Janeiro chuvoso, a dar razão ao velho ditado popular português:
Calças brancas em Janeiro, sinal de pouco dinheiro!
O dinheiro não costuma ser para aqui chamado. Mas num mês em que vários são os motivos para desesperar - gastos de Natal ainda para amortizar e emagrecimento dos vencimentos vêm à cabeça - penso que me perdoarão se publicar este poema:
Dinheiro
Quem quiser ter filhos que doire primeiro
A jarra onde, inteira, caiba alguma flor!
Ai dos que têm filhos, mas não têm herdeiro!
— Dinheiro! Dinheiro!
Ó canção de Amor!
As noivas sorriem, talvez, aos vinte anos.
Os amantes sonham... Sonho passageiro!
Música de estrelas: Ética de enganos;
Ilusões, perdidas depois dos vinte anos..
E logo outras nascem: Dinheiro! Dinheiro!
Teus pais, teus irmãos e tua mulher
Cercarão teu leito de herói derradeiro
(Ai de quem, ouvindo-os, nada lhes trouxer!)
E hão-de ali pedir-te o que o mundo quer:
— Dinheiro! Dinheiro!
Deixa-lhes os versos que um dia fizeste,
Amarrado ao lodo, porém verdadeiro.
E eles te dirão: — Pássaro celeste,
Morreste? Morrendo, que bem que fizeste!
Ó canção de amor!
Dinheiro! Dinheiro!
Pedro Homem de Mello, in "Os Amigos Infelizes"
sexta-feira, janeiro 31, 2014
quinta-feira, janeiro 30, 2014
Dois Tractores
Problemas de serviço afastaram-me ontem deste convívio. Regresso hoje para relatar - a pedido de amigos que me instaram a explicar porque motivo tenho sempre este joelho de baixa - o episódio que bem pode ser descrito como " A guerra dos dois tractores".
Pensei até noutro título mais sonante: "A chega de Bois na Beira Alta", mas tive medo de insultar o tractor lá da quinta, e sem ele acabavam-se as batatas da terra (cujos sacos ultimamente me perseguem, independentemente da origem). E nem todos - excepto a malta de Montalegre - saberão o que é uma chega de bois.
O caso se deu - forma idiomática dos velhos serranos começarem as suas estórias - há talvez uns 4 anos, quando eu e o meu cunhado decidimos lavrar um bocado de terra depois do almoço.
Terra essa que, por falta de chuva, parecia asfalto de auto-estrada, daquelas vias socráticas muito pouco amassadas onde só passam carros das urgências ou dos senhores jogadores de futebol.
Não sei se já lhes disse que a empreitada se realizava "depois do almoço"?
Uns anos antes tinha-se comprado lá para a quintarola um tractor. Não foi dos grandes porque não havia dinheiro para tal, nem sequer dos médios. O que, bem vistas as coisas, foi uma sorte, como depois verão. Tratava-se portanto de um tractor pequeno.
Se estivéssemos numa tourada aquilo nem de perto nem de longe seria um Miura destravado. Quanto muito ficaria acima de vaca brava, um novilho e basta.
As nossas desventuras começaram - acho eu - porque baptizámos como "Triquinaites" aquela espécie de moto-cultivador , coisa que o gajo nunca nos deve ter perdoado.
Oram bem, depois desse almoço montou-se o meu cunhado na fera - porque era o único que tinha experiência em tal condução - ficando eu de fora a dar instruções , o que normalmente faço bastante bem, chegando até a cansar a voz nessa importante e mal compreendida tarefa.
Mas a terra estava empedernida, teimosa que se fartava. O arado (ou lá como se chama aquilo) não entrava e os gritos (meus e do condutor) já começavam a secar-nos a garganta, motivo pelo qual foi mister ir bebendo uma ou duas cervejitas "minis", ao mesmo tempo que se enxugava o suor.
Depois de me fartar de tanta incompetência achei que era melhor ser eu a passar à acção: Armado de grande determinação e não pouca valentia fui directo à roda direita da besta, pus todo o meu peso em cima dela com o intuito de ajudar a enterrar as lâminas do arado.
Ofendido com a agressão o Tractor não esteve de modas, olhou para o lado, resfolegou e caiu-me em cima. Caiu em cima do meu joelho direito, para ser mais preciso.
Para sair lá de baixo levou algum tempo. O boi, digo, o tractor, ajudava pouco e o pouco que ajudava não servia para nada. O outro, quero dizer, o meu cunhado, lá me ia puxando de um lado e do outro, agravando sem saber a tal famosa rotura dos ligamentos que me aflige até hoje.
Moral da história: Tractores são para latifundiários, inimigos do povo e grandes agrários. A enxada (que eu saiba) nunca se virou contra o dono. E ainda por cima podia o dono virá-la contra algum meliante que passasse.
Nunca mais cheguei perto do estábulo, curral, curro, garagem ou lá como quiserem chamar ao local onde se acomoda o tractor lá da quinta.
Grande C**** de Triquinaites! Nem para bifes serves!
Pensei até noutro título mais sonante: "A chega de Bois na Beira Alta", mas tive medo de insultar o tractor lá da quinta, e sem ele acabavam-se as batatas da terra (cujos sacos ultimamente me perseguem, independentemente da origem). E nem todos - excepto a malta de Montalegre - saberão o que é uma chega de bois.
O caso se deu - forma idiomática dos velhos serranos começarem as suas estórias - há talvez uns 4 anos, quando eu e o meu cunhado decidimos lavrar um bocado de terra depois do almoço.
Terra essa que, por falta de chuva, parecia asfalto de auto-estrada, daquelas vias socráticas muito pouco amassadas onde só passam carros das urgências ou dos senhores jogadores de futebol.
Não sei se já lhes disse que a empreitada se realizava "depois do almoço"?
Uns anos antes tinha-se comprado lá para a quintarola um tractor. Não foi dos grandes porque não havia dinheiro para tal, nem sequer dos médios. O que, bem vistas as coisas, foi uma sorte, como depois verão. Tratava-se portanto de um tractor pequeno.
Se estivéssemos numa tourada aquilo nem de perto nem de longe seria um Miura destravado. Quanto muito ficaria acima de vaca brava, um novilho e basta.
As nossas desventuras começaram - acho eu - porque baptizámos como "Triquinaites" aquela espécie de moto-cultivador , coisa que o gajo nunca nos deve ter perdoado.
Oram bem, depois desse almoço montou-se o meu cunhado na fera - porque era o único que tinha experiência em tal condução - ficando eu de fora a dar instruções , o que normalmente faço bastante bem, chegando até a cansar a voz nessa importante e mal compreendida tarefa.
Mas a terra estava empedernida, teimosa que se fartava. O arado (ou lá como se chama aquilo) não entrava e os gritos (meus e do condutor) já começavam a secar-nos a garganta, motivo pelo qual foi mister ir bebendo uma ou duas cervejitas "minis", ao mesmo tempo que se enxugava o suor.
Depois de me fartar de tanta incompetência achei que era melhor ser eu a passar à acção: Armado de grande determinação e não pouca valentia fui directo à roda direita da besta, pus todo o meu peso em cima dela com o intuito de ajudar a enterrar as lâminas do arado.
Ofendido com a agressão o Tractor não esteve de modas, olhou para o lado, resfolegou e caiu-me em cima. Caiu em cima do meu joelho direito, para ser mais preciso.
Para sair lá de baixo levou algum tempo. O boi, digo, o tractor, ajudava pouco e o pouco que ajudava não servia para nada. O outro, quero dizer, o meu cunhado, lá me ia puxando de um lado e do outro, agravando sem saber a tal famosa rotura dos ligamentos que me aflige até hoje.
Moral da história: Tractores são para latifundiários, inimigos do povo e grandes agrários. A enxada (que eu saiba) nunca se virou contra o dono. E ainda por cima podia o dono virá-la contra algum meliante que passasse.
Nunca mais cheguei perto do estábulo, curral, curro, garagem ou lá como quiserem chamar ao local onde se acomoda o tractor lá da quinta.
Grande C**** de Triquinaites! Nem para bifes serves!
terça-feira, janeiro 28, 2014
Devagar e calma que a mula já foi nova!
Uma das chatices do envelhecimento é começarem a doer partes do nosso corpo que antigamente nem sabíamos que existiam.
Quanto temos 20 anos o que dói é onde se bate, e mesmo assim nem sempre se nota... Doía a cabeça se com ela batessemos numa trave mais baixa. Doía a canela depois de algum pontapé mais vingativo no futebol. Doíam ( e muito) os "meninos" quando se dava o raro - mas possível - encontro entre uma bola chutada com força e essa parte mais sensível da anatomia.
Nesses dias não existia internet, ninguém ia ver o que tinha aos livros nem às revistas, o mais que se aconselhava para melhorar eram sacos de gelo e sacos de água quente (nunca percebi bem quando meter uns ou outros, mas à cautela punha o saco de água quente de manhã e o gelo de tarde, aproveitando parte para temperar o Jack Daniels).
