sexta-feira, novembro 23, 2007

Resposta - Plano de 2008


Muito Obrigado ao nosso Cliente Miguel pelo comentário.

Eu, de facto, não sou filatelista. Mas penso que compreendo a grande maioria das considerações feitas pelo Miguel.

a) Uma Emissão Base deve ter, em média, 5 anos de circulação.

A actual veio substituir a das "Máscaras" (tendo esta durado apenas 2 anos). Tivemos algumas reacções negativas por parte de Clientes que se sentiram melindrados pela simbologia "profana" associada às "Máscaras" e ao seu significado antropológico. Todavia não deixámos de concluir o projecto de edição das mais representativas "Máscaras" portuguesas.

Penso que os Transportes Urbanos será um tema bastante conseguido do ponto de vista estético e nunca antes abordado nesta vertente das cidades, embora "Transportes"- de uma forma geral - tenha sido um tema já utilizado anteriormente, mas ao fim de 150 anos de selos qual é que ainda não o foi??

b) Sobre as Emissões que evocam grandes acontecimento internacionais em 2008 recordo apenas que o Estatuto do Selo Postal português (Decreto-lei nº 360\85 ) taxativamente aconselha a que a filatelia não deixe de os celebrar, como forma de divulgação destas iniciativas a toda a nossa população.

Uma solicitação que a empresa desde logo acarinhou pois o selo é visto pelos Correios, precisamente, como uma expressão gráfica dos nossos bens patrimoniais e um mensageiro privilegiado dos temas nacionais ou internacionais que nele são focados.

Além disso, a política filatélica dos CTT tem-se pautado por uma estreita consonância com todos os interesses nacionais. É do interesse nacional alertar todas as pessoas para a importância das calotes polares na nossa vida, bem assim como para os problemas ambientais que ameaçam a nossa "casa global" que é o Planeta Terra, etc, etc...

E esta política de edições tem sido concretizada através da evocação de factos e feitos relevantes do passado e do presente, da divulgação de campanhas de teor social ou de alerta para a necessidade da preservação da natureza. São preocupações que hoje já ultrapassam os limites do nosso rectângulo, tornando-se perfeitamente globais

Como dizia o outro, o mundo hoje em dia não é mais do que o nosso quintal...

Circuito da Boavista porquê? Bem, foi a 1ª Prova realizada em Portugal que contou para o Campeonato do Mundo de Velocidade (na altura ainda não havia Fórmula 1) , mas fora disso também nos dá a oportunidade da fazer selos (espero que magníficos) com automóveis de corrida da época... quem não gostaria de os ter? Até eu que não sou filatelista...

c) O valor facial dos selos tem de estar de acordo com as tarifas postais. Também temos de fazer selos de composição, como sugere o nosso Leitor e vamos fazê-lo este ano que se avizinha.

Selos de 1€, ou de 2€ correspondem a programas de produção normalmente muito caros e são utilizados na postagem para Registos Internacionais ou para envios internacionais simples de cartas em escalões acima das 20g.

Selos, como o da Cortiça, onde cada folha custou 50 vezes mais caro do que uma folha de selos normal, não podem ter um facial baixo. Blocos com tiragens limitadas a 60,000 são caríssimos de produzir também e o respectivo facial deve ser adequado a esse custo industrial e (lá está) a algumas necessidades postais.

d) Concordo que o Valor Facial Total do Plano em cima dos 100€ por ano pode parecer excessivo, mas recordo também que é inferior a "meia bica" por dia. Será tudo uma questão de perspectiva. Tanto fará falta para a nossa vida do dia-a-dia pôr de parte 30 ct. por dia para investir num selo como em "meia bica"...

Os CTT preparam-se para serem anfitriões e únicos financiadores de uma das maiores (talvez da maior) exposição filatélica Mundial de 2010, sob o signo das Comemorações do centenário da República Portuguesa.
Estes Planos um pouco superiores aos 100€ são uma das formas de fazermos face aos custos tremendos dessa organização, mas não consigo deixar de pensar que o futuro da filatelia passará por estas iniciativas e que, portanto, este esforço que é pedido a todos os filatelistas valerá bem a pena.

e) E porquê tantas Emissões por ano? Nos anos 80 e 90 estávamos limitados a 16 ou 18 emissões por ano, e agora já andamos mais perto das 25!!

Muito certo e, por um lado, tomara eu que assim não fosse, pois teria muito menos trabalho e muitas menos preocupações... E ganharia o mesmo!


Mas, por outro lado, esta "aceleração" não é mais do que a constatação de que a Filatelia Portuguesa deixou o armário onde estava alojada há dezenas de anos e tornou-se " cidadã deste mundo".


