Morreu Maurice Béjart.
Para alguns ficará apenas a estranha história da sua visita a Portugal (penso que foi em 1968) e poucos dias depois do asssassinato de Robert Kennedy .
Antes e nos intervalos do espectáculo que deu aqui em Lisboa, na Fundação Gulbenkian, Maurice proclamava mensagens de revolta contra a intolerância e qualquer tipo de ditadura. E foi aplaudido 20 minutos seguidos!
Por ter tido essa coragem Salazar expulsou-o do País. Dizem os entendidos que foi esse o principal motivo pelo qual o Presidente da Gulbenkian Azeredo Perdigão cortou relações com Oliveira Salazar.
Depois do 25 de Abril , Béjart foi de imediato convidado a fazer o mesmo espectáculo e, é claro, veio e encantou e eu estava lá para ver, já no Coliseu, o seu "Romeu e Julieta".
Mas Béjart não foi apenas um grande coreógrafo. Foi sobretudo um revolucionário da dança e um visionário do espectáculo.
As suas ideias nem sempre resultaram do ponto de vista artístico. Por exemplo, é conhecida a forma como dirigia e escolhia os bailarinos, abdicando muitas vezes das grandes figuras mundiais para escolher valores ainda não testados junto das grandes audiências.
Alguns diziam que seria por apostar na juventude e na renovação. Outros diziam que era porque no "seu" espectáculo estrela só devia haver uma : ele e mais ninguém.
Embora muitos doutos críticos e personalidades "bem falantes" tenham nele visto (até na aparência física) ares de Mefistófeles , o que Béjard secretamente adoraria, penso que é o título do Ballet que escreveu em 1971 em louvor de Nijinsky - "The Clown of God" - que lhe deve ser atribuído nesta saída de cena aos 80 anos.
Que descanse em Paz.
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