Dei por mim a verificar que há já muito tempo que as forças políticas de Esquerda "dura" - leia-se na actual conjuntura o PC e o BE - não representavam cerca de 18% da "massa eleitoral" teórica.
Teremos de recuar até aos anos 80 ( e se calhar ao início dessa década) para observar semelhante situação que - obviamente- transcrevo como facto real e sem qualquer tipo de comentário qualitativo.
É notório que estas forças de esquerda aglomeram os interesses de todos quantos se sentem injustiçados pela falência do Estado Social tão caro a certos PS e PSD que nos governaram.
Este fenómeno está bem estudado em Teoria Política e Psicologia Social e pode ser comparado à compra do ouro em períodos de crise - como valor refúgio.
Os desempregados e os mal amados dos subúrbios (para já não falar dos Jovens e dos seus horizontes cortados pela desgraçada crise) tenderão a transpor para o PC e BE as suas aspirações por melhores condições de vida até ao ponto em que - se a situação não melhorar - vão fazer estoirar as bolsas de contestação em manifestações mais violentas e actos de desafio à autoridade do Estado, como se observou e observa em França neste momento.
Nos CTT é de esperar que a actual decisão do Conselho de Administração em denunciar unilateral e formalmente o AE de 1985 tenha por consequências um agravamento da tensão social e da luta sindical.
Greves (não seria preciso sermos "bruxos" para o prever) estarão já agendadas em redor da data mítica do 25 de Abril com o objectivo de fazer valer as conquistas dos Trabalhadores.
Não me compete estar aqui a defender quem quer que seja, nem a Administração nem os Sindicatos, mas não me coíbo de dar uma opinião - que tentarei que seja não emotiva e o mais clara que for possível.
O Tráfego Postal vai atingir valores cada vez mais baixos à medida que o tempo passa. Admito que - se o processo de substituição de informação em papel pela informação electrónica tiver o ritmo que se adivinha - em 2015 a Receita dos CTT não seja já suficiente para cobrir os Custos, onde se destacam (em mais de 70%) os associados à Contratação Colectiva : vencimentos e progressões nas carreiras.
Antes disso acontecer, e porque a ausência de correio implica ter cada vez mais trabalhadores em subocupação, há que encontrar alternativas para garantir trabalho a todos e receita que equilibre as contas da Casa. Não nos esqueçamos ainda que o tempo também joga contra nós todos ao nível da Idade da Aposentação - ninguém vai poder reformar-se aos 60 (nem se calhar aos 65) em 2015...
Essas alternativas de actividades compensatórias (Banco Postal, Gestão documental, o que quiserem) actualmente e face ao AE de 1985 não podem ser implementadas porque os Trabalhadores estão "defendidos" de ser afectos a outras ocupações fora das suas "carreiras".
Vamos então e alegremente entrar em processos obrigatórios de "downsizing" com despedimentos, partir a Empresa aos bocados (rentáveis para um lado, não rentáveis para o outro) ou abrir falência?
O Mundo mudou desde os anos 80 . A defesa dos Trabalhadores passa cada vez mais pela defesa do Trabalho e esta é inseparável da boa saúde das Empresas.
Não está aqui em causa acautelar eventuais processos de sangria financeira por parte de proprietários desonestos, que compram propriedades nos off shores e Ferraris!
O Accionista dos CTT é o Estado! O Estado somos nós todos!
Ou nos entendemos quanto a isto ou então é melhor começar a pensar em mudar de vida...
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Um comentário:
Nada tenho contra a flexibilidade ou contra uma evidência que o AE CTT se encontra desajustado do contexto Empresarial que os CTT enfrentam.
As mudanças quer no contexto, quer nos desafios são visíveis e evidentes,no entanto é necessário Coerência,Clareza de Processos,Responsabilização e Responsabilidade (alavanca de todas as Mudanças bem sucedidas) e não baralhar e tornar a dar...
Há necessidade de ajustar o AE a novos tempos...serão assim tão novos?!....o problema será só o AE e do contexto sócio económico....do mercado...ou de modas e interesses?!...Responsabilidade e Responsabilização é preciso.
Se é evidente e necessário Mudar o AE porquê haver desconfianças à partida....
A modernização, a mudança do paradigma do negócio....o desenvolvimento sustentado... parece que o principal entrave é o AE...nada de fundamentalismos ...uma boa dose de Bom Senso...procurar convergência de Pontos de Vista ...estar-se no mesmo Barco....necessidade de resposta ao mercado...adaptabilidade e respeito pelos profissionais....será que tem sido assim? ou ainda há um grupo de enorme de ostracizados...cujo único crime foi terem sido profissionais de Correios....e "branquear" outras situações?!!!
O que tem de ser, tem muita força....no entanto há que ser Claro...temos um Ferrari na mão mas não se pode a ter a mentalidade do Condutor de Carroça....Fatalismos e medos....porque é previsível certas reacções?!....porque é que a adaptabilidade e mobilidade afecta mais uns que outros?será que temos a hulmidade suficiente de encararmos de forma adequada o problema?...pomo-nos no lugar dos outros?...as consequências dos downzings ainda hoje não foram ultrapassadas...defender o direito à dignidade e integridade pessoal...que são os que melhor se adaptam que sobrevivem é o que Darwin diz...no entanto que tipo de adaptação?...
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