Foi descoberta (finalmente) pela "Sociedade Civil" - seja ela o Governo ou as Empresas ou as Instituições de Carácter não Lucrativo - que a acarinham e utilizam cada vez mais na divulgação dos seus programas e actividades. E pressionam os cTT em conformidade...

Se pensarmos um bocadinho até que não é mau estarmos assim no meio das atenções...

Claro que tem também os seus pontos negativos, mas não há "almoços de graça" não é?





Um comentário:

Anônimo disse...

Convicto que o meu comentário não alterará minimamente a política filatélica dos CTT, e não tendo qualquer receio em que estas palavras não venham a merecer "publicação" no blog e consequentemente não passem duma perca de tempo, mesmo assim, não quero deixar de transmitir ao Dr. Raul Moreira o meu "mal-estar" ao tomar conhecimento que não é filatelista e acumular o importante cargo que ocupa com a função de Presidente da AMDF – Associação Mundial para o Desenvolvimento da Filatelia; no mínimo, há uma "incompatibilidade" que confesso ter alguma dificuldade em compreender.

Adiante… Centremo-nos no assunto do tópico: Plano de 2008 e a política emissora dos CTT, em geral.

Sou filatelista e cliente dos CTT, com conta-corrente há cerca de 25 anos, trabalho e habito na Suíça vai para duas décadas, filiado em clubes filatélicos nacionais e estrangeiros, convivo e participo com filatelistas locais em diversas iniciativas, e portanto, conhecendo duas realidades distintas, arrogo-me com alguma legitimidade e conhecimento de causa para tecer algumas considerações, sempre com sentido construtivo, para criticar o actual momento da política filatélica e sugerir algumas ideias para inverter e/ou melhorar a situação:

1 – As emissões filatélicas do Continente são em número excessivo; não o vou maçar com comparações, até porque sei perfeitamente que conhece a realidade da filatelia helvética;
2 – As das Ilhas - um "atentado" à filatelia -, com os seus blocos, carteiras e quejandos, ajudam a agravar ainda mais a situação;
2 – Recorre-se e abusa-se dos produtos destinados aos filatelistas (os blocos são o exemplo mais gritante), se bem que estas "afinidades" se destinem à clientela impulsiva (aqueles que compram um selo apenas porque o acha apelativo, bonitinho e…) e não aos clientes compulsivos (os filatelistas que compram tudo e que ficam preocupadíssimos se lhe falta algum exemplar na sua colecção)… Por tabela, quem paga a factura é o filatelista, esse espécimen em vias de extinção que não merece constar nos motivos dos selos (os tunnings e outras aberrações é que é!) e se mantém fiel como uma prostituta ao seu proxeneta;
3 – Nas ATM’s, apesar de reconhecer que a situação melhorou bastante no que diz respeito aos escândalos perpetrados na última década, continua a pecar pelo exagerado e incompreensível número de emissões. Sendo também um "selo", só nas ATM’s (taxas correntes do correio normal e azul), já fez as contas a quantos Euros são pedidos a um filatelista? A um jovem filatelista, então…

Corrigidas estas situações, eis algumas sugestões:

a) Salvo raras excepções, nas emissões comemorativas, todas as taxas deveriam estar adequadas ao consumo postal, i.e., as taxas correntes do correio normal e azul, sem registo, adaptados às diferentes áreas de destino;
b) Nas emissões base, para além do referido na alínea anterior, todos os outros valores para complementar os portes das diferentes classes de correspondência (registos, encomendas, etc.).

Sobre a escolha dos temas para os nossos selos postais, felizmente, motivos não faltam para evocar as nossas raízes, e naturalmente, continuando a divulgar os eventos com relevo e projecção internacionais.

Independentemente do tratamento que tenham e atenção que venham a merecer estas "lamúrias", este "velho do Restelo" já tomou uma decisão irreversível: em 2010, aquando a comemoração do centenário da República e quiçá, o ano charneira com a privatização dos CTT, eu porei um ponto final na aquisição das novidades.

A Filatelia é um passatempo magnífico e ajuda-me a manter e a reforçar o elo com a nossa Pátria. Porém, filatelicamente, ultimamente sinto-me como um mero ajuntador… Selos à moda antiga (daqueles que são verdadeiras obras de arte em miniatura) e matéria filatélica para os estudar e coleccionar não faltam; felizmente, a nossa filatelia clássica e semi-clássica está bem apetrechada e é largamente suficiente para saciar o "vício" e ajudar a preencher os meus tempos livres.

Peço desculpas se me excedi nos comentários e/ou ultrapassei o âmbito do tema. Apenas aproveitei esta oportunidade para lhe transmitir uma opinião pessoal sobre o que vai na alma deste filatelista.

Saudações Filatélicas,
Fernando Bernardo (Suíça)