Chegados aos quase 60 anos é mister tirar quase um curso de anatomia para indentificarmos onde dói e o que dói...
Quando nos tempos áureos do Judo bastava dizer que "lá dei outra vez cabo dos ligamentos do Joelho!" agora é necessário identificar com exactidão qual o "micro-cosmos" da maleita.
Qualquer coisa assim como:"tenho uma lesão no ligamento colateral fibular , inserido na cabeça da fíbula, aquele que protege as laterais do joelho de uma força dobrante interior".
Nota: o que, por acaso e palavra de traumatologista, é o que tenho agora. Onde é que V. queriam que eu inventasse aquele idioma?
Levantar da calma aos saltos, ontem tinha graça, mas hoje dá tonturas.
Quedas faciais eram "mato rasteiro", hoje só de pensar nisso já me começam a doer os cotovelos.
Abrir a carica das garrafas de cerveja com os dentes? Já era...
Meter sacas de batatas ao ombro como quem carrega com o Expresso aos Sábados de manhã? Tá bem tá...
E foi exactamente com uma saca de batatas que se deu a minha última humilhação. Em Baião (lembram-se?).
A Dª Otília, jovem agricultora lá da terra - não mais de 30 anos - agarrou na sacona do batatame que eu tinha acabado de comprar nas duas mãos trigueiras como se virasse um alguidar de plástico, dizendo-me:
- "Chegue-se o Senhor para o lado que ainda se suja! Isto não custa nada porque estou habituada!"
Quando cheguei ao Estoril houve que fazer o transbordo das batatas sem que a Dª Otília lá estivesse.
Conseguir , consegui, mas à custa de muita luta, que meteu uivos e grunhidos (da boca) e também vergonhosamente alguns protestos do traseiro, vários pontapés na p*** da saca que não parava quieta e algumas pragas ditas em voz baixa para não dar sinal de fraco à vizinhança.
Aquilino Ribeiro já o tinha descrito muito melhor do que eu, na sua Casa Grande de Romarigães, onde o nosso herói Luis de Azevedo, à procura de bom casamento com uma sua prima, morgada local, se viu mais ou menos enxovalhado pelos braços tremendos da dita cuja, na tarefa eminentemente rural de baldear sacos de milho para cima de uma galera ...
"Olhe que se suja!"
Dizia Silvana a seu primo e pretendente. E depois de acabada a tarefa com sucesso:
"- Sim, senhor, o primo tem nervo! Nervo duma cana! Sempre lhe
digo, não havia muitos capazes de tal áfrica!"
E tinha Silvana razão. Então e agora.
Quanto temos 20 anos o que dói é onde se bate, e mesmo assim nem sempre se nota... Doía a cabeça se com ela batessemos numa trave mais baixa. Doía a canela depois de algum pontapé mais vingativo no futebol. Doíam ( e muito) os "meninos" quando se dava o raro - mas possível - encontro entre uma bola chutada com força e essa parte mais sensível da anatomia.
Nesses dias não existia internet, ninguém ia ver o que tinha aos livros nem às revistas, o mais que se aconselhava para melhorar eram sacos de gelo e sacos de água quente (nunca percebi bem quando meter uns ou outros, mas à cautela punha o saco de água quente de manhã e o gelo de tarde, aproveitando parte para temperar o Jack Daniels).
Chegados aos quase 60 anos é mister tirar quase um curso de anatomia para indentificarmos onde dói e o que dói...
Quando nos tempos áureos do Judo bastava dizer que "lá dei outra vez cabo dos ligamentos do Joelho!" agora é necessário identificar com exactidão qual o "micro-cosmos" da maleita.
Qualquer coisa assim como:"tenho uma lesão no ligamento colateral fibular , inserido na cabeça da fíbula, aquele que protege as laterais do joelho de uma força dobrante interior".
Nota: o que, por acaso e palavra de traumatologista, é o que tenho agora. Onde é que V. queriam que eu inventasse aquele idioma?
Levantar da calma aos saltos, ontem tinha graça, mas hoje dá tonturas.
Quedas faciais eram "mato rasteiro", hoje só de pensar nisso já me começam a doer os cotovelos.
Abrir a carica das garrafas de cerveja com os dentes? Já era...
Meter sacas de batatas ao ombro como quem carrega com o Expresso aos Sábados de manhã? Tá bem tá...
E foi exactamente com uma saca de batatas que se deu a minha última humilhação. Em Baião (lembram-se?).
A Dª Otília, jovem agricultora lá da terra - não mais de 30 anos - agarrou na sacona do batatame que eu tinha acabado de comprar nas duas mãos trigueiras como se virasse um alguidar de plástico, dizendo-me:
- "Chegue-se o Senhor para o lado que ainda se suja! Isto não custa nada porque estou habituada!"
Quando cheguei ao Estoril houve que fazer o transbordo das batatas sem que a Dª Otília lá estivesse.
Conseguir , consegui, mas à custa de muita luta, que meteu uivos e grunhidos (da boca) e também vergonhosamente alguns protestos do traseiro, vários pontapés na p*** da saca que não parava quieta e algumas pragas ditas em voz baixa para não dar sinal de fraco à vizinhança.
Aquilino Ribeiro já o tinha descrito muito melhor do que eu, na sua Casa Grande de Romarigães, onde o nosso herói Luis de Azevedo, à procura de bom casamento com uma sua prima, morgada local, se viu mais ou menos enxovalhado pelos braços tremendos da dita cuja, na tarefa eminentemente rural de baldear sacos de milho para cima de uma galera ...
"Olhe que se suja!"
Dizia Silvana a seu primo e pretendente. E depois de acabada a tarefa com sucesso:
"- Sim, senhor, o primo tem nervo! Nervo duma cana! Sempre lhe
digo, não havia muitos capazes de tal áfrica!"
E tinha Silvana razão. Então e agora.
segunda-feira, janeiro 27, 2014
Dois saloios em Baião
Designa-se como saloio o habitante natural das zonas rurais do início do século XX em volta de Lisboa. Segundo esta definição o meu senhorio e eu próprio, naturais do Estoril - que seria uma zona rural, ou ainda pior, balnear - no início do século XX, seremos também saloios. Saloios em fato de banho, se quiserem ser mais precisos.
Esta comitiva chegou a Baião no Sábado com o duplo objectivo de visitar a feira tradicional dos Lavradores e de almoçar o celebrado cozidinho da Residencial Borges, já aqui falado e louvado. Tudo a convite de Amigos locais.
A Feira tinha galinhas das verdadeiras (vivas), tinha coelhos a mexer, ainda com o casaco que Deus nosso senhor lhes outorgou, tinha batatas da terra, nabos, ovos frescos castanhos, couves, grelos de nabo e de couve, maçãs das quintas limítrofes, e para além disso todo um estendal de fumeiro tradicional: chouriços, paios, alheiras, toucinhos, barriga de porco, presuntos e nem sei que mais...
Sem nos esquecermos da célebre Broa de milho e centeio que, pelo peso, serviria perfeitamente para munição de catapulta medieval. Haja dentes!
Vinhos verdes de casta Avesso, cujo solar é mesmo ali ao lado, faziam boa companhia a este arsenal carnívoro.
"Enfeirámos" de muita coisa boa que por lá se vendia, e a preços que me abstenho de revelar por pudor... Basta dizer que enchendo o carro de tudo - incluindo 9 garrafas de vinho, 35 kg de batatas, doces típicos da zona, ovos caseiros, broa, queijos de ovelha e fumeiro em barda, nem consegui gastar 40 euros...
Restou sossegar da emoção da feira sentando-nos à mesa da Residencial Borges e afincando os dentes no cozido à portuguesa com todas as componentes daquela região: presunto, galinha, vitela, chouriça e morcela, barriga e orelheira, focinho e entremeada. Todos os enchidos são feitos pela própria cozinheira da Borges, aproveitando a matança dos porcos.
Santa Casa de Baião! E já estamos a fazer pontaria para a grande feira de fumeiro do ano, no último fim de semana de Março!!
Ainda há locais destes em Portugal. Apesar de tudo.
E o que nos fica, depois de almoçar está claro, naquela altura em que a beatitude típica do início da digestão invade as mentes, é que Lisboa e os seus afazeres, conluios, politiquices e barbaridades parece que fica muito longe... E é relativamente pouco importante o que por lá se passa, quando comparado com a vida do país real.
É pena que alguns saloios do nosso Parlamento não se possam de vez em quando "ruralizar"... Podia ser que ficassem a saber quem somos e donde viémos.
Esta comitiva chegou a Baião no Sábado com o duplo objectivo de visitar a feira tradicional dos Lavradores e de almoçar o celebrado cozidinho da Residencial Borges, já aqui falado e louvado. Tudo a convite de Amigos locais.
