segunda-feira, fevereiro 16, 2015

A madeira de pau


Acordei hoje a pensar na madeira. Não na Madeira, apenas na madeira. No pau, naquilo em que se transforma a árvore quando acaba.

Antes que alguém venha com interpretações parvas que assumem que "pau" não é um objecto de madeira mas sim um eufemismo para outras coisas mais carnais, devo dizer que ainda não sonho com isso. Mas sou novo, logo se verá à medida que o tempo passa. De momento as minhas inclinações são distintas.

Madeira de pau, portanto. Porquê? Terei dado com a cabeça no travessão da cama? Não deve ter sido isso, não me dói a cornadu**** mais do que o costume...

 Devo ter sonhado com bibliotecas forradas a carvalho, incluindo amplos sofás Chesterfield castanhos com patine, e filas e filas de magníficos livros em cima daquela madeira toda.

Ou então com outra das minhas obsessões mansas: uma cave de vinhos climatizada feita em faia, à meia esquadria, com capacidade para umas centenas de garrafas, onde repousariam as minhas "meninas" preferidas. Deitadinhas, está claro!

A madeira é uma preciosidade que tende a tornar-se escassa. E nada a substitui.

Bem podem dizer que o plástico faz as suas vezes (no tablier dos carros, por exempo) , mas o tacto, o cheiro e a observação dos veios naturais da madeira não têm comparação com nada. Um bom cachimbo de raiz de roseira brava (erica arborea) antes de ser fumado pode-se acariciar e admirar-se a sua textura em "olho de perdiz" ou "grão direito". Tenho só dois ou três desses (são caros que se fartam...).

Meu pai trouxe-me  das Filipinas, há mais de 50 anos, um leão (enfim...Com tanta águia por lá...) esculpido em madeira local. É  de pau rosa, a árvore nacional das Filipinas. Ainda hoje me dá gosto tocar-lhe e ver a forma ardilosa como o artesão escolheu o grão da madeira para auxiliar o entalhe.

Entre as muitas vantagens da madeira temos que  não é tóxica, não liberta vapores de origem química, sendo portanto segura ao toque e manejo. Ao contrário de outras matérias-primas a madeira quando envelhece ou deixa de desempenhar a sua função estrutural, não constitui qualquer perigo para o meio ambiente,  sendo facilmente reconvertida. E, sobretudo, enquanto novas árvores forem plantadas conscienciosamente e sem comprometer os recursos naturais, tendo o cuidado de repor as abatidas, a madeira vai continuar a estar disponível por muitos anos.

E isso é o mais importante: Antes da madeira ser pau existe a Árvore. A árvore e o arbusto são coisas magníficas, sem as quais não haveria vida na Terra como a conhecemos. Para continuarmos a ter paus (salvo seja!!) há que cuidar das árvores. Não sejam cães pôrra!

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