Escrevo "neste Verão" e não apenas "no Verão" devido às considerações financeiras que devem ponderar qualquer escriba nesta época de vacas esqueléticas.
O Verão é naturalmente época de "fastio". De alguma repugnância pelo alimento, de falta de apetite. E algumas almas esperam ansiosamente por estes sintomas para aliviarem a canga em kg causada pelos meses de feijoadas, cozidos à portuguesa e "outros" bacalhaus assados com batatas a murro. Outras, onde me incluo, passam pressurosamente por estes meses de canícula sem que o tal fastio se manifeste muito particularmente...
É a vida , ou melhor dito, é a sina de cada um. Mesmo assim o vosso Blogger sofre a influência da estação:
Noto que bebo mais brancos e rosados do que tintos, com a exceção do verde tinto, está claro. Noto também que - fora de casa, em restaurantes ou "al fresco" - aprecio mais as sardinhadas ou as grelhadas mistas.
Noto enfim que evito os "pratos de tacho" , os guisados apurados e até deixo ao largo os assados grandes, o cabrito, borrego, perna de porco ou lombo. Isto é que me custa mais, pois como todos os solitários trabalhadores da cozinha sabem, o assado é o prato que mais poupa o queima cebolas amador. Poupa no sentido em que com o assado há muito menos material para lavar e limpar depois das festividades. Mas nestes dias quem aguenta em casa o calor do forno a trabalhar 3 ou 4 horas?
Nestas circunstância o que tenho feito lá em casa aos fins de semana?
Salada de atum à minha moda , onde o atum propriamente dito é da barriga - ventrescas - e a batata nova, o feijão verde , o tomate e a alface são envolvidos numa mistura de mayonnaise e de mostarda com grão que bato antecipadamente numa tigela larga e funda (um frasco de cada, já que o frasco da mostarda tem normalmente metade da capacidade do frasco da mayonnaise). E junto ainda grão de bico. Deixem esfriar primeiro os legumes e ponham no frio. Depois de uma hora no frigorífico está pronta.
Plumas (Ou Secretos) de porco alentejano no tacho. Preparo num tacho as batatas novas descascadas e as plumas, depois de deixar apurar uns minutos (mas sem refogar) um fundo de boa cebola, alho, massa de pimentão, piri-piri e sal. A base é apenas azeite virgem. Fica pronto em 35-45 minutos, sempre em lume brando para não pegar.
Arroz de Peixe. Cozo uma cabeça de garoupa e depois de coar a água, retenho-a. Limpo muito bem a cabeça de espinhas. Faço uma ligeira puxadinha de azeite, cebola e alho. Uma malagueta desfiada entra também. De seguida a polpa e o sumo de 2 tomates bem maduros. Uma mão de sal. Junto um pacote de miolo de camarão, outro de miolo de mexilhão (ou de berbigão) e todas as lascas da cabeça da garoupa. Apura bem. Depois deita-se o arroz estufado - chávena e meia para 4 pessoas - e deixamos fritar um bocadinho. Metemos a água da cozedura da cabeça ( e a que mais for necessária para perfazer um pouco mais do dobro do arroz). Em estando o arroz cozido tira-se de imediato para a mesa. Decoramos com coentros frescos grosseiramente picados.
Segredo: se ao provarem o molho este lhes parecer ácido do tomate, metam uma colher de chá de açucar amarelo.
Nota final sobre as bebidas: Agora que o calor nos dá boa desculpa, abusem dos nossos Espumantes Brutos, ousando acompanhar a refeição do princípio ao fim com eles.
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