Estou a ficar fatigado de aqui escrever sobre a "situação" todos os dias.
Não que existam coisas mais importantes para discutir, mas sim porque tenho fé no antigo dizer de sua Majestade D. José I para o seu confessor:
- "Padre, nem sempre Galinha , nem sempre Rainha...".
Há que comer outras coisas... (Isso digo eu). Por isso, hoje e amanhã intervalarei. A não ser que haja uma invasão de marcianos...
Bons amigos convidaram-me para experimentar um novo restaurante.
Trata-se do Restaurante Rubro. Na Rua Rodrigues Sampaio 33-35; telefone 21 314 46 56
Existe em duas encarnações: esta na Rodrigues Sampaio e uma mais antiga na Praça de Touros do Campo Pequeno. Falamos aqui do situado na Rua Rodrigues Sampaio.
O "ADN" deste restaurante está adequado à Praça de Touros, onde viu a luz do dia. Ascendência andaluza na ementa, com tapas e bocadillos. Degustação de petiscos e vinho a copo ( bons vinhos, diga-se). Um figurino de taberna galega...
Tem também carne maturada magnífica, simplesmente grelhada. Por encomenda podemos ainda degustar o "cochinillo" , prato emblemático que mestre Cândido tornou famoso no seu "Méson" de Segóvia.
Os proprietários apostam na cultura enológica, organizando às Terças Feiras jantares temáticos tendo como protagonistas produtores e enólogos das várias regiões do país.
Por preços comedidos é possível não só ter acesso a vinhos excelentes, como também ouvir da boca dos próprios as principais características daquilo que fazem.
Gostei do ambiente e da forma de trabalhar. Apenas critico a falta de costas nos bancos (a ciática não perdoa estar muito tempo à mesa sem apoio dorsal..).
Nesta nossa experiência começámos por uma tábua de enchidos de qualidade, depois os ovos rotos com presunto que tornaram o Lúcio de Madrid famoso, e seguimos para a carne maturada.
O imponente "Chuléton" maturado (serve bem quatro adultos) era de carne acima de qualquer suspeita, e vem para a mesa ao gosto do cliente: "bleu, saignant, à point, bien cuit".
Nota: Os franceses antigos chamavam "bleu" à carne da vaca que é apresentada no prato ainda a mungir... à moda dos hunos. No extremo oposto, "bien cuit" é para vândalos. Gente que gosta de tudo bem passado devia apenas comer panados de perú. Digo eu.
Encerrou-se com um prato de queijos, que foi talvez o calcanhar de Aquiles desta refeição... Um Cabrales destacava-se, mas era uma porção reduzida. Do resto não rezou a história... De rever .
Porque não apresentar queijos portugueses de excelência atendendo aos vinhos que mantêm no "estábulo"?
De facto beberam-se grandes vinhos: Alvarinho Muros Antigos, Douro Rufo (Vanzeller) de 2012, Pellada de 2011 e finalmente San Roman 2011, um grande vinho de Toro, a lembrar-me não sei bem porquê - a memória gustativa tem destes mistérios - alguns tintos do Priorat (secos e austeros).
É uma casa que mais parece uma Enoteca onde se pode também comer, do que um restaurante onde se servem vinhos. Isto é um elogio à filosofia deste restaurante, que apostou sobretudo na garrafeira e em clientes entendidos nessas matérias.
A revisitar. E recomendo a todos os que acham que comer sem bem beber é mais uma obrigação para nos mantermos vivos do que um verdadeiro prazer.
Preços? Fui "atraiçoado" por um dos Amigos que pagou antes de chegar a conta à mesa...
Posso tentar adivinhar que um normal transeunte acompanhado (2 pessoas) gastará em redor de 60 euros, bebendo bem, mas sem foguetes da NASA. Se quiser replicar os vinhos deste almoço? Upa, upa... Não há milagres.
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