A Feira tinha galinhas das verdadeiras (vivas), tinha coelhos a mexer, ainda com o casaco que Deus nosso senhor lhes outorgou, tinha batatas da terra, nabos, ovos frescos castanhos, couves, grelos de nabo e de couve, maçãs das quintas limítrofes, e para além disso todo um estendal de fumeiro tradicional: chouriços, paios, alheiras, toucinhos, barriga de porco, presuntos e nem sei que mais...
Sem nos esquecermos da célebre Broa de milho e centeio que, pelo peso, serviria perfeitamente para munição de catapulta medieval. Haja dentes!
Vinhos verdes de casta Avesso, cujo solar é mesmo ali ao lado, faziam boa companhia a este arsenal carnívoro.
"Enfeirámos" de muita coisa boa que por lá se vendia, e a preços que me abstenho de revelar por pudor... Basta dizer que enchendo o carro de tudo - incluindo 9 garrafas de vinho, 35 kg de batatas, doces típicos da zona, ovos caseiros, broa, queijos de ovelha e fumeiro em barda, nem consegui gastar 40 euros...
Restou sossegar da emoção da feira sentando-nos à mesa da Residencial Borges e afincando os dentes no cozido à portuguesa com todas as componentes daquela região: presunto, galinha, vitela, chouriça e morcela, barriga e orelheira, focinho e entremeada. Todos os enchidos são feitos pela própria cozinheira da Borges, aproveitando a matança dos porcos.
Santa Casa de Baião! E já estamos a fazer pontaria para a grande feira de fumeiro do ano, no último fim de semana de Março!!
Ainda há locais destes em Portugal. Apesar de tudo.
E o que nos fica, depois de almoçar está claro, naquela altura em que a beatitude típica do início da digestão invade as mentes, é que Lisboa e os seus afazeres, conluios, politiquices e barbaridades parece que fica muito longe... E é relativamente pouco importante o que por lá se passa, quando comparado com a vida do país real.
É pena que alguns saloios do nosso Parlamento não se possam de vez em quando "ruralizar"... Podia ser que ficassem a saber quem somos e donde viémos.
sexta-feira, janeiro 24, 2014
Para Descansar a Vista
Vai-se Janeiro, o velho Janus das duas caras, símbolo da mudança, deus dos portais, deus dos começos e dos finais.
Aquele que encerra o pano e, ao mesmo tempo abre a cena para um novo acto.
Saúde-se Janus com dois poemas apropriados. Do panteão do país irmão chegam Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles, dois gigantes da poesia lusa:
Carlos Drummond de Andrade
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.
Aquele que encerra o pano e, ao mesmo tempo abre a cena para um novo acto.
Saúde-se Janus com dois poemas apropriados. Do panteão do país irmão chegam Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles, dois gigantes da poesia lusa:
Cortar o tempo
Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,
Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui pra diante vai ser diferente
Carlos Drummond de Andrade
Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.
Cecília Meireles
quinta-feira, janeiro 23, 2014
Felicidade não é Prazer! Mas não devia ser?
Hoje de manhã, na sempre estimada TSF, ouvia discorrerem sobre as diferenças entre Felicidade e Prazer. De como o prazer é efémero e a felicidade mais persistente, de como até, em certos casos, o prazer pode ser o oposto da felicidade (e falava-se aqui das "adições" que dão momentos cheios de speed e depois deixam o impetrante à beira da desgraça, quando chega a ressaca).
Não querendo - nem tendo argumentos de ciência para - entrar nessa discussão, sempre vou dizendo que - aparentemente - quem descobrir a forma de tornar a felicidade num conjunto de prazeres sucessivos que nunca acabassem mereceria um Prémio Nobel.
O problema desta ideia , se pensarmos um bocadinho, é o de que facilmente as pessoas se habituam ao "bom " e ao "muito bom" nas suas vidas. Estes tornam-se ao fim de anos apenas "normais" e quem experimenta começa unicamente a reagir aos estímulos "óptimos".
Mais uns anos e acabada a novidade dos "óptimos" o que resta?
Pôr o contador a zeros outra vez? Não será possível quando lidamos com sentimentos e emoções...
Ainda não se inventou essa pílula (mais uma a merecer o Nobel!).
Então o quê? O suicídio como forma de exprimir o aborrecimento total e absoluto com uma vida que já não "enche as medidas" nem sequer disso se aproxima?
Por isso caros leitores, o meu conselho é que se contentem com o que têm e aproveitem os pequenos prazeres que se vão retirando da vida...
Nem sempre rainha, nem sempre galinha! Quem apenas bebesse Barca Velha, ano após ano, a todas as refeições, poderia ser encontrado - depois de muitos anos - apaixonado por um copo de "morangueiro" nalguma tasca do Cartaxo!
Amem a mulher (ou o homem) que têm, apreciem o pão nosso de cada dia, não ambicionem luzes de palco e rufar de tambores caso não tenham estaleca para actores.
Agora, não se esqueçam de uma coisa: perante a urna (seja a de voto, seja a do sono perpétuo) tanto vale um espectador como um actor, tanto vale quem bebeu toda a vida morangueiro como quem aviou Champagne Cristal a todos os pequenos almoços (pelo menos depois de fazer 18 anitos).
E é esta pequena\grande verdade que há muito por aí quem queira "disfarçar".
Não querendo - nem tendo argumentos de ciência para - entrar nessa discussão, sempre vou dizendo que - aparentemente - quem descobrir a forma de tornar a felicidade num conjunto de prazeres sucessivos que nunca acabassem mereceria um Prémio Nobel.
O problema desta ideia , se pensarmos um bocadinho, é o de que facilmente as pessoas se habituam ao "bom " e ao "muito bom" nas suas vidas. Estes tornam-se ao fim de anos apenas "normais" e quem experimenta começa unicamente a reagir aos estímulos "óptimos".
Mais uns anos e acabada a novidade dos "óptimos" o que resta?
Pôr o contador a zeros outra vez? Não será possível quando lidamos com sentimentos e emoções...
Ainda não se inventou essa pílula (mais uma a merecer o Nobel!).
Então o quê? O suicídio como forma de exprimir o aborrecimento total e absoluto com uma vida que já não "enche as medidas" nem sequer disso se aproxima?
Por isso caros leitores, o meu conselho é que se contentem com o que têm e aproveitem os pequenos prazeres que se vão retirando da vida...
Nem sempre rainha, nem sempre galinha! Quem apenas bebesse Barca Velha, ano após ano, a todas as refeições, poderia ser encontrado - depois de muitos anos - apaixonado por um copo de "morangueiro" nalguma tasca do Cartaxo!
Amem a mulher (ou o homem) que têm, apreciem o pão nosso de cada dia, não ambicionem luzes de palco e rufar de tambores caso não tenham estaleca para actores.
Agora, não se esqueçam de uma coisa: perante a urna (seja a de voto, seja a do sono perpétuo) tanto vale um espectador como um actor, tanto vale quem bebeu toda a vida morangueiro como quem aviou Champagne Cristal a todos os pequenos almoços (pelo menos depois de fazer 18 anitos).
E é esta pequena\grande verdade que há muito por aí quem queira "disfarçar".
quarta-feira, janeiro 22, 2014
A Nobreza Vermelha inunda Davos
Os grandes ricos chineses e russos - sendo que a China é actualmente o local do mundo onde se passa um dos mais estranhos compadrios entre a política e a riqueza hoje visível no universo conhecido - estão em força na cimeira que hoje começa em Davos, obviamente que para defender os interesses das maiores economias do mundo .
Podem ler mais aqui sff:
http://forumblog.org/2014/01/coming-up-all-you-need-to-know-about-davos-2014/
Mao Zedong deve virar-se no mausoléu ao ver no que se transformou o país da Revolução Cultural!! Isto se não estivesse embalsamado, o que lhe limita sobremaneira os movimentos ...
Vejam aqui este artigo do Wall Street Journal:
Asia sprouted a new crop of millionaires over the past year, with growth of wealth in China topping the charts.
According to a report this week by Credit Suisse, the country now has 6% of the world’s total of ultra-high-net-worth individuals, or those with fortunes in excess of $50 million. That’s second only to the United States, which commands nearly half the world’s total.
Fan Cheuk-wan of Credit Suisse credited such growth in China to the country’s capital market’s development and the large number of companies being listed during the period the report covered — mid-2012 to mid-2013. “This has created many new billionaires in China,” said Ms. Fan, chief investment officer of the company’s Asian private banking and wealth management division. Between 2005 and 2010, the number of billionaires in China grew from two to 64.
O problema com esta situação, é que se as grandes (enormes, gigantescas) populações chinesas que estão no limiar da pobreza arranjam outro "guru" ao estilo do Grande Timoneiro, é capaz de vir dali borrasca forte! Muito forte! Com cerca de 1,4 Mil Milhões de chineses de força!!!
Imaginem uma Síria na República Popular da China? É muito chinês... E há por lá muita bomba...
