quinta-feira, janeiro 23, 2014

Felicidade não é Prazer! Mas não devia ser?

Hoje de manhã, na sempre estimada TSF, ouvia discorrerem sobre as diferenças entre Felicidade e Prazer. De como o prazer é efémero e a felicidade mais persistente, de como até, em certos casos, o prazer pode ser o oposto da felicidade (e falava-se aqui das "adições" que dão momentos cheios de speed e depois deixam o impetrante à beira da desgraça, quando chega a ressaca).

Não querendo - nem tendo argumentos de ciência para - entrar nessa discussão, sempre vou dizendo que -  aparentemente - quem descobrir a forma de tornar a felicidade num conjunto de prazeres sucessivos que nunca acabassem mereceria um Prémio Nobel.

O problema desta ideia , se pensarmos um bocadinho, é o de que  facilmente as pessoas se habituam ao "bom " e ao "muito bom" nas suas vidas. Estes tornam-se ao fim de anos apenas "normais" e quem experimenta começa unicamente a reagir aos estímulos "óptimos".

Mais uns anos e acabada a novidade dos "óptimos" o que resta?

Pôr o contador a zeros outra vez? Não será possível quando lidamos com sentimentos e emoções...

Ainda não se inventou essa pílula (mais uma a merecer o Nobel!).

Então o quê?  O suicídio como forma de exprimir o aborrecimento total e absoluto com uma vida que já não "enche as medidas" nem sequer disso se aproxima?

Por isso caros leitores, o meu conselho é que se contentem com o que têm e aproveitem os pequenos prazeres que se vão retirando da vida...

Nem sempre rainha, nem sempre galinha! Quem apenas bebesse Barca Velha, ano após ano, a todas as refeições,  poderia ser encontrado - depois de muitos anos -  apaixonado por um copo de "morangueiro" nalguma tasca do Cartaxo!

Amem a mulher (ou o homem) que têm, apreciem o pão nosso de cada dia, não ambicionem luzes de palco e rufar de tambores caso não tenham estaleca para actores.

Agora, não se esqueçam de uma coisa: perante a urna (seja a de voto, seja a do sono perpétuo) tanto vale um espectador como um actor, tanto vale quem bebeu toda a vida morangueiro como quem aviou Champagne Cristal a todos os pequenos almoços (pelo menos depois de fazer 18 anitos).

E é esta pequena\grande verdade que há muito por aí quem queira "disfarçar".

2 comentários:

Américo Oliveira disse...

Aqui fica o contributo de Bulhão Pato para a problemática do prazer e da felicidade:

"AÇORDA À ANDALUZIA.

Corte-se um pão em fatias; torrem-se as sobreditas fatias; façam-se em quadrados, não em quadradinhos; pisem-se num almofariz vários dentes de alho, deixando três ou quatro com a casca - dá-lhe isto um certo sainete -, sal, colorau-doce e colorau do que morde; deve sair um bocadinho picante, que o palhete lá o está pedindo.
Sobre o pão torrado corram-se uns bons fios de azeite, se for do A. Herculano é oiro sobre azul. Deite-se por cima 'el majado', isto é, o conteúdo do almofariz, e água a ferver, mas com cautela, que fique enxuto.
Abafe-se, deixe-se abeberar por cinco minutos, venha para a mesa. Temos uma sopa opípara!

Ingredientes [para 4 pessoas]
. 8 fatias de pão alentejano
. 8 dentes de alho
. 1 colher de café de pimentão-doce
. 1 colher de café de pimenta-de-caiena ou piripiri em pó
. 1 chávena de água
. Azeite e sal q.b."

Américo Oliveira disse...

Lá está, falam muito do "comes" e muito pouco do "bebes". Se o poeta e ensaísta ainda por cá andasse, que sugestão lhe davam?