Quem tinha lido na juventude a história admirável do labirinto de Creta decerto estará recordado do papel fulcral que o "fio de Ariane" teve no desenvolvimento da ação.
Teseu matou o Minotauro com a espada (também dada pela filha do Rei de Creta) mas foi à conta do novelo com o Fio de Ariadne que encontrou a saída do labirinto que o arquiteto Dédalos construiu.
Labirinto é palavra que nos chega do grego clássico , provindo de "Labrys", o machado ritual de duas lâminas com que o touro era sacrificado em Creta.
De então para cá um dos significados filosóficos de "Fio de Ariadne" tem sido o de guiar o Homem na sua jornada interior, no caminho tantas vezes sinuoso que percorre em busca do autoconhecimento.
O que se pergunta é se existe "Fio de Ariadne", "Road Map", "Runas", "Sinais de Fumo" ou "Portulano quinhentista", que, por artes mágicas ou através da aplicação de preceitos lógicos e racionais, consiga encontrar uma solução para a estranha crise que atingiu a Europa.
É que mal estaremos se considerarmos que se trata apenas de uma Crise financeira ou Económica, à conta dos ataques às dívidas soberanas provocados por terceiros. Falo também da Crise dos valores e da Crise de identidade.
As nossas "Élites" aqueles que mandatámos para nos governar parece que perderam o tino...Fazem de tudo, mesmo de tudo, para se aguentarem no Poder: Dar o dito por não dito, receber o que não se pode , de quem não se deve (veja-se o que se passa em Espanha), mentir descaradamente ao País e ao Mundo, falsificar declarações(leia-se o que se passa em França), etc, etc...
Dir-me-ão que esta sempre foi a natureza humana, e que não vamos agora nós mudar o mundo entre hoje e amanhã.
Pode ser. Mas, para além disso tudo, a mim o que me parece é que baixou muito consideravelmente o nível das pessoas que nestes primeiros anos do XXIº século são timoneiros dos diferentes países.
A não ser que o relativo bem-estar dos finais do século passado tenha mascarado as verdadeiras cores dos nossos lideres.
Mas não me parece que assim fosse, nem em tal quero acreditar. Repito, para mim um dos graves problemas da atualidade é que tivemos azar com esta fornada de "mandantes". Mal preparados, mal formados e mal educados. Seja aqui no burgo ou noutro lado.
Está na altura de pôr ao lume outra fornada, mais bem temperada nas velhas e espartanas virtudes democráticas e republicanas, com amplas doses de socialismo (no sentido literal do termo) na mistura.
Isso é que era! Mas infelizmente ainda não vejo cozinheiro que tenha arte para pôr as mãos na massa de semelhante tabuleiro...
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