quarta-feira, outubro 07, 2015

O rafeiro, o cepo e o pescoço



O médico Joseph Ignace  de Guilottin , animado pelas melhores razões humanitárias (não fazer sofrer desnecessariamente os condenados à morte)  mas também ciente de que era fundamental assegurar a maior rapidez no processamento do assunto - estávamos em  época de grande movimento dos tribunais - inventou a guilhotina, mais conhecida afavelmente nos meios jurídicos como "A Viúva".
Foi utilizada durante alguns (!!) anos, desde 1792 até 1977.  Sim, até 1977.

A guilhotina sem cepo e sem pescoço não cumpre o fim para que foi criada. A não ser que se utilize para partir melancias ao meio.  

 Na linguagem vulgar "pôr o pescoço no cepo" pode significar que nos entregamos à fatalidade, ou que arriscamos tudo sem esperar nada.

Nesta altura da vida política em Portugal quem tem o pescoço no cepo? E quem apertará o gatilho da "viúva"?

BE e CDU nada têm a perder. Arriscam tudo na jogada da oposição dita por alguns "destrutiva".
PSD e CDS foram mandados para casa de castigo, pelo Sr. Professor, para estudar como "hão-de constituir uma solução de estabilidade política  e assegurando a governabilidade do País".
O PS está ainda a digerir os resultados eleitorais (com alguma bílis) e não parece de momento disposto a sair do WC onde se encerrou.

O povo? Trabalha, come e bebe. Respira . E pensa já no jogo da selecção de amanhã e nas prendas dadas aos árbitros...  

Não o notando,  nem sequer pensando nisso (grande coisa é a bola e o canal da "Quinta das Celebridades") é esse povo que tem a "cabeça no cepo". 

E o mandante que libertará a pesada lâmina da invenção do doutor Guillotin tem uma corda comprida na mão. Vai de S. Bento até Bruxelas. Tendo até já começado a latir com laivos de aviso, tal e qual um rafeiro pulguento a dar sinal aos passantes.

O problema de alguns rafeiros é que mordem mesmo depois do aviso. Mas isso acho que já todos sabemos.  Quem não foi "mordido" nestes últimos anos que levante a mão.

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