Designa-se como saloio o habitante natural das zonas rurais do início do século XX em volta de Lisboa. Segundo esta definição o meu senhorio e eu próprio, naturais do Estoril - que seria uma zona rural, ou ainda pior, balnear - no início do século XX, seremos também saloios. Saloios em fato de banho, se quiserem ser mais precisos.
Esta comitiva chegou a Baião no Sábado com o duplo objectivo de visitar a feira tradicional dos Lavradores e de almoçar o celebrado cozidinho da Residencial Borges, já aqui falado e louvado. Tudo a convite de Amigos locais.
A Feira tinha galinhas das verdadeiras (vivas), tinha coelhos a mexer, ainda com o casaco que Deus nosso senhor lhes outorgou, tinha batatas da terra, nabos, ovos frescos castanhos, couves, grelos de nabo e de couve, maçãs das quintas limítrofes, e para além disso todo um estendal de fumeiro tradicional: chouriços, paios, alheiras, toucinhos, barriga de porco, presuntos e nem sei que mais...
Sem nos esquecermos da célebre Broa de milho e centeio que, pelo peso, serviria perfeitamente para munição de catapulta medieval. Haja dentes!
Vinhos verdes de casta Avesso, cujo solar é mesmo ali ao lado, faziam boa companhia a este arsenal carnívoro.
"Enfeirámos" de muita coisa boa que por lá se vendia, e a preços que me abstenho de revelar por pudor... Basta dizer que enchendo o carro de tudo - incluindo 9 garrafas de vinho, 35 kg de batatas, doces típicos da zona, ovos caseiros, broa, queijos de ovelha e fumeiro em barda, nem consegui gastar 40 euros...
Restou sossegar da emoção da feira sentando-nos à mesa da Residencial Borges e afincando os dentes no cozido à portuguesa com todas as componentes daquela região: presunto, galinha, vitela, chouriça e morcela, barriga e orelheira, focinho e entremeada. Todos os enchidos são feitos pela própria cozinheira da Borges, aproveitando a matança dos porcos.
Santa Casa de Baião! E já estamos a fazer pontaria para a grande feira de fumeiro do ano, no último fim de semana de Março!!
Ainda há locais destes em Portugal. Apesar de tudo.
E o que nos fica, depois de almoçar está claro, naquela altura em que a beatitude típica do início da digestão invade as mentes, é que Lisboa e os seus afazeres, conluios, politiquices e barbaridades parece que fica muito longe... E é relativamente pouco importante o que por lá se passa, quando comparado com a vida do país real.
É pena que alguns saloios do nosso Parlamento não se possam de vez em quando "ruralizar"... Podia ser que ficassem a saber quem somos e donde viémos.
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