Podem ler mais aqui sff:
http://forumblog.org/2014/01/coming-up-all-you-need-to-know-about-davos-2014/
Mao Zedong deve virar-se no mausoléu ao ver no que se transformou o país da Revolução Cultural!! Isto se não estivesse embalsamado, o que lhe limita sobremaneira os movimentos ...
Vejam aqui este artigo do Wall Street Journal:
Asia sprouted a new crop of millionaires over the past year, with growth of wealth in China topping the charts.
Fan Cheuk-wan of Credit Suisse credited such growth in China to the country’s capital market’s development and the large number of companies being listed during the period the report covered — mid-2012 to mid-2013. “This has created many new billionaires in China,” said Ms. Fan, chief investment officer of the company’s Asian private banking and wealth management division. Between 2005 and 2010, the number of billionaires in China grew from two to 64.
O problema com esta situação, é que se as grandes (enormes, gigantescas) populações chinesas que estão no limiar da pobreza arranjam outro "guru" ao estilo do Grande Timoneiro, é capaz de vir dali borrasca forte! Muito forte! Com cerca de 1,4 Mil Milhões de chineses de força!!!
Imaginem uma Síria na República Popular da China? É muito chinês... E há por lá muita bomba...
terça-feira, janeiro 21, 2014
O ridículo visto pelos outros
Na vida de todos nós existe sempre um (ou mais) episódios de que não desejamos nem falar, nem lembrar, nem sequer que seja lembrado por outros.
E não falo de coisas muito sérias...Refiro-me àqueles percalços, na maioria dos casos cheios de ridículo e até anedóticos (para quem vê, nunca para quem os protagoniza!) .
Hoje acordei a lembrar-me de um desses casos que aconteceu comigo e que decidi vir para aqui tornar público, de forma a talvez conseguir exorcisá-lo de vez.
No período em que vivi "mimado" por tias, avós, antigas empregadas de confiança e pela minha mulher, o "Je" só punha pé na cozinha para "ajudar" e dar comentários, as mais das vezes escusados e que em nada ajudavam à harmonia familiar.
Ao contrário do meu Pai - que pela inépcia gritante da minha mãe à frente dos fogões tinha de se saber orientar na cozinha, sob pena de comer pouco e mal - eu tive nessa fase da minha vida um ambiente gracioso e ocioso, cheio de coisas boas e muito despreocupado. Na divisão da tarefa familiar competia-me "encabazar", "aviar" todos os Sábados nos mercados o que me apetecia comer. E depois esperar pelos resultados.
Tudo mudou. Fui pelas voltas da vida apanhado em casa sozinho com o senhorio\filho (de 17 anos e já com quase 100kg! ) e comendo ambos que nem bestas (salvo seja). E ainda por cima habituados ao bom e ao melhor!
Depois de meses a comer fora quase todos os dias ( e a meter tostas mistas na equação nos dias em que não se saía de casa), tanto a algibeira ( minha) como a paciência (de ambos) começaram a esgotar-se. Havia que me dedicar aos fogões, nem que para isso tivesse que penar ( eu e o senhorio, coitado, a quem transformei em cobaia das minhas experiências químicas).
A "transição" só foi possível com a ajuda e o conselho de grandes amigos, da Dª Lurdes e do Mendonça Pai, da minha Santa sogra, está claro, das Tias e Primas da província, mas também dos cozinheiros dos locais onde nós mais íamos comer.
Demorei cerca de 3 anos a transformar-me de patego em aprendiz e, ao fim de 12 anos, ainda sinto que estou nessa categoria, embora a minha mesa já não envergonhe a maioria dos comensais.
De todas as malfadadas exéquias que passei nessa fase da aprendizagem forçada, sozinho à frente dos bicos e dos fornos, nunca mais me esqueço daquela vez em que a minha mãe estava adoentada e eu decidi fazer-lhe Fatias Douradas.
Nem sei ainda bem como, mas enganei-me nos frascos e em vez de canela meti noz moscada nas fatias de pão de forma, depois de saídas da frigideira. E, como nunca fui de poupanças, aviei na noz moscada seriamente, polvilhei o pão tal e qual como se tivesse convulsões, de forma contundente!
Imaginem agora a santa senhora, acamada, com a rabanada quentinha ao pé da boca e o seráfico filho ao lado esperando pelos elogios... Gulosa como ela sempre foi, vai de abocanhar a fatiazinha com força.
Mesmo com febre ainda teve forças para me expulsar de casa aos berros, tendo eu - atabalhoadamente - descido as escadas de casa dela mais depressa do que as tinha subido, despejando as p**** das rabanadas pelos degraus fora...
Ainda hoje tenho de ouvir esta história... E por isso, para ver se me livro dela, aqui a deixei.
E não falo de coisas muito sérias...Refiro-me àqueles percalços, na maioria dos casos cheios de ridículo e até anedóticos (para quem vê, nunca para quem os protagoniza!) .
Hoje acordei a lembrar-me de um desses casos que aconteceu comigo e que decidi vir para aqui tornar público, de forma a talvez conseguir exorcisá-lo de vez.
No período em que vivi "mimado" por tias, avós, antigas empregadas de confiança e pela minha mulher, o "Je" só punha pé na cozinha para "ajudar" e dar comentários, as mais das vezes escusados e que em nada ajudavam à harmonia familiar.
Ao contrário do meu Pai - que pela inépcia gritante da minha mãe à frente dos fogões tinha de se saber orientar na cozinha, sob pena de comer pouco e mal - eu tive nessa fase da minha vida um ambiente gracioso e ocioso, cheio de coisas boas e muito despreocupado. Na divisão da tarefa familiar competia-me "encabazar", "aviar" todos os Sábados nos mercados o que me apetecia comer. E depois esperar pelos resultados.
Tudo mudou. Fui pelas voltas da vida apanhado em casa sozinho com o senhorio\filho (de 17 anos e já com quase 100kg! ) e comendo ambos que nem bestas (salvo seja). E ainda por cima habituados ao bom e ao melhor!
Depois de meses a comer fora quase todos os dias ( e a meter tostas mistas na equação nos dias em que não se saía de casa), tanto a algibeira ( minha) como a paciência (de ambos) começaram a esgotar-se. Havia que me dedicar aos fogões, nem que para isso tivesse que penar ( eu e o senhorio, coitado, a quem transformei em cobaia das minhas experiências químicas).
A "transição" só foi possível com a ajuda e o conselho de grandes amigos, da Dª Lurdes e do Mendonça Pai, da minha Santa sogra, está claro, das Tias e Primas da província, mas também dos cozinheiros dos locais onde nós mais íamos comer.
Demorei cerca de 3 anos a transformar-me de patego em aprendiz e, ao fim de 12 anos, ainda sinto que estou nessa categoria, embora a minha mesa já não envergonhe a maioria dos comensais.
De todas as malfadadas exéquias que passei nessa fase da aprendizagem forçada, sozinho à frente dos bicos e dos fornos, nunca mais me esqueço daquela vez em que a minha mãe estava adoentada e eu decidi fazer-lhe Fatias Douradas.
Nem sei ainda bem como, mas enganei-me nos frascos e em vez de canela meti noz moscada nas fatias de pão de forma, depois de saídas da frigideira. E, como nunca fui de poupanças, aviei na noz moscada seriamente, polvilhei o pão tal e qual como se tivesse convulsões, de forma contundente!
Imaginem agora a santa senhora, acamada, com a rabanada quentinha ao pé da boca e o seráfico filho ao lado esperando pelos elogios... Gulosa como ela sempre foi, vai de abocanhar a fatiazinha com força.
Mesmo com febre ainda teve forças para me expulsar de casa aos berros, tendo eu - atabalhoadamente - descido as escadas de casa dela mais depressa do que as tinha subido, despejando as p**** das rabanadas pelos degraus fora...
Ainda hoje tenho de ouvir esta história... E por isso, para ver se me livro dela, aqui a deixei.
segunda-feira, janeiro 20, 2014
Tristeza Nacional
Anda toda a gente de queixo caído (para não dizer outra coisa) e de "queixas" na boca.
O teor das conversas que escapam ao império da bola (antigo escape para quem não sabe ou não tem já coragem para dizer outras coisas) é sempre ou quase sempre negativo.
É hoje também um dia aziago - mais um - para o desgraçado do funcionário público, que vai finalmente sentir no primeiro ordenado do ano a desgraça que lhe têm atirado aos pés continuamente, sempre com a desculpa de que "esses estão protegidos! Não se lhes acaba o emprego!"
Acresce o que se vai sabendo dos hospitais, nesta época de grande afluência às Urgências...
E o que sobra das conversas sobre a Educação, o Ensino Superior e a Investigação...
Há por isso razões que cheguem para andarmos todos, ou quase todos, tristes.
Mesmo os que têm a obrigação de puxar pela alma nacional - nem que seja mentindo - acabam por apenas mandar umas larachas quanto à "recuperação económica" e ao "bom comportamento das exportações", complementando com " o início do fim da alta taxa de desemprego". Mas sempre com uma cara que mais parece estar disfarçada de "trombas" do que outra coisa, quase que adivinhando que poucos ou nenhuns acreditarão nas benesses...
Ninguém se entende na resposta à questão essencial:
-"Está o País melhor agora ou em 2010, quando este Governo tomou posse?"
Talvez porque não existe uma resposta simples... Se, por um lado, estamos melhor em termos de controlo da Balança de Pagamentos, nalgum crescimento económico (micróscópico embora) e na baixa das taxas de financiamento, por outro lado estamos pior em termos de déficit global e do aumento daquilo que devemos ao estrangeiro...
Pois esse foi o lado negro do auxílio financeiro: o ficarmos a dever cada vez mais a quem nos emprestou. A juros pecaminosos, devo acrescentar. Na prática a Crise não se resolveu, foi-se adiando para as gerações futuras.
Não se posicionando no horizonte mais nenhum troféu do tipo "Bola de Ouro" a ganhar, nem sequer sendo crível que outras situações exógenas de tipo semelhante nos encham de alegria nos tempos mais próximos, o remédio será sempre cada um de nós conseguir encontrar ainda forças para se rir da sua própria situação. O que se torna cada vez mais difícil.
E nem sequer o conhecido e egoista aforismo paulista "pimenta no c* do outro é refresco para mim"
nos deve valer, pois neste caso concreto a pimenta chegou ao c* de quase todos nós.
Foi uma distribuição geral! Um c***** de um avião a pulverizar a população lusa, toda ela de calças na mão e "mataco" para o ar.
O teor das conversas que escapam ao império da bola (antigo escape para quem não sabe ou não tem já coragem para dizer outras coisas) é sempre ou quase sempre negativo.
É hoje também um dia aziago - mais um - para o desgraçado do funcionário público, que vai finalmente sentir no primeiro ordenado do ano a desgraça que lhe têm atirado aos pés continuamente, sempre com a desculpa de que "esses estão protegidos! Não se lhes acaba o emprego!"
Acresce o que se vai sabendo dos hospitais, nesta época de grande afluência às Urgências...
E o que sobra das conversas sobre a Educação, o Ensino Superior e a Investigação...
Há por isso razões que cheguem para andarmos todos, ou quase todos, tristes.
Mesmo os que têm a obrigação de puxar pela alma nacional - nem que seja mentindo - acabam por apenas mandar umas larachas quanto à "recuperação económica" e ao "bom comportamento das exportações", complementando com " o início do fim da alta taxa de desemprego". Mas sempre com uma cara que mais parece estar disfarçada de "trombas" do que outra coisa, quase que adivinhando que poucos ou nenhuns acreditarão nas benesses...
Ninguém se entende na resposta à questão essencial:
-"Está o País melhor agora ou em 2010, quando este Governo tomou posse?"
Talvez porque não existe uma resposta simples... Se, por um lado, estamos melhor em termos de controlo da Balança de Pagamentos, nalgum crescimento económico (micróscópico embora) e na baixa das taxas de financiamento, por outro lado estamos pior em termos de déficit global e do aumento daquilo que devemos ao estrangeiro...
Pois esse foi o lado negro do auxílio financeiro: o ficarmos a dever cada vez mais a quem nos emprestou. A juros pecaminosos, devo acrescentar. Na prática a Crise não se resolveu, foi-se adiando para as gerações futuras.
Não se posicionando no horizonte mais nenhum troféu do tipo "Bola de Ouro" a ganhar, nem sequer sendo crível que outras situações exógenas de tipo semelhante nos encham de alegria nos tempos mais próximos, o remédio será sempre cada um de nós conseguir encontrar ainda forças para se rir da sua própria situação. O que se torna cada vez mais difícil.
E nem sequer o conhecido e egoista aforismo paulista "pimenta no c* do outro é refresco para mim"
nos deve valer, pois neste caso concreto a pimenta chegou ao c* de quase todos nós.
Foi uma distribuição geral! Um c***** de um avião a pulverizar a população lusa, toda ela de calças na mão e "mataco" para o ar.
sexta-feira, janeiro 17, 2014
Para Descansar a Vista
Dia de temporal, chuva , vento e friozinho a fazer parte da ementa. O que vale é que amanhã é Sábado!
Segue um poema simpático, quase infantil, sobre o tema em causa. É de Charles d’Orléans, o Rei aprisionado, pai de Louis XII, nascido em 1394 e falecido em 1465, depois de ter estado preso em Inglaterra entre 1415 e 1440, altura em que se dedicou à poesia:
Hiver, vous n’êtes qu’un vilain,
Eté est plaisant et gentil,
En témoin de Mai et d’Avril
Qui l’accompagnent soir et main.
Eté revêt champs, bois et fleurs,
De sa livrée de verdure
Et de maintes autres couleurs,
Par l’ordonnance de Nature.
Mais vous, Hiver, trop êtes plein
De neige, vent, pluie et grésil;
On vous dût bannir en exil.
Sans vous flatter, je parle plain,
Hiver, vous n’êtes qu’un vilain.
E acabo com o meu mestre Pablo Neruda:
Segue um poema simpático, quase infantil, sobre o tema em causa. É de Charles d’Orléans, o Rei aprisionado, pai de Louis XII, nascido em 1394 e falecido em 1465, depois de ter estado preso em Inglaterra entre 1415 e 1440, altura em que se dedicou à poesia:
Hiver, vous n’êtes qu’un vilain,
Eté est plaisant et gentil,
En témoin de Mai et d’Avril
Qui l’accompagnent soir et main.
Eté revêt champs, bois et fleurs,
De sa livrée de verdure
Et de maintes autres couleurs,
Par l’ordonnance de Nature.
Mais vous, Hiver, trop êtes plein
De neige, vent, pluie et grésil;
On vous dût bannir en exil.
Sans vous flatter, je parle plain,
Hiver, vous n’êtes qu’un vilain.
E acabo com o meu mestre Pablo Neruda:
Foi nessa idade que a poesia me veio buscar
Não sei de onde veio
Do inverno, de um rio
Não sei como nem quando
Não, não eram vozes
Não eram palavras
Nem silêncio
Mas da rua fui convocado
Dos galhos da noite
Abruptamente entre outros
Entre fogos violentos
Voltando sozinho
Lá estava eu sem rosto
E fui tocado.
Não sei de onde veio
Do inverno, de um rio
Não sei como nem quando
Não, não eram vozes
Não eram palavras
Nem silêncio
Mas da rua fui convocado
Dos galhos da noite
Abruptamente entre outros
Entre fogos violentos
Voltando sozinho
Lá estava eu sem rosto
E fui tocado.
quinta-feira, janeiro 16, 2014
Doutorados expulsos do País?
Os resultados das Bolsas de Doutoramento e de Pós-Doutoramente a financiar pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (dependente do Ministério da Educação e Ciência) referentes a 2013 saíram ontem.
Em relação aos níveis de 2012 verificou-se uma baixa notável , segundo alguns de 50%, segundo outros comentadores de dois terços (66%), consoante as áreas de investigação...
Entre perto de 5700 candidaturas (Doutoramentos + Pós-Doc) foram concedidas menos de 10% bolsas. Sim, menos de dez por cento!
Não haverá dinheiro, segundo a explicação oficial. Mas o orçamento da FCT não desceu assim tanto de 2012 para 2013...
Leiam aqui mais sff:
http://www.publico.pt/ciencia/noticia/corte-nas-bolsas-de-doutoramento-e-posdoutoramento-da-fct-foi-brutal-1619823#/0
O único comentário que entendo fazer é que se mandam embora ou fazem desistir da investigação a élite intelectual do País os poderes públicos estão a hipotecar o futuro de todos nós, dos nossos filhos e dos nossos netos.
E o que mais me entristece é que se enraíza a demagógica observação típica do salazarismo:
"Estudar é um luxo! Doutores e Engenheiros já temos a mais! Vão mas é aprender um ofício! "
Excepto os ricos, está claro!! Esses não necessitam de Bolsas.
Um país que assim pensa e que expulsa os melhores dos seus filhos para o estrangeiro está mesmo a pôr-se a jeito para ser colonizado.
E é uma tristeza ver assim regredir 40 anos de Democracia e de apoio à massa cinzenta, fosse ela do camponês, do operário, do funcionário público ou do empresário...
A Instrução é a única coisa que permite ao filho do pobre competir no mercado de trabalho com o filho do rico. E quem ignora isto está a ignorar mais de 90% do nosso reservatório genético.
É um suícidio de espécie, um verdadeiro genocídio do lusitano!
Em relação aos níveis de 2012 verificou-se uma baixa notável , segundo alguns de 50%, segundo outros comentadores de dois terços (66%), consoante as áreas de investigação...
Entre perto de 5700 candidaturas (Doutoramentos + Pós-Doc) foram concedidas menos de 10% bolsas. Sim, menos de dez por cento!
Não haverá dinheiro, segundo a explicação oficial. Mas o orçamento da FCT não desceu assim tanto de 2012 para 2013...
Leiam aqui mais sff:
http://www.publico.pt/ciencia/noticia/corte-nas-bolsas-de-doutoramento-e-posdoutoramento-da-fct-foi-brutal-1619823#/0
O único comentário que entendo fazer é que se mandam embora ou fazem desistir da investigação a élite intelectual do País os poderes públicos estão a hipotecar o futuro de todos nós, dos nossos filhos e dos nossos netos.
E o que mais me entristece é que se enraíza a demagógica observação típica do salazarismo:
"Estudar é um luxo! Doutores e Engenheiros já temos a mais! Vão mas é aprender um ofício! "
Excepto os ricos, está claro!! Esses não necessitam de Bolsas.
Um país que assim pensa e que expulsa os melhores dos seus filhos para o estrangeiro está mesmo a pôr-se a jeito para ser colonizado.
E é uma tristeza ver assim regredir 40 anos de Democracia e de apoio à massa cinzenta, fosse ela do camponês, do operário, do funcionário público ou do empresário...
A Instrução é a única coisa que permite ao filho do pobre competir no mercado de trabalho com o filho do rico. E quem ignora isto está a ignorar mais de 90% do nosso reservatório genético.
É um suícidio de espécie, um verdadeiro genocídio do lusitano!
quarta-feira, janeiro 15, 2014
Agradecimentos e Esclarecimentos
Começo por agradecer a todos os colegas e amigos que manifestaram desejos de rápidas e boas melhoras a esta criatura.
Por entre algumas dessas mensagens respingo a que me questionava o seguinte:
- "Porque raio é que a sua "santa" insiste em ir ao cemitério regar as flores em pleno inverno, tendo chovido quase todos os dias?"
Sábia e interessante questão. Depois de 58 anos e 13 meses (9 da gestação e os que passaram depois de 31 Agosto) a pensar sobre as muitas coisas que a "santa" faz sem sentido, a única resposta que consigo encontrar é que Não Sei.
A minha dúvida metódica situa-se ao nível da do filósofo Sócrates (que infelizmente já não conheci, tendo ele morrido em 399A.C.).
Imaginam todos sem explicação por que motivo tive de escrever o ano da morte, claro? Para não haver confusões até enfiei o retrato do dito...
Hoje interrompi à sorrelfa as ordens do médico - que me diz possuído de uma "virose" e me ordenou que ficasse em casa até passar a dita - e vim ao serviço despachar a papelada e sobretudo para uma reunião no Estádio do Glorioso!
Começamos a levantar o véu sobre uma emissão de selos extra-plano de homenagem ao Eusébio.
Compreendem todos o motivo da minha desobediência. Trata-se de uma causa nobre!
E entrar naquela Catedral pode até fazer o milagre de exorcisar a "virose"!
Ou não... Logo se vê. À cautela levo a caixa dos comprimidos.
Por entre algumas dessas mensagens respingo a que me questionava o seguinte:
- "Porque raio é que a sua "santa" insiste em ir ao cemitério regar as flores em pleno inverno, tendo chovido quase todos os dias?"
Sábia e interessante questão. Depois de 58 anos e 13 meses (9 da gestação e os que passaram depois de 31 Agosto) a pensar sobre as muitas coisas que a "santa" faz sem sentido, a única resposta que consigo encontrar é que Não Sei.
A minha dúvida metódica situa-se ao nível da do filósofo Sócrates (que infelizmente já não conheci, tendo ele morrido em 399A.C.).
Imaginam todos sem explicação por que motivo tive de escrever o ano da morte, claro? Para não haver confusões até enfiei o retrato do dito...
Hoje interrompi à sorrelfa as ordens do médico - que me diz possuído de uma "virose" e me ordenou que ficasse em casa até passar a dita - e vim ao serviço despachar a papelada e sobretudo para uma reunião no Estádio do Glorioso!
Começamos a levantar o véu sobre uma emissão de selos extra-plano de homenagem ao Eusébio.
Compreendem todos o motivo da minha desobediência. Trata-se de uma causa nobre!
E entrar naquela Catedral pode até fazer o milagre de exorcisar a "virose"!
Ou não... Logo se vê. À cautela levo a caixa dos comprimidos.
terça-feira, janeiro 14, 2014
Va de retro Satanás (digo Gripe!)
Sábado e Domingo andei a "passear", muito soltinho e alegrete.
No Sábado fui outra vez molhar os pés e as mãos com a água a escorrer dos baldes lá no Jardim do Silêncio, sempre de mão dada com a "santa" para que esta não se espalhe pelo meio das tabuletas (é sina que tenho).
Domingo até não estava mal, comecei com uma admirável refeição entre Amigos que meteu santolas recheadas, fígado de veado salteado, lombo do mesmo assado no forno, grandes vinhos Saima e Passarela, em Magnum, com mais de 23 anos de garrafa, queijos de Serpa, enchidos de Montesinho...
Enfim, o prelúdio ideal para o grande jogo da tarde !
Mas depois do almoção já não "fumiguei" o Hoyo de Monterrey que tinha trazido para a ocasião, nariz entupido e garganta dorida antecipavam outra vez a gripezita a bater à porta.
Acabado o jogo deitei-me cedo ( e de barriga cheia de alegria!!) e na Segunda Feira fui apenas para Lisboa por causa de uma reunião importante, mas já com febre.
Hoje estou de molho. Bem feito para não andares a molhar os pés no cemitério!
Como diziam os antigos :
"Abifa-te, avinha-te e abafa-te"!!
No Sábado fui outra vez molhar os pés e as mãos com a água a escorrer dos baldes lá no Jardim do Silêncio, sempre de mão dada com a "santa" para que esta não se espalhe pelo meio das tabuletas (é sina que tenho).
Domingo até não estava mal, comecei com uma admirável refeição entre Amigos que meteu santolas recheadas, fígado de veado salteado, lombo do mesmo assado no forno, grandes vinhos Saima e Passarela, em Magnum, com mais de 23 anos de garrafa, queijos de Serpa, enchidos de Montesinho...
Enfim, o prelúdio ideal para o grande jogo da tarde !
Mas depois do almoção já não "fumiguei" o Hoyo de Monterrey que tinha trazido para a ocasião, nariz entupido e garganta dorida antecipavam outra vez a gripezita a bater à porta.
Acabado o jogo deitei-me cedo ( e de barriga cheia de alegria!!) e na Segunda Feira fui apenas para Lisboa por causa de uma reunião importante, mas já com febre.
Hoje estou de molho. Bem feito para não andares a molhar os pés no cemitério!
Como diziam os antigos :
"Abifa-te, avinha-te e abafa-te"!!
sexta-feira, janeiro 10, 2014
Para Descansar a Vista
No rescaldo da gripezita - e ainda choroso e de olho pisco - venho lembrar aos leitores que se atascam em anti-histamínicos e paracetamol que têm de ter cuidado com alguns efeitos secundários, onde avulta a sonolência ... Sobretudo se conduzirem ...
Feito o aviso passamos aos poemas. Dois "monstros" a que aqui dou guarida pela primeira vez, tanto quanto me lembre.
Bem vindos ao Blog, Sr. James Joyce e Mestre Baudelaire!
Os quais me dispenso de apresentar, sob pena de me tomarem por mais idiota do que sou.
Rain
Rain has fallen all the day.
O come among the laden trees:
The leaves lie thick upon the way
Of memories.
Staying a little by the way
Of memories shall we depart.
Come, my beloved, where I may
Speak to your heart.
James Joyce
Feito o aviso passamos aos poemas. Dois "monstros" a que aqui dou guarida pela primeira vez, tanto quanto me lembre.
Bem vindos ao Blog, Sr. James Joyce e Mestre Baudelaire!
Os quais me dispenso de apresentar, sob pena de me tomarem por mais idiota do que sou.
Rain
Rain has fallen all the day.
O come among the laden trees:
The leaves lie thick upon the way
Of memories.
Staying a little by the way
Of memories shall we depart.
Come, my beloved, where I may
Speak to your heart.
James Joyce
Harmonie du soir
Voici venir les temps où vibrant sur sa tige
Chaque fleur s'évapore ainsi qu'un encensoir ;
Les sons et les parfums tournent dans l'air du soir ;
Valse mélancolique et langoureux vertige !
Chaque fleur s'évapore ainsi qu'un encensoir ;
Le violon frémit comme un coeur qu'on afflige ;
Valse mélancolique et langoureux vertige !
Le ciel est triste et beau comme un grand reposoir.
Le violon frémit comme un coeur qu'on afflige,
Un coeur tendre, qui hait le néant vaste et noir !
Le ciel est triste et beau comme un grand reposoir ;
Le soleil s'est noyé dans son sang qui se fige.
Un coeur tendre, qui hait le néant vaste et noir,
Du passé lumineux recueille tout vestige !
Le soleil s'est noyé dans son sang qui se fige...
Ton souvenir en moi luit comme un ostensoir !
Chaque fleur s'évapore ainsi qu'un encensoir ;
Les sons et les parfums tournent dans l'air du soir ;
Valse mélancolique et langoureux vertige !
Chaque fleur s'évapore ainsi qu'un encensoir ;
Le violon frémit comme un coeur qu'on afflige ;
Valse mélancolique et langoureux vertige !
Le ciel est triste et beau comme un grand reposoir.
Le violon frémit comme un coeur qu'on afflige,
Un coeur tendre, qui hait le néant vaste et noir !
Le ciel est triste et beau comme un grand reposoir ;
Le soleil s'est noyé dans son sang qui se fige.
Un coeur tendre, qui hait le néant vaste et noir,
Du passé lumineux recueille tout vestige !
Le soleil s'est noyé dans son sang qui se fige...
Ton souvenir en moi luit comme un ostensoir !
Charles Baudelaire
quinta-feira, janeiro 09, 2014
O Divino Anão
Conhecem
Peter Dinklage? Poucos com certeza acertarão. Mas se lhes disser que é o actor
que encarna a personagem de Tyrion Lannister, na magnífica série “Game of
Thrones”?
Claro que muitos ficam logo a saber de quem se trata. Pelo menos quem acompanha a série e aguarda com ansiedade a 4ª temporada que , aliás, estreia nos USA já nesta Primavera (Março?).
Alguns elementos biográficos sobre o actor em causa (via portal “Song of Ice and Fire”:
“Peter Dinklage is an American actor, born June 11, 1969 in Morristown, New Jersey. He plays Tyrion Lannister in the in the series. He measures 1.35m and is vegetarian. He was revealed to the public in the film The Station Agent, for which he received the Film Independent's Spirit Award and Screen Actors Guild Award. His role in the film Trumpkin Prince Caspian gave his career an international turn. He has already played for HBO on the television series Entourage where he played his own role.”
Posso ainda acrescentar que fez também uma das principais personagens na série Threshold já passada em Portugal, e que acabou de protagonizar o filme “X Men – Days of Future Past”. Mais detalhes podem ver aqui: http://www.imdb.com/name/nm0227759/
Mas o que aqui trago hoje em reconhecimento do trabalho deste pequeno-grande actor é que foi talvez ele que deu e dá relevância, espessura e dignidade a determinado tipo de minorias que eram quase que constantemente utilizadas pela máquina de Hollywood apenas para intervalos cómicos ou composições caricaturais.
Mal comparado lembro-me de como Sidney Poitier teve um percurso semelhante, no seu caso avançando as expectativas cinematográficas das pessoas de cor nos USA, sempre lutando contra os papéis menos importantes que lhe ofereciam até conseguir ter o seu Oscar em 1963 com “Lilies in the Field”. E quanto lhe devem hoje os Freeman, Denzels, e outros James Earl Jones?
Esperamos com impaciência pelo Oscar de Peter Dinklage (no mínimo um Emmy já ele merecia!) numa altura em que infelizmente também desapareceu o pequeno \grande cantor brasileiro Nelson Ned (“Domingo à Tarde”).
E, por isto tudo, aqui vai um grande abraço de louvor à malta que é diferente! Seja em altura, em largura, em peso, ou na deficiência, qualquer que ela seja!
Claro que muitos ficam logo a saber de quem se trata. Pelo menos quem acompanha a série e aguarda com ansiedade a 4ª temporada que , aliás, estreia nos USA já nesta Primavera (Março?).
Alguns elementos biográficos sobre o actor em causa (via portal “Song of Ice and Fire”:
“Peter Dinklage is an American actor, born June 11, 1969 in Morristown, New Jersey. He plays Tyrion Lannister in the in the series. He measures 1.35m and is vegetarian. He was revealed to the public in the film The Station Agent, for which he received the Film Independent's Spirit Award and Screen Actors Guild Award. His role in the film Trumpkin Prince Caspian gave his career an international turn. He has already played for HBO on the television series Entourage where he played his own role.”
Posso ainda acrescentar que fez também uma das principais personagens na série Threshold já passada em Portugal, e que acabou de protagonizar o filme “X Men – Days of Future Past”. Mais detalhes podem ver aqui: http://www.imdb.com/name/nm0227759/
Mas o que aqui trago hoje em reconhecimento do trabalho deste pequeno-grande actor é que foi talvez ele que deu e dá relevância, espessura e dignidade a determinado tipo de minorias que eram quase que constantemente utilizadas pela máquina de Hollywood apenas para intervalos cómicos ou composições caricaturais.
Mal comparado lembro-me de como Sidney Poitier teve um percurso semelhante, no seu caso avançando as expectativas cinematográficas das pessoas de cor nos USA, sempre lutando contra os papéis menos importantes que lhe ofereciam até conseguir ter o seu Oscar em 1963 com “Lilies in the Field”. E quanto lhe devem hoje os Freeman, Denzels, e outros James Earl Jones?
Esperamos com impaciência pelo Oscar de Peter Dinklage (no mínimo um Emmy já ele merecia!) numa altura em que infelizmente também desapareceu o pequeno \grande cantor brasileiro Nelson Ned (“Domingo à Tarde”).
E, por isto tudo, aqui vai um grande abraço de louvor à malta que é diferente! Seja em altura, em largura, em peso, ou na deficiência, qualquer que ela seja!
quarta-feira, janeiro 08, 2014
Gripe e entupimento
Acordei hoje antes das 5 e meia, rabugento, com sintomas gripais e entupimento completo de vias respiratórias.
Não que os leitores tenham alguma coisa a ver com isso, mas para enquadrar o Post, pois poderá vir a ser mais ácido do que o costume...
Na TSF logo pelas 6h começaram a martelar ( e bem) na assistência médica do SNS, evocando o caso daquela doente a quem foram feitas análises positivas para a existência de um cancro no cólon, mas como a colonoscopia só se fez 2 (DOIS) anos depois do resultado das análises, a pobre está em quimio, e já não pode ser operada.
O melhor seria terem-lhe logo dado um comprimido de cianeto depois do resultado da análise, e poupava-se nas despesas do Estado e nas dores da desgraçada.
Nem sei porque repiso estas coisas aqui outra vez, farto que estou de martelar nesta tecla... Mas deve ser da gripezita.
Continuava a radio divulgando o caso estranho de 4 escolas do ensino especial, com deficentes profundos, que há cerca de seis meses não recebiam comparticipações do Estado a que tinham direito, encontrando-se os professores e funcionários praticamente a trabalhar à borla, e os fornecedores a manter os fornecimentos como se fizessem ( e é o caso) uma obra de caridade.
Convém dizer que não se trata de esperar pela concessão do subsídio! Nada disso ! Trata-se de continuar a receber um apoio já concedido e aprovado...
Termino - porque já me estou a enervar, o que não convém nestas condições - com a história do abandono de função da Srª Directora Geral do Património, aparentemente por "uma questão de lealdade e divergências quanto à gestão do património".
Segundo o sempre bem informado Público On Line:
"Falava-se já há semanas na eventual saída de Isabel Cordeiro e na possibilidade de esta estar ligada a uma diminuição drástica da dotação do Orçamento do Estado (OE) de 2014 para o património e num corte de 142 trabalhadores dos quadros da DGPC, cenário avançado no início de Dezembro pela Frente Comum (CGTP)."
E como não ler nas entrelinhas desta decisão o grande perigo que pode decorrer para a gestão directa de museus e palácios nacionais e do património mundial em Portugal, bem como para a supervisão de mais de quatro mil imóveis classificados?
Ainda a semana passada ardeu um quadro de Josefa de Óbidos na Igreja do Bussaco...
Vou-me deitar antes que o dia piore...
Não que os leitores tenham alguma coisa a ver com isso, mas para enquadrar o Post, pois poderá vir a ser mais ácido do que o costume...
Na TSF logo pelas 6h começaram a martelar ( e bem) na assistência médica do SNS, evocando o caso daquela doente a quem foram feitas análises positivas para a existência de um cancro no cólon, mas como a colonoscopia só se fez 2 (DOIS) anos depois do resultado das análises, a pobre está em quimio, e já não pode ser operada.
O melhor seria terem-lhe logo dado um comprimido de cianeto depois do resultado da análise, e poupava-se nas despesas do Estado e nas dores da desgraçada.
Nem sei porque repiso estas coisas aqui outra vez, farto que estou de martelar nesta tecla... Mas deve ser da gripezita.
Continuava a radio divulgando o caso estranho de 4 escolas do ensino especial, com deficentes profundos, que há cerca de seis meses não recebiam comparticipações do Estado a que tinham direito, encontrando-se os professores e funcionários praticamente a trabalhar à borla, e os fornecedores a manter os fornecimentos como se fizessem ( e é o caso) uma obra de caridade.
Convém dizer que não se trata de esperar pela concessão do subsídio! Nada disso ! Trata-se de continuar a receber um apoio já concedido e aprovado...
Termino - porque já me estou a enervar, o que não convém nestas condições - com a história do abandono de função da Srª Directora Geral do Património, aparentemente por "uma questão de lealdade e divergências quanto à gestão do património".
Segundo o sempre bem informado Público On Line:
"Falava-se já há semanas na eventual saída de Isabel Cordeiro e na possibilidade de esta estar ligada a uma diminuição drástica da dotação do Orçamento do Estado (OE) de 2014 para o património e num corte de 142 trabalhadores dos quadros da DGPC, cenário avançado no início de Dezembro pela Frente Comum (CGTP)."
E como não ler nas entrelinhas desta decisão o grande perigo que pode decorrer para a gestão directa de museus e palácios nacionais e do património mundial em Portugal, bem como para a supervisão de mais de quatro mil imóveis classificados?
Ainda a semana passada ardeu um quadro de Josefa de Óbidos na Igreja do Bussaco...
Vou-me deitar antes que o dia piore...
terça-feira, janeiro 07, 2014
2014 é um ano universal do número 7
Somando os algarismos de 2014 obtemos o número "7". Nos séculos mais próximos de nós (dos que têm 4 algarismos) é um acontecimento relativamente raro.
Os "entendidos" nestas coisas da numerologia falam do "7" desta forma:
The number 7 is the seeker, the thinker, the searcher of Truth (notice the capital "T"). The 7 doesn't take anything at face value - it is always trying to understand the underlying, hidden truths. The 7 knows that nothing is exactly as it seems and that reality is often hidden behind illusions.
Segundo parece, com o "7" a mandar neste tipo de prognóstico temos de esperar que o principio da dualidade, que governou os destinos da humanidade nos últimos anos, seja analiticamente posto em causa pelos povos e nações.
Mais cabeça e menos coração, mais decisões pensadas a frio e menos julgamentos a quente, mais reflexão e menos acção.
E, em cima disto tudo, os "peritos" espreitam para o final do ano a possibilidade de ocorrer uma acontecimento transcendente (guerra? desastre?) devido às falhas de comunicação entre as partes que são muitas vezes causadas pelos ambientes onde se sobrevaloriza a instrospecção e se critica a livre e pública ostentação de sentimentos e de pensamentos.
Muito claramente - e a crer nestas ideias gerais - parece-me a mim que será este um ano "mais frio do que quente", mais do Norte e menos do Sul.
Poucas novidades portanto...
Que se lixe a Troika!
Os "entendidos" nestas coisas da numerologia falam do "7" desta forma:
The number 7 is the seeker, the thinker, the searcher of Truth (notice the capital "T"). The 7 doesn't take anything at face value - it is always trying to understand the underlying, hidden truths. The 7 knows that nothing is exactly as it seems and that reality is often hidden behind illusions.
Segundo parece, com o "7" a mandar neste tipo de prognóstico temos de esperar que o principio da dualidade, que governou os destinos da humanidade nos últimos anos, seja analiticamente posto em causa pelos povos e nações.
Mais cabeça e menos coração, mais decisões pensadas a frio e menos julgamentos a quente, mais reflexão e menos acção.
E, em cima disto tudo, os "peritos" espreitam para o final do ano a possibilidade de ocorrer uma acontecimento transcendente (guerra? desastre?) devido às falhas de comunicação entre as partes que são muitas vezes causadas pelos ambientes onde se sobrevaloriza a instrospecção e se critica a livre e pública ostentação de sentimentos e de pensamentos.
Muito claramente - e a crer nestas ideias gerais - parece-me a mim que será este um ano "mais frio do que quente", mais do Norte e menos do Sul.
Poucas novidades portanto...
Que se lixe a Troika!
segunda-feira, janeiro 06, 2014
Símbolo
Inevitavelmente
este Post vai debruçar-se sobre o desaparecimento do Eusébio.
Não
porque o futebol deva dominar as nossas vidas , mas sim porque a importância da
personagem ultrapassa os limites das linhas do campo onde se joga, abrangendo
outros campos e outras dimensões.
Já
por aqui escrevi diversas vezes que, nos tempos em que apertava o regime
totalitário e poucos momentos de alegria existiam para a grande maioria dos
portugueses, era aquele génio que às 4as Feiras e aos Domingos enchia o peito
dos Tugas de orgulho. Fosse no Benfica ou fosse na Seleção.
Conheci-o
pessoalmente num programa de TV (acho que era o Programa da Manhã da RTP) onde
estivemos juntos, eu para falar de selos e ele para falar já nem me lembro bem
de quê. Nos intervalos e enquanto esperávamos pela chamada à entrevista lá
íamos trocando umas palavras. Eu um bocado encolhido por estar ali o
"Senhor Eusébio" ao lado. E ele como todos diziam que era sempre,
modesto e até humilde no trato, quase a pedir desculpa de ali estar a
"incomodar"...
Mais
tarde, sempre que o via na Tia Matilde - se estava sozinho ou apenas com o Tio
Emílio - nunca deixei de lhe falar.
A
última vez que lhe falei foi para trocarmos umas impressões depois do almoço,
sobre o jogo que o Benfica perderia por 1 a 0 com os gregos do Olympiakos nessa
noite de 5 de Novembro.
Já
o achei muito em baixo, agarrado a uma bengala. E até comentei o assunto com o
Diogo.
Quando
foi o Coreia do Norte-Portugal (tinha eu 11 anos) estava a enervar tanto o meu
Pai com os comentários que fazia ao desenrolar do resultado que este me mandou
sair da sala onde víamos na RTP o encontro e ir jogar à bola para a rua com os meus
amigos. E só me chamou outra vez depois dos 4 a 3... Ainda hoje me lembro das
lágrimas a correr pelo rosto do meu velhote quando o jogo acabou. E das
palavras do meu Tio Fernando, benfiquista ferrenho e já nessa altura
proprietário de duas ou três mercearias ali no Estoril e em Cascais, portanto
um homem mais "da situação" : -"
Ah Ganda Preto! Para isto é que fomos para África! Foi para te ir buscar cara
linda!"
O
Eusébio era assim. Punha a chorar a malta mais da esquerda - como o meu Pai - e
fazia dar vivas ao cunhado dele, que achava que o Salazar era um Anjo que Deus
Nosso Senhor mandara a Portugal para nos salvar...
Boa
Viagem Senhor Eusébio! Deve lá estar à sua espera em cima uma cópia da Tia
Matilde onde todos os dias possa almoçar e jantar com os Amigos. Sem esquecer o
"escocês" da praxe...
quarta-feira, janeiro 01, 2014
2014
Começa
este ano com notícias menos boas para o nosso círculo de amigos e colegas. De
tal forma que quase perdi o gosto pelas piadas com que costumava encher este
Post do 1º dia de cada ano.
Também
as expectativas que se perfilam para a evolução do País não são as melhores. O
que muitos perguntam é se – em termos comparativos – os mais desamparados de Portugal ficariam melhor ou pior do que no ano
passado.
Na
minha opinião, e se contarmos nesta aritmética, como devemos, a assistência social na doença e
o nível de qualidade dos cuidados de saúde na rede pública, ficaremos pior.
E já não falo da contínua e recorrente quebra
de poder de compra da classe média, sempre a sofrer com os impostos e com os
cortes de ordenado.
- “A classe média não se
deve confundir com a Função Pública!”
Dirão alguns.
O
problema é que aqui em Portugal se confunde mesmo! Do ponto de vista
estatístico as centenas de milhares de professores, funcionários dos
ministérios, das finanças, da segurança social, médicos e enfermeiros,
funcionários dos Tribunais, Juízes e membros das forças armadas e de segurança
serão - com os pequenos proprietários e empregados da industria de Hotelaria – a espinha
dorsal da Classe Média…
No
horizonte da saída da Troika – e temos ainda que saber como, em que
condições - apenas pressinto que se vão
querer retirar grandes dividendos políticos, sem que nada de substancial para a
vida de todos os dias dos tugas se
modifique.
Provavelmente o Sr. Dr. Irrevogável irá dividir com o país expectante mais algumas pérolas da sua alta sabedoria, perante o olhar babado e orgulhoso dos progenitores.
Daquilo que interessa, isto é a divulgação exacta a toda a gente dos pormenores do acordo que terá que ser assinado com alguém para nos deixarem a viver sozinhos, disso, é provável que ninguém fale...
De
facto, mesmo que o “protectorado” acabe teoricamente para o Verão de 2014, vão demorar
anos para que os níveis de vida retomem a incidência de 2004 - ano em que, mesmo
sem provas científicas, presumo ter sido o auge do desafogo económico e
financeiro das famílias portuguesas, desde sempre, desde que o 1º Afonso enfiou
a coroa na cabeça.
Entretanto
aqui estarei enquanto puder e me quiserem, opinando e anedotando sempre que se
justifique, falando de comes e de bebes, mas também da nossa politica caseira,
muito dada a este tipo de alfinetadas, como sabemos.
Um Ano de 2014 com muita
saúde e apenas com o dinheiro necessário na algibeira!
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