória por muitos anos... Já nem me lembro de todos os 14 pratos que criou para a ocasião, mas ficaram marcados no paladar um gelado de tomate e manjericão com lombos de robalo, um caril de galinha com risotto de açafrão, uma cauda de lagosta estufada, e, a terminar, uma sinfonia de chocolates com gelado de pétalas de rosa.

Tudo isto - e por sugestão do Chef - apenas acompanhado por chá gelado do Anapurna...
Sublime!

O Congresso da UPU

Em Genéve - e do ponto de vista da Filatelia, entenda-se - ficámos mais ou menos empatados...

1. Em primeiro lugar vimos aprovada por unanimidade as duas propostas de Portugal :

a) Sobre a adopção para as Normas de Ética Filatélica de mais duas regras.
- Necessidade de se separarem claramente as vertentes de Produção dos Selos, por um lado, e de Comercialização e MKT Filatélico, por outro, através de mais do que uma contratualização externa.
- Necessidade de cada País proceder à regulamentação do selo personalizado de acordo com a sua legislação geral interna e tendo em vista a protecção dos Direitos de Autor ( e outros) neles envolvidos.

b) Sobre a continuação do trabalho da WADP em prol do desenvolvimento da Filatelia no Mundo, com relevo para a realização de workshops de treino e formação técnica de dirigentes filatélicos das Autoridades Postais Emissoras, em todos os continentes.

2. Por outro lado, foi decidido continuar os estudos àcerca da Proposta que era defendida pela Austrália com o apoio de Portugal, França, Bélgica e mais outros Países e que redefinia o que é um Selo Postal do ponto de vista da UPU. A tal recriação do famoso Artº 8º da Convenção da União Postal Universal. Vamos a ver se até ao final do Congresso - 12 de Agosto - ainda se encontra uma redacção de consenso sobre esta